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Sociólogo da UnB, Arthur Trindade estuda sistema de apuração da Polícia Civil

Por Julianna Caetano

Arthur Trindade Maranhão Costa é o Coordenador do Núcleo de Estudos sobre


Violência e Segurança (NEVIS) da UnB. Sua última pesquisa foi feita em conjunto com
outras quatro universidades, UFRJ, UFMG, UFPE e com a PUC-RS. Contou também
com equipes pesquisando na França e na Argentina. A pesquisa trata de um tema
polêmico, explosivo, que tem conflito de interesses e relações de poder que é o
inquérito policial.
A pesquisa contou com três etapas. Foram realizadas etnografias, técnicas
antropológicas, dois pesquisadores acompanhando o dia a dia de uma delegacia de
polícia com foco na tramitação dos inquéritos. Foram cerca de cento e cinquenta itens
sobre os processos, apurados dos inquéritos de homicídios dolosos no Distrito Federal.
O que se pode verificar com a pesquisa é que, embora o código de processo penal diga
que inquéritos são procedimentos de investigação para apurar fatos, ele tem duas
dimensões: a da investigação e a do cartório em todas as delegacias.
Segundo o sociólogo, a dimensão cartorial do inquérito é muito grande. A
energia que se gasta, o tempo, os esforços, o pessoal que é empregado para fazer
funcionar as atividades de cartório, é alto. O que se vê hoje é, que ela ocupa quase todo
o trabalho de uma delegacia de polícia, admite.
Arthur Trindade declara que em alguns Estados como o Rio de Janeiro, criou-se
a VPI – Verificação Preliminar de Informação. Ou seja, registra-se um BO, antes dessa
ocorrência vir a inquérito, a VPI averigua se aquele caso tem elementos suficientes para
fechar o inquérito, se tiver ele é instaurado, senão é arquivado.
Em Brasília não existe a VPI, mas a abertura de inquérito é feita, em função de
existirem na ocorrência elementos já necessários, ou suficientes para fechá-lo. Caso não
tenha e caso a investigação seja necessária a situação fica mais difícil, pois a lógica de
funcionamento do inquérito é extremamente burocratizado, cartorializado, ressalta o
sociólogo.
Em função disso, o Ministério Público, formalmente encarregado do controle
externo da atividade policial, no que tange à Polícia Civil, exerce um controle
predominantemente formal, é um controle sobre o inquérito, sobre os autos, porque os
inquéritos são práticas. Não é um controle sobre como está procedendo àquela oitiva,
mas sim sobre o papel, o controle é muito precário. O juiz, nas entrevistas durante a
realização da pesquisa, dizia que, “o juiz só condena quem o delegado quer, e o
promotor só denuncia quem o delegado quer. É fato!”, confirma Arthur Trindade.
Arthur Trindade diz ainda que, no Distrito Federal, para não dizer no Brasil
como um todo, o promotor tem uma relação muito distante com a polícia. Ele só passa a
atuar de fato, com o inquérito concluído. Os pedidos de baixa são realmente o problema.
É possível observar que, esses pedidos, em muitos casos, são artifícios utilizados pelos
promotores para controlar a demanda de trabalho.
O Ministério Público também tem que controlar a sua demanda. Uma vez que
ele participa quase nada da parte investigativa, embora possa de fato participar. Então o
trabalho do promotor começa na denúncia e depois tendo que acompanhar o caso. O
pedido de baixa é uma estratégia razoável do ponto de vista institucional e também tem
um artifício interessante que a é história da prescrição em perspectiva. É feito da
seguinte forma, pede-se baixa, e tempos depois solicita o arquivamento do inquérito
baseado na demora, tendo como desculpa a prescrição do crime quando este for a
julgamento.
O que acontece, é que o critério é da cabeça de cada um. É fato também que
alguns casos são priorizados por causa da vítima que é influente. A mídia, o impacto
dos casos. Para ele, um dos maiores problemas é que juízes, delegados e promotores não
sentam para conversar sobre os critérios de escolha. Como isso não acontece, não há a
possibilidade de existir a política criminal. Não acontece, arrisco dizer, em nenhum
lugar no Brasil.
Arthur Trindade ressalta que, os resultados, em respeito à lógica do inquérito, no
Brasil, é da formação da “culpa formal” e é isso que rege. Em sistemas jurídicos
democráticos esse tipo de só pode acontecer na instância judicial e não na policial.
Então, segundo o sociólogo, todos os esforços cartoriais para a formação da culpa, serão
contestados e negados na justiça.
A lógica de formar a culpa no inquérito faz com que este fique gigantesco. As
polícias brasileiras não contam, a despeito de sua qualidade, com uma prática e uma
lógica de controle estrito sobre seus procedimentos. Juízes desconfiam do que os
policias fazem. A corregedoria da Polícia Civil faz correição de inquérito, de abuso de
autoridade. Como o controle sobre a atividade policial é precária, qualquer alegação de
que houve desvio de conduta ou irregularidade, os juízes aceitam de pronto, não precisa
provar muito, afirma Arthur Trindade.

Nota: O Sociólogo da UnB, Arthur Trindade realizou pesquisa sobre atuação da Polícia
Civil no Brasil. Realizada em três etapas que envolveram a apuração dos pesquisadores
no dia a dia das delegacias, a obtenção de dados dos inquéritos e entrevistas com os
lados envolvidos delegados, procuradores e juízes. Ele afirma que ambos utilizam
artifícios para controlar a abertura e o andamento dos inquéritos.

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