0 valutazioniIl 0% ha trovato utile questo documento (0 voti)
84 visualizzazioni7 pagine
O presente artigo discorre sobre a educação no campo com vistas à uma reflexão sobre a importância desse modelo de educação para a formação cidadã dos indivíduos inseridos nesse contexto, apresentando ainda a educação do campo como instrumento de emancipação e promoção humana, em espaço de interação e aprendizado, vinculando, assim, os seus desafios e perspectivas. Como pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica, buscou-se respaldo em teóricos, estudiosos e documentos da área e ainda em revistas científicas, no intuito de buscar um aprofundamento para o estudo. Arroyo (2011) e Caldart (2010), dentre outros contribuíram em defesa dos objetivos propostos. Originária do processo de luta dos movimentos sociais, a Educação do Campo contribui para o desenvolvimento de um processo de educação, que priorize um aprendizado significativo bem como a vida das pessoas inseridas no campo, considerando suas particularidades e dando-lhes o suporte necessário para uma vida melhor. A intencionalidade de um projeto nesse sentido é de formação de sujeitos que percebam criticamente as escolhas e premissas socialmente aceitas e que sejam capazes de formular alternativas de um projeto de vida capaz de garantir seus anseios e necessidades.
O presente artigo discorre sobre a educação no campo com vistas à uma reflexão sobre a importância desse modelo de educação para a formação cidadã dos indivíduos inseridos nesse contexto, apresentando ainda a educação do campo como instrumento de emancipação e promoção humana, em espaço de interação e aprendizado, vinculando, assim, os seus desafios e perspectivas. Como pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica, buscou-se respaldo em teóricos, estudiosos e documentos da área e ainda em revistas científicas, no intuito de buscar um aprofundamento para o estudo. Arroyo (2011) e Caldart (2010), dentre outros contribuíram em defesa dos objetivos propostos. Originária do processo de luta dos movimentos sociais, a Educação do Campo contribui para o desenvolvimento de um processo de educação, que priorize um aprendizado significativo bem como a vida das pessoas inseridas no campo, considerando suas particularidades e dando-lhes o suporte necessário para uma vida melhor. A intencionalidade de um projeto nesse sentido é de formação de sujeitos que percebam criticamente as escolhas e premissas socialmente aceitas e que sejam capazes de formular alternativas de um projeto de vida capaz de garantir seus anseios e necessidades.
O presente artigo discorre sobre a educação no campo com vistas à uma reflexão sobre a importância desse modelo de educação para a formação cidadã dos indivíduos inseridos nesse contexto, apresentando ainda a educação do campo como instrumento de emancipação e promoção humana, em espaço de interação e aprendizado, vinculando, assim, os seus desafios e perspectivas. Como pesquisa qualitativa de natureza bibliográfica, buscou-se respaldo em teóricos, estudiosos e documentos da área e ainda em revistas científicas, no intuito de buscar um aprofundamento para o estudo. Arroyo (2011) e Caldart (2010), dentre outros contribuíram em defesa dos objetivos propostos. Originária do processo de luta dos movimentos sociais, a Educação do Campo contribui para o desenvolvimento de um processo de educação, que priorize um aprendizado significativo bem como a vida das pessoas inseridas no campo, considerando suas particularidades e dando-lhes o suporte necessário para uma vida melhor. A intencionalidade de um projeto nesse sentido é de formação de sujeitos que percebam criticamente as escolhas e premissas socialmente aceitas e que sejam capazes de formular alternativas de um projeto de vida capaz de garantir seus anseios e necessidades.
Education in the field: Challenges and prospects Maria da Guia Gomes Alves Professora da rede municipal, licenciada em Pedagogia e especialista em Psicopedagogia pelas Faculdades Integradas de Patos (FIP) E-mail: maryahgmedeiros@hotmail.com
Jos Ozildo dos Santos
Docente, mestre em Sistemas Agroindustriais pela UFCG, especialista em Direito Administrativo (FIP); Gesto Pblica (UEPB) e Educao Ambiental e Geografia do Semirido (IFRN) e ps-graduando em Educao para os Direitos Humanos e em Metodologia do Ensino na Educao Superior E-mail: joseozildo2014@outlook.com Resumo: O presente artigo discorre sobre a educao no campo com vistas a uma reflexo sobre a importncia desse modelo de educao para a formao cidad dos indivduos inseridos nesse contexto, apresentando ainda a educao do campo como instrumento de emancipao e promoo humana, em espao de interao e aprendizado, vinculando, assim, os seus desafios e perspectivas. Como pesquisa qualitativa de natureza bibliogrfica, buscou-se respaldo em tericos, estudiosos e documentos da rea e ainda em revistas cientficas, no intuito de buscar um aprofundamento para o estudo. Arroyo (2011) e Caldart (2010), dentre outros contriburam em defesa dos objetivos propostos. Originria do processo de luta dos movimentos sociais, a Educao do Campo contribui para o desenvolvimento de um processo de educao, que priorize um aprendizado significativo bem como a vida das pessoas inseridas no campo, considerando suas particularidades e dando-lhes o suporte necessrio para uma vida melhor. A intencionalidade de um projeto nesse sentido de formao de sujeitos que percebam criticamente as escolhas e premissas socialmente aceitas e que sejam capazes de formular alternativas de um projeto de vida capaz de garantir seus anseios e necessidades. Palavras-chave: Educao no Campo. Formao Cidad. Instrumento de Mudana. Abstract: This article discusses the education in the field with a view to reflect on the importance of this education model for civic education of individuals inserted in this context and contains the education field as an instrument of emancipation and human development, space and interaction learning, linking thus its challenges and perspectives. As qualitative research literature nature, he sought support in theorists, scholars and documents of each area and in scientific journals, in order to seek a deepening for the study. Arroyo (2011) and Caldart (2010), among others contributed in defense of the proposed objectives. Originally the struggle of social movements process, the Rural Education contributes to the development of an education process that prioritizes a significant learning as well as the lives of persons entered into the field, considering its features and giving them the necessary support for a better life. The intent of a project in this regard is training individuals who critically perceive the socially acceptable choices and assumptions and are able to formulate alternatives to a life project capable of ensuring their desires and needs. Keywords: Education in the Countryside. Citizen training. Changemaker.
Recebido em: 23/07/2015
Aprovado em: 08/08/2015 REBES - ISSN 2358-2391 - (Pombal - PB, Brasil), v. 5, n. 3, p. 59-65, jul-set., 2015
Maria da Guia Gomes Alves e Jos Ozildo dos Santos
INTRODUO A realidade brasileira vem apresentando, historicamente, fortes desigualdades nos aspectos, econmicos e sociais, principalmente nas reas rurais, resultante da dominao econmica e da hegemonia cultural capitalista, o que contribui para o atraso na qualidade de vida da populao camponesa e a negao dos seus direitos. A Educao do Campo nesse contexto vincula-se construo de um modelo de desenvolvimento rural, que prioriza os diversos sujeitos sociais do campo. Isto , que se contraponha essa realidade, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da populao, pela oferta de um ensino que vincule educao ao direito, como instrumento para a formao cidad adequada aos padres sociais vigentes, sem perder de vista sua identidade e sua cultura. A Educao do Campo enfim contribui para o desenvolvimento de um processo de educao que priorize um aprendizado significativo a vida das pessoas nesse inseridos, considerando suas particularidades e dando lhes o suporte necessrio a sua vida, de acordo com a demanda scio histrico de cada um e do coletivo. A intencionalidade de um projeto nesse sentido de formao de sujeitos que percebam criticamente as escolhas e premissas socialmente aceitas, e que sejam capazes de formular alternativas de um projeto de vida capaz de garantir seus anseios e necessidades. O artigo foi resultado de uma pesquisa qualitativa, de natureza bibliogrfica, desenvolvida a partir de observaes, anlises, leituras, fichamentos, com suportes tericos em vrios autores da rea, documentos, revistas acadmicas para validar cientificamente o estudo. Arroyo (2006) e Caldart (2008), dentre outros, foram fundamentais nas argumentaes provocadas em defesa dos objetivos propostos no estudo e na pesquisa, que tem por objetivo proporcionar uma reflexo acerca da importncia desse modelo de educao e sua contribuio para formao cidad do indivduo. Conceitos e princpios da educao no campo A educao bsica, segundo os tericos, como direito para a diversidade dos povos do campo foi mantida por dcadas no esquecimento. E, esse descaso, segundo pesquisa realizada por Caldart apud Molina (2010), est atrelada ao descaso por parte dos governantes para os povos do campo, o qual reflete a viso pessimista do campo e da educao do campo, o que nos dias atuais deve ser repensado. A educao do campo uma realidade recente no pas. Advinda da organizao dos movimentos sociais, a educao do campo nasce em contraposio educao rural, que priorizava interesses distintos e assegurada em um conceito mais amplo, conforme rege a Constituio
Federal de 1988, em seu art. 205, quando expe: a
educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho (BRASIL, 2011, p. 31). A educao do campo uma forma de reconhecimento dos direitos das pessoas que vivem no campo, no sentido de terem uma educao diferenciada dessa perspectiva, anteriormente citada, como tambm daquela que oferecida aos habitantes das reas urbanas, em vista de aspectos precisarem ser destacados e valorizados, como a vida das pessoas no campo, suas razes, costumes e tradies, todavia ainda est em processo de desenvolvimento menor que urbana. Nesse sentido, Pinheiro (2011, p.11) afirma que: [...] a educao do campo tem se caracterizado como um espao de precariedade por descasos, especialmente pela ausncia de polticas pblicas para as populaes que l residem. Essa situao tem repercutido nesta realidade social, na ausncia de estradas apropriadas para escoamento da produo; na falta de atendimento adequado sade; na falta de assistncia tcnica; no no acesso educao bsica e superior de qualidade, entre outros [...]. A autora nos mostra os avanos e as lacunas que ocorreram na educao no Brasil nas ltimas dcadas, pois tudo foi se inovando no campo, menos na educao, que ainda anda em processo lento, sobretudo, quando se volta o olhar para o avano tecnolgico, dentre outros fatores que muito contriburam para a melhoria da vida do homem do campo e de sua educao. Surge, assim, de forma repensada e desafiante, buscando a construo de uma nova base conceitual sobre o campo, e sobre educao do campo, como norteadora de polticas pblicas que contemplem a diversidade cultural (ARROYO, 2011). Ferreira e Brando (2011) evidenciam que a educao rural no Brasil - at a dcada de 1990, quando a categoria educao do campo inicia sua construo - est atrelada a um modelo de poltica econmica comprometido com as elites e ligada s oligarquias rurais, o que revelam que essa educao tem razes histricas muitas vezes contrrias a um modelo de educao voltada aos interesses populacionais nesse meio inserido. Para Munarim (2011) defende que no quadro das polticas pblicas na rea especfica da Educao do Campo, demonstra-se marchas e contramarchas na relao Estado e sociedade civil organizada do campo nesse perodo. Toma como referncia inicial a vigncia do Plano Nacional de Educao (Lei n 10.172/2001), que ora se finda, e como ponto de chegada a publicao do Decreto Presidencial n 7.352, de 4 de novembro de 2010, que
REBES - ISSN 2358-2391 - (Pombal - PB, Brasil), v. 5, n. 3, p. 59-65, jul-set., 2015
Maria da Guia Gomes Alves e Jos Ozildo dos Santos
dispe sobre as polticas de Educao do Campo e a deve considera a partir do conceito de sobrevivncia, que Educao na Reforma Agrria. sem o campo esse impossvel. Assim, sobre a discusso acerca da problemtica da Dentre as dificuldades para o desenvolvimento da educao do campo na legislao e na prtica educacional educao do campo esto as precrias condies para o de nosso pas, as iniciativas que intuem remeter-se seu funcionamento como, por exemplo, classes questo so, direta ou indiretamente, protagonizadas por superlotadas, classes multisseriadas, falta de maiores representantes agrrios e falta mais olhares mais investimentos em capacitaes dos professores, elaborados que vise de fato melhoria a essa populao e insuficincia de materiais didticos, infraestrutura aos seus direitos. inadequada das escolas, dentre outras. Essa realidade De acordo com Caldart (2010, p. 68): aponta para o fato de que, h muito, a educao do campo vem sofrendo as consequncias da falta de mantedor, [...] o conceito de Educao do Campo tem raiz na comprometimento do Estado, rgo responsvel em primeira estncia. sua materialidade de origem e no movimento Precisa-se reconhecer o campo como um espao histrico da realidade a que se refere. [...] busca prender um fenmeno em fase de constituio culturalmente prprio, detentor de tradies, msticas e histrica. Ou na expresso de Bernardo Manano, costumes singulares; ainda um espao com dimenses de uma disputa de territrio imaterial, que pode temporais independentes do calendrio convencional civil, em alguns momentos se tornar fora material na o que determina que suas prticas educativas sejam por luta poltica por territrios muito concretos, como o esses conceitos direcionados. Enfim, o homem e a mulher do campo so sujeitos destino de uma comunidade camponesa, Por historicamente construdos a partir de determinadas exemplo. snteses sociais, sendo assim, seu modelo de educao A identidade da escola do campo na atualidade deve est a seu servio, ao seu modo de viver, para que o ganha espao e definida pela sua vinculao s questes sentido pleno dessa educao seja encontrado. Sobre esse prisma ressaltamos que, somente inerentes sua realidade, ancorando-se na temporalidade e atravs de conjugao de foras, pode-se de fato contribuir saberes prprios dos estudantes, na memria coletiva que para garantir que educao no campo acontea de fato em sinaliza futuros, na rede de cincia e tecnologia disponvel termos significativos. na sociedade e nos movimentos sociais em defesa de A escola nesse sentido tem tarefas imensas a projetos que associem as solues exigidas por essas cumprir, se quiser de fato contribuir para a melhoria da questes qualidade social da vida coletiva no pas. educao a ser oferecida a seus alunos. Somente ela pode Deve-se reconhecer que a Educao do Campo difundir conhecimentos e fornecer instrumentos para a de suma importncia, e muitas vezes essa temtica no compreenso do mundo, do outro e de si mesmo, alm de trabalhada em sala de aula, passando aos alunos apenas desenvolver o sentido dos valores relacionados conhecimento cientfico, ou seja, dados tericos, solidariedade, a responsabilidade, bem como a diversidade ignorando a correlao com a vida em seu contexto, as e sua aceitao. dificuldades vivenciadas em busca do aprendizado mais A escola do campo deve corresponder elaborado. necessidade da formao integral dos povos do campo, o preciso considerar o processo de produo do que implica o reconhecimento de que para tal, precisa sujeito do campo, valorizando os conhecimentos prvios garantir o acesso a todos os nveis e modalidades de prticos adquiridos atravs de suas experincias, relaes ensino (Educao Infantil, Ensino Fundamental, Mdio e sociais e tradies histricas que esse aluno vivencia ao Profissionalizante, Educao de Jovens e Adultos e longo de sua vida. Um dos principais elementos que Educao Especial), de acordo com o artigo 6. das consolidam e do solidez prtica da educao do campo Diretrizes Operacionais para a Educao Bsica nas no momento vivido o envolvimento com a comunidade. Escolas do Campo, e no apenas se restringir, como A educao do campo est ganhando espaos no usualmente, ao ensino infantil e aos anos iniciais do debate educacional, legal e cientfico. Essa construo Ensino Fundamental. coletiva tem a insero, por vezes efetuada pelos Acreditamos que a escola deve proporcionar meios movimentos sociais, mas, de maneira geral, pelos sujeitos eficazes para a prtica educativa social planejada e do campo, o que fundamental. organizada. Cabe a escola orientar seus membros a Em linhas gerais, a especificidade da educao do trabalhar em busca do sentido tico da formao, campo, rompe com a ideia de que a escola, no campo, indispensvel a qualquer ao de cidadania. relevante deve se constituir como uma extenso ou um apndice das que ao se imburem dessa concepo, busquem discutir a escolas urbanas, com as mesmas regras, preciso dignidade do ser humano, a igualdade de direitos, a recusa considerar especificidades distintas nesse conceito de de toda forma de descriminao, ao mesmo tempo em que educao. atitudes de solidariedade e de prazer no trabalho O campo mais que uma concentrao geogrfica; desenvolvido sejam incentivadas. o cenrio de uma srie de lutas e movimentos sociais; ponto de partida para uma srie de reflexes que o homem REBES - ISSN 2358-2391 - (Pombal - PB, Brasil), v. 5, n. 3, p. 59-65, jul-set., 2015
Maria da Guia Gomes Alves e Jos Ozildo dos Santos
Educao no campo no Brasil: desdobramentos legais socializao e as relaes de trabalho vividas pelos sujeitos do campo para manterem essa identidade como O cenrio educacional brasileiro na atualidade elementos essenciais de seu processo formativo, insere-se num conceito mais amplo de educao constituindo o espao de aprendizado em garantia de sua compreendendo um espao formador de saber ocupado cidadania plena. A Educao do Campo tem-se voltado para a por sujeitos coletivos que no haviam ainda protagonizado reduo das intensas desigualdades e da precariedade do este espao. Os sujeitos da Educao do Campo. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educao) em acesso educao escolar, nos diferentes nveis, no meio 1996 apresenta-se como uma poltica de interesse rural, o fato gerador de graves problemas decorrente da nacional, tendo em vista os seus objetivos. Com a falta de saberes mais elaborado. Molina (2011) destaca que dentre as graves promulgao desta lei a educao passa a ter definies de carncias, em especial uma chama ateno: a taxa de nveis de educao e a Educao do Campo nesse analfabetismo da populao de 15 anos ou mais, que universo legal ganha destaque ficando estabelecido apresenta um patamar de desigualdade em relao Art. 28. Na oferta de educao bsica para a educao no espao urbano. Esse cenrio de desigualdade pode ser mudado se populao rural, os sistemas de ensino promovero houver lutas engajadas por um ensino inovador, as adaptaes necessrias sua adequao s promovendo as adaptaes necessrias adequao s peculiaridades da vida rural e de cada regio, peculiaridades da vida rural e de cada regio, conforme especialmente: rege os documentos legais citados. I - contedos curriculares e metodologias Arroyo; Caldart; Molina apud Bezerra Neto (2010) apropriadas s reais necessidades e interesses dos afirmam que: alunos da zona rural; II - organizao escolar prpria, incluindo adequao do calendrio escolar s fases do ciclo agrcola e s condies climticas; III - adequao natureza do trabalho na zona rural.
A Educao do Campo precisa resgatar os valores
do povo que se contrapem ao individualismo, ao consumismo e demais contra valores que degradam a sociedade em que vivemos. A Escola um dos espaos para antecipar, pela vivncia e pela correo fraterna, as relaes humanas que cultivem a cooperao, a solidariedade, o sentido de justia e o zelo pela natureza.
Nota-se que a redao desse artigo abrangente,
primando por uma poltica institucional que perceba essa modalidade de educao voltada a regras especficas. Diante disso, este artigo acaba chamando a ateno dos necessrio ir alm de uma educao sistemas de ensino para integrar-se ao processo de educao amplo, percebendo os anseios fundamentais dos emancipatria, que leve o indivduo a conhecer o saber, preciso faz-lo explor-lo em todos os seus aspectos, educandos para o atendimento de suas singularidades. Esses sujeitos coletivos escreveram suas trajetrias constituindo este, em prticas concretas que vislumbre escolares sob esse enfoque legal a partir de suas lutas novas ideias, novos conhecimentos, capazes de sociais capazes de, com suas aes, interrogar e apresentar transformar os conflitos existentes em espao de discusso alternativas ao projeto hegemnico de desenvolvimento e construo conjunta de solues para cada problemtica rural, at ento excludo da sociedade brasileira ou encontrada. A formao que se precisa nesse contexto a explorado pelo sistema capitalista, gerador de grandes formao crtica, capaz de despertar uma nova desigualdades sociais. Apesar das conquistas em marcos legais e em conscincia, de direitos e de deveres, contribuindo com a prticas em andamento, a educao do campo na amenizao dos arraigados espaos de movimentos no atualidade enfrenta-se tambm um grave processo de campo que caracterizava-se pela trajetria de conflitos e fechamento das escolas do campo. Ao mesmo tempo em falta de dilogos. Na concepo de Caldart (2010 p. 112): que se conquistam avanos que garantem legitimidade para experincias inovadoras decorrentes das lutas na rea, simultaneamente, se reduz cada vez mais o nmero A democratizao exigida, pois, no somente do de escolas no meio rural. acesso, mas tambm da produo do Segundo Molina (2011) de acordo com o Censo conhecimento, implicando outras lgicas de Escolar, existiam 107.432 escolas no territrio rural em produo e superando a viso hierarquizada do 2002. Em 2009, o nmero desses estabelecimentos de conhecimento prpria da modernidade capitalista. ensino reduziu-se par 83.036, significando o fechamento (...) Esta compreenso sobre a necessidade de um 24.396 escolas no meio rural, e os dados de 2010, dilogo de saberes est em um plano bem mais registram a existncia de 78.828 escolas. complexo do que afirmar a valorizao do saber A Educao do Campo oriunda dessas lutas popular, pelo menos na discusso simplificada que compreende os processos culturais, as estratgias de predomina em meios educacionais e que na escola REBES - ISSN 2358-2391 - (Pombal - PB, Brasil), v. 5, n. 3, p. 59-65, jul-set., 2015
Maria da Guia Gomes Alves e Jos Ozildo dos Santos
se reduz por vezes a um artifcio didtico vazio. O No paradigma da Educao do Campo, consideraque precisa ser aprofundado a compreenso da se fundamental o reconheci mento de que diante desses teia de tenses envolvida na produo de diferentes marcos legais, resultantes das lutas sociais preconiza- se a saberes, nos paradigmas de produo do superao do antagonismo entre a cidade e o campo, que conhecimento. passam a ser visto como complementares e de igual valor. No tm nesse contexto mais espaos para preconceitos, No contexto das polticas pblicas e do marco legal vista a importncia da vida do campo para o sustento e pode-se afirmar que a Constituio de 1988 consolidou o manuteno das cidades, uma vez que os recursos compromisso do Estado e da sociedade brasileira em necessrios a vida em comunidade depende da mo de promover a educao para todos, garantindo o direito ao obra extrada exclusivamente no espao rural. Uma verdade que precisa ser entendida a viso de respeito e adequao da educao s singularidades Gadotti (2000) que nos instiga a compreender que culturais e regionais. civilizao tecnolgica nos trouxe inmeros benefcios, A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional 9394/96 (LDB), em seus Art. 28 e 23, estabelece que os conhecimento e comodidades. Permitiu-nos entender e sistemas de ensino devem promover as adaptaes construir uma viso de mundo cujos limites se expandiam necessrias para que a educao bsica seja ofertada at desvendar uma das mais incontestes verdades com a adequadamente, indicando a possibilidade de definirmos o qual a comunidade humana se v obrigada a conviver - os currculo, a organizao da escola, o calendrio escolar e limites da destruio do planeta em que vive. Ao apresentar a Terra como uma nica metodologias considerando as necessidades dos estudantes comunidade, Gadotti acena com um novo paradigma para face s especificidades do ciclo agrcola, das condies a prtica pedaggica e, juntamente com conceitos sobre os climticas; e do trabalho no campo. Essas adequaes so importantes, pois, a caminhos da educao em relao a esse fato e a sua Os conceitos relacionados
simultaneidade entre trabalho e escolarizao no meio complexidade.
rural,, esse no oriundo de crianas, tendo em vista a sustentabilidade e diversidade complementam a proibio do trabalho infantil e sim dos pais, o que ocorre educao do campo ao preconizarem novas relaes entre em falta de tempo para o acompanhamento das crianas as pessoas e a natureza e entre os seres humanos e os escola constitui-se num fator incentivador do fracasso demais seres dos ecossistemas, levando em considerao a importncia desses a vida e sua plenitude. escolar de crianas, jovens e adultos do campo. preciso levar em conta conceitos como Em complemento, a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei n 9.394/96) estabelece uma sustentabilidade ambiental, agrcola, agrria, econmica, base comum a todas as regies do pas, a ser social, poltica e cultural, bem como a equidade de gnero, complementada pelos sistemas federal, estaduais e tnico-racial, intergeracional e a diversidade sexual, se de municipais de ensino e determina a adequao da fato prima-se por uma educao para transformao social educao e do calendrio escolar s peculiaridades da vida e cidad. Oportuno se faz citar que 2001, foi promulgado o rural e de cada regio, conforme antes citada, Plano Nacional de Educao (Lei n 10.172/2001), o qual, Ainda em 1998, foi criada a Articulao Nacional embora estabelea entre suas diretrizes o tratamento por uma Educao do Campo, entidade supra organizacional que passou a promover e gerir as aes diferenciado para a escola rural, recomenda-se direitos conjuntas pela escolarizao dos povos do campo em como o transporte escolar para todos os alunos em diferentes lugares, assim dificultando-se a permanncia nvel nacional. Dentre as conquistas alcanadas por essa dos alunos no meio rural. Observe-se que o legislador no levou em Articulao est a realizao de duas Conferncias considerao questes importante de infraestruturas, de Nacionais por uma Educao Bsica do Campo - em 1998 especialidades docentes, nem da vida e sua qualidade dos e 2004, a instituio pelo Conselho Nacional de Educao alunos que tem que se adaptarem a essa nova realidade, (CNE) das Diretrizes Operacionais para a Educao Bsica nas Escolas do Campo, em 2002; e a instituio do tendo que percorrerem percursos longos para garantir o Grupo Permanente de Trabalho de Educao do Campo direito a educao. (GPT), em 2003 (MOLINA, 2011). Ainda afirma que a criao, em 2004, no mbito do Desafios e perspectivas da educao no campo Ministrio da Educao, da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao e Diversidade, qual est Em virtude dos altos ndices de analfabetismo e vinculada a Coordenao-Geral de Educao do Campo, baixos nveis de escolaridade presentes em nosso pas significa a incluso na estrutura estatal federal de uma onde revelam graves problemas decorrentes destes, a instncia responsvel, pelo atendimento dessa demanda a educao em todos seus nveis tem se tornado objeto de partir do reconhecimento de suas necessidades e polticas pblicas dos governos federal, estaduais e singularidades, diante das exigncias scio histricas municipais. A realidade do analfabetismo na sociedade envolvendo essa populao compreendida nesse cenrio brasileira ainda mais alarmante quando deslocamos educacional. nosso olhar para o campo. REBES - ISSN 2358-2391 - (Pombal - PB, Brasil), v. 5, n. 3, p. 59-65, jul-set., 2015
Maria da Guia Gomes Alves e Jos Ozildo dos Santos
Assim muitos so os desafios encontrados elos homem do campo no seja por esses saberes ignorados, governantes para criarem polticas capazes de reverter desvalorizado. preciso articular a sua vivencia aos esse quadro na sociedade, sobretudo no campo onde a saberes em sinal de um aprendizado mtuo, para que a populao ainda mais esquecida, at do olhar civil, aprendizagem seja prazerosa, significativa. quanto mais das esferas polticas. Na concepo de Moura ( 2009, p. 12): Em relao s polticas pblicas voltadas para a populao do campo h uma preocupao com a garantia Essa realidade percebida no espao rural, e nesta do direito a entrada e permanncia nas escolas, locais perspectiva, se inserem os sujeitos do campo, como estes que cada dia mais parece ser excluso do meio rural. o agricultor familiar, que no consegue Assim, os momentos de acompanhamento dessa acompanhar a evoluo tecnolgica que a garantia tem se caracterizado pelo compartilhar de globalizao lhe confere. Como resultado, muitos informaes, realizar reflexes e debates sobre a realidade desses agricultores acabam por abandonar o campo nos assentamentos e demais reas de campo, onde se e buscam a cidade pensando ser essa a alternativas encontram grandes nmeros de crianas, jovens e adultos mais vivel para o futuro. importante que se diga, fora da sala de aula. que neste processo, a escola no teve grande Os momentos de acompanhamento tambm so importncia, e muitas vezes, estimulou o oportunidades nicas para os estudantes universitrios sentimento de que o campo atrasado, e que Cursos de Licenciatura - conhecerem estar realidade e somente as pessoas que moram na cidade podem compartilharem este conhecimento nas salas de aula da usufruir das comodidades e do confronto Universidade, o que contribui para a formao dos proporcionado pela evoluo do processo urbano. estudantes, potenciais futuros professores da rede pblica Portanto, a realidade vivida pelo homem do campo, de ensino. A relao de parcerias tambm deve destacada seus saberes, no so valorizados na comunidade como um desafio para a educao do campo se quisermos, rural, como no o so na escola que educa esses sobretudo conquistamos com o tempo obter resultados sujeitos. positivos para a educao. Desta forma todas as decises tanto do mbito O papel da escola vai muito alm da transmisso administrativo, quanto nos sistemas de ensino devem ser exclusiva de conhecimento, mas por intermdio de voltadas s questes pedaggicas, devero ser tomadas praticas articuladoras, crticas, reflexivas, particulares de com o pensamento no coletivo, o que necessita de aes ensino e valores esses conhecimentos so socializados e de dilogo e anlise, por governantes, pesquisadores e reproduzidos, a escola deve priorizar a troca de saberes educadores. tendo presente nas relaes do homem em sociedade. Desta forma, precisamos assumir desafios de Ainda de acordo com Moura (2009. p.13): parceria, visando garantir indicadores relacionados conquista de autoestima dos alunos, que ao perceberem-se Desta forma, e para uma melhor compreenso do capazes de aprender, mudam seu olhar, passam a sonhar problema, parte-se para a anlise de uma com a continuidade e a acreditar na sua prpria importante categoria espacial: o lugar. por meio capacidade de aprender, o que no podemos desconsiderar da compreenso e do conhecimento do lugar, que ao avaliar os resultados. os educadores das escolas rurais podero compor Tambm h a mudana em relao linguagem suas prticas educativas, de forma a respeitar e oral, expresso dos alunos, que passam a participar com apreender sobre os saberes sociais das entusiasmo das aulas ao perceberem que suas opinies, comunidades envolvidas. sua experincia de vida, o saber que acumularam ao longo A escola do campo deve trabalhar no sentido de dar da vida so valorizadas pelo educador. Todos, a seu ritmo condies do homem manter-se no campo e deve prepare a seu tempo, acumulam aprendizagens importantes para lo para isso, percebe-se, cada vez mais, a importncia em sua vida. Evidncia desta mudana est na cobrana que no formar os alunos apenas para a manuteno de um recebemos destes pela continuidade de programa nas sistema de produo e sim pessoas com formao cidad, etapas seguintes. com saberes elaborados capazes de entender e interferir na H alunos que planejam fazer cursos, pois ao problemtica referente
modernizao da vida do campo,
perceberem-se capazes de aprender, percebem o potencial da agricultura, facilitando a sua vida e consequentemente que podem desenvolver ao longo da vida, o que mostra contribuindo para intervir e reverter os problemas de que grandes so os desafios nesse modelo de educao, ordem social, ambiental e econmica como um todo, mas que os resultados de pensamentos assim afirmao levando em considerao que o campo responsvel pela que esses desafios acabam sendo vencidos. Quantos as vida e sobrevivncia do individuo. perspectivas para a educao do campo prioriza-se saberes A escola no meio rural muito mais que um e praticas que estejam almejadas a vida em sociedade, espao de escolarizao, , em muitos casos, a referncia seguindo as trilhas da globalizao, do avano tecnolgico para a comunidade, deve, ento, contar com professores e do momento scio histrico, tentando adequar a vida a que entendam e valorizem esse espao. Fica clara a esse contexto. Todavia preciso ter cuidado para que o necessidade de formar professores para aturar nas escolas REBES - ISSN 2358-2391 - (Pombal - PB, Brasil), v. 5, n. 3, p. 59-65, jul-set., 2015
Maria da Guia Gomes Alves e Jos Ozildo dos Santos
do campo, sem seguir produzindo o modelo da escola . urbana (MOLINA, 2010). MUNARIM, Antnio. Educao do Campo no cenrio das polticas pblicas na primeira dcada do sculo 21. Em Aberto, Braslia, v. 24, n. 85, p. 51-63, abr. 2011. CONSIDERAES FINAIS Os dados estudados e pesquisados para a fundamentao desse artigo revelaram que a educao do campo passa por um processo de estudos e pesquisas e que ganha destaque no cenrio nacional, nas linhas das teorias da rea. Mas, apesar dessas evidencias tm se caracterizado ainda ndices de precariedade por descasos, especialmente pela ausncia de polticas pblicas adequadas para as populaes do campo, sobretudo na garantia dos direitos sociais dos indivduos, a exemplo podemos citar ausncia de estradas apropriadas para transporte e produo; na falta de atendimento adequado sade; na falta de assistncia tcnica; no no acesso educao bsica e superior de qualidade. As polticas pblicas de Educao do Campo que ocorre no Brasil e que intensifica-se nessa ltima dcada, se sustenta quase que restritamente na ao protagonista das organizaes e movimentos sociais do campo, que lutam por igualdade de direitos em todos os aspectos da vida humana, o que revela motivo de preocupao, diante da ausncia de maiores envolvimentos da sociedade civil organizada e por parte dos governantes. Compreendemos enfim que para resgatar e construir uma identidade da educao do campo necessrio que ocorra mudanas culturais e comportamentais e que ainda h muito que se construir para que se tenha uma educao de qualidade tambm para os cidados que vivem no campo e a garantia de sua cidadania plena.
ARROYO, Miguel Gonzalez e FERNANDES, Bernardo
Manano. A educao bsica e o movimento social do campo: por uma educao bsica do campo. Braslia: MST/Coordenao da Articulao Nacional Por uma Educao Bsica do Campo, 2011.
REFERNCIAS
MOURA, Edinara Alves de. Lugar, saberes e educao
do campo: o caso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Jos Paim de Oliveira Distrito de So Valentim, Santa Maria, RS. 2009. Dissertao (Mestrado em Geografia). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2009.
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do
Brasil. So Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1988. BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educao nacional. Lei n 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. _________ Diretrizes operacionais para a educao bsica das escolas do campo. CNE/MEC, Braslia, 2002.
CALDART, Roseli Salete. Educao do Campo: notas
para uma anlise do percurso. In: MOLINA, Mnica Castagna (Org.). Educao do Campo e pesquisa: questes para reflexo. Braslia: Nead. 2010. FERREIRA, Fabiano de Jesus; BRANDO, Elias Canuto. Educao do campo: um olhar histrico, uma realidade concreta. Revista Eletrnica de Educao, v. 5, n. 9, jul./dez. 2011. GADOTTI, Moaci. Pedagogia da terra. Rio de Janeiro: Petrpolis, 2000. MOLINA, Mnica Castagna; S, Las Mouro. Escola do Campo. In: CALDART, Roseli Salete et al. (Org.) Dicionrio da educao do campo. Rio de Janeiro: IESJV, Fiocruz, Expresso Popular, 2011. MOLINA, Mnica Castagna. FREITAS, Helena Clia de Abreu. Avanos e desafios na construo da Educao do Campo. Em Aberto, Braslia, v. 24, n. 85, p. 17-31, abr. 2011.
BEZERRA NETO, Luiz. Educao do campo ou
educao no campo? Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 38, p. 150-168, jun., 2010.
REBES - ISSN 2358-2391 - (Pombal - PB, Brasil), v. 5, n. 3, p. 59-65, jul-set., 2015