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Luísa Gonçalves
Margarida Cardoso
Marília Pires
Olinda Delgado Maio 2008
O presente trabalho visa obter um panorama geral da indisciplina nas escolas do
Agrupamento de Escolas Verde Horizonte, possíveis causas e eventuais medidas a aplicar
com vista a minorar este problema.
Numa segunda fase do estudo aplicou-se a uma turma por ano um inquérito (em
anexo), que visava:
Avaliar o panorama geral dos alunos na escola (gosto de estar na escola /aulas)
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Tal como referido na primeira fase do projecto, considerou-se neste estudo como
indisciplina toda e qualquer situação menos própria, ocorrida dentro do recinto escolar,
incluindo comportamentos incorrectos e / ou destabilizadores do normal funcionamento de
aula, actos de agressão ou violência.
Fazendo uma análise das famílias dos alunos em que se nota uma maior
indisciplina observou-se:
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No 1º ciclo foram inquiridos todos os alunos do 3º e 4º anos, enquanto que no 2º, 3º
ciclos e secundário foram aplicados 147 inquéritos correspondendo a um universo de 30
%.
70
59
60
49
50
Nº
40
30 27
20 19
20 16 16
14
11
9 9
10 6
0
3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º CEF-1 CEF-2 10º 11º 12º
Ano
A listagem exaustiva dos dados recolhidos por ano (3º ao 12º ano) e por escola do
1º ciclo, encontram-se em anexo.
Porque é obrigado(a)
19% 19%
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itens “para arranjar melhor emprego” e “para continuar os estudos no nível seguinte”.
Também aumenta ligeiramente a fracção que indica andar na escola por ser obrigado.
diminuir
manter-se
40%
33%
aumentar
27%
aumentar
36%
Apenas 15% referem nunca ter presenciado brigas entre colegas na escola e
metade dos inquiridos já assistiram a 2 ou 3 situações envolvendo agressões.
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Já assistiram a brigas:
Muitas vezes
Nunca (mais de 4)
15% 22%
uma vez
13%
Algumas vezes
(2 ou 3)
50%
Incompatibilidades /
11% 3%
33% desavenças
3% Diversão
Dinheiro
“namoricos”
14%
24% outra:defender um amigo
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O 3º ano da EB1 de Mação e o 4º ano da EB1 de Ortiga apresentam valores
anómalos: 68% e 100% dos alunos, respectivamente, indicaram ter sido alvo de
agressões. Das razões evocadas destaca-se “sem motivos aparentes” e “diversão”.
A nível do agrupamento, 32% dos alunos revelaram ter actuado como agressores,
sendo as principais causas das agressões:
Defesa de agressão
9% 3% psicológica / provocação
35%
19% Incompatibilidades /
desavenças
Motivos pessoais
8%
8% 18% Diversão
Falta de educação
Nas actividades lectivas, 72% afirmam que têm aulas que são frequentemente
interrompidas com brincadeiras, mas apenas 36,4% admitem participar activamente
nessas atitudes (cerca de 90% indicam que o fazem com nível de frequência de
ocasionalmente ou algumas vezes). Ao invés das restantes escolas / níveis, no 4º ano da
EB1 de Mação e no 3º da EB1 de Ortiga o número de alunos que afirmam interromper as
aulas com brincadeiras é superior ao que não participa ( 62% e 71% respectivamente).
Considerando os valores apresentados, pode-se intuir uma penalização no sucesso
no processo ensino aprendizagem para a maioria dos alunos.
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Na escola já alguma vez ...
... alguém te humilhou?
20%
15% ... alguém te tirou dinheiro
ou alguma coisa à força?
18
14
Nº de ocorrências
10
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18% dos inquiridos já sentiram que foram discriminados, por:
O tempo que passam em aulas é considerado adequado por 58% dos inquiridos no
Agrupamento, mas é considerado excessivo na EB 2,3/S – 57%;
94% considera que o tempo que passa em aulas é suficiente para aprender;
86% gosta das aulas (considerando apenas a EB 2,3/S esta percentagem desce
para 69%)
o que era
esperado /
16% merecido
16%
inferiores ao
esperado /
merecido
superiores ao
esperado /
68% merecido
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No quotidiano escolar 78% dos inquiridos refere contar em casa o que se passa
consigo na escola, mas apenas 67% conta as situações vividas/ provocadas pelos
colegas.
Apenas 24% dos inquiridos afirma que no meio em que vive já presenciou situações
de violência (verbal e/ou física). No entanto, no 4º ano da EB1 dos Envendos esta taxa foi
de 85,7%.
Na relação professor – aluno, 99% indica respeitar os docentes mas baixa para 97%
quando se trata dos alunos serem respeitados pelos professores.
Quanto aos auxiliares de acção educativa, 94% referem que os respeitam, mas
apenas 80% dos alunos inquiridos, indicam ser respeitados por eles. Esta taxa baixa para
78% quando se consideram apenas os dados da EB 2,3/S.
Consciencializar os
alunos a ser mais
responsáveis
Video – vigilância
22%
19% Outro: tratar os
22% discentes por igual
sendo mais focadas a penalização severa aos agressores e mais vigilância por parte dos
auxiliares, seguidas de perto pela consciencialização dos alunos a serem mais
responsáveis e a existência de vídeo - vigilância. Consideram a escola segura 15 % dos
inquiridos.
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A realização das entrevistas, visavam um contacto mais pessoal com os alunos,
pelo que estes estavam identificados. Em anexo encontra-se um mapa resumo (geral)
das respostas obtidas na entrevista.
Com base nas respostas dadas os alunos mais problemáticos apresentam as seguintes
características:
Ir à escola é bom para diversão e não para aprender, pelo que ter sempre aulas é
manifestamente negativo para estes alunos;
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Em geral referem que deveriam ter mais actividades de ar livre, preferencialmente
com actividades desportivas (salientando-se o futebol, dado tratar-se de rapazes);
Justificações de:
“- porque me apetece
- não consigo me controlar
- estar farto de estar na aula
- continuar as brincadeiras começadas por colegas
- a matéria é cansativa
- não sabe porque o faz
- força do hábito
- para ouvir os colegas a rir
- há que animar as aulas que estão mais paradas”
foram apresentadas por este tipo de alunos para os actos que efectuam e que levam ao
destabilizar e interromper de aulas
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⇒ Relativamente ao racismo na escola, 13 alunos responderam que sim (12 que
não).
Indicam que observaram alguma rejeição a alunos com postura física menos
“ideal” (cara, corpo, cor, gaguejar, vestuário), alunos com dificuldades de
aprendizagem e / ou alunos de algumas localidades (Mouriscas, Brasil).
⇒ Os alunos sentem que o seu comportamento está mais irrequieto nos últimos
tempos lectivos. O cansaço do final do dia é um factor que afecta mais do que
propriamente as aulas de substituição. Como referido em algumas entrevistas, a
situação ideal seria ter menos aulas diariamente (de manhã), intervalos maiores,
mas sem prescindir de tarde(s) livre(s).
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⇒ A nível de alunos que perturbam o normal funcionamento das aulas, deveriam
sair da sala, ter uma actividade atribuída (onde foi referido um método antigo de
escrever um significativo número de vezes uma frase ou pequeno texto com
conteúdo moral), ter mais trabalhos para casa, serem bem castigados de modo
a reduzir a tentação de voltar a portar-se mal.
Dos registos recolhidos pode-se concluir que há violência na escola, que os alunos
reconhecem a sua existência, mas consideram que não tem aumentado.
A maioria dos alunos indisciplinados andam na escola para passar o tempo, para
conviver com os colegas ou como alternativa a ir trabalhar. Aprender não é um dos seus
objectivos.
Têm consciência que perturbam as aulas e que por tal facto devem ser castigados.
Tendem a ser justos nas penalizações de que devem ser alvo, principalmente quando
aplicadas a terceiros.
Em casa estes alunos não contam o que fazem no recinto escolar, havendo pouco
diálogo entre pais e filhos sobre a escola.
Deste modo o principal objectivo dos pais e encarregados de educação é que os
seus educandos passem de ano. A aprendizagem dos conteúdos fica para segundo plano,
e em geral não estabelecem metas que os seus filhos devem atingir (tornam-se pouco
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exigentes). Este procedimento leva a que os alunos mais desinteressados da escola
mantenham os seus pais numa perspectiva de possível aprovação até ao final do ano.
Dado que uma boa percentagem acaba por conseguir passar de ano, estes alunos sentem
não haver necessidade de se aplicar nos estudos – e a falta de ocupação mental nos
conteúdos liberta tempo e disponibilidade para participar em atitudes incorrectas.
Em primeiro lugar há que considerar todo um contexto social - local, regional ou até
nacional. Basta ler jornais ou ver televisão para constatar um aumento geral de violência, e
que o que agora é corrente seria considerado excessivo há uma década atrás.
Foi talvez neste sentido que os alunos do Agrupamento consideraram não ter
aumentado o nível de violência na escola nos últimos anos. A indisciplina / violência
identificada é reportada predominantemente com alunos mais novos e é em geral
aceitável num contexto de brincadeira (excepto quando é o próprio o visado e
consequentemente apresenta queixa das agressões de que foi alvo).
Das informações recolhidas não foi possível detectar razões sociais – ambientes
familiares complicados, famílias não estruturadas, efeitos de álcool ou outras substâncias,
etc, - para tal seria conveniente uma abordagem por técnicos adequados.
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energia. Estarem cansados na aula seguinte está associada normalmente alguma
quietude.
É importante não esquecer que não são só estes alunos que estão a ser
prejudicados pelos seus comportamentos, mas todo o grupo turma, cujo rendimento
escolar é penalizado.
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Não se pretende que os alunos sejam penalizados por actos ocorridos em anos
lectivos anteriores mas que o Conselho de Turma tenha uma noção dos seus
comportamentos, com vista a definir objectivos, estratégias, modos de actuação, regras de
conduta, etc. para estes alunos.
Com esta informação Director de Turma pode desde o início confrontar o aluno e
Encarregado de Educação e efectuar um controle regular e assíduo, bem como um
chamar de atenção e / ou massacrar com lições de moral e bom comportamento, de modo
a limitar / inibir os comportamentos tendenciosos para a indisciplina. Ou seja
responsabilizar o aluno, fazendo-o sentir que está na “corda bamba” logo desde o início e
não apenas quando começam a ocorrer situações e autos de notícia.
Neste processo os Encarregados de Educação devem igualmente ser
responsabilizados e assumir a sua quota parte no processo ensino aprendizagem e nas
questões de (in)disciplina dos seus educandos.
Sugere-se também e como referido até por alguns entrevistados que “no início das
aulas os professores devem estabelecer regras rígidas e não dar margem de manobra aos
alunos” poderá ser uma estratégia.
Estas regras poderiam ser elaboradas e debatidas conjuntamente com a turma no
contexto de Formação Cívica ou de Projecto Curricular de Turma, por exemplo.
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Apesar de não ser unanime, a grande maioria dos alunos gosta de estar na escola,
sente-se bem e sente-se seguro na escola. Mas não deixe-mos apenas que esta situação
não piore, há que querer mais, há que unir esforços, para o bem de toda a comunidade
escolar.
Não se pode considerar uma solução única, cada aluno é um caso, cada turma um
contexto (e até eventualmente cada escola).
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Protocolo do Inquérito