0 valutazioniIl 0% ha trovato utile questo documento (0 voti)
56 visualizzazioni3 pagine
1) Em 1847, a Câmara Municipal de Curitiba recebeu um pedido do juiz municipal para construir uma forca para executar a sentença de morte contra Antonio José Caetano.
2) A execução aconteceu em 25 de novembro de 1847 e seguiu os rituais da época, incluindo uma missa e o enforcamento público.
3) Não se sabe exatamente onde ficava a forca em Curitiba na época, mas acredita-se que fosse no largo da antiga Matriz, onde também ficavam a cade
1) Em 1847, a Câmara Municipal de Curitiba recebeu um pedido do juiz municipal para construir uma forca para executar a sentença de morte contra Antonio José Caetano.
2) A execução aconteceu em 25 de novembro de 1847 e seguiu os rituais da época, incluindo uma missa e o enforcamento público.
3) Não se sabe exatamente onde ficava a forca em Curitiba na época, mas acredita-se que fosse no largo da antiga Matriz, onde também ficavam a cade
1) Em 1847, a Câmara Municipal de Curitiba recebeu um pedido do juiz municipal para construir uma forca para executar a sentença de morte contra Antonio José Caetano.
2) A execução aconteceu em 25 de novembro de 1847 e seguiu os rituais da época, incluindo uma missa e o enforcamento público.
3) Não se sabe exatamente onde ficava a forca em Curitiba na época, mas acredita-se que fosse no largo da antiga Matriz, onde também ficavam a cade
UM ENFORCAMENTO EM CURITIBA Bolitim do Instituto Histrico, Geogrfico e Etnogrfico Paranaense Volume XVII ANO 1990
Ernani Costa Straube
DoI.H.G.EP A Cmara Municipal de Curitiba, na sesso de 12 de novembro de 1847. acusa o recebimento de um expediente oriundo do juiz municipal e delegado de polcia, bacharel Antonio Francisco de Azevedo, nomeado para o cargo por decreto de 06/08/1847 da presidncia da provncia de So Paulo, encarecendo providncias para a feitura da forca a fim de ser executada a sentena contra o ru Antonio Jos Caetano e exigindo os objetos necessrios para o cumprimento da lei, com as formalidades de estilo Foi marcada a data de 25 desse ms e ano. Em outubro, o referido juiz deixou o cargo em virtude de ter sido eleito deputado provincial da Assemblia paulista, sendo substitudo pelo bacharel Antonio Candido Ferreira de Abreu, tambm juiz municipal. O ato de enforcamento revestia-se de certas solenidades, com a participao da populao. Jean Baptiste Debret, em sua obra Viagem Pitoresca e Histrica ao Brasil relata, com riqueza de detalhes, todos os momentos que antecedem essa formalidade " O condenado submetido durante os trs dias anteriores execuo da sentena ao ritual do culto catlico que o cerca e acompanha at o ltimo suspiro. Essa formalidade, conservada em toda a sua integridade primitiva, faz parte das atribuies da Irmandade da Misericrdia. Durante esses trs dias de retiro, passados em um oratrio anexo priso, a vitima assistida dia e noite por um dos trs confessores franciscanos da Santa Casa de Misericrdia que se revezam. "Partilham eles com o prisioneiro a comida leve. enviada pela Santa Casa at o momento (10 horas da manh) em que o carrasco entra para vestir o condenado de acordo com os usos. o que feito entre oraes ditas em voz alta pelos confessores reunidos. s dez horas e trs quartos sai o cortejo do ptiu da priso em que se acha o oratrio. "A marcha aberta por um destacamento de cava/aria da polcia precedendo os ofais de justia do tribunal, um dos quais faz uma parada mais ou menos de duzentos em duzentos passos, a fim de ier em voz a/ta a sentena que vai ser executada segue a cavl/o o relator, com manto de seda preta e chapu de penas Henrique IV: depois desse corpo de justia vem a bandeira da irmandade escoltada por dois grandes candelabros e acompanhada por uma dezena de irmos testa de seu clero, um desses eclesisticos carrega um grande crucifixo de madeira cor de carne e precede imediatamente a vitima que marcha descala, com um pequeno crucifixo entre as mos juntas e amarradas; o condenado sustentado por dois de seus confessores, veste um domin branco cujo capuz virado para trs. mostra o lao de duas cordas amarradas em torno do pescoo, uma das quais muito grossa e outra da grossura de um dedo mnimo, mais ou menos. "Acompanham-no dois carrascos negros emparelhados por uma pesada corrente presa ao pescoo e s pernas. Um deles, atrs da vitima, segura a longa cauda do domin e a ponta das duas cordas enroladas. "O segundo carrega ao ombro um grande saco onde leva dois enormes faces para cortaras cordas no fim da execuo. "Os carrascos so escoltados pelos dois oficiais de justia negros do tribunal, carregando suas foices e cuja indumentria consiste em uma casaca com cala de l roxa (cor de luto), colete, gales e jarreteiras amarelas: vo descalos e com a cabea descoberta.
So acompanhados por outros dois negros mais simplesmente vestidos,
um dos quais carrega um banquinho de madeira e outro um enorme cesto cheio de comestveis: aves assadas, doces, compotas, vinhos, licores, etc. Este ltimo grupo do cortejo protegido contra a afluncia dos curiosos por uma retaguarda composta de infantaria, caadores e guardas de polcia. Saindo da cadeia, o cortejo dirige-se para a praa de Santa fita onde o condenado se ajoelha porta da igreja do mesmo nome, afim de assistiro incio da missa consagrada ao repouso de sua alma sendo obrigado, entretanto, a retirar-se antes da elevao da hstia para continuar o seu caminho at o local da execuo. A fazem-no sentar no banquinho de madeira, colocando-se a bandeira diante dele para lhe escondera forca, enquanto lhe repetem a leitura da sentena. Logo em seguida os irmos que o cercam oferecem-lhe alimentos confortadores. "Terminado este ato de caridade, os dois confessores conduzem o condenado ao p da escada da forca onde lhe do as chagas de Cristo, no grande crucifixo de madeira. Em seguida retira-se o cortejo religioso colocando-se ao p dos pilares, enquanto os confessores e dois carrascos ajudam a vitima a subir de costas a escada at o penltimo degrau, sobre o qual repousa. "Um dos carrascos, subindo ento em uma das travessas, amarra as cordas solidamente enquanto o seu companheiro, embaixo da escada, faz o mesmo com os ps do paciente. Durante estes preparativos, que duram cerca de dois minutos, no cessa o confessor de exortar o condenado at o momento em que abaixam o capuz sobre o seu rosto: ento voltando-se para o povo. exclama o eclesistico Meus irmos, unamo-nos e clamemos misericrdia pela alma de nosso irmo padecente que vai se apresentar diante do padre eterno. Durante essa invocao o carrasco que amarra as cordas, pe-se a cavalo sobre os ombros do condenado: enquanto isso. o outro ergue-lhe as pernas e o precipita da escada fazendo-o girar. O confessor rene a irmandade: por seu lado o carrasco, sempre a cavalo, sobre os ombros do enforcado, assim permanece at que a elasticidade dos membros da vitima mostre que sucumbiu. Os dois carrascos subindo ento travessa cortam com seus faces as cordas e o cadver cai. Terminada a execuo, retira-se o relator escoltado por bedis do tribunal juntamente com o cortejo religioso. O corpo colocado num leito porttil coberto por uma mortalha e levado sem escolta para o cemitrio do hospital da misericrdia a fim de ser enterrado, enquanto os oficiais de justia e um destacamento da cavalaria da polcia reconduzem cadeia os dois carrascos acorrentados. O dobre fnebre das igrejas e a coleta para a missa, iniciadas na madrugada, cessam ao mesmo tempo. " No se tem notcia que esta cerimnia tenha sido realizada nesse enforcamento, mas como era de tradio no Brasil, especificamente na Corte, acreditamos que no tenha fugido muito ao relato. No h referncia ao local em que foi erguida a forca, acreditando-se ter sido no largo da Matriz, hoje Tiradentes, por l
situar-se a Igreja Matriz, a cadeia pblica e anteriormente o pelourinho.
Sabe-se que houve cumprimento do enforcamento, eis que nas sesses de 11 e 15 de abril de 1848. da Cmara Municipal de Curitba, foi lido um ofcio do juiz municipal anexando uma portaria do presidente da provncia de So Paulo, determinando que o pagamento das despesas com a forca, no valor de vinte e quatro mil-ris, fosse procedido por verba da Cmara, j que anteriormente esta se recusara por achar fora de sua competncia, tendo o referido juiz recorrido presidncia da provncia. O Cdigo Criminal de 1830 previa a aplicao da pena de morte nos casos de insurreio (reunio de 20 ou mais escravos para obterem a liberdade por meio da fora) e de homicdio com circunstncias agravantes, o que nos parece ter sido o caso ora descrito.