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Há mais vida para além do PIB

As razões de um debate necessário iniciado com o Colóquio da ATTAC em 16/01/2010

A ATTAC, com este Colóquio, abriu o debate público em Portugal sobre os indicadores
de medição e avaliação do desenvolvimento das sociedades humanas. Como os
contributos recolhidos nesta iniciativa comprovaram, este não é um debate neutro ou à
margem dos interesses em conflito na sociedade. Os indicadores usados influenciam e
justificam as políticas públicas. Esperamos que a nossa iniciativa estimule novas
reflexões e estudos e uma participação alargada dos cidadãos e dos movimentos sociais
no debate desta temática, que influencia profundamente as escolhas relativas ao nosso
futuro colectivo.

Desenvolvido no contexto da Grande Depressão dos anos 30 e da II Guerra Mundial,


acompanhando a ascensão da macroeconomia keynesiana, o PIB tornou-se um dos mais
conhecidos indicadores económicos. O seu elevado grau de disponibilidade e de
comparabilidade, entre países e ao longo do tempo, transformaram o PIB na medida
privilegiada do sucesso das economias e das sociedades, em termos do discurso
académico, mas também ao nível do debate político e da atenção mediática.

No entanto, há muito que foram sendo notadas as limitações do PIB, quer como medida
da produção e do crescimento económico, quer, sobretudo, como indicador de qualidade
de vida ou de bem-estar. A discussão sobre as insuficiências do PIB e a necessidade de
o substituir ou complementar com outros indicadores tem ganho crescente relevância,
tendo merecido a atenção de organizações como a ONU, a União Europeia ou a OCDE
– particular destaque merece, neste contexto, a iniciativa do Governo Francês que
conduziu à elaboração de um relatório sobre o tema, recentemente publicado,
coordenado pelos conhecidos economistas Joseph Stiglitz e Amartya Sen. Neste âmbito,
as propostas têm convergido na necessidade de incluir as dimensões da sustentabilidade
social e ambiental dos processos económicos, reflectindo a crescente saliência destas
questões no debate público.

A discussão sobre o PIB e a recusa do monopólio do PIB na avaliação das economias e


das sociedades, constitui uma oportunidade para reflectir sobre os objectivos que as
nossas sociedades, mais ou menos ‘desenvolvidas’, podem e devem prosseguir, bem
como sobre os valores que estão subjacentes às escolhas com que nos deparamos. Este é
um debate que não pode ficar confinado à dimensão técnica dos ‘especialistas’. A
participação alargada da sociedade na definição dos padrões de orientação e avaliação
dos caminhos por onde passará o nosso futuro colectivo é, desde logo, uma elementar
exigência democrática.

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