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CRIMES DE TRÂNSITO

ACADÊMICOS:
Leandro Katscharowski Aguiar
Mariano Martorano Menegotto
PROF. ORIENTADOR:
Prof. Edmundo José de Bastos Júnior
Copyright (c) 1997 LINJUR. Proibidas alterações sem o consentimento por
escrito dos autores. Reprodução/ distribuição autorizadas desde que
mantido o “copyright”. É vedado o uso comercial sem prévia autorização
por escrito dos autores.

1
INTRODUÇÃO

O desenvolvimento do tema Crimes de


Trânsito envolve ampla discussão doutrinária
e merece bastante atenção nos dias atuais
 O trabalho a seguir aborda inicialmente a parte
legislativo-doutrinária atual e, posteriormente,
as discussões sobre reformas na legislação

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GUERRA NAS ESTRADAS

 Cerca de 50 mil pessoas


morrem todos os anos em
acidentes de trânsito no Brasil
 Sendo igual número de soldados
americanos mortos em sete anos
de combate no Vietnã

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ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA

“ O trânsito representa um espaço de


convivência e o número de pessoas que o
ocupam hoje em dia, é absolutamente
excessivo ” (Sander Fridman, Psiquiatra)

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FATORES DA
AGRESSIVIDADE
 Sentimento de competição
 Falta de respeito às instituições
e autoridades
 Má avaliação de saúde mental
do motorista
 Stress e angústia

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O PAPEL DA JUSTIÇA

 Os crimes de trânsito constituem-se em um


grande dilema que norteiam o nosso sistema
judiciário
 Não há uniformidade quanto à interpretação da
norma e as decisões judiciais são influenciadas
pela opinião pública

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DOLO EVENTUAL OU
CULPA CONSCIENTE?

 Oscrimes de trânsito devem ser punidos como


dolosos (dolo eventual) ou culposos (culpa
consciente)?

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DOLO

Teorias
Teoria da Vontade
Teoria da Representação
Teoria do Assentimento

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DOLO

Teoria da Vontade
Assim, não basta a representação, é preciso
que o agente queira o resultado
O principal elemento para o dolo é a
manifestação de vontade

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DOLO

Teoria da Representação
Basta a representação subjetiva ou a previsão
do fato como certo ou provável para
configurar o dolo

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DOLO

Teorias do Assentimento
Basta que o agente prevendo o fato, não se
abstenha de atuar, consentindo previamente
em sua ocorrência

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DOLO

Código Penal Brasileiro


Art. 18. Diz-se o crime: I - doloso, quando o
agente quis o resultado ou assumiu o risco
de produzi-lo
O Código Penal adotou as teorias da
vontade (na primeira parte) e do
assentimento (na segunda parte)

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DOLO EVENTUAL

 Distingue-se do dolo direto


 O agente prevê o resultado de sua conduta,
mas mesmo não o desejando, aceita-o
 Nos termos da segunda parte do art.18, I CP,
“assume o risco de produzi-lo” (teoria do
assentimento)

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CULPA

 “É a voluntária omissão no calcular as


conseqüências possíveis e previsíveis do
fato” (CARRARA)

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CULPA

Elementos
Conduta humana voluntária (ação ou
omissão)
Falta de cuidado objetivo (imprudência,
negligência ou imperícia)
ausência de previsão

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CULPA

Elementos
 Resultado involuntário
 Nexo de causalidade
 Tipicidade
 Possibilidade de previsibilidade objetiva

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CULPA

Elementos
Imprudência
É a pratica de um fato perigoso
Exemplo: dirigir veículo em rua
movimentada com excesso de velocidade

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CULPA

Elementos
Negligência
 É a ausência de precaução ou indiferença
em relação ao ato realizado
Exemplo: o motorista que não faz uma
revisão de seu veículo antes de uma
viagem longa
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CULPA

Elementos
Imperícia
É a falta de aptidão para o exercício de
um ato, arte ou profissão
Exemplo: dirigir veículo sem ter obtido
carteira de habilitação para tal fim

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CULPA
Elementos
 Previsibilidade Objetiva
Talvez o elemento mais importante do
delito culposo
É a possibilidade do resultado ser
antevisto, nas condições em que o sujeito
se encontrava

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CULPA

Elementos
 Previsibilidade Objetiva
Não deve ser apreciada do ponto de vista do
sujeito que comete a conduta
(previsibilidade subjetiva)
Deve ser analisada em face do homem
prudente e com discernimento colocado nas
condições concretas
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CULPA

Código Penal Brasileiro


 Art. 18. Diz-se crime: II - culposo, quando
o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia
O CP., diversamente do que fez em relação
ao dolo, absteve-se de conceituar a culpa
 Limitou-se a declarar os termos do crime
culposo
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CULPA CONSCIENTE

Na culpa inconsciente


o resultado previsível não é previsto pelo
agente
Na culpa consciente
o resultado é previsto pelo agente, que não o
deseja, mas pratica a conduta por esperar que
ele não ocorra ou que possa evitá-lo
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DOLO EVENTUAL E CULPA
CONSCIENTE

 Existe uma pequena diferença entre o dolo


eventual e a culpa consciente
 Isto gera alguns problemas na doutrina e,
principalmente, nas decisões judiciais

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DOLO EVENTUAL E CULPA
CONSCIENTE
 Alguns doutrinadores consideram que a culpa
consciente encontra-se fronteiriça entre o dolo
e a culpa
 Outros, como Damásio de Jesus, preferem não
admitir esta diferença
 Segundo eles, trata-se de um crime doloso, a
que o legislador resolveu aplicar a pena de
crime culposo

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DOLO EVENTUAL E CULPA
CONSCIENTE

Critérios para diferenciá-los


“Fórmulas de Frank”
Tipos de Previsão

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DOLO EVENTUAL E CULPA
CONSCIENTE

Fórmulas de Frank
Teoria Hipotética do Consentimento
Teoria Positiva do Consentimento

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“FÓRMULAS DE FRANK”

Teoria Hipotética do Consentimento


A previsão do resultado como certo não
teria detido o agente, isto é, não teria tido o
efeito de um decisivo motivo de contraste
Neste caso configura-se o dolo eventual

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“FÓRMULAS DE FRANK”

Teoria Positiva do Consentimento


O agente diz a si próprio: - seja como for, dê
no que der, em qualquer caso não deixo de
agir
É responsável a título de dolo

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DOLO EVENTUAL E CULPA
CONSCIENTE

Tipos de Previsão
Previsão Positiva
Previsão Negativa

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TIPOS DE PREVISÃO

Previsão Positiva
O agente prevê que o resultado poderá
ocorrer, mas se mantém indiferente, pois
deseja realizar a conduta
 Neste caso configura-se o dolo eventual

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TIPOS DE PREVISÃO

Previsão Negativa
O agente prevê que o resultado não irá
ocorrer por confiar plenamente na sua
perícia ou boa fortuna
Neste caso configura-se a culpa consciente

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OS DELITOS DE TRÂNSITO

O tráfico de veículos
consiste em riscos tanto
para o condutor, como para
os passageiros e pedestres
 Estes são aceitos
socialmente pelo homem
moderno

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NORMAS DE TRÂNSITO

 Para disciplinar o trânsito e diminuir os seus


riscos naturais, o Estado criou uma série de
normas sobre este tema
 “Essas normas são, em si, insuficientes, e não
prescindem de cuidados comuns e até especiais
de atenção e cautela”(EDMUNDO BASTOS)

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PRINCÍPIO DA CONFIANÇA

 Os usuários devem confiar em que os demais


respeitarão, igualmente, as normas de
prudência do trânsito
 Por este princípio é que se determina, segundo
Heleno C. Fragoso, o comportamento exigível
do motorista e do pedestre

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PENAS PARA OS DELITOS
DE TRÂNSITO

 As penas aplicadas para os delitos de trânsito


no Brasil são as penas dos crimes culposos
 Exemplos: art. 121, § 3º (homicídio culposo) e
art. 126, § 6º (lesão corporal culposa)

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PENAS PARA OS DELITOS
DE TRÂNSITO

O Problema Fundamental
Punir os delitos de trânsito como culposos
significa penas muito leves para os agentes
 Na maioria dos casos cabe o “SURSIS” ou
penas restritivas de direitos

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O PAPEL DA OPINIÃO
PÚBLICA

A opinião pública não admite que os agentes


responsáveis por delitos de trânsito, dos quais
resultem feridos e mortos, recebam penas leves
 Dessa forma, foram criados vários movimentos
que exigem penas mais rigorosas para tratar
dessa espécie de crimes

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NOVAS INTERPRETAÇÕES

A distinção entre dolo eventual e culpa


consciente é muito complexa
 Por isso, juízes têm feito uma interpretação
errônea para os delitos de trânsito motivados
sobretudo, pela opinião pública

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NOVAS INTERPRETAÇÕES

O juiz da 1ª Vara Criminal de Viamão, Nei


Pires Mitidiero, acredita que os acidentes de
trânsito:
“são condutas criminosas com risco
assumido, nada as ligando a
imprudência, negligência ou imperícia”

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NOVAS INTERPRETAÇÕES

 Trata-se de dolo eventual quando o agente tem


consciência de resultado, mas prefere deixar
por conta da eventualidade
 De acordo com esta nova interpretação, devem
ser considerados como crime doloso, o que
significa penas mais rigorosas

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CRÍTICAS AS NOVAS
INTERPRETAÇÕES

 Existe um argumento decisivo para


solucionar a dúvida entre o dolo eventual e
a culpa consciente: o risco para o agente
 Este é ignorado pelas novas interpretações

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O RISCO PARA O AGENTE

 Suponha um motorista,
que viaje com a sua
família
 Ao realizar uma
ultrapassagem de forma
imprudente, provoca um
acidente

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O RISCO PARA O AGENTE

 Seadmitirmos o dolo eventual, concluiremos


que o agente não se importa com sua vida bem
como, de seus familiares

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O RISCO PARA O AGENTE

 Está claro, por este argumento, que os delitos


de trânsito são casos de culpa consciente
 O agente tem a expectativa sincera, de que o
trágico resultado não ocorrerá

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RACHAS E PEGAS

 Sãodisputas clandestinas
com o uso de automóveis,
guiados, imprudentemente,
em altíssimas velocidades,
pelas ruas das cidades

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RACHAS E PEGAS

 Os participantes têm uma previsão negativa,


isto é, de que o resultado trágico não ocorrerá.
Assim cometem crime culposo
 “De outro modo estariam competindo, in
mente, para o próprio suicídio” (NELSON
HUNGRIA)

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EMBRIAGUEZ

O motorista que dirige embriagado tem


consciência do resultado, mas confia na
sua perícia ou boa fortuna para evitá-lo
 É o mesmo caso dos rachas e pegas

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O PAPEL DO LEGISLADOR

 Os acidentes provocados por rachas, pegas ou


embriaguez do motorista são casos de culpa
consciente e devem ser punidos como tal
 Porém, por se tratarem de crimes mais graves,
merecem penas mais rigorosas que aquelas
previstas para crimes culposos

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O PAPEL DO LEGISLADOR

 Cabe ao legislador a elaboração de normas


especiais, com sanções mais severas, para estes
tipos específicos de delitos de trânsito

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NOVO CÓDIGO NACIONAL
DE TRÂNSITO
 Estão em votação no Congresso Nacional
novas regras definidas no Código Nacional de
Trânsito
 Pretendem substituir a lei em vigor , que data
de 1966
 O texto é de autoria do senador Gilberto
Miranda (PMDB- AM)
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NOVO CÓDIGO NACIONAL
DE TRÂNSITO
Modificações Previstas
Multas mais pesadas para infrações graves e
gravíssimas
Estágio de um ano, como requisito para
obtenção da carteira de habilitação
Penalidades específicas para os crimes de
trânsito
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NOVO CÓDIGO NACIONAL
DE TRÂNSITO
Penalidades Específicas
Atropelamento com morte: de 2 a 5 anos de
prisão
Será aumentada de 1/3 se o atropelamento
for sobre a faixa de pedestre e o atropelador
não socorrer a vítima
Ou ainda se o atropelador não estiver
portando carteira de habilitação

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NOVO CÓDIGO NACIONAL
DE TRÂNSITO

Críticas
As modificações previstas incorrem no erro
de caracterizar abstratamente as diferentes
formas de infrações de trânsito
As punições, no entanto, tornam-se
desproporcionais na maioria dos casos

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NOVO CÓDIGO NACIONAL
DE TRÂNSITO
Críticas
As punições previstas podem ser
consideradas um fator para agravar ainda
mais a crise
Devido a ineficácia das penas privativas de
liberdade e da crise do sistema prisional

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É realmente necessária a existência de uma


legislação especial sobre os crimes de trânsito
 Porém, os tipos penais devem ser elaborados
com bastante cuidado
 Dessa forma, evitam-se generalizações que
desrespeitem alguns princípios gerais do direito

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

 Os delitos de trânsito, via de regra, devem ser


punidos como crimes culposos e as penas
variarem para cada caso
 As penas restritivas de direitos e outras penas
alternativas podem ter um importante papel na
diminuição deste quadro caótico

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A melhor forma de diminuir os acidentes de


trânsito, é pela educação preventiva do
motorista e, também dos pedestres
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BIBLIOGRAFIA
 BASTOS JÚNIOR, Edmundo José. Dolo eventual, culpa
consciente e crimes de trânsito. Revista Àlter Àgora,
Florianópolis, n. 3, “não paginado”, [199-].
 CALLEGARI, Luís André. Dolo eventual, culpa consciente e
acidentes de trânsito. Revista Brasileira de Ciências Criminais,
[S.l.], n. 13, p.191 - 197, [199-].
 JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. 20. ed. São Paulo:
Saraiva, 1997. v.1. p. 281 - 298.
 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal. 15.ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1995. v.1. p. 275 - 305.
 Guerra nas Estradas. Jornal da Ajuris (n. 50).
http://www.ajuris.org.br/jor50_8.html

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Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Ciências Jurídicas
Departamento de Direito Público e Ciência
Política
Curso de Graduação em Direito
Disciplina: Informática Jurídica (DPC-5508)
Docentes: Aires José Rover
Luis Adolfo Olsen da Veiga
Florianópolis, 31 de maio de 1997

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