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“MARAVILHOSA GRAÇA”: UMA ENTREVISTA COM


PHILIP YANCEU SOBRE A POLÊMICA QUESTÃO DO
HOMOSSEXUALISMO

Por Candence Chellew-Hodge


Tradução: Eliel Vieira

A primeira vez que ouvi sobre Philip Yancey foi quando seu livro Maravilhosa Graça foi
lançado em 19971. Apesar de muitas pessoas que eu respeitava terem delirado com este livro, não me
interessei em lê-lo. Por quê? Porque ele foi escrito por um homem que escrevia regularmente para a
revista Cristianity Today [Cristianismo Hoje] – uma revista que era qualquer coisa, menos amiga dos
homossexuais. Eu não perderia meu precioso tempo lendo autores que surram gays e lésbicas – ou
autores que poderiam fazer isto. Eu conheço a posição deles e seus argumentos. Ler seus livros soaria
a mim como uma perda de tempo.

Devo confessar, porém, que eu julguei de forma muito injusta o trabalho de Yancey. Eu cometi
o erro imbecil de “culpar por associação”, criando minha opinião sobre ele antes de dar aos seus livros
ao menos uma chance. Me arrependo disto, mas talvez Deus estivesse no controle. Se eu tivesse lido
Yancey em 1997 talvez eu não tivesse apreciado sua gentileza, sua ternura, sua graça ou sua
misericórdia como agora.

Eu finalmente fui ler o trabalho de Yancey somente depois que eu assinei o serviço de audio
books “Audible”. O tempo que gasto indo e voltando do meu trabalho para asa toma mais ou menos
duas horas do meu dia, então eu pensei que livros em CD seriam uma boa forma de aproveitar este
tempo. “Audible” tem uma grande seleção de livros cristãos e espirituais e eu consumi boa parte de seu
catálogo. Foi em um dia, quando eu já havia esgotado todos os livros em que eu estava interessada,
que me voltei para o novo livro de Yancey, Rumores sobre outro mundo2. Eu passava por uma crise

1
Lançado no Brasil em 2002, pela Editora Vida.
2
Lançado no Brasil em 2005, pela Editora Vida.

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espiritual e estava procurando por alguém que me explicasse como eu poderia alcançar aquele mundo
sobrenatural que todos nós sabemos que existe, mas de alguma forma que não se esquecesse do nosso
corrido cotidiano. A descrição do livro soou muito intrigante a mim, então eu pus de lado meus pré-
conceitos sobre Yancey e baixei o livro.

Que benção! O livro era exatamente o que eu precisava. Eu desconfiei, porém, do capítulo
Designer Sex, esperando por uma forte crítica contra gays e lésbicas. O que não aconteceu. Isto foi
profundamente chocante – um evangélico que não usou um capítulo sobre sexo para disparar contra os
homossexuais? Difícil acreditar.

O espírito do livro me levou a fazer outra seleção de Yancey. O Deus Invisível3 foi outro livro
que li com uma fome ansiosa. Finalmente um autor ofereceu um tratamento inteligente sobre fé,
dúvida e como nos relacionamos com um Deus que não podemos ver. Eu estava começando a entender
porque tantas pessoas amavam Yancey – e porque outras não o repugnam – especialmente se estas
estão amarradas a uma fé fundamentalista do tipo “preto ou branco”.

Finalmente eu decidi ler Maravilhosa Graça. Este livro me deixou sem palavras e fui
completamente abençoada. Eu desejaria começar uma igreja baseando-me unicamente nos
ensinamentos deste livro – de Deus “cutucar com a Graça” a todos que passam pela porta da
conversão. Eu acho que este livro deveria ser lido por cada pessoa da face da Terra. O conteúdo deste
livro é muito superior às papinhas que as igrejas lêem atualmente, como a potencialmente danosa
teologia de Rick Warren em Uma Vida com Propósitos4.

Foi a descrição de Yancey sobre sua amizade com Mel White em Maravilhosa Graça que me
tocou mais profundamente. A história de White, documentada em seu livro Stranger at the Gate
[Estranho no Portão], foi bem comentada na comunidade homossexual. White foi um escritor
fantasma5 para líderes de direita como Pat Robertson e Jerry Falwell até que ele saiu do armário.
Evitado por seus antigos empregados, White saiu para fundar a Soulforce, um grupo de ação social
dedicado ao equilíbrio espiritual de crentes gays, lésbicas e transexuais.

Yancey deu um suporte inabalável a seu amigo Mel, e própria luta de Yancey em relação à
pecaminosidade da homossexualidade é documentada no livro, e é um dos relatos mais sinceros sobre
3
Lançado no Brasil em 2001, pela Editora Vida.
4
Lançado no Brasil em 2003, pela Editora Vida.
5
“Ghostwriter” em inglês. É quando uma pessoa escreve um livro para outra pessoa, não recebendo, assim, os créditos
por aquilo que escreveu.

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a Graça em meio a luta que acredito já ter lido. Foi este capítulo que me fez escrever a Yancey e dizer
a ele o quanto seus livros me mudaram.

Ele foi gentil o suficiente de me responder, eu me entusiasmei e pedi a ele uma entrevista. Ele
concordou em responder uma entrevista via e-mail (por causa de sua agenda ocupada). Eu fiquei
maravilhada dele emprestar seu nome para uma publicação como Whosoever – e eternamente grata.

Eu não consigo recomendar com suficiência seu trabalho. Se você tem sede de Graça, paz e
alegria, leia os livros de Yancey, Você não se decepcionará. Siga abaixo a entrevista:

Whosever: Você tem um novo livro que acabou de ser lançado, Rumores de Outro Mundo, que é
simplesmente extraordinário. Qual foi o principal combustível para escrever este livro e por que você
sentiu vontade de escrevê-lo?

Philip Yancey: Eu o escrevi para pessoas que estão nas “fronteiras da fé”, pessoas que tem um sentido
espiritual, mas que, por uma série de razões, não encontraram um lar na igreja. Eu tentei falar a língua
deles, não pregando sobre coisas que eles deveriam acreditar, mas começando a partir deste sentido
espiritual – estes são os “rumores do outro mundo” – e tentando conduzir alguns destes rumores de
volta à fonte. OK, eu admito que embora eu tivesse esta audiência em mente, na verdade eu escrevi
todos meus livros para à partir de mim mesmo. Eu comecei me perguntando, “Philip, você consegue
explicar sua fé de uma maneira que faça sentido a alguém que vê o mundo de uma forma
completamente diferente da forma como você o enxerga?”.

Whosever: Em seu livro Maravilhosa Graça você fala sobre sua amizade com o líder da Soulforce,
Mel White, e da sua ajuda a ele na marcha em Washington, em 1987. Sua descrição de sua amizade
com Mel e seus sentimentos em relação aos gays e lésbicas que você conheceu na marcha foram os
relatos mais cheios de Graça que eu já li de um cristão evangélico. Qual é sua posição sobre gays e
lésbicas na igreja?

Yancey: Mel foi um dos meus amigos mais próximos durante vários anos antes dele revelar sua
orientação sexual (ele ainda é meu amigo, a propósito). Ele reprimiu e escondeu sua
homossexualidade, se casou e criou uma fina carreira no ministério e em publicação cristãs. Mel se
tornou uma janela para mim, para um mundo sobre o qual eu não conhecia nada. Ele conta toda sua
história em seu livro Stranger at the Gate. Os leitores de sua revista sabem bem o quão explosivo esta
questão pode ser. Eu recebi cartas cheias de fúria e veneno de ambos os lados: cartas de cristãos
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conservadores horrorizados com o fato de eu manter minha amizade com Mel e sobre eu escrever com
compaixão sobre gays e lésbicas; e cartas do outro lado, desejando que eu fosse mais além e
endossasse completamente a causa gay.

Em uma questão como esta, eu tento começar com aquilo eu tenho absoluta certeza, e trabalhar
o que vier a seguir. Eu estou certo de como minha atitude deve ser em relação aos gays e as lésbicas:
eu devo mostrar amor e Graça. Como uma pessoa disse a mim certa vez, “os cristãos ficam muito
irados com outros cristãos que pecam de forma diferente do que eles”. Quando pessoas me perguntam
como eu posso permanecer amigo de pessoas pecadoras como Mel, eu respondo a elas perguntando
como Mel pode permanecer amigo de pessoas pecadoras como eu. Mesmo que eu concluísse que todo
o comportamento homossexual está errado, como muitos cristãos conservadores fazem, eu ainda estou
compelido a responder com amor.

Assim como eu já fui a igrejas de gays e lésbicas, eu também observei que infelizmente a igreja
evangélica, na larga maioria das vezes, não tem lugar para os homossexuais. Eu encontrei
maravilhosos cristãos comprometidos que freqüentam igrejas metropolitanas6, e eu desejo que a igreja
cristã fosse beneficiada com a fé deles. E ao mesmo tempo, eu penso que não é saudável se manter
uma denominação inteira formada sobre uma questão única e particular – estas pessoas precisam ser
expostas e inclusas ao amplo Corpo de Cristo.

Quando o assunto chega a questões mais particulares de doutrina, como a ordenação de


ministros gays e lésbicas, eu fico confuso como a maioria das pessoas. Existem algumas – não muitas,
mas algumas – passagens das Escrituras que me freiam. Francamente, eu não sei a resposta para estas
perguntas. Eu sou um freelancer, não um representante oficial da igreja, e eu tenho o direito de
simplesmente dizer, “aqui está o que eu penso, mas eu realmente não sei”, ao invés de tentar ir contra a
doutrina da igreja.

A polarização me deixa muito triste. Minha igreja em Chicago dispensou alguns anos
estudando esta questão. A igreja tem membros abertamente gays, mas não permite que gays praticantes
ocupem postos de liderança (assim como eles não permitem o mesmo a “heterossexuais praticantes”
não casados, seja lá o que isto signifique). O comitê que estudou a questão pesquisou sobre aspectos
bíblicos, teológicos e sociais e finalmente voltaram ao mesmo lugar: dando as boas vindas, mas não
afirmando homossexuais em tarefas de liderança. Alguns conservadores se iraram e saíram da igreja.

6
Nome dado às igrejas americanas abertas ao público homossexual.

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Vários gays e lésbicas também saíram, machucados pelo fato da igreja ter reforçado o status “pessoas
de segunda-classe” a eles.

Eu não tenho uma resposta mágica, e eu não posso vê-la num horizonte próximo. Todas as
denominações estão lutando com a mesma questão, como você sabe.

Whosever: Como um cristão evangélico pode desenvolver uma atitude de Graça (se não de aceitação)
em relação a um cristão homossexual?

Yancey: A única maneira é através na exposição pessoal. É maravilhoso como os sentimentos mudam
quando de repente é sua filha ou seu irmão que saiu do armário. No meu caso, foi meu amigo Mel. Os
assuntos sobre os quais eu havia lido de repente ganharam forma, uma pessoa com uma história.
Quando isto aconteceu, tudo mudou. Esta é a razão pela qual eu acho que é triste o fato da igreja ter
tão pouco contato. Eu já visitei igrejas de gays e lésbicas onde o fervor e o comprometimento
deixariam qualquer evangélico envergonhado. Os conservadores fundamentalistas deveriam ter contato
com estas pessoas, e vice-versa.

Whosoever: Muitos gays e lésbicas já foram prejudicados por causa de atitudes de igrejas para com
eles. Alguns foram tão prejudicados que juraram jamais pisar em uma igreja novamente. O que você
diria a estas pessoas que foram abandonadas pela igreja e que talvez já tenham perdido sua fé?

Yancey: Eles talvez precisem de um tempo longe da igreja. Estou convicto, no entanto, que a vida
cristã não é para ser vivida sozinha, em isolamento. Se uma pessoa não consegue se ver dentro de uma
igreja institucional, ao menos ela deveria procurar por um grupo pequeno de estudos bíblicos, ou
algum grupo de seres humanos que estejam lutando contras dificuldades semelhantes às dela ao longo
da mesma caminhada. Eu também acho que seria útil a uma pessoa machucada buscar por experiências
de adoração radicalmente diferentes daquelas que a machucaram algum dia. Se eles vieram de uma
Assembléia de Deus, tente uma igreja Ortodoxa ou uma Episcopal, que conduzem a adoração de
formas muito diferentes e talvez não ativem os mecanismos de defesa do passado.

Eu poderia te contar histórias – e nos meus livros eu conto histórias sobre a igreja na qual eu
cresci. Nos quesitos mesquinharia e mente-fechada ela compete e vence qualquer igreja que eu já vi. E
se eu simplesmente desistisse de toda a minha a fé por causa de minhas experiências passadas com a
igreja, eu seria o que mais sairia perdendo.

Whosoever: Quando eu e minha parceira mudamos de Estado, começamos a procurar por uma igreja
para frequentarmos. Eu escrevi uma carta para a o Reitor Episcopal local explicando quem éramos e
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perguntando se seríamos bem recebidos em sua igreja. Sua resposta foi que nós seríamos muito bem
vindas, se abandonássemos nosso “estilo pecaminoso de vida” e procurássemos o bem. Esta é a reação
de muitas igrejas cristãs em relação aos gays e as lésbicas. Nós precisamos abandonar nossa orientação
sexual para ser aceitos. O que você diria a igrejas como esta?

Yancey: Provavelmente eu não sou a melhor pessoa para chamar a atenção de uma igreja como esta –
você é. Obviamente, se uma igreja está dizendo que você precisa abandonar sua orientação sexual, esta
igreja precisa de alguma educação. Eu sei que alguns ministros tentam mudar o comportamento sexual,
mas nenhum que tenta mudar a orientação sexual – todos admitem que qualquer mudança como esta
significaria uma vida de sofrimento. Eu desejaria que um ministro ou um reitor fosse aberto ao
diálogo, e eu desejaria que você tivesse força e ousadia de se sentar com ele e conversar sobre sua
própria história, bem como ouvir sobre as objeções bíblicas que ele tem.

Eu não sou homossexual, então provavelmente eu abordaria este reitor de forma diferente. Eu
apontaria como Jesus lidou com pessoas moralmente falhas – eu começaria de onde o reitor está, ele
enxerga vocês como pessoas moralmente falhas. Jesus escolheu uma mulher que já tinha se casado
cinco vezes como seu primeiro ato missionário. Eu também perguntaria ao reitor se ele exige a todos
de sua igreja que deixem seus “pecados” à porta. Ele entrevista cada membro de sua igreja sobre suas
atividades sexuais? Ele exclui pessoas que mostram orgulho, hipocrisia ou legalismo, que foram os
pecados que mais chatearam Jesus? Ele vê a igreja como um lugar apenas para pessoas que enxergam
todas as coisas da mesma forma, e para pessoas que “já chegaram” ao invés de pessoas que ainda estão
no caminho? Eu faria estas e outras perguntas do tipo.

Whosoever: Seu livro Deus Invisível veio a mim quando eu estava perturbada sobre como a vontade
de Deus funciona não apenas na minha vida, mas no mundo todo em geral. O que te levou a escrever
este livro?

Yancey: É um livro sobre fé, realmente. Todos os meus livros circundam sobre o mesmo tema: porque
este mundo está do jeito que está ao invés de termos um amoroso e soberano Deus que resolvesse
todos os problemas? Eu comecei anos atrás com a questão Onde Está Deus Quando Chega a Dor?7,
seguido de Decepcionado com Deus8. Se você ir a uma igreja evangélica e ouvir as músicas que tocam
no período de louvor, você pensará que Deus está intimamente disponível em todo o tempo; um
Amante que satisfaz todas as nossas necessidades. Mas em minha experiência pessoal, e eu não sou o
único aqui, as coisas são bem diferentes. Eu vivo em um mundo materialista que raramente leva em
7
Lançado no Brasil em 2005, pela Editora Vida.
8
Lançado no Brasil em 2005, pela editora Mundo Cristão.

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conta a existência de Deus. E eu vivo em um mundo que traz um grande desprazer para com Deus. Por
que Deus não age? E como eu posso me relacionar com um Deus que eu não posso ver ou tocar? Estas
são algumas de minhas questões, e quando eu tenho questões eu escrevo sobre elas.

Whosoever: Deus Invisível defende o caso de deixar muitos dos caminhos de Deus no mundo e em
nossas vidas em um profundo mistério, ainda que as distorções fundamentalistas do cristianismo
parecem apoiar uma religião preto e branca, com respostas fáceis e regras claras. Como podemos
trazer o mistério de Deus para dentro de nossas vidas?

Yancey: Vamos começar com a Bíblia, especialmente o Antigo Testamento. Quando vou falar em
colégios, eu desafio os estudantes de filosofia a encontrar um único argumento contra Deus nos
escritos de grandes agnósticos como David Hume, Voltaire, e Bertrand Russell que já não tivesse sido
mencionado antes na Bíblia. Eu admiro um Deus que respeita tanto a liberdade humana que nos dá
argumentos para confrontá-lo. Leia Jeremias, Habacuque, Salmos, Jó – o mistério está todo lá. Eu
também encontro muita nutrição espiritual em escritores católicos da história. Eles entenderam o
mistério, e muitos deles dispensaram toda sua vida explorando este mistério.

Whosoever: Como podemos incorporar um senso saudável de dúvida em nossas vidas?

Yancey: Eu sou um grande defensor da dúvida, porque foi ela que me trouxe de volta à fé: eu comecei
a duvidar de algumas coisas malucas que a igreja tinha me ensinado. Eu não acho que a dificuldade
esteja em incorporar a dúvida em nossas vidas; a dúvida virá você desejando ou não. A reação dos
demais cristãos determinará se a dúvida permanece “saudável” nelas. Em meu livro eu ofereço estas
sugestões práticas: 1) Questionar suas dúvidas tanto quanto você questiona sua fé; 2) Algumas vezes
você tem que “agir como se” isto fosse verdade por um período, suas emoções o acompanhando ou
não; 3) Encontrar um “companheiro de dúvida” confiável que te gratifique, e não o puna, pela
honestidade. E para a igreja eu digo que elas devem ser um abrigo para as pessoas que necessitam de
uma “revelação adicional”. Pense em Tomé após a ressurreição: ele duvidou dos relatos dos discípulos,
e eles ainda o aceitaram no grupo. E foi uma coisa boa, porque Jesus apareceu apenas para grupos de
seus seguidores, e se os discípulos tivessem excluídos Tomé por causa de suas dúvidas, ele nunca teria
recebido aquela revelação especial.

Whosoever: Seus livros transmitem inteligência e profundidade sobre sua fé. Você incorporou
pensamentos de muitos teólogos importantes como Soren Kirkegaard, Simone Weil e Thomas Merton.
Como os cristãos podem ser encorajados a elaborar pensamentos inteligentes e sérios sobre sua fé ao
invés de aderir ao clichê famoso “A Bíblia diz isto, eu acredito nela, logo isto é verdadeiro”?

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Yancey: Eu conheço muitos deste tipo “logo, isto é verdadeiro” no outro lado da fé. Jeremias usa a
imagem de um arbusto plantado às margens de um rio. Enquanto tiver água fluindo pelo rio, o arbusto
floresce. Se o rio seca, o arbusto morre. Então ele fala sobre plantas desérticas cujas raízes são muito
profundas. Nós temos que ter este tipo de fé. Eu penso na maioria das pessoas que vão a seminários
para melhorar suas carreiras, ou a energia que as pessoas depositam em times de futebol ou música
popular. Meu Deus!, elas não deveriam devotar a mesma energia para a questão mais importante de
todas na vida? Os recursos estão aí; nós simplesmente precisamos de disciplina para usá-los com
sabedoria.

Whosoever: Por que você acha que a maioria dos cristãos evita uma investigação séria sobre a fé
delas, preferindo simplesmente aceitar os ensinamentos da igreja sem questionamentos?

Yancey: Preguiça pode ser um fator. Medo também. Muitos cristãos têm medo de olhar
minuciosamente sua fé. Como Pedro, eles temem sair do barco. E muitas igrejas encorajam este tipo de
“Eu pensarei por você” como um tipo de controle. Isto é sempre perigoso. Eu li outro dia que em 153
vezes alguém foi até Jesus com uma questão, e em 147 vezes ele respondeu fazendo outra pergunta. É
um bom modelo, não acha?

Whosoever: Em seus livros você fala sobre todas as cartas que você recebe, algumas delas com
críticas fortes de companheiros evangélicos. Como você deve imaginar, eu recebo um grande número
de correspondências do mesmo tipo também. Como você responde a este tipo de mensagem e por que
você acha que estes “amáveis” cristãos são compelidos a reagir tão asperamente a palavras de Graça?

Yancey: Eu comecei minha carreira de escritor como um editor de revista (Campus Life) então eu
rapidamente me acostumei com este tipo de correspondência. Eu me lembro que revistas sobre política
ou clima ou direitos dos animais ou qualquer coisa do tipo sempre atraíram a mesma impetuosidade.
Quanto maior for a importância da questão, mais ela atiça as emoções das pessoas. E eu também tenho
visto mudanças neste tipo de leitores. Como eu sempre respondo com compaixão a aquelas pessoas
que me escrevem com raiva, frequentemente eles me escrevem de volta em um tom mais calmo, e
ocasionalmente até se desculpando. Eu tenho que me lembrar que este tipo de pessoa é o meu teste da
Graça. Eu acho muito mais difícil demonstrar Graça a pessoas conservadores e julgadoras do que a
pessoas inclusivas, liberais. Eu tenho visto muita mudança. Uma prova da Graça de Deus em si
mesma.

Whosoever: O que virá a seguir em sua agenda – um novo livro, convites para palestras?

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Yancey: Eu estou neste momento no interior da Nova Zelândia escrevendo as respostas para suas
questões. Pela primeira vez em 25 anos eu não estou começando nenhum livro. Fiz viagens à África do
Sul, Nepal, China e agora Nova Zelândia. Estou falando aos mais variados grupos, aprendendo muito,
tentando ouvir antes de mergulhar em algum outro projeto escrito.

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Candace Chellew-Hodge é fundadora da revista on-line Whosoever: An Online Magazine for GLBT Christians
[Seja quem for: uma revista on-line para GLBT cristãos]. Ela é ministra ordenada e também dá aulas na Candler
School of Theology na Universidade de Atlanta.

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