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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS

CENTRO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO


Jor

FACULDADE DE JORNALISMO
Pedofilia, efebolia e estupro de vulnerável
Gustavo Romano
Disponível em
http://www.paraentenderdireito.org/1/post/2010/05/pe
dofilia-efebolia-e-estupro-de-vulnervel.html, acessado em
16/05/2010
Saiu na Folha de hoje (06/05/10):
“O bispo emérito de Blumenau (SC), d. Angélico Sândalo
Bernardino, disse ontem que é preciso distinguir casos de
abusos contra crianças de casos de abusos contra adolescentes.
O bispo opinou a respeito após ser questionado sobre a
declaração de outro religioso -o arcebispo de Porto Alegre (RS),
dom Dadeus Grings-, que disse anteontem que „a sociedade
atual é pedófila‟.
A frase provocou polêmica no primeiro dia da 48ª
Assembleia-Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), realizada em Brasília.
„A sociedade não é pedófila‟, disse ontem dom Angélico, para completar mais
adiante: „Acredito que o meu ilustre colega quis dizer que estamos vivendo num
ambiente saturado de uma certa permissividade‟.
Dom Angélico, da ala progressista da Igreja Católica, quis frisar durante
entrevista a jornalistas que há uma „confusão generalizada‟ entre pedofilia e efebofilia
(atração sexual por adolescentes).
„Tocar numa criança é diferente de tocar num adolescente, o que eu não quero
dizer que se deva tocar num adolescente. Absolutamente, mas é diferente. E essa
distinção comumente não é feita‟, afirmou.
Questionado se há gravidade maior quando o abuso é praticado contra criança,
dom Angélico respondeu: „Avaliem vocês no meu lugar, eu acho diferente. Deve
também ser punido, e a lei pune. O próprio Estatuto [da Criança e do Adolescente] faz
diferença: uma coisa é pedofilia, outra coisa é efebofilia‟.
Pelo estatuto, criança é a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e
adolescente, aquela de 12 a 18 anos. O texto criminaliza práticas como vender
imagens com cena de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente. Para a CPI da
Pedofilia, tais crimes configuram pedofilia.
Dom Dadeus Grings havia falado sobre pedofilia anteontem e, na ocasião, disse
que só 0,2% dos crimes foram cometidos por membros da igreja.
Após a polêmica em torno de sua declaração de que "a sociedade é pedófila", o
porta-voz da assembleia, dom Orani Tempesta, afirmou ontem que a frase de Grings
não traduzia o pensamento da CNBB.”
Está correta a afirmação que o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) faz
distinção entre crianças (menores de 12 anos) e adolescentes (maiores de 12 anos).
Alguns crimes, aliás, só existem quando praticados contra crianças e não contra
adolescentes. Por exemplo, se compararmos os artigos 241-B e 241-D do ECA,
veremos que o primeiro se refere tanto às crianças quanto aos adolescentes, e o
segundo só se refere às crianças:

Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)


site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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“Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia,


vídeo ou outra forma de registro queFACULDADE
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
DE JORNALISMO
envolvendo criança ou adolescente”
“Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de
comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso”
Mas a questão debatida na matéria não são fotografias ou assédio. A questão
na matéria é a prática de sexo com um menor. E sexo com menor não é tratado no
ECA, é tratado pelo Código Penal, que diz que fazer sexo com qualquer pessoa menor
de 14 anos é estupro de vulnerável. Qualquer pessoa que fizer sexo com alguém
menor de 14 anos – o que inclui tanto as crianças (até 12 anos) quanto adolescentes
(maiores de 12 e menores de 14 anos) – estará praticando o crime de estupro de
vulnerável. Não importa se a vítima consentiu ou se não houve violência Para a lei
brasileira, o menor de 14 anos não tem maturidade emocional suficiente para poder
consentir em práticas sexuais. Haverá estúpro ainda que ele(a) queira fazer sexo.
E mais: pela nova redação do Código Penal, introduzida no meio do ano
passado, para que haja estupro de vulnerável não é necessário que haja penetração do
pênis na vagina. Sexo anal, oral etc também são formas de estupro. Logo, a vítima
pode ser do sexo masculino.
PS: Apenas para ficar claro, o ECA não faz nenhuma menção à 'pedofilia' ou
'efebolia'. Esses são termos leigos que não possuem significado jurídico. Nenhum
artigo de nenhuma lei brasileira menciona a palavra pedofilia. Em todas as milhares de
normas brasileiras, o termo pedofilia só é utilizado duas vezes: na lei 11.829/08, ele
aparece na ementa da lei (que algumas vezes usa termos leigos para deixar claro ao
leitor do que a lei trata), mas, obviamente, não apare em nenhum dos artigos daquela
lei. E no Decreto presidencial 5.814/06, que trata de um acordo de cooperação de
combate ao crime organizado entre o Brasil e o Panamá, e provavelmente foi deixado
lá por erro de tradução ou, mais provável, porque se trata de um acordo político e não
jurídico.

Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc-campinas.edu.br)


site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/
ftp: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/
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