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FACULDADE DO PARANÁ

SEGMENTO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

ROGÉRIO ARAUJO VENEGEROLES

A Importância da Psicopedagogia na Educação Brasileira

Curitiba
2008

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ROGÉRIO ARAUJO VENEGEROLES

A Importância da Psicopedagogia na Educação Brasileira

Trabalho científico apresentado a Segmento,


Faculdade de Artes do Paraná, como
requisito para a avaliação da disciplina
Formação Pessoal em Psicopedagogia.

Orientadora: Miriã Caldas

Curitiba
2008

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“Filhote de mulher para se tornar gente
precisa acrescentar requisitos essenciais
à natureza”.
Estes requisitos têm a ver com a
necessidade fundamental de se identificar,
de ter um nome, de pronunciar a sua
palavra, de criar o seu jeito de resolver
problemas, de construir sua história, o
seu drama, os seus valores próprios, os
seus significados exclusivos e originais.”“.

(Esther Pillar Grossi)

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Sumário

1. Introdução............................................................................................................... 5

2. Contexto histórico educacional do Brasil............................................................... 7

3. O Fracasso Escolar............................................................................................... 8

4. Aprendizagem....................................................................................................... 11

5. Definição e Objeto da Psicopedagogia................................................................. 13

6. Conclusão............................................................................................................. 1
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7. Referências Bibliográficas.................................................................................... 18

1. Introdução

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Para se falar da importância da psicopedagogia, se faz necessário fazer uma
breve viagem na educação, buscando tentar através desta pequena análise
englobar todos os agentes envolvidos no processo de construção da educação
brasileira.
Para tanto não se constituirá uma tarefa fácil, já que a nossa intenção é antes
de tudo, propor uma leitura critica que nos remeterá: a Constituição de 1988 e a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. E qual o seu papel na construção de
uma escola democrática e a quem esta educação busca atender.

O estudo aponta que com a universalização do ensino começam surgir vários


problemas dentro do ambiente escolar, dificuldades intra e extra-escolar que
contribuíram para um suposto fracasso escolar. Apresenta índices alarmantes de
evasão e repetência e chama a atenção de outras áreas do conhecimento que tenta
solucionar os problemas com a aprendizagem de seus aprendentes, sem sucesso.
Menciona que a Psicopedagogia surgiu da necessidade de uma melhor
abrangência dos processos da aprendizagem humana e deste modo passou a
solucionar os inúmeros obstáculos existentes na aprendizagem. Há certo tempo, a
ausência de nitidez sobre os problemas de aprendizagem, levava a direção da
escola a dirigir os alunos que apresentavam certas dificuldades a profissionais de
diferentes áreas de atuação, o que finalizava em poucas mudanças eficazes na
criança.
Antigamente, em primeiro instante eram usados tratamentos médicos para as
crianças que apresentavam problemas de aprendizagem, estas eram conduzidas ao
médico, primeiramente um pediatra e posteriormente um neurologista. Em segundo
instante, encaminhavam-nas ao psicólogo, sendo que este as submetia a um grande
processamento de testes. Diante destas situações, não se atingia a uma explicação
correta sobre as dificuldades que elas apresentavam, então surgiu a idéia da
formação de um profissional que fosse capacitado em associar conhecimentos e em
agir objetivamente e eficazmente não somente na resolução dos problemas
relacionados à escola, mas que também agisse de forma preventiva dos mesmos, e
que dispusesse da ligação entre o aluno e o processo de aprendizagem e o
desempenho do encanto em aprender, aperfeiçoando dessa forma, o desempenho
escolar do aluno.

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Deste modo surgiu a Psicopedagogia, a qual apresenta-se nos dias de hoje
uma propriedade especial. Em virtude do grau de complexidade dos problemas de
aprendizagem, essa ciência possui um caráter multidisciplinar, que proporciona
conhecimento em ou outras diversas áreas como a psicologia e a pedagogia.
É imprescindível que se tenha conhecimento em lingüística, para que se
possa explicar como é feito o desenvolvimento da linguagem humana e também a
respeito dos processos realizados de aquisição da linguagem oral e escrita. Além
disso, é necessário ter conhecimento em relação ao desenvolvimento neurológico,
sobre suas disfunções que têm por finalidade dificultar a aprendizagem; de
conhecimentos das disciplinas de filosofia e sociologia, que têm por objetivo
apresentar a compreensão sobre a visão do homem, seu comportamento a cada
período da história e sua visão sobre a aprendizagem.
Sobre este aspecto, a Psicopedagogia vem a ser uma área de extenso
conhecimento, em que contém um componente principal de estudo o processo de
aprendizagem humana, suas etapas de evolução normais e patológicas, assim
também como o meio familiar, escolar, social, etc. As dificuldades existentes na
escola não podem ser explanadas apenas de um fator, como o familiar ou escolar,
mas pela influência mútua de diversos fatores existentes. Ressaltando o objeto de
estudo que possui o psicopedagogo, pode se compreender o quanto ele tem que
investir em seu conhecimento para que se possa ter uma formação de sua
identidade.
Existe a falta de compreensão do meio social em relação à área da
psicopedagogia, pois todos os problemas que envolvem a educação podem ser
parcialmente solucionados com esta ciência que tem por finalidade analisar todos os
processos de aprendizagem humana e suas dificuldades.

2. Contexto Histórico Educacional do Brasil

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Diante das transformações ocorridas no mundo com o processo de
globalização da economia. A escola se vê diante de um novo dilema, preparar uma
demanda de capital humano que venham atender as necessidades impostas por
uma nova ordem econômica. E para atender a essa nova exigência mundial a
educação brasileira começa a passar por um novo período de sua história.
Até aquele presente momento a escola no Brasil era para poucos e uma
parcela significativa da nossa população, não freqüentavam as mesmas.
A educação não era um direito garantido por lei. E foi só com a Constituição
Federal de 88, que começou o processo de democratização da educação no país.
Veja o que a lei determina: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho” (art. 205).
Em seguida veio a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que com
o discurso de defesa de uma educação de qualidade, adota práticas que venham
atender organismos financeiros internacionais, que tem como foco principal uma
ótica mercantil, isto é uma visão mercadológica para a educação do país.
Muito embora se constitua um avanço a universalização do ensino promovida
por estes dois instrumentos.Vale dizer que, esta iniciou apresentando muitos
problemas. Vejamos o que enfatiza a economista do Banco Mundial, Bárbara Burns.
Quando sustenta a idéia de universalização: “Os assuntos ligados às habilidades
leitoras diferem de um país a outro”. Declarou ainda: “Os professores não estão
suficientemente bem treinados, lhes falta motivação e simplesmente não aparecem.
Às vezes, as crianças não vão à escola porque precisam ajudar suas famílias nos
afazeres domésticos. Mas há casos em que a qualidade foi colocada em risco
quando os países ampliaram o acesso”.

Embora este discurso não faça uma relação direta entre perda de qualidade e
aumento da cobertura em educação, no Brasil, a qualidade da educação decaiu
assustadoramente com a ampliação ao acesso.
Na esteira da escola para todos, a universalização do ensino na rede pública
cresceu em quantidade, atendendo aos preceitos da visão “(neo) liberal”. Sem
estabelecer metas de qualidade.

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E esta foi na verdade a ponta do iceberg para os problemas encontrados com
o processo de democratização do ensino no Brasil:
Salas superlotadas; condições deploráveis de trabalho; ausência de programas de
formação continuada e atualização profissional; violência nas escolas; Um número
muito grande de evasão e repetência, gerado por fatores internos e externos ao
ambiente escolar.
O acesso conseguido pela população nas escolas públicas era enganoso, pois as
somas das taxas de evasão e reprovação continuavam muito altas. Estudos
mostram que a evasão era o subproduto das múltiplas repetências a que as crianças
e jovens eram submetidos, ou seja, eles denunciavam que 50% da população
escolar abandonava, evadia-se da escola depois de ter ficado de 6 a 8 anos
“estacionada” na segunda ou terceira série do ensino fundamental e que de cada
100 crianças menos de 10 completavam o ensino fundamental em 8 anos.

Então diante dessa infinidade de problemas encontrados no ambiente escolar,


principalmente dificuldades que se constituía no processo de construção do saber. A
escola pede socorro e busca parceiros (psicopedagogos) que possam ajudar na
desmistificação do suposto fracasso escolar, que tanto rotular e excluir o aluno do
seu contexto.

3. O Fracasso Escolar

Pode-se dizer que nas décadas de sessenta e setenta na Europa, e na de


oitenta no Brasil, o aspecto social e sua relação com o fracasso escolar começa a
ser enfatizado pelos pesquisadores. Além disso, surgem os primeiros
questionamentos relacionados a patologização, tomadas como gênese das
dificuldades escolares. O ponto central de interesse passou a ser o papel da escola,
quanto ao efetivo preparo da clientela que a freqüenta. Neste sentido, as
dificuldades deixaram de ser pesquisadas como sendo um problema exclusivo do
aluno, uma vez que, os fatores intra-escolares e os de ordem social, econômico e
político envolvidos na educação também passaram a serem investigados.

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Os diferentes pontos de vista apresentados por estudiosos do assunto
mostram que ao longo da história o fracasso escolar teve diferente justificativa.
Inicialmente, procurava-se explicar o fracasso escolar através dos aspectos
orgânicos da aprendizagem, passando a se considerar mais tarde os aspectos
emocionais e sociais. Só depois passando a se considerar mais tarde os aspectos
intra-escolares e os mecanismos subjacentes ao processo de aprendizagem. Os
principais fatores apontados pelos estudos no assunto foram:

Fatores Sócio-Econômicos-Culturais

Inúmeras pesquisas apontam que o maior índice de fracasso escolar ocorre


com crianças pobres.
Em tais pesquisas, as explicações apontadas para o problema do fracasso
escolar dizem respeito à condição econômica da família.
É, sobretudo à família, às suas características culturais ou situação
econômica, que predominantemente se atribui, em última instância, a
responsabilidade pela presença ou ausência das pré-condições de aprendizagem na
criança.
Em suma, a maioria dos autores aponta que os fatores sócio-econômico-
culturais podem influenciar muito no rendimento escolar, mas eles não são
suficientes para explicar isoladamente os altos índices do fracasso escolar nas
séries iniciais do ensino fundamental.

Fatores Biológicos

Pode-se apresentar como fatores biológicos que interferem na aprendizagem:

Fatores genéricos:

O meio social muito pode atuar como facilitador do desenvolvimento, porém, a


aprendizagem também é parcialmente herdade geneticamente.
Para a reeducação das dificuldades de aprendizagem a contribuição genética
para análise é indispensável.

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Fatores pré, peri e pós-natais:

Segundo as análises feitas, os resultados apontam que as crianças cujas


mães tiveram complicações na gravidez, no parto ou nasceram prematuras, uma
grande porcentagem apresentam dificuldades de aprendizagem.
Esse fator também é analisado para que possa ser feita uma reeducação com
essas crianças.

Fatores neurológicos e neurofisiológicos:

Considerando que a aprendizagem é dependente da organização neurológica


do cérebro e sabendo-se que tal função depende dos fatores genéticos é
compreensível que alguns fatores bioetiológicos sejam de natureza neurobiológica e
neurofisiológica.
Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem não apresentam lesões no
cérebro, porém, a maioria as evidenciam.
Até os três anos, o cérebro aprende as aquisições mais fulcrais e cruciais que
perdurarão por toda a vida. A deficiência protéica pode nessa fase deixar rastros de
perturbação tônica, falta de atenção, problemas de motricidade, hiper-irritabilidade,
instabilidade emocional e outros.

Com base nos estudos desses fatores pode-se dizer que:


Fracasso escolar é distúrbio que costuma ser encontrado nos
primeiros anos escolares e depois a partir de 9 a 10 anos, até a
idade adulta. Nas séries iniciais o fracasso escolar diz respeito à
leitura, escrita e cálculo (DROUET, 2000: 168).

É importante que a criança que apresenta dificuldade de aprendizagem seja


detectada logo nas primeiras séries iniciais e encaminhada para especialistas que
possam trabalhar com suas dificuldades evitando assim o fracasso escolar e as
frustrações.

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4. Aprendizagem

A aprendizagem é gradual, durante toda a nossa vida. Portanto, ela é um


processo constante, contínuo. Cada indivíduo tem seu ritmo próprio de
aprendizagem, que aliado ao seu esquema próprio de ação, irá constituir sua
individualidade.
Essas diferenças individuais levam alguns indivíduos a serem mais lentos na
aprendizagem, enquanto outros são mais rápidos. A aprendizagem é, portanto, um
processo pessoal, individual, isto é, tem fundo genético e depende de vários fatores
(esquemas de ação inatos do indivíduo, estágio de maturação de seu sistema
nervoso, seu tipo psicológico constitucional, seu grau de envolvimento, seu esforço e
interesse). É um processo cumulativo; ou seja, cada nova aprendizagem vai se
juntar ao conjunto de conhecimentos e de experiências que o indivíduo já possui,
indo constituir sua bagagem cultural. Este processo de acumulação de
conhecimentos não é estático. A cada nova aprendizagem o indivíduo reorganiza
suas idéias, estabelece relações entre as aprendizagens anteriores e as novas.
Trata-se, portanto, de um processo integrativo dinâmico.
O conceito de aprendizagem não restrito somente aos fenômenos
que ocorrem na escola, o termo tem um sentido muito mais amplo:
abrange os hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida
afetiva e a assimilação dos valores culturais (DROUET, 1995, p.32).

Toda aprendizagem resulta da procura do restabelecimento de um equilíbrio


vital, rompido pela nova situação estimuladora, para a qual o sujeito não disponha
de resposta adequada. A quebra deste equilíbrio determina, no indivíduo, um
sentimento de desajustamento, ao enfrentar uma situação nova, e o único meio de
ajustar-se é agir ou reagir até que a resposta conveniente à nova situação venha
fazer parte integrante de seu equipamento de comportamento adquirido, o que
constitui o que se chama aprendizagem.
Para que a aprendizagem ocorra é fundamental a interseção dos quatro níveis
que constituem o sujeito: organismo, corpo, inteligência e desejo.
A partir do organismo com o qual nascemos, construímos nosso corpo que, por sua
vez, apropriar-se-á do organismo. Toda a aprendizagem passa pelo corpo e, este,

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coordena ações, acumula experiências, adquire novas destrezas, automatiza os
movimentos.
A inteligência refere-se à estrutura cognitiva, ao nível lógico; o conhecimento
se constrói; o conhecimento é assimilação de um dado exterior às estruturas do
sujeito. A inteligência tende a ser objetiva. Ao contrário, o desejo é subjetivante,
referindo-se à estrutura simbólica, ao nível inconsciente.
O desejo tende à individualidade, tornando cada ser humano único em
relação ao outro. É o nível simbólico que organiza a vida afetiva, e as significações,
expressam nossos sonhos, nossos erros, nossas lembranças, nossos mitos.
A aprendizagem é o processo onde entram em inter-relação os quatro níveis
de um sujeito-aprendente e de um sujeito-ensinante. É com base nessas dimensões
– lógica e desejante - além do corpo e do organismo, que se dará à aprendizagem
ou a não-aprendizagem.
O vínculo exerce também um papel fundamental para a efetivação do
aprender. E é desde cedo que a criança vivencia tal experiência, seja com sua mãe,
seja com um responsável que desempenhe este papel. Se o vínculo foi intenso e
prazeroso desde o princípio, não existirão dificuldades futuras relacionadas à
aprendizagem, pois a criança sentir-se-á autorizada a aprender e a estabelecer um
vínculo afetivo com seus professores, desde que estes também a autorizem a fazê-
lo. Da mesma forma acontecerá com aquele que ensina: uma história de vida onde
lhe foi permitido estabelecer vínculos os quais o conduziram a experiências
prazerosas com o conhecimento, lhe facilitará o relacionamento com seus alunos.
Portanto, toda a bagagem que ensinante/aprendente trazem consigo, podem
interferir significativamente no processo de ensino/aprendizagem, produzindo (ou
não) sucessos ou fracassos escolares.
Re-significar os papéis do professor e do aluno como sujeitos constituídos
pelas dimensões do organismo, corpo, inteligência e desejo, é essencial para que o
processo de ensino/aprendizagem se construa de forma saudável, onde tais sujeitos
se permitam estabelecer vínculos uns com os outros, abrindo espaço para contatar
com o conhecimento, cabendo ao ensinante autorizar seu aluno a aprender,
valorizando seus saberes, respeitando suas possibilidades e sua história de vida.
Por tanto aprendizagem é o processo de aquisição de novos conhecimentos
que levam a modificação do comportamento. E é pensando no processo de

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construção da aprendizagem que trata da relação do sujeito com o conhecimento,
que surge o objeto de estudo da psicopedagogia.

5. Definição e Objeto da Psicopedagogia

O nascimento da Psicopedagogia está atrelado à preocupação com os


problemas de aprendizagem que levavam ao fracasso escolar. Apesar do nome
sugerir uma justaposição de duas ciências, a Psicologia e a Pedagogia, não é desta
forma que ela se constitui.

Por ter um caráter interdisciplinar (BOSSA, 2007) a Psicopedagogia recorre a


várias ciências buscando suporte teórico para definir seu objeto de estudo. Como
ciência, consegue articular saber que auxiliam na delimitação do seu objeto de
estudo e do campo de atuação.

Todavia, como a Psicopedagogia surge para tentar solucionar os problemas


de aprendizagem, este se torna inicialmente, seu objeto de estudo. Diante dessa
concepção a Psicopedagogia teria como objeto de estudo os sintomas que geravam
o fracasso escolar. Estes sintomas eram relacionados a causas orgânicos, assim,
médicos e educadores buscavam descobrir as causas desses fracassos
investigando questões puramente biológicas.

Apesar de todo empenho para solucionar os problemas de aprendizagem pelo


viés orgânico, percebeu-se que o fracasso escolar e suas conseqüências persistiam.
Fazia-se necessário analisar também questões psicológicas, por isso a
Psicopedagogia surge como afirma BOSSA (2007), como fronteira entre a psicologia
e a Pedagogia.

Analisando esta questão Maria Cecília Almeida e Silva, em seu livro


Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica, afirma que:

“De acordo com essa visão, a Psicopedagogia na realidade,


não seria um saber independente dotado de fundamentos

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próprios, mas uma síntese simplificada dos múltiplos
conhecimentos psicológicos e pedagógicos”.(Rio de janeiro,
1998, p. 25).

Contudo, analisar apenas o sintoma tornou-se insuficiente, então a


Psicopedagogia muda seu foco e o sintoma passa a ser percebido como
manifestação de causas mais profundas. Neste momento as idéias de Jorge Visca,
psicopedagogo argentino, contribuem para estruturar e compreender esta mudança
de objeto.

Jorge Visca foi um dos primeiros a preocupar-se com uma Epistemologia da


Psicopedagogia. Buscaram em outras escolas, princípios que pudessem ampliar os
conhecimentos nesta área. Diante da convergência desses conhecimentos pôde
estabelecer uma definição para a Psicopedagogia.

Sendo assim, a Psicopedagogia, apesar de integrar conhecimentos da


Pedagogia e da Psicologia, possui um objeto próprio de estudo que é o processo de
aprendizagem. Não obstante, o objeto da Psicopedagogia vai muito além de um
processo de aprendizagem, refere-se a um sujeito que aprende, sendo este muito
mais do que um aprendiz, mas sim um ser capaz de conhecer sobre si e sobre o
ambiente que está inserido.

Este ser que aprende, é denominado de ser cognoscente por Silva (1998) é
pluridimensional. É um sujeito complexo, dotado de três dimensões especificas:
biológica, afetiva e relacional, que estão interagindo sempre, possibilitando este ser
a relacionar-se em vários ambientes: natural ou sócio-cultural.

Este sujeito é um ser histórico-social imbuído de conhecimentos adquirido


com a convivência com o outro, sendo capaz de transformá-los, apropriando-se de
novos conhecimentos.

Entretanto, ele não nasce completo, para sobreviver necessita relacionar-se


com a cultura, apropriar-se de símbolos e ferramentas sociais, isto é, precisa ter

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desejo de viver, aprender, conviver e conseqüentemente conhecerá o espaço em
que está inserido.

A Psicopedagogia é uma área de estudo preocupada em entender o ser que


conhece e que produz conhecimentos, por isso, é fundamental compreender a
complexidade que é este ser cognoscente.

Portanto, o caráter interdisciplinar da Psicopedagogia possibilita a


comunicação entre as teorias que estudam os aspectos cognitivos, afetivos, sociais
e biológicos para que auxiliem na compreensão desse ser que aprende.

Por ser pluridimensional, o ser cognoscente, precisa ter as dimensões,


cognitiva, relacional e afetiva bem estruturadas. Caso apareçam obstáculos (SILVA,
1998) que prejudiquem ou interfiram na estrutura e desenvolvimento dessas
dimensões, o sujeito poderá externar sintomas resultantes dessa desestruturação ou
má articulação.

A luz da Psicanálise esses sintomas são manifestados de forma inconsciente,


podendo provocar empecilhos na construção do eu cognoscente. Maria Cecília A.
Silva, descreve alguns sintomas como: rigidez intelectual, pouca iniciativa,
dificuldade de expressão, preservação na mesma tarefa, compulsão à repetição,
condutas de aceitação das tarefas, vinculo negativo com a construção do
conhecimento. Segundo a autora todos esses sintomas manifestam-se a partir de
uma má articulação entre as dimensões.

Um dos desafios do psicopedagogo é atuar junto ao sujeito auxiliando-o na


reconstrução do mesmo oferecendo suporte a fim de que o mesmo elimine os
obstáculos que se apresentam como entrave que inviabilizam o processo de
aprendizagem. Este processo pode acontecer a partir da escuta terapêutica
fundamentada na Psicanálise que entende o ser como sujeito do desejo. A parceria
com a Psicanálise enriquece esse processo, à proporção que, ela fornece os
fundamentos do princípio da escuta, da interpretação da fala do sujeito e contribui de
forma significativa na investigação da gênese da dificuldade de aprendizagem desse
sujeito.

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O psicopedagogo pode auxiliar o sujeito a sair de sua condição inadequada
de aprendizagem para uma condição mais satisfatória, pode também, elevar a auto-
estima e restaurar aspectos cognitivos, sociais e afetivos.

É mister que o psicopedagogo tenha conhecimentos multidisciplinares


sedimentados. Afim de que, estas ferramentas funcionem como suporte para
entendimento holístico do sujeito, respaldando, dessa forma o diagnóstico e
conseqüentemente a intervenção.

6. Conclusão

Recentemente, a Política Educacional Brasileira defendida pela Constituição


de 1988, afirma que toda a criança entre a faixa etária de 7 até 14 anos possuem o
direito à educação, sendo esta obrigatória e gratuita. Em contrapeso os dados
estatísticos nos apresentam outra realidade bem diferente, nem todas as crianças
dessa idade são freqüentes nas escolas e não estão aprendendo como se deveria
realmente, dessa forma não está sendo aplicado a elas um nível de educação
necessário de acordo com as demandas futuras, sejam de forma social ou dentro da
adaptação psicossocial implantada dentro da escola.
São inúmeros fatores preocupantes que assombram os registros de avanços
na área de educação, dois desses fatores que se destacam são: a evasão e a
famosa repetência. Centros de pesquisas indicam que o Brasil possui uma das
maiores expectativas de crianças repetentes que ingressam no ensino fundamental,
entre os 16 países subdesenvolvidos que foram analisados. Um outro fator que há
grande preocupação, já citado, é a evasão, o índice de abandono das escolas é
cada vez maior, sendo que muitos não chegam nem a concluir o primeiro passo da
educação do ensino fundamental, sendo estes os analfabetos que existem em nosso
país.
O que o Sistema Educacional Brasileiro realmente precisa é de uma grande
mudança, já estão em andamento medidas que diminuem os altos índices de
repetência e que corrigem a distorção idade-série nas escolas, criações de projetos

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com o intuito de oferecer melhorias aos alunos, investimentos do governo para a
educação, entre outras modificações que só visam o avanço do país.
É de conhecimento de todos que só existe progresso em uma nação se
houver uma educação de qualidade para a população, é imprescindível que haja
mais investimentos na área da educação para que assim possa surgir profissionais
bem qualificados.
Existe uma grande necessidade do profissional voltado para a área da
educação ter um maior aperfeiçoamento para que ele possa ter uma compreensão
sobre a aprendizagem baseada no diálogo entre as várias disciplinas que envolvem
a escola, isso acontece com a Psicopedagogia, em que o psicopedagogo é um outro
profissional, que possui outro referencial, tendo outro conhecimento e outro ponto de
vista sobre a educação.
Esses problemas que foram citados relacionados à educação envolvem a
aprendizagem na escola e reforçam a idéia de que a necessidade da presença do
psicopedagogo dentro desta é de total importância, seu papel dentro dela é trabalhar
de forma que auxilie os professores dentro da sala de aula e, sobretudo que tenha
uma maior atenção em relação às crianças que possuem problemas voltados à
aprendizagem, impedindo dessa forma mais uma frustração escolar nesses alunos o
que causa mais empecilhos em seus passos em direção ao progresso.

Deste modo, a regulamentação da profissão do psicopedagogo colabora


infinitamente para a percepção satisfatória dos fins que a Educação possui e da
finalidade da escola, permitindo uma ação que revolucione o meio escolar.

7. Referências Bibliográficas

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1- BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da
pratica. 3ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2007.

2- SILVA, Maria Cecília Almeida. Psicopedagogia: em busca de uma


fundamentação teórica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

3- SAMPAIO, Simaia. Sobre a Psicopedagogia. Disponível em


http://www.pedagobrasil.com.br/sobreapsicopedagogia.htm

4- VISCA, Jorge. Clinica Psicopedagogia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

5- DROUET, R. C. da R. Distúrbios da Aprendizagem. São Paulo, Ática, 1995.

6- DI SANTO, J. M. R. A ação psicopedagógica e a transformação da


realidade escolar. Disponível em:
http://www.centrorefeducacional.pro.br/psicoinst.htm.

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