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TEMPO PASCAL. SEXTA SEMANA.

SÁBADO

88. O DOM DA CIÊNCIA


– Faz-nos compreender o que são as coisas criadas, segundo o desígnio de Deus sobre a
criação e a elevação à ordem sobrenatural.

– O dom da ciência e a santificação das realidades temporais.

– O verdadeiro valor e sentido deste mundo. Desprendimento e humildade necessários para


podermos receber este dom.

I. “AS CRIATURAS SÃO como que vestígios da passagem de Deus. Por


esses vestígios rastreia-se a sua grandeza, poder e sabedoria, bem como
todos os seus atributos”1. São como um espelho em que se reflete o
esplendor da sua beleza, da sua bondade, do seu poder: Os céus narram a
glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos2.

Não obstante, muitas vezes, por causa do pecado original e dos pecados
pessoais, os homens não sabem interpretar esse rasto de Deus no mundo e
não conseguem reconhecer Aquele que é a fonte de todos os bens: Não
souberam reconhecer o Artífice pela consideração das suas obras. Seduzidos
pela beleza das coisas criadas, tomaram essas coisas por deuses. Aprendam
então a saber quanto o seu Senhor prevalece sobre elas – diz a Escritura –
porque Ele é o criador da beleza que as fez3.

O dom da ciência permite que o homem veja mais facilmente as coisas


criadas como sinais que levam a Deus, e que compreenda o que significa a
elevação à ordem sobrenatural. Através do mundo da natureza e da graça, o
Espírito Santo faz-nos perceber e contemplar a infinita sabedoria de Deus, a
sua omnipotência e bondade, a sua natureza íntima. “É um dom
contemplativo cujo olhar penetra, como o do dom do entendimento e o da
sabedoria, no próprio mistério de Deus”4.

Mediante este dom, o cristão percebe e entende com toda a clareza “que a
criação inteira, o movimento da terra e dos astros, as acções rectas das
criaturas e tudo quanto há de positivo no curso da história, tudo, numa
palavra, veio de Deus e para Deus se ordena”5. É uma disposição
sobrenatural pela qual participa da ciência de Deus, descobre as relações que
existem entre todas as coisas criadas e o seu Criador e em que medida e
sentido estão a serviço do fim último do homem.

Uma manifestação do dom da ciência é o Cântico dos três jovens, como o


lemos no Livro de Daniel, que muitos cristãos recitam na acção de graças
depois da Santa Missa. Pede-se a todas as coisas criadas que louvem e
dêem glória ao Criador: Benedicite, omnia opera Domini, Domino...: Obras
todas do Senhor, bendizei o Senhor; louvai-o e exaltai-o pelos séculos dos
séculos. Anjos do Senhor, bendizei o Senhor. Céus... Águas que estais sobre
os céus... Sol e lua... Estrelas do céu... Chuva e orvalho... Todos os ventos...
Frio e calor... Orvalhos e geadas... Noites e dias... Luz e trevas... Montanhas
e colinas... Todas as plantas... Fontes... Mares e rios... Cetáceos e peixes...
Aves... Animais selvagens e rebanhos... Sacerdotes do Senhor... Espíritos e
almas dos justos... Santos e humildes de coração... Cantai-lhe e dai-lhe
graças porque é eterna a sua misericórdia6.

Este cântico admirável de toda a criação, de todos os seres vivos e de


todas as coisas inanimadas, é um hino de glória ao Criador. “É uma das mais
puras e ardentes expressões do dom da ciência: que os céus e toda a
Criação cantem a glória de Deus”7. Em muitas ocasiões, poderá também
ajudar-nos a dar graças ao Senhor depois de participarmos na obra que mais
glória lhe dá: a Santa Missa.

II. MEDIANTE O DOM DA CIÊNCIA, o cristão dócil ao Espírito Santo sabe


discernir com perfeita clareza o que o conduz a Deus e o que o separa d’Ele.
E isto no ambiente, nas modas, na arte, nas ideologias... Verdadeiramente,
esse cristão pode dizer: O Senhor guia o justo por caminhos rectos e
comunica-lhe a ciência das coisas santas8. O Paráclito previne-nos também
quando as coisas boas e rectas em si mesmas se podem converter em
nocivas porque nos afastam do nosso fim sobrenatural: por um desejo
desordenado de posse, por um apego do coração que não o deixa livre para
Deus, etc.

O cristão, que deve santificar-se no meio do mundo, tem uma especial


necessidade deste dom para encaminhar para Deus as suas actividades
temporais, convertendo-as em meio de santidade e apostolado. Mediante
esse dom, a mãe de família compreende mais profundamente que a sua
tarefa doméstica é caminho que leva a Deus, se a realiza com rectidão de
intenção e desejos de agradar ao Senhor; assim como o estudante passa a
entender que o seu estudo é o meio habitual de que dispõe para amar a
Deus, desenvolver a sua acção apostólica e servir a sociedade; e o arquitecto
encara da mesma maneira os seus projectos; e a enfermeira, o cuidado dos
seus doentes, etc. Compreende-se então por que devemos amar o mundo e
as realidades temporais, e como “há algo de santo, divino, escondido nas
situações mais comuns, que cabe a cada um de vós descobrir”9.

Deste modo – continuam a ser palavras de São Josemaría Escrivá –,


“quando um cristão desempenha com amor a mais intranscendente das
acções diárias, está desempenhando algo donde transborda a transcendência
de Deus. Por isso tenho repetido, com insistente martelar, que a vocação
cristã consiste em transformar em poesia heróica a prosa de cada dia” 10. Esse
verso heróico para Deus, nós o compomos com os episódios corriqueiros da
tarefa diária, dos problemas e alegrias que encontramos à nossa passagem.

Amamos as coisas da terra, mas passamos a avaliá-las no seu justo valor,


no valor que têm para Deus. E assim passamos a dar uma importância capital
a esse sermos templos do Espírito Santo, porque “se Deus mora na nossa
alma, tudo o resto, por mais importante que pareça, é acidental, transitório.
Em contrapartida, nós, em Deus, somos o permanente”11.

III. À LUZ DO DOM DA CIÊNCIA, o cristão reconhece a brevidade da vida


humana sobre a terra, a relativa felicidade que este mundo pode dar,
comparada com a que Deus prometeu aos que o amam, a inutilidade de tanto
esforço se não se realiza de olhos postos em Deus... Ao recordar-se da vida
passada, em que talvez Deus não tenha estado em primeiro lugar, a alma
sente uma profunda contrição por tanto mal e por tantas ocasiões perdidas, e
nasce nela o desejo de recuperar o tempo malbaratado, sendo mais fiel ao
Senhor.

Todas as coisas do mundo – deste mundo que amamos e em que nos


devemos santificar – aparecem-nos à luz deste dom sob a marca da
caducidade, ao mesmo tempo que compreendemos com toda a nitidez o fim
sobrenatural do homem e a necessidade de subordinar-lhe todas as
realidades terrenas.

Esta visão do mundo, dos acontecimentos e das pessoas a partir da fé


pode obscurecer-se e mesmo apagar-se em consequência daquilo que São
João chama a concupiscência dos olhos12. É como se a mente rejeitasse a luz
verdadeira, e já não soubesse orientar para Deus as realidades terrenas, que
passam a ser encaradas como fim. O desejo desordenado de bens materiais
e a ânsia de uma felicidade procurada nas coisas da terra dificultam ou
anulam a ação desse dom. A alma cai então numa espécie de cegueira que a
impede de reconhecer e saborear os verdadeiros bens, os que não perecem,
e a esperança sobrenatural transforma-se num desejo cada vez maior de
bem-estar material, levando a fugir de tudo aquilo que exige mortificação e
sacrifício.

A visão puramente humana da realidade acaba por desembocar na


ignorância das verdades de Deus ou por fazê-las parecer teóricas, sem
sentido prático para a vida corrente, sem capacidade para impregnar a
existência de todos os dias. Os pecados contra este dom deixam-nos sem luz,
e assim se explica essa grande ignorância de Deus de que sofre o mundo.
Por vezes, chega-se a uma verdadeira incapacidade de entender ou assimilar
aquilo que é sobrenatural, porque os olhos da alma estão completamente
obcecados pelos bens parciais e enganosos, e fecham-se aos verdadeiros.
Para nos prepararmos para receber este dom, necessitamos de pedir ao
Espírito Santo que nos ajude a viver a liberdade e o desprendimento dos bens
materiais, bem como a ser mais humildes, para podermos ser ensinados
acerca do verdadeiro valor das coisas.

Juntamente com estas disposições, devemos fomentar os actos que nos


levam à presença de Deus, de modo a vermos o Senhor no meio dos nossos
trabalhos; e fazer o propósito decidido de considerar na oração os
acontecimentos que vão determinando a nossa vida e as realidades do dia-a-
dia: a família, os colegas de trabalho, aquilo que mais nos preocupa... A
oração sempre é um farol poderoso que ilumina a verdadeira realidade das
coisas e dos acontecimentos.

Para obtermos este dom, para nos tornarmos capazes de possuí-lo em


maior plenitude, recorremos à Virgem, Nossa Senhora. Ela é a Mãe do Amor
Formoso, e do temor, e da ciência, e da santa esperança 13. “Maria é Mãe da
ciência, porque com Ela se aprende a lição que mais interessa: que nada vale
a pena se não estivermos junto do Senhor; que de nada servem todas as
maravilhas da terra, todas as ambições satisfeitas, se não nos arder no peito
a chama de amor vivo, a luz da santa esperança que é uma antecipação do
amor interminável na nossa Pátria definitiva”14.

(1) São João da Cruz, Cântico espiritual, 5, 3; (2) Sl 19, 1-2; (3) Sab 13, 1-5; (4) M. M.
Philipon, Los dones del Espíritu Santo, pág. 200; (5) São Josemaría Escrivá, É Cristo que
passa, n. 130; (6) cfr. Dan 3, 52-90; (7) M. M. Philipon, op. cit., pág. 203; (8) Sab 10, 10; (9)
São Josemaría Escrivá, Amar o mundo apasionadamente, in Questões actuais do
cristianismo, n. 114; (10) ib.; (11) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 92; (12) 1 Jo 2,
16; (13) Eclo 24, 24; (14) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 278.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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