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O PARÂMETRO DA LINGUAGEM

Politicamente corretas estão as pessoas


que criticam o Presidente, discordando de
suas posições, porque simplesmente ferem
seus interesses imediatos. A crítica funda-
mentada, ainda que em razões egoísticas, é
legítima. Ninguém está obrigado aderir ao
ideário político do Presidente. Portanto,
julguem-no por sua conduta, pelos resulta-
dos, e não por infundados preconceitos.
Os que exibem ilustração, criticando o Presidente porque
articula mal o idioma, revelam despreparo intelectual ou cega
aversão, pois esqueceram que o idioma que tanto valorizam e
elegem como aferidor de competência, como outros dentre os mais
falados no ocidente, são escombros, restos corrompidos do linguajar
soldadesco das legiões do conquistador romano, ou, reminiscência
verbal dos bárbaros incultos que aniquilaram o império dos césares.
Os idiomas de hoje são repositórios da incultura, do barba-
rismo e do desleixo dos apedeutas de ontem.
Que se lembrem das lições de etimologia, que na verdade
estuda os processos de corrupção da palavra, e considerem ao abo-
canhar perfumado e suculento pêssego, que têm na boca uma maçã
da Pérsia (a rigor, originária da China), um dia malum persicum,
depois persicum e hoje, simplesmente pêssego.
A exigência do uso regular do idioma, posto que o uso correto
perdeu-se nas dobras do tempo, só se justifica para que se não
agrave a babel, fulcro de discórdias.
Que reflitam os que praticam a eleição da linguagem para
aferir inteligência e outros humanos predicados e, considerem que a
linguagem é somente uma ferramenta, no máximo, uma amante
volúvel, em cuja fidelidade não se pode apostar.
A bigorna é o papel do escritor tanto quanto a pena é o
martelo do ferreiro. Não assiste mais mérito em um ao ombrear-se
ao outro. São ambos ferramentas.
Quem a língua maneja com arte e precisão, é apenas senhor
de um dom que não prova especial competência. Serve tanto ao
tribuno idealista, quanto ao aprumado vigarista.
Por conta desse endeusamento da linguagem, respeitável
escritor, cujo nome por misericórdia não cito, enfurecido com o
linguajar mal articulado do Sr. Lula da Silva, publicou no Jornal do
Brasil de 19/05/2008, sob o título “Da premissa presidencial” , com
toda pompa e raivosa circunstância, a seguinte enormidade: "Ora,
não se pode negar que o raciocínio eficaz não dispensa um bom
vocabulário e o conhecimento aceitável de algum idioma".
Vamos corrigir a assertiva:
Somente existem duas linguagens suficientemente seguras,
capazes de guindar o raciocínio a inimagináveis alturas: são as da
Física e da Matemática, e aí, quanto mais longe das palavras, mais
perto da razão pura..
Os grandes pensadores antigos e modernos não emergiram
das letras, mas da Física e da Matemática. Platão reconhecia a
importância da Matemática, porque esta permitia realizar abstra-
ções, aproximando-o assim do mundo perfeito das idéias, posto que
os sentidos físicos só lhe permitiam atingir a aparência, não
revelando a verdadeira natureza das coisas.
O refinado raciocínio vale-se de arquiteturas simbólicas, de
esquemas, idéias, imagens, abstrações, conceitos e noções inteiras
que irrompem em alucinado rodopio pela ravina da indagação,
alijando para os lados os vocábulos que encontra pelo caminho.
A linguagem, como ferramenta de governo ou de investi-
gação, é tão precária que em trabalhos técnicos e científicos,
quando se pretende afastar impróprias digressões e estabelecer
precisão, reconstrói-se a terminologia alvo, fixando-a por meio de
definições operacionais, destacando-as desse modo:– Por isto,
entenda-se isso, assim,assim.. ― E então, o bom vocabulário é
balela.
Bom lembrar que deficientes auditivos, vocais e visuais,
não são menos dotados, apenas estão sujeitos a restrições quanto
aos processos rotineiros de comunicação.
A experiência constitui conhecimento empírico calcado na
percepção de que é capaz o espírito humano. Se certas habilidades
perceptivas não estiverem presentes no indivíduo, a universidade e
o livro grosso serão eventos não registrados, não enriquecerão o
intelecto e produzirão profissionais adestrados, em vez de impregna-
dos pela sabedoria. Assim, tem mais a dar a consciência construída
na experiência diversificada, sofrida, solicitada em extremos, do que
aquela que não respondeu a desafios, não foi testada, não se
comprometeu, passou pelo livro grosso, mas não o viveu.
Em matéria de raciocínio, melhor ficar com os matemáticos,
quanto mais longe das palavras, mais perto da razão pura. Acordos
e revisões oficiais de tempos em tempos introduzem modificações
na língua, de sorte que o correto é mais convencional do que
racional. Logo, se alguém escrever caxorro, e você entender a
referência feita ao bicho cachorro, não fique indignado com a
incorreção - você pensa com imagens, símbolos, idéias, conceitos,
noções, etc.
O pensar é mais profundo quando se está interiormente
despido. Por isso, talvez, na impossibilidade de expressar no
bronze o instante de nudez interior, Rodin a tenha feito presente no
exterior, esculpindo “O Pensador” despido.
A Linguagem é como o Dinheiro, só importa porque não
estamos sós, porque nos relacionamos, porque queremos, competi-
mos, damos e tomamos, num jogo onde a palavra vale tanto quanto
moeda, só serve para troca, não é digerível e está impregnada de
convenções mais arrogantes que inteligentes.

Humildade faz bem! Na verdade, nada sabemos, se


pensarmos que sabemos, perderemos a oportunidade de aprender.

J Pinoli

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