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Theravada

Generosidade
Dana

Um tesouro
"E qual é o tesouro da generosidade? É o caso em que um nobre discípulo permanece
em casa com uma mente desprovida da mácula da avareza, espontaneamente generoso,
mão aberta, que se delicia com a renúncia, devotado à caridade, deliciando-se em dar e
compartir. A isto se denomina o tesouro da generosidade."
-- AN VII.6
Cinco recompensas
"Existem essas cinco recompensas da generosidade: A pessoa é estimada pelas pessoas
em geral, a pessoa é admirada pelas pessoas de bem, o bom nome da pessoa se espalha,
a pessoa não se esquiva das responsabilidades de um chefe de família, e na dissolução
do corpo após a morte, ela renasce em uma boa destinação, nos planos celestiais."
-- AN V.35
Superando a mesquinharia
Conquiste a raiva
com a não raiva;
o mal, com o bem;
mesquinharia com generosidade
a mentira, com a verdade.
-- Dhp 223
O que o avaro teme,
o que evita que ele dê,
é exatamente o perigo que surge
quando ele não dá.
-- SN I.32
Nenhum avaro vai
para o mundo dos devas.
nem os tolos
elogiam a generosidade.
Mas as pessoas sábias
se deliciam com a generosidade,
e apenas por isso encontram a felicidade
no mundo futuro.
-- Dhp 177
Dando mesmo a sua última refeição
"Se os seres soubessem, como eu sei, os resultados de dar e compartir, eles não
comeriam sem antes ter dado, nem permitiriam que a mácula do egoísmo tome conta
das suas mentes. Mesmo se fosse o seu último bocado, a sua última mordida, eles não
comeriam sem ter compartido, se houvesse alguém com quem compartir. Mas porque os
seres não sabem, como eu sei, os resultados de dar e compartir, eles comem sem ter
dado. A mácula do egoísmo toma conta das suas mentes."
-- It 26
Aquilo que é dado está bem salvo
“Portanto, quando o mundo arde
Com [as chamas] do envelhecimento e morte,
Ele deveria remover [sua riqueza] sendo generoso:
Aquilo que é dado está bem salvo.
“Aquilo que é dado produz bons frutos,
Mas não aquilo que não é dado.
Ladrões ou reis roubam-no,
É queimado pelo fogo ou perdido.
-- SN I.41
Dando no momento adequado
Na época oportuna eles dão -
com sabedoria,
responsivos, livres da avareza.
Tendo dado na época oportuna,
com os corações inspirados pelos Nobres
- eretos, Assim -
as suas oferendas produzem abundância.
Aqueles que se regozijam com essa oferenda
ou dão assistência,
eles, também, compartem do mérito,
e a oferenda não fica esgotada por isso.
Assim, com a mente sem hesitação
a pessoa deve dar onde a oferenda produz bons frutos.
Mérito é o que estabelece
os seres na próxima vida
-- AN V.36
Para colher as maiores recompensas a quem devemos dar?
Estando sentado a um lado, o rei Pasenadi de Kosala disse para o Abençoado: "Onde,
senhor, deve uma oferenda ser dada?"
"Em qualquer lugar em que a mente sinta confiança, grande rei."
"Mas uma oferenda dada onde, senhor, resulta em grandes frutos?"
"Esta [questão] é uma coisa, grande rei - ‘Onde deve uma oferenda ser dada?’ -
enquanto essa - ‘Onde é que uma oferenda dada resulta em grandes frutos’ - é algo
totalmente diferente. O que é dado a uma pessoa virtuosa - ao invés de uma pessoa não
virtuosa - resulta em grandes frutos."
-- SN III.24

Muitos frutos
"É possível, senhor, apontar um fruto da generosidade visível no aqui e agora?"
"É possível, Siha. Quem é generoso, um mestre na generosidade, é querido e simpático
para as pessoas em geral. E o fato de que quem é generoso, um mestre na generosidade,
ser querido e simpático para as pessoas em geral: esse é um fruto da generosidade
visível no aqui e agora.
"Além disso, boas pessoas, pessoas íntegras, admiram quem é generoso, um mestre da
generosidade. E o fato de que boas pessoas, pessoas íntegras, admirarem quem é
generoso, um mestre na generosidade: esse, também, é um fruto da generosidade visível
no aqui e agora.
"Além disso, a fina reputação de quem é generoso, um mestre da generosidade, se
difunde amplamente. E o fato de que a fina reputação de quem é generoso, um mestre
da generosidade, se difundir amplamente: esse, também, é um fruto da generosidade
visível no aqui e agora.
"Além disso, quando alguém é generoso, um mestre da generosidade, se aproxima de
uma assembléia de pessoas - nobres guerreiros, brâmanes, chefes de família, ou
contemplativos - ele assim o faz com confiança e sem embaraço: e o fato de que quando
alguém é generoso, um mestre da generosidade, se aproximar de uma assembléia de
pessoas - nobres guerreiros, brâmanes, chefes de família, ou contemplativos – fazê-lo
com confiança e sem embaraço: esse, também, é um fruto da generosidade visível no
aqui e agora.
"Além disso, na dissolução do corpo, após a morte, aquele que é generoso, um mestre
da generosidade, renasce num destino feliz, no paraíso. E o fato de que na dissolução do
corpo, após a morte, aquele que é generoso, um mestre da generosidade, renascer num
destino feliz, no paraíso: esse, também, é um fruto da generosidade visível na próxima
vida.
Quando isto foi dito, o general Siha disse para o Abençoado: "Quanto aos quatro frutos
da generosidade visíveis no aqui e agora que foram apontados pelo Abençoado, não é o
caso de que com relação a eles eu os aceite pela convicção no Abençoado. Eu os
conheço também. Eu sou generoso, um mestre da generosidade, querido e simpático
para as pessoas em geral. Eu sou generoso, um mestre da generosidade; pessoas boas,
pessoas íntegras me admiram. Eu sou generoso, um mestre da generosidade e minha
fina reputação está amplamente difundida: ‘Siha é generoso, ele faz, apóia a Sangha.’
Eu sou generoso, um mestre da generosidade e quando me aproximo de uma assembléia
de pessoas - nobres guerreiros, brâmanes, chefes de família, ou contemplativos - eu o
faço com confiança e sem embaraço.
"Porém quando o Abençoado me diz, ‘Na dissolução do corpo, após a morte, aquele que
é generoso, um mestre da generosidade, renasce num destino feliz, no paraíso.’ Isso eu
não sei. Isso eu aceito com base na convicção no Abençoado."
"Assim é, Siha. Assim é. Na dissolução do corpo, após a morte, aquele que é generoso,
um mestre da generosidade, renasce num destino feliz, no paraíso."
-- AN V.34

Muitas razões, muitos frutos


"Sariputta, há o caso em que a pessoa dá uma oferenda buscando seu próprio benefício,
com sua mente apegada [à recompensa], pensando em acumulá-la para si mesma [com o
pensamento], 'Eu a desfrutarei após a morte.' Ela dá uma oferenda - comida, bebida,
roupas, um veículo, um ornamento, perfume e ungüento, roupas de cama, moradia, uma
lamparina - para um brâmane ou um contemplativo. O que você pensa , Sariputta? Pode
uma pessoa dar uma oferenda como essa?"
"Sim, senhor."
"Tendo dado essa oferenda buscando seu próprio benefício, com sua mente apegada [à
recompensa], pensando em acumulá-la para si mesma [com o pensamento], 'Eu a
desfrutarei após a morte.' - na dissolução do corpo, após a morte, ela renasce no mundo
dos devas dos Quatro Grandes Reis. Então tendo esgotado aquela ação, aquele poder,
aquele status, aquela soberania, ela retorna, voltando a este mundo.
"Então há o caso em que a pessoa dá uma oferenda sem buscar seu próprio benefício,
sem a mente apegada [à recompensa], não pensando em acumulá-la para si mesma nem
[com o pensamento], 'Eu a desfrutarei após a morte.' Ao invés disso, ela dá uma
oferenda com o pensamento ‘A generosidade é boa.’ Ela dá uma oferenda - comida,
bebida, roupas, um veículo, um ornamento, perfume e ungüento, roupas de cama,
moradia, uma lamparina- para um brâmane ou um contemplativo. O que você pensa ,
Sariputta? Pode uma pessoa dar uma oferenda como essa?"
"Sim, senhor."
"Tendo dado essa oferenda com o pensamento, ‘A generosidade é boa,’ na dissolução
do corpo, após a morte, ela renasce no mundo dos devas do Tavatimsa. Então tendo
esgotado aquela ação, aquele poder, aquele status, aquela soberania, ela retorna,
voltando a este mundo.
"Ou, ao invés de pensar ‘A generosidade é boa’ ela dá a oferenda com o pensamento,
'Isto foi dado no passado, feito no passado, por meu pai e avô. Não seria correto que eu
permitisse que esse antigo costume da família fosse descontinuado' ... na dissolução do
corpo, após a morte, ela renasce no mundo dos devas do Yama. Então tendo esgotado
aquela ação, aquele poder, aquele status, aquela soberania, ela retorna, voltando a este
mundo.
"Ou, ao invés de pensar ... ela dá uma oferenda com o pensamento, ‘Eu sou próspero.
Eles não são prósperos. Não seria correto, que em sendo eu próspero, não desse uma
oferenda para aqueles que não são prósperos ... na dissolução do corpo, após a morte,
ela renasce no mundo dos devas do Tusita. Então tendo esgotado aquela ação, aquele
poder, aquele status, aquela soberania, ela retorna, voltando a este mundo.
"Ou, ao invés de pensar … ela dá uma oferenda com o pensamento ‘Tal como no
passado houve o sacrifício dos sábios - Atthaka, Vamaka, Vamadeva, Vessamitta,
Yamataggi, Angirasa, Bharadvaja, Vasettha, Kassapa, e Bhagu - da mesma forma essa
será a minha distribuição de oferendas’ ... na dissolução do corpo, após a morte, ela
renasce no mundo dos devas Nimmanarati. Então tendo esgotado aquela ação, aquele
poder, aquele status, aquela soberania, ela retorna, voltando a este mundo.
"Ou, ao invés de pensar … ela dá uma oferenda com o pensamento, ‘Quando esta minha
oferenda é dada, a minha mente fica tranqüila. Surgem a gratificação e a satisfação’ ...
na dissolução do corpo, após a morte, ela renasce no mundo dos devas Paranimmita-
vasavatti. Então tendo esgotado aquela ação, aquele poder, aquele status, aquela
soberania, ela retorna, voltando a este mundo.
"Ou, ao invés de pensar ‘Quando esta minha oferenda é dada, a minha mente fica
tranqüila. Surgem a gratificação e a satisfação’ ela dá uma oferenda com o pensamento
‘Isto é um ornamento para a mente, um suporte para a mente.’ Ela dá uma oferenda -
comida, bebida, roupas, um veículo, um ornamento, perfume e ungüento, roupas de
cama, moradia, uma lamparina - para um brâmane ou um contemplativo. O que você
pensa , Sariputta? Pode uma pessoa dar uma oferenda como essa?"
"Sim, senhor."
"Tendo dado isso, sem buscar seu próprio benefício, nem com a mente apegada [à
recompensa], pensando em acumulá-la para si mesmo [com o pensamento], 'Eu a
desfrutarei após a morte.'
" – nem com o pensamento, 'A generosidade é boa,’
" – nem com o pensamento, 'Isto foi dado no passado, feito no passado, por meu pai e
avô. Não seria correto que eu permitisse que esse antigo costume da família fosse
descontinuado,'
" - nem com o pensamento, ‘Eu sou próspero. Eles não são prósperos. Não seria correto,
em sendo eu próspero, não desse uma oferenda para aqueles que não são prósperos,'
nem com o pensamento, ‘Tal como no passado houve o sacrifício dos sábios - Atthaka,
Vamaka, Vamadeva, Vessamitta, Yamataggi, Angirasa, Bharadvaja, Vasettha, Kassapa,
e Bhagu - da mesma forma essa será a minha distribuição de oferendas,’
" – nem com o pensamento, ‘Quanto esta minha oferenda é dada, a minha mente fica
tranqüila. Surgem a gratificação e a satisfação,’
" – porém com o pensamento, ‘Isto é um ornamento para a mente, um suporte para a
mente.’ - na dissolução do corpo, após a morte, ela renasce no mundo dos devas do
Cortejo de Brahma. Então tendo esgotado aquela ação, aquele poder, aquele status,
aquela soberania, ela não retorna. Ela não retornará a este mundo.
"Essa, Sariputta, é a causa, essa é a razão, porque uma pessoa dá uma oferenda de um
certo tipo e não resulta em grandes frutos ou grandes benefícios, enquanto que outra
pessoa dá uma oferenda do mesmo tipo e resulta em grandes frutos e grandes
benefícios."
-- AN VII.49

A maior oferenda
Um presente do Dhamma supera todas as oferendas.
Virtude
Sila

Sila, (virtude, conduta moral), é a base sobre a qual todo o Nobre Caminho Óctuplo se
apóia. A prática de sila está definida pelos três elementos do Caminho Óctuplo:
Linguagem Correta, Ação Correta , e Modo de Vida Correto. Os budistas praticantes em
geral adotam um conjunto específico de regras de treinamento adequadas à sua situação
de vida:
- Homens e Mulheres leigos observam os Cinco Preceitos (pañca-sila)
- Homens e mulheres leigos que estão praticando meditação intensiva observam os Oito
Preceitos (attha-sila)
- Monges noviços (samanera) e monjas noviças (samaneri) observam os Dez Preceitos
(dasa-sila)
- Um monge completamente ordenado (bhikkhu) segue as 227 regras do Bhikkhu
Patimokkha; uma monja (bhikkhuni) segue as 311 regras do Bhikkhuni Patimokkha.

As recompensas da virtude
[Ananda:] "Qual, Venerável, é a recompensa e a benção da virtude?"
[O Buda:] "Estar livre da ansiedade, Ananda."
"E de estar livre da ansiedade?"
"Satisfação, Ananda"
"E da satisfação?"
"Êxtase, Ananda"
"E do êxtase?"
"Tranqüilidade, Ananda."
"E da tranqüilidade?"
"Felicidade, Ananda."
"E da felicidade?"
"Concentração, Ananda."
"E da concentração?"
"Visão e conhecimento de como as coisas na verdade são."
"E da visão e conhecimento de como as coisas na verdade são?"
"O desencantamento e o desapego, Ananda."
"E do desencantamento e do desapego?"
"A visão e o conhecimento da Libertação, Ananda."
-- AN X.1 (trad. Nyanatiloka; de Path to Deliverance, pag. 65-66)
Cinco dádivas imaculadas
“Agora, há essas cinco dádivas, cinco grandes dádivas - originais, que existem há muito
tempo, tradicionais, antigas, sem adulteração, não adulteradas desde o princípio - que
não estão sujeitas à suspeita, nunca estarão sujeitas à suspeita, e não são criticáveis
pelos sábios contemplativos e brâmanes. Quais cinco?
“É o caso em que um nobre discípulo, abandonando a destruição da vida, se abstém de
tomar a vida. Agindo assim, ele liberta do perigo, liberta da animosidade, liberta da
opressão um incontável número de seres. Libertando do perigo, libertando da
animosidade, libertando da opressão um incontável número de seres, ele ganha uma
parcela na ilimitada liberdade do perigo, liberdade da animosidade e liberdade da
opressão. Essa é a primeira dádiva, a primeira grande dádiva - original, que existe há
muito tempo, tradicional, antiga, sem adulteração, não adulterada desde o princípio -
que não está sujeita à suspeita, nunca estará sujeita à suspeita, e não é criticável pelos
sábios contemplativos e brâmanes.
“Além disso, abandonando tomar o que não é dado (roubar), o nobre discípulo se
abstém de tomar o que não é dado. Agindo assim, ele liberta do perigo, liberta da
animosidade, liberta da opressão um incontável número de seres. Libertando do perigo,
libertando da animosidade, libertando da opressão um incontável número de seres, ele
ganha uma parcela na ilimitada liberdade do perigo, liberdade da animosidade e
liberdade da opressão. Essa é a segunda dádiva…
“Além disso, abandonando a conduta sexual imprópria, o nobre discípulo se abstém da
conduta sexual imprópria. Agindo assim, ele liberta do perigo, liberta da animosidade,
liberta da opressão um incontável número de seres. Libertando do perigo, libertando da
animosidade, libertando da opressão um incontável número de seres, ele ganha uma
parcela na ilimitada liberdade do perigo, liberdade da animosidade e liberdade da
opressão. Essa é a terceira dádiva…
“Além disso, abandonando a mentira, o nobre discípulo se abstém de mentir. Agindo
assim, ele liberta do perigo, liberta da animosidade, liberta da opressão um incontável
número de seres. Libertando do perigo, libertando da animosidade, libertando da
opressão para um incontável número de seres, ele ganha uma parcela na ilimitada
liberdade do perigo, liberdade da animosidade, e liberdade da opressão. Essa é a quarta
dádiva…
"Além disso, abandonando tomar embriagantes, o nobre discípulo se abstém de
embriagantes. Agindo assim, ele liberta do perigo, liberta da animosidade, liberta da
opressão um incontável número de seres. Libertando do perigo, libertando da
animosidade, libertando da opressão um incontável número de seres, ele ganha uma
parcela na ilimitada liberdade do perigo, liberdade da animosidade, e liberdade da
opressão. Essa é a quinta dádiva, a quinta grande dádiva - original, que existe há muito
tempo, tradicional, antiga, sem adulteração, não adulterada desde o princípio - que não
está sujeita à suspeita, nunca estará sujeita à suspeita, e não é criticável pelos sábios
contemplativos e brâmanes. E essa é a quinta recompensa de mérito, recompensa da
habilidade, alimento da felicidade, celestial, resultando na felicidade, que conduz ao
paraíso, conduz àquilo que é desejável, prazeroso e atraente; para o bem estar e a
felicidade."
-- AN VIII.39
Cinco bênçãos
“Cinco bênçãos, chefes de família, são obtidas pelo homem íntegro através da prática da
virtude. Quais são elas? Em primeiro lugar, devido à sua diligência ele obtém muitas
posses. Em segundo lugar, ele obtém boa reputação devido à sua moralidade e boa
conduta. Em terceiro lugar, em qualquer assembléia que ele entre, quer seja de
Khattiyas, Brâmanes, chefes de família ou contemplativos, ele se comporta de modo
seguro e autoconfiante. Em quarto lugar, ele não morre confuso. Em quinto lugar, na
dissolução do corpo, após a morte, ele renasce num destino feliz, no paraíso. Essas são
as cinco bênçãos para aquele que é íntegro através da prática da virtude.”
-- DN 16.1.24
Amigos admiráveis encorajam o desenvolvimento da virtude
"E o que significa ter pessoas admiráveis como bons amigos? É o caso em que um leigo,
em qualquer cidade ou vilarejo que ele viva, ele passa o tempo com chefes de família ou
filhos de chefes de família, jovens ou idosos, que possuem a virtude desenvolvida. Ele
conversa com eles, participa de discussões com eles. Ele emula a convicção consumada
daqueles que são consumados em convicção, virtude consumada daqueles que são
consumados em virtude, generosidade consumada daqueles que são consumados em
generosidade e sabedoria consumada daqueles que são consumados em sabedoria. A
isto se denomina ter pessoas admiráveis como bons amigos."
-- AN VIII.54
Recordando suas próprias virtudes
"Além disso, é o caso em que você se recorda das suas próprias virtudes: '[Elas são]
intactas, não-laceradas, imaculadas, não-matizadas, libertadoras, elogiadas pelos sábios,
desapegadas, que conduzem à concentração'. Em todos os momentos em que um nobre
discípulo esteja se recordando das suas virtudes, a sua mente não estará tomada pela
cobiça, não estará tomada pela raiva, não estará tomada pela delusão. A sua mente
seguirá firme, baseada nas suas virtudes. E quando a mente segue firme, o nobre
discípulo obtém a compreensão do objetivo, obtém a compreensão do Dhamma, obtém
satisfação conectada com o Dhamma. Naquele que está satisfeito, o êxtase surge.
Naquele que está em êxtase, o corpo se acalma. Aquele cujo corpo se acalma,
experimenta a tranqüilidade. Naquele que está tranqüilo, a mente se torna concentrada.”
-- AN XI.12

Paraíso
Sagga

Na cosmologia Budista, os mundos paradisíacos são moradas maravilhosas cujos


habitantes atuais, (os devas), obtiveram o seu renascimento ali pelo poder das suas
ações meritórias feitas no passado. No entanto, como todos os seres ainda aprisionados
no samsara, os devas no final das contas sucumbem ao envelhecimento, enfermidade e
morte, e precisarão renascer em um outro mundo - prazeroso ou não - de acordo com a
qualidade e força do seu kamma. Os devas nem sempre são particularmente sábios ou
maduros espiritualmente - na verdade eles parecem com freqüência estar bastante
embriagados por sua submissão à sensualidade - e nenhum é considerado digno de
veneração ou devoção. Todavia os devas - e os mundos paradisíacos que eles habitam
servem como lembretes importantes dos benefícios positivos trazidos pela realização de
ações meritórias e, finalmente, em última análise, das limitações da sensualidade (veja
Desvantagens (adinava)).

Um renascimento raro
Este mundo é cego -
quão poucos aqui vêem com clareza!
Tal como poucos são os pássaros
que escapam de uma rede,
poucas são as pessoas
que alcançam o paraíso.
-- Dhp 174
Vendo por si mesmo
"Eu vi seres que – favorecidos pela boa conduta corporal, boa conduta verbal e boa
conduta mental; que não insultavam os Nobres, que possuíam o Entendimento Correto,
e que praticavam ações sob a influência do entendimento correto - na dissolução do
corpo, após a morte, renasceram num destino feliz, no paraíso. Não é por ter ouvido isto
de outros brâmanes e contemplativos que eu lhes digo que eu vi seres que – favorecidos
pela boa conduta corporal, boa conduta verbal e boa conduta mental; que não
insultavam os nobres, que possuíam o entendimento correto, e que praticavam ações sob
a influência do entendimento correto - na dissolução do corpo, após a morte, renasceram
num destino feliz, no paraíso. É por saber por mim mesmo, tendo visto eu mesmo,
entendido eu mesmo, que eu lhes digo que seres que – favorecidos pela boa conduta
corporal, boa conduta verbal e boa conduta mental; que não insultavam os nobres, que
possuíam o entendimento correto, e que praticavam ações sob a influência do
entendimento correto - na dissolução do corpo, após a morte, renasceram num destino
feliz, no paraíso."
-- It 71
Recordando-se dos devas
"Além disso, é o caso em que você se recorda dos devas: 'Há os devas dos Quatro
Grandes Reis, os devas do Trinta e três, os devas de Yama, os devas de Tusita, os devas
que se deliciam com a criação, os devas que possuem poderes sobre a criação dos
outros, os devas do cortejo de Brahma, os devas que estão além. Seja qual for a
convicção com a qual eles estiveram dotados pela qual - ao decair desta vida - eles
ressurgiram lá, o mesmo tipo de convicção está presente em mim também. Seja qual for
a virtude com a qual eles estiveram dotados pela qual - ao decair desta vida - eles
ressurgiram lá, o mesmo tipo de virtude está presente em mim também. Seja qual for o
aprendizado com o qual eles estiveram dotados pelo qual - ao decair desta vida - eles
ressurgiram lá, o mesmo tipo de aprendizado está presente em mim também. Seja qual
for a generosidade com a qual eles estiveram dotados pela qual - ao decair desta vida -
eles ressurgiram lá, o mesmo tipo de generosidade está presente em mim também. Seja
qual for a sabedoria com o qual eles estiveram dotados pelo qual - ao decair desta vida -
eles ressurgiram lá, o mesmo tipo de sabedoria está presente em mim também.' Em
todos os momentos em que um nobre discípulo estiver se recordando da convicção,
virtude, aprendizado, generosidade e sabedoria encontrado tanto nele como nos devas, a
sua mente não estará tomada pela cobiça, não estará tomada pela raiva, não estará
tomada pela delusão. A sua mente seguirá firme, baseada nas [qualidades dos] devas. E
quando a mente segue firme, o nobre discípulo obtém a compreensão do objetivo,
obtém a compreensão do Dhamma, obtém satisfação conectada com o Dhamma.
Naquele que está satisfeito, o êxtase surge. Naquele que está em êxtase, o corpo se
acalma. Aquele cujo corpo se acalma, experimenta a tranqüilidade. Naquele que está
tranqüilo, a mente se torna concentrada.
-- AN XI.12
Felizes, porém com sabedoria limitada
“Certa vez, Kevaddha, este pensamento surgiu na mente de um certo bhikkhu nesta
mesma comunidade de bhikkhus: ‘Onde esses quatro grandes elementos – o elemento
terra, o elemento água, o elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar vestígios?’
Então ele alcançou uma tal concentração da mente que, quando a sua mente estava
concentrada, o caminho que conduz aos devas apareceu na sua frente.
“Então chegando ao mundo dos devas dos Quatro Grandes Reis ele perguntou:
‘Amigos, onde os quatro grandes elementos – o elemento terra, o elemento água, o
elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar vestígios?’ Quando isto foi dito, os
devas dos Quatro Grandes Reis responderam: ‘Bhikkhu, nós não sabemos onde os
quatro grandes elementos cessam sem deixar vestígios. Mas os Quatro Grandes Reis são
mais elevados e sublimes que nós, eles devem saber onde os quatro grandes elementos
cessam sem deixar vestígios.’”
“Então aquele bhikkhu foi até os Quatro Grandes Reis e fez a mesma pergunta, e eles
responderam: ‘Nós não sabemos ... Mas os devas do Trinta e Três que são mais
elevados e sublimes que nós, eles devem saber...’”
“Sakka, o senhor dos devas respondeu: ‘Os devas de Yama devem saber ...”
“Os devas de Yama disseram: ‘Suyama, o filho dos devas, deve saber ...”
“Suyama disse: ‘Os devas de Tusita devem saber ...”
“Os devas de Tusita disseram: ‘Santusita, o filho dos devas, deve saber ...”
“Santusita disse: ‘Os devas de Nimmanarati devem saber ...”
“Os devas de Nimmanarati disseram: ‘Sunimmita, o filho dos devas, deve saber ...”
“Sunimitta disse: ‘Os devas de Paranimmita-Vasavatti devem saber ...”
“Os devas de Paranimmita-Vasavatti disseram: ‘Vasavatti, o filho dos devas, deve saber
...”
“Vasavatti disse: Os devas do cortejo de Brahma devem saber ...”
“Então aquele bhikkhu alcançou uma tal concentração da mente que, quando a sua
mente estava concentrada, o caminho que conduz aos devas do cortejo de Brahma
apareceu na sua frente. Então ele foi até os devas do cortejo de Brahma e fez a mesma
pergunta e eles responderam: ‘Nós também não sabemos ... Mas ali está Brahma, o
Grande Brahma, o Conquistador, o Não-conquistado, Onisciente, Todo Poderoso,
Senhor, Deus e Criador, Soberano, Providência Divina, Pai de todos aqueles que são e
serão. Ele é maior e mais sublime que nós. Ele deve saber onde os quatro grandes
elementos cessam sem deixar vestígios.’ ‘Mas onde, amigos, está o Grande Brahma
agora?’ ‘Bhikkhus, nós também não sabemos onde, como ou quando Brahma irá
aparecer. Porém quando os sinais são vistos - uma luz aparece e surge um brilho - então
Brahma aparecerá. Pois esses sinais são os presságios da aparição de Brahma.’
“Então não demorou muito para que Brahma aparecesse. E aquele bhikkhu foi até o
Grande Brahma e perguntou: ‘Amigo, onde os quatro grandes elementos – o elemento
terra, o elemento água, o elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar vestígios?’
Quando isto foi dito, o Grande Brahma respondeu: ‘Bhikkhu, eu sou Brahma, o Grande
Brahma, o Conquistador, o Não-conquistado, Onisciente, Todo Poderoso, Senhor, Deus
e Criador, Soberano, Providência Divina, Pai de todos aqueles que são e serão.’
“Uma segunda vez, o bhikkhu disse para o Grande Brahma: ‘Amigo, eu não lhe
perguntei se você é Brahma, o Grande Brahma, o Conquistador, o Não-conquistado,
Onisciente, Todo Poderoso, Senhor, Deus e Criador, Soberano, Providência Divina, Pai
de todos aqueles que são e serão. Eu perguntei onde esses quatro grandes elementos – o
elemento terra, o elemento água, o elemento fogo, o elemento ar – cessam sem deixar
vestígios.’ E uma segunda vez o Grande Brahma respondeu da mesma forma ao
bhikkhu.
“Uma terceira vez o bhikkhu disse: ‘Amigo, eu não lhe perguntei isso, eu perguntei
onde esses quatro grandes elementos – o elemento terra, o elemento água, o elemento
fogo, o elemento ar – cessam sem deixar vestígios.’ Então, Kevaddha, o Grande
Brahrna tomou o braço daquele bhikkhu e o conduziu para um lado e disse: ‘Bhikkhu,
esses devas acreditam que não há nada que Brahma não veja, não há nada que ele não
saiba, não há nada que ele não tenha conhecimento. É por isso que não falei na presença
deles. Mas bhikkhu, eu não sei onde os quatro grandes elementos cessam sem deixar
vestígios. Portanto, bhikkhu, você agiu de modo incorreto ao passar pelo Abençoado em
busca de uma resposta para essa pergunta noutro lugar. Agora, bhikkhu, você deve ir até
o Abençoado e fazer-lhe essa pergunta, e qualquer resposta que ele der, aceite-a.’
-- DN 11

Os Trinta e Um Mundos de Existência

Os suttas descrevem trinta e um mundos de existência nos quais os seres renascem


durante a sua perambulação por samsara. A existência em cada um desses planos é
temporária e passado o tempo de vida ocorre o renascimento em algum outro mundo; na
cosmologia Budista não há um paraíso ou inferno eternos. Os seres renascem em cada
um dos mundos de acordo com o fruto de kamma em particular que amadurece no
momento da morte.
Os mundos em geral são agrupados em três reinos, relacionados em ordem descendente
de pureza:
* O Reino Imaterial (ou sem forma) (arupa-loka)
* O Reino da Matéria Sutil (ou com forma)(rupa-loka)
* O Reino da Esfera Sensual (kama-loka)

I. O Reino Imaterial (ou sem forma)(arupa-loka)


(31) Devas da nem percepção, nem não percepção (nevasaññanasaññayatanupaga
deva)
(30) Devas do nada (akiñcaññayatanupaga deva)
(29) Devas da consciência infinita (viññanañcayatanupaga deva)
(28) Devas do espaço infinito (akasanañcayatanupaga deva)

II. O Reino da Matéria Sutil (ou com forma)(rupa-loka)


(27) Akanittha deva
(26) Sudassi deva
(25) Sudassa deva
(24) Atappa deva
(23) Aviha deva
(22) Asaññasatta deva
(21) Devas do grande fruto (vehapphala deva)
(20) Devas da glória refulgente (subhakinna deva)
(19) Devas da glória imensurável (anasubha deva)
(18) Devas da glória limitada (asubha deva)
(17) Devas que emanam radiância (abhassara deva)
(16) Devas da radiância imensurável (appamanabha deva)
(15) Devas da radiância limitada (parittabha deva)
(14) Grandes Brahmas (maha brahma)
(13) Ministros de Brahma (brahma-purohita deva)
(12) Cortejo de Brahma (brahma-parisajja deva)

III. O Reino da Esfera Sensual (kama-loka)


Destinos Felizes (sugati)
(11) Devas que exercem poder sobre a criação de outros (paranimmita-vasavatti deva)
(10) Devas que se deliciam com a criação (nimmanarati deva)
(9) Tusita deva
(8) Yama deva
(7) Devas do Trinta e Três (tavatimsa deva)
(6) Devas dos quatro grandes reis (catumaharajika deva)
(5) Seres humanos (manussa loka)
Estados de Privação (apaya)
(4) Titãs (asura)
(3) Fantasmas famintos (peta)
(2) Animais (tiracchana yoni)
(1) Infernos (niraya)

Veja também uma descrição da cosmologia Budista, que explica os reinos e mundos
listados acima, na Introdução ao Majjhima Nikaya.
Desvantagens (Perigos)
Adinava

As desvantagens da sensualidade
Nem mesmo se chovessem moedas de ouro
teríamos como saciar
os prazeres sensuais.
'estressantes,
eles trazem pouca satisfação' -
sabendo disso, o sábio
não encontra deleite
mesmo em prazeres sensuais divinos.
Ele é aquele que se delicia
com o fim do desejo,
um discípulo do Buda supremo.
-- Dhp 186
“Chefe de família, suponha que um cão, subjugado pela fome e fraqueza, estivesse
esperando num açougue. Então um açougueiro habilidoso ou o seu aprendiz,
descarnasse um osso e o deixasse lambuzado de sangue sem nada de carne e o
arremessasse ao cão. O que você pensa chefe de família? Aquele cão iria dar fim à sua
fome e fraqueza roendo aquele osso lambuzado de sangue e sem carne ?” - “Não,
venerável senhor. Porque não? Porque aquilo é apenas um osso lambuzado de sangue e
sem carne. No final das contas, aquele cão iria só colher cansaço e desapontamento.”
“Da mesma forma, chefe de família, um nobre discípulo considera o seguinte: ‘Os
prazeres sensuais foram comparados a um osso pelo Abençoado; eles proporcionam
pouca gratificação, muito sofrimento, muito desespero e quanto perigo eles contêm.’
-- MN 54
A gratificação, o perigo e a escapatória da sensualidade
“E o que, bhikkhus, é a gratificação no caso dos prazeres sensuais? Bhikkhus, existem
esses cinco elementos do prazer sensual. Quais cinco? Formas percebidas pelo olho que
são desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostadas, conectadas com o desejo sensual
e que provocam a cobiça. Sons percebidos pelo ouvido…Aromas percebidos pelo
nariz…Sabores percebidos pela língua…Tangíveis percebidos pelo corpo que são
desejáveis, agradáveis e fáceis de serem gostados, conectados com o desejo sensual e
que provocam a cobiça. Esses são os cinco elementos do prazer sensual. Agora o prazer
e a alegria que surgem na dependência desses cinco elementos do prazer sensual são a
gratificação no caso dos prazeres sensuais.
“E o que , bhikkhus, é o perigo no caso dos prazeres sensuais? Aqui, bhikkhus, por
conta da atividade pela qual um membro de um clã ganha a vida – quer seja registrando
ou contabilizando, ou calculando, ou cultivando, ou comerciando, ou administrando, ou
como arqueiro, ou a serviço do rei, ou qualquer outra atividade que seja – ele tem que
enfrentar o frio, ele tem que enfrentar o calor, ele se fere pelo contato com moscas
varejeiras, mosquitos, vento, sol e criaturas rastejantes; ele se arrisca a morrer de fome e
sede. Agora, esse é um perigo no caso dos prazeres sensuais, uma massa de sofrimento
visível no aqui e agora tendo o prazer sensual como condição, tendo o prazer sensual
como fonte, tendo o prazer sensual como base, tendo como causa, simplesmente, os
prazeres sensuais.
“Se nenhum bem é recebido pelo membro de um clã ao se empenhar e se esforçar no
seu trabalho, ele fica triste, se angustia e lamenta, ele chora batendo no peito e fica
perturbado, clamando: ‘Meu trabalho é em vão, meu esforço infrutífero!’ Agora, esse
também é um perigo no caso dos prazeres sensuais uma massa de sofrimento visível no
aqui e agora tendo o prazer sensual como condição, tendo o prazer sensual como fonte,
tendo o prazer sensual como base, tendo como causa, simplesmente, os prazeres
sensuais.
“Se algum bem é recebido pelo membro de um clã ao se empenhar e se esforçar no seu
trabalho, ele experimenta dor e angústia ao protegê-lo: ‘Como farei para que nem reis
nem ladrões roubem os meus bens, nem o fogo os queime, nem as águas os carreguem,
nem herdeiros odiosos os levem?’ E enquanto ele guarda e protege os seus bens, reis ou
ladrões os roubam ou o fogo os queima, ou as águas os carregam, ou herdeiros odiosos
os levam. E ele fica triste, se angustia e lamenta, ele chora batendo no peito e fica
perturbado, clamando: ‘O que eu tinha não tenho mais!’ Agora, esse também é um
perigo no caso dos prazeres sensuais…tendo como causa, simplesmente, os prazeres
sensuais.
“Além disso, tendo o prazer sensual como condição, tendo o prazer sensual como fonte,
tendo o prazer sensual como base, tendo como causa, simplesmente, os prazeres
sensuais, reis brigam com reis, nobres com nobres, brâmanes com brâmanes, chefes de
família com chefes de família; a mãe briga com o filho, o filho com a mãe, o pai com o
filho, o filho com o pai, o irmão briga com o irmão, o irmão com a irmã, a irmã com o
irmão, o amigo com o amigo. E nas suas brigas, rixas e disputas eles se atacam uns aos
outros com punhos, pedras, paus ou facas e com isso eles causam a si próprios a morte
ou sofrimento igual à morte. Agora esse também é um perigo no caso dos prazeres
sensuais…tendo como causa, simplesmente, os prazeres sensuais.
“Além disso, tendo o prazer sensual como condição...os homens tomam espadas e
escudos e afivelam arcos e coldres e eles se lançam na batalha, concentrados em fila
dupla com flechas e lanças voando e espadas cintilando; e ali eles são feridos por
flechas e lanças e as suas cabeças são decepadas por espadas e com isso eles causam a si
próprios a morte ou sofrimento igual à morte. Agora esse também é um perigo no caso
dos prazeres sensuais…tendo como causa, simplesmente, os prazeres sensuais.
“Além disso, tendo o prazer sensual como condição...os homens tomam espadas e
escudos e afivelam arcos e coldres, e eles se lançam contra bastiões escorregadios, com
flechas e lanças voando e espadas cintilando; e ali eles são feridos por flechas e lanças e
molhados com líquidos ferventes e esmagados sob objetos pesados e as suas cabeças
são decepadas por espadas e com isso eles causam a si próprios a morte ou sofrimento
igual à morte. Agora esse também é um perigo no caso dos prazeres sensuais…tendo
como causa, simplesmente, os prazeres sensuais.
“Além disso, tendo o prazer sensual como condição...homens arrombam casas, pilham
riquezas, cometem roubo, emboscam nas estradas, seduzem as mulheres dos outros e
quando capturados, os reis lhes infligem muitos tipos de tortura. Os reis fazem com que
eles sejam açoitados com chicotes, golpeados com vara, golpeados com clavas; as mãos
são cortadas, os pés são cortados, as mãos e os pés são cortados; as orelhas são cortadas,
o nariz é cortado, as orelhas e o nariz são cortados; eles são sujeitos ao ‘pote de
mingau,’ ao ‘barbeado com a concha polida,’ à ‘boca de Rahu,’ à ‘grinalda ardente,’ à
‘mão ardente,’ às ‘lâminas de capim,’ à ‘túnica de casca de árvore,’ ao ‘antílope,’ aos
‘ganchos de carne,’ às ‘moedas,’ à ‘conserva em desinfetante’ ao ‘pino que gira,’ ao
‘colchão de palha enrolado’; eles são molhados com óleo fervente, atirados para serem
devorados pelos cães, empalados vivos em estacas, decapitados com espadas – e com
isso eles causam a si próprios a morte ou sofrimento igual à morte. Agora esse também
é um perigo no caso dos prazeres sensuais…tendo como causa, simplesmente, os
prazeres sensuais.
“Além disso, tendo o prazer sensual como condição, tendo o prazer sensual como fonte,
tendo o prazer sensual como base, tendo como causa, simplesmente, os prazeres
sensuais, as pessoas se entregam ao comportamento impróprio com o corpo, linguagem
e mente. Tendo feito isso, na dissolução do corpo, após a morte, elas reaparecem em
estados de privação, um destino infeliz, nos reinos inferiores, até mesmo no inferno.
Agora esse também é um perigo no caso dos prazeres sensuais, uma massa de
sofrimento na vida que está por vir tendo o prazer sensual como condição, tendo o
prazer sensual como fonte, tendo o prazer sensual como base, tendo como causa,
simplesmente, os prazeres sensuais.
“E o que , bhikkhus, é a escapatória no caso dos prazeres sensuais? É a remoção do
desejo e cobiça, o abandono do desejo e cobiça pelos prazeres sensuais. Essa é a
escapatória no caso dos prazeres sensuais.
-- MN 13
As desvantagens do corpo
“E o que, bhikkhus, é a gratificação no caso da forma material? Suponham que
houvesse uma jovem da classe dos nobres ou da classe dos brâmanes ou da casa de um
chefe de família, no seu décimo quinto ou décimo sexto aniversário, nem muito alta
nem muito baixa, nem muito magra nem muito gorda, nem com a tez muito escura nem
muito clara. A sua beleza e graciosidade estão no seu auge?” – “Sim, venerável senhor.”
– “Agora o prazer e a alegria que surgem na dependência dessa beleza e graciosidade
são a gratificação no caso da forma material.”
“E o que, bhikkhus, é o perigo no caso da forma material? Mais tarde alguém poderá
ver aquela mesma mulher com oitenta, noventa ou cem anos, idosa, curvada como o
suporte de um teto, redobrada, apoiada numa bengala, cambaleante, frágil, a juventude
perdida, os dentes quebrados, os cabelos grisalhos, careca, enrugada, com os membros
todos manchados. O que vocês pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade
desapareceram e o perigo se tornou evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus,
esse é o perigo no caso da forma material.”
“Além disso, alguém poderá ver aquela mesma mulher aflita, sofrendo e gravemente
enferma, deitada suja em seu próprio excremento e urina, levantada por alguns e deitada
por outros. O que vocês pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade
desapareceram e o perigo se tornou evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus,
esse também é o perigo no caso da forma material.”
“Além disso, alguém poderá ver aquela mesma mulher como um cadáver descartado
num cemitério, um, dois ou três dias morta, inchada, lívida e ressumando matéria. O que
vocês pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade desapareceram e o perigo se
tornou evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus, esse também é o perigo no
caso da forma material.”
“Além disso, alguém poderá ver aquela mesma mulher como um cadáver descartado
num cemitério, sendo devorada por corvos, gaviões, urubus, cães, chacais ou vários
tipos de vermes…um esqueleto com carne e sangue, mantidos unidos pelos tendões…
um esqueleto descarnado lambuzado de sangue, mantido unido pelos tendões…ossos
desconectados espalhados em todas as direções – aqui um osso da mão, ali um osso do
pé, aqui um osso da perna, ali um osso das costelas, aqui um osso do quadril, ali um
osso da coluna, aqui o crânio…ossos esbranquiçados, com a cor das conchas…ossos
empilhados, com mais de um ano…ossos apodrecidos e convertidos em pó. O que vocês
pensam bhikkhus? A antiga beleza e graciosidade desapareceram e o perigo se tornou
evidente?” – “Sim, venerável senhor” – “Bhikkhus, esse também é o perigo no caso da
forma material.”
“E o que, bhikkhus, é a escapatória no caso da forma material? É a remoção do desejo e
cobiça, o abandono do desejo e cobiça pela forma material. Essa é a escapatória no caso
da forma material.”
“Que esses contemplativos e brâmanes, que não compreendem como na verdade é a
gratificação como gratificação, o perigo como perigo e a escapatória como escapatória
no caso da forma material, possam eles mesmos compreender completamente a forma
material ou instruir outra pessoa de modo que ela possa compreender completamente a
forma material – isso é impossível. Que esses contemplativos e brâmanes, que
compreendem como na verdade é a gratificação como gratificação, o perigo como
perigo e a escapatória como escapatória no caso da forma material, possam eles mesmos
compreender completamente a forma material ou instruir outra pessoa de modo que ela
possa compreender completamente a forma material – isso é possível.
-- MN 13
"E qual é a percepção dos perigos? É o caso em que um bhikkhu, dirigindo-se à floresta,
ou à sombra de uma árvore, ou a um local isolado, reflete assim: ‘Este corpo é a fonte
de muitas dores, muitos perigos, pois neste corpo surgem todos os tipos de aflição, tais
como: doenças do olho, doenças do ouvido, doenças do nariz, doenças da língua,
doenças do corpo; dores de cabeça, caxumba, doenças da boca, dores de dente, tosse,
asma, catarro, azia, febre, dor de estomago, desmaio, disenteria, gripe, cólera, lepra,
furúnculo, tuberculose, epilepsia, coceiras, micoses, varíola, sarna, pústulas, icterícia,
diabetes, hemorróidas, câncer, úlceras; doenças que surgem da bílis, da fleuma, dos
ventos, de um desequilíbrio [dos três], do comportamento descuidado, da violência, dos
resultados de Kamma; frio, calor, fome, sede, defecação, urina.’ Assim ele permanece
contemplando os perigos nesse mesmo corpo. Isso é chamado a percepção dos perigos."
-- AN X.60
As desvantagens do envelhecimento, doença, morte, e contaminação
"Agora, essas quatro são buscas nobres. Quais quatro? É o caso em que uma pessoa,
sujeita ela mesma ao envelhecimento, dando-se conta das desvantagens daquilo que está
sujeito ao envelhecimento, busca aquilo que não envelhece, o descanso insuperável do
jugo: Libertação. Sendo sujeita ela mesma à doença, dando-se conta das desvantagens
daquilo que está sujeito à doença, ela busca aquilo que não adoece, o descanso
insuperável do jugo: Libertação. Sendo sujeita ela mesma à morte, dando-se conta das
desvantagens daquilo que está sujeito à morte, ela busca aquilo que é imortal, o
descanso insuperável do jugo: Libertação. Sendo sujeita ela mesma à contaminação,
dando-se conta das desvantagens daquilo que está sujeito à contaminação, ela busca
aquilo que não se contamina, o descanso insuperável do jugo: Libertação."
-- AN IV.252
As desvantagens da raiva
Uma pessoa colérica é feia e dorme mal.
Tendo um ganho, ela o converte em uma perda,
causa danos com a linguagem e com atos.
Uma pessoa cheia de cólera
destrói sua fortuna.
Enlouquecida pela cólera,
ela destrói o seu status.
Parentes, amigos e colegas a evitam.
A cólera resulta em perda.
A cólera inflama a mente.
Ela não se dá conta
que o perigo nasce de dentro.
Uma pessoa colérica não conhece o seu próprio benefício.
Uma pessoa colérica não enxerga o Dhamma.
Uma pesoa conquistada pela cólera é uma massa de escuridão.
Ela tem prazer em atos perversos como se eles fossem bons,
porém mais tarde, quando a cólera passa,
ela sofre como se fosse queimada com fogo.
Ela é corrompida, maculada,
tal como o fogo envolto na fumaça.
-- AN VII.60

As desvantagens de todos fenômenos que geram apego


Agora, quando alguém permanece contemplando o perigo nas coisas passíveis de apego,
o desejo cessa. Da cessação do desejo cessa o apego. Da cessação do apego cessa o
ser/existir. Da cessação do ser/existir cessa o nascimento. Da cessação do nascimento,
então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero, tudo
cessa. Essa é a cessação de toda essa massa de sofrimento.
-- SN XII.52

Renúncia
Nekkhamma

Uma troca justa


Eu farei uma troca justa:
o envelhecimento pelo que não envelhece,
as chamas pelo frescor:
a paz suprema,
o descanso incomparável
do jugo.
-- Thag I.32

Se, pela renúncia


a uma felicidade inferior,
é possível
alcançar uma felicidade superior,
que o homem sábio
abandone
a inferior
pela superior.
-- Dhp 290
Contrário à opinião popular
Então o Ven. Ananda, juntamente com Tapussa, o chefe de família, foram até o
Abençoado e ambos o cumprimentaram e sentaram a um lado e o Ven. Ananda disse
para o Abençoado: “Tapussa, o chefe de família, disse, ‘Venerável Ananda, nós que
somos chefes de família nos entregamos aos prazeres sensuais, nos deliciamos com os
prazeres sensuais, desfrutamos dos prazeres sensuais, nos alegramos com os prazeres
sensuais. Para nós - que nos entregamos aos prazeres sensuais, nos deliciamos com os
prazeres sensuais, desfrutamos dos prazeres sensuais, nos alegramos com os prazeres
sensuais - a renúncia é como um total declínio. No entanto eu ouvi que nesta doutrina e
disciplina os corações dos bhikkhus jovens ficam excitados com a renúncia, ganham
confiança, decididos e firmes, vendo-a como estar em paz. Então é exatamente nesse
ponto que essa doutrina e disciplina é contrária à grande massa das pessoas: isto é, (essa
questão da) renúncia.’”
“Assim é, Ananda. Assim é. Até mesmo eu, antes do meu Despertar, quando eu ainda
era um Bodisatva não desperto, pensava: ‘A renúncia é boa. O isolamento é bom.’
Porém o meu coração não ficava excitado com a renúncia, não ganhava confiança,
decisão e firmeza, vendo-a como estar em paz. O pensamento me ocorreu: ‘Qual é a
causa, qual é a razão, porque meu coração não fica excitado com a renúncia, não ganha
confiança, decisão e firmeza, vendo-a como estar em paz?’ Então o pensamento me
ocorreu: ‘Eu não vi as desvantagens dos prazeres sensuais; eu não insisti (nesse tema).
Eu não compreendi as recompensas da renúncia; eu não me familiarizei com isso. Essa
é a razão porque meu coração não se excitava com a renúncia, não ganhava confiança,
decisão e firmeza, vendo-a como estar em paz.’
“Então o pensamento me ocorreu: ‘Se, tendo visto as desvantagens dos prazeres
sensuais, eu insistisse nesse tema; e se, tendo entendido as recompensas da renúncia, eu
me familiarizasse com isso, existiria a possibilidade de que meu coração ficasse
excitado com a renúncia, ganhasse confiança, decisão e firmeza, vendo-a como estar em
paz.’
“Dessa forma mais tarde, tendo visto a desvantagem dos prazeres sensuais, eu insisti
nesse tema; tendo compreendido as recompensas da renúncia, eu me familiarizei com
isso. Meu coração ficou excitado com a renúncia, ganhou confiança, decisão e firmeza,
vendo-a como estar em paz. Então afastado dos prazeres sensuais, afastado das
qualidades não hábeis, entrei e permaneci no primeiro jhana, que é caracterizado pelo
pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento.
-- AN IX.41
Felicidade
[O Buda:] "É verdade, Bhaddiya que indo para a floresta, para o pé de uma árvore, ou
para uma cabana vazia, você repetidamente exclama, ‘Que felicidade! Que
felicidade!'?"
[Ven. Bhaddiya:] "Sim, senhor."
"O que você tem em mente quando repetidamente exclama, 'Que felicidade! Que
felicidade!'?"
"Antes, quando eu era um chefe de família, eu tinha guardas postados dentro e fora dos
aposentos, dentro e fora da cidade, dentro e fora da área rural. Mas mesmo estando
guardado dessa forma, protegido dessa forma, eu vivia com medo – agitado,
desconfiado e amedrontado. Porém agora, indo sozinho para a floresta, para o pé de
uma árvore, ou uma cabana vazia, eu permaneço sem medo, sem agitação, confiante e
destemido – despreocupado, calmo, minhas necessidades satisfeitas, com a minha mente
como um gamo selvagem. Isso é o que tenho em mente quando repetidamente exclamo,
'Que felicidade! Que felicidade!'"
Então, dando-se conta do significado disso, o Abençoado exclamou:
Naquele em que não existe
nenhum estímulo,
e para quem ser/existir e não ser/existir
estão superados,
ele é alguém – que está além do medo,
feliz,
sem angústia,
a quem os devas não podem ver.
-- Ud II.10
Descanso
‘ Sujeito ao nascimento, sujeito ao envelhecimento,
sujeito à morte,
pessoas comuns
sentem repulsa por aqueles que sofrem
por aquilo a que elas mesmas estão sujeitas.
E se eu sentisse repulsa
por seres sujeitos a essas coisas,
isso não seria digno,
vivendo como eles vivem.’
Enquanto mantinha essa atitude-
conhecendo o Dhamma
sem aquisições –
eu superei toda embriaguez
com saúde, juventude e vida
como um que enxerga
na renúncia o descanso.
Para mim, a energia foi estimulada,
a Libertação podia ser vista claramente.
Agora de nenhuma forma
poderia desfrutar de prazeres sensuais.
Tendo seguido a vida santa,
não retornarei.
-- AN III.39
Destemido
“É o caso da pessoa que não abandonou a paixão, desejo, afeição, sede, cobiça e
ambição pelos prazeres sensuais. E então ela é acometida de uma grave enfermidade.
Tendo sido acometida pela grave enfermidade o seguinte pensamento lhe ocorre, ‘Ah,
todos esses prazeres sensuais que tanto amo serão tomados de mim e eu serei tomado
deles!’ Ela se entristece, fica angustiada e lamenta, ela chora batendo no peito e fica
perturbada. Essa é uma pessoa que face à morte sente medo e terror da morte..
-- AN IV.184

As Quatro Nobres Verdades


Cattari ariya saccani

Libertação
“Bhikkhus, é por não compreender, não penetrar as Quatro Nobres Verdades que eu,
bem como vocês, durante muito tempo perambulamos e transmigramos neste ciclo de
nascimento e morte. Quais são elas? Por não compreender a Nobre Verdade do
Sofrimento é que nós perambulamos e transmigramos, por não compreender a Nobre
Verdade da Origem do Sofrimento..., da Cessação do Sofrimento..., e do Caminho que
conduz à Cessação do Sofrimento que nós perambulamos e transmigramos neste ciclo
de nascimento e morte. E por compreender e penetrar essa mesma Nobre Verdade do
Sofrimento, da Origem do Sofrimento, da Cessação do Sofrimento e do Caminho que
conduz à Cessação do Sofrimento, que o desejo por ser/existir foi cortado, o suporte
para o ser/existir foi destruído, não há mais vir a ser a nenhum estado.”
-- DN 16.2.2
A Pegada do Elefante
“Amigos, da mesma forma como a pegada de qualquer ser vivo que caminha pode ser
colocada dentro da pegada de um elefante e assim a pegada do elefante é declarada
como a líder delas devido ao seu grande tamanho; assim também todos estados
benéficos podem ser incluídos nas Quatro Nobres Verdades. Quais quatro? Na nobre
verdade do sofrimento, na nobre verdade da origem do sofrimento, na nobre verdade da
cessação do sofrimento e na nobre verdade do caminho que conduz à cessação do
sofrimento.
-- MN 28
As tarefas relativas a cada uma das Quatro Nobres Verdades
[O Buda fala a respeito da sua Iluminação:]
“’Esta é a nobre verdade do sofrimento’: assim, bhikkhus, com relação a coisas não
ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o verdadeiro
conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade do sofrimento deve ser completamente compreendida: assim,
bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a
compreensão, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade do sofrimento foi completamente compreendida: assim, bhikkhus,
com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’ Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: assim, bhikkhus, com relação a
coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o
verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da origem do sofrimento deve ser abandonada: assim, bhikkhus,
com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da origem do sofrimento foi abandonada: assim, bhikkhus, com
relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: assim, bhikkhus, com relação a
coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o
verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da cessação do sofrimento deve ser realizada: assim, bhikkhus,
com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade da cessação do sofrimento foi realizada: assim, bhikkhus, com
relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a compreensão, a
sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: assim,
bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em mim a visão, a
compreensão, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento deve ser
desenvolvida: assim, bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em
mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“’Esta nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento foi
desenvolvida: assim, bhikkhus, com relação a coisas não ouvidas antes, surgiram em
mim a visão, a compreensão, a sabedoria, o verdadeiro conhecimento e a iluminação.
“Enquanto, bhikkhus, meu conhecimento e visão dessas Quatro Nobres Verdades como
na verdade elas são, nas suas três fases e doze aspectos, não estava completamente
purificado desse modo, não reivindiquei ter despertado para a insuperável perfeita
iluminação neste mundo com os seus devas, maras e brahmas, esta geração com seus
contemplativos e brâmanes, seus príncipes e povo. Mas quando meu conhecimento e
visão dessas Quatro Nobres Verdades como na verdade elas são, nas suas três fases e
doze aspectos, estava completamente purificado desse modo, reivindiquei ter despertado
para a insuperável perfeita iluminação neste mundo com os seus devas, maras e
brahmas, esta geração com seus contemplativos e brâmanes, seus príncipes e povo. O
conhecimento e visão surgiram em mim: ‘A libertação da minha mente é inabalável.
Este é o meu último nascimento. Não há mais vir a ser.’
-- SN LVI.11

A Nobre Verdade de Dukkha


Dukkha ariya sacca

Definição
" Agora Bhikkhus, esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento,
envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é
desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter
o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego
são sofrimento.
-- SN LVI.11
A análise do Venerável Sariputta
“E o que, amigos, é a nobre verdade do sofrimento? O nascimento é sofrimento; o
envelhecimento é sofrimento; a morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero são sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco
agregados influenciados pelo apego são sofrimento.
“E o que, amigos, é nascimento? O nascimento dos seres nas várias classes de seres, o
próximo nascimento, o estabelecimento [num ventre], a geração, a manifestação dos
agregados, a obtenção das bases para contato – a isto se denomina nascimento.
“E o que, amigos, é o envelhecimento? O envelhecimento dos seres nas várias
categorias de seres, a sua idade avançada, os dentes quebradiços, os cabelos grisalhos, a
pele enrugada, o declínio da vida, o enfraquecimento das faculdades – a isto se
denomina envelhecimento.
“E o que, amigos, é a morte? O falecimento de seres nas várias categorias de seres, a sua
morte, a dissolução, o desaparecimento, o morrer, a finalização do tempo, a dissolução
dos agregados, o corpo deitado – a isto de denomina morte.
“E o que, amigos, é a tristeza? A tristeza, entristecimento, sofrimento, tristeza interior,
arrependimento interior, de alguém que sofreu alguma desgraça ou que está afetado por
alguma situação dolorosa – a isto se denomina tristeza.
“E o que, amigos, é a lamentação? O pranto e o lamento, chorar e lamentar, o choro e a
lamentação de alguém que sofreu alguma desgraça ou que está afetado por alguma
situação dolorosa – a isto se denomina lamentação.
“E o que, amigos, é a dor? Dor no corpo, desconforto corporal, a sensação dolorosa e
desconfortável que surge do contato corporal – a isto se denomina dor.
“E o que, amigos, é a angústia? Dor mental, desconforto mental, a sensação dolorosa e
desconfortável que surge do contato mental – a isto se denomina angústia.
“E o que, amigos, é o desespero? A confusão e o desespero, a tribulação e a
desesperação de alguém que sofreu alguma desgraça ou que está afetado por alguma
situação dolorosa – a isto se denomina desespero.
“E o que, amigos, é ‘não obter o que se deseja é sofrimento’? Para os seres sujeitos ao
nascimento surge o desejo: ‘Ah, que nós não estivéssemos sujeitos ao nascimento! Que
o nascimento não viesse para nós!’ Mas isto não pode ser obtido pelo desejo e não obter
o que se deseja é sofrimento. Para os seres sujeitos ao envelhecimento...sujeitos à
enfermidade...sujeitos à morte...sujeitos à tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero, surge o desejo: ‘Ah, que nós não estivéssemos sujeitos à tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero! Que a tristeza, lamentação, dor, angústia e
desespero não surgissem para nós!’ Mas isto não pode ser obtido pelo desejo e não obter
o que se deseja é sofrimento.
“E o que, amigos são os cinco agregados influenciados pelo apego que, em resumo, são
sofrimento? Eles são: o agregado da forma material influenciado pelo apego, o agregado
da sensação influenciado pelo apego, o agregado da percepção influenciado pelo apego,
o agregado das formações influenciado pelo apego e o agregado da consciência
influenciado pelo apego. Esses são os cinco agregados influenciados pelo apego que,
em resumo, são sofrimento. A isto se denomina a nobre verdade do sofrimento.
-- MN 141
Definido em relação aos sentidos
"E qual, bhikkhus, é a nobre verdade do sofrimento? Deve ser dito: as seis bases
internas dos sentidos. Quais seis? A base do olho, a base do ouvido, a base do nariz, a
base da língua, a base do corpo, a base da mente. Isso é chamado a nobre verdade do
sofrimento."
-- SN LVI.14
Dukkha como um incêndio violento
"Bhikkhus, o todo está em chamas. E qual é esse todo que está em chamas? O olho está
em chamas, as formas estão em chamas, a consciência no olho está em chamas, o
contato no olho está em chamas, e qualquer sensação que surja tendo o contato no olho
como condição – quer seja prazerosa, dolorosa ou nem prazerosa, nem dolorosa - isso
também está em chamas. Em chamas com o que? Em chamas com o fogo da cobiça, o
fogo da aversão, o fogo da delusão. Em chamas, eu lhes digo, com o nascimento,
envelhecimento e morte, com a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero.
"O ouvido está em chamas, os sons estão em chamas...
"O nariz está em chamas, os aromas estão em chamas...
"A língua está em chamas, os sabores estão em chamas...
"O corpo está em chamas, as sensações tangíveis estão em chamas...
"A mente está em chamas, os objetos mentais estão em chamas, a consciência na mente
está em chamas, o contato na mente está em chamas, e qualquer sensação que surja
tendo o contato na mente como condição - quer seja prazerosa, dolorosa ou nem
prazerosa, nem dolorosa. Em chamas com o que? Em chamas com o fogo da cobiça, o
fogo da aversão, o fogo da delusão. Em chamas, eu lhes digo, com o nascimento,
envelhecimento e morte, com a tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero.
-- SN XXXV.28
Dukkha deve ser conhecido
"’Dukkha deve ser conhecido. A causa porque dukkha se manifesta deve ser conhecida.
A diversidade de dukkha deve ser conhecida. O resultado de dukkha deve ser
conhecido. A cessação de dukkha deve ser conhecida. O caminho da prática para a
cessação de dukkha deve ser conhecido.' Assim foi dito. E com referência a que foi dito
isso?
"Nascimento é dukkha, envelhecimento é dukkha, enfermidade é dukkha, morte é
dukkha; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são dukkha; a união com aquilo
que é desprazeroso é dukkha; a separação daquilo que é prazeroso é dukkha; não obter o
que se deseja é dukkha; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são
dukkha.
"E qual é a razão porque dukkha se manifesta? Desejo é a razão porque dukkha se
manifesta.
"E qual é a diversidade de dukkha? Existe dukkha forte e fraco, que desaparece
lentamente e que desaparece rapidamente. Essa é chamada a diversidade de dukkha.
"E qual é o resultado de dukkha? Existem alguns casos em que uma pessoa tomada pela
dor, sua mente exausta, ela sofre, chora, lamenta, bate no seu peito e fica perturbada. Ou
outra tomada pela dor, sua mente exausta, começa uma busca no exterior, ‘Quem
conhece uma maneira para terminar com esta dor?' Eu lhes digo, bhikkhus, que dukkha
resulta ou em perturbação ou em busca. Esse é chamado o resultado de dukkha.
"E qual é a cessação de dukkha? A partir da cessação do desejo, cessa dukkha; e
justamente este nobre caminho óctuplo – entendimento correto, pensamento correto,
linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena
correta, concentração correta – é o caminho da prática que conduz à cessação de
dukkha.
"Agora quando um nobre discípulo compreende desse modo dukkha, a causa porque
dukkha se manifesta, a diversidade de dukkha, o resultado de dukkha, a cessação de
dukkha, e o caminho da prática que conduz à cessação de dukkha, então ele compreende
esta penetrante vida santa como sendo a cessação de dukkha."
-- AN VI.63

Dukkha
Dukkha
Não existe nem no Inglês nem no Português uma única palavra que expresse a completa
profundidade, extensão e sutileza desse importante termo dukkha em Pali. Na tentativa
de chegar ao cerne dessa palavra muitas traduções alternativas são utilizadas
(sofrimento, estresse, insatisfação, etc.). É bom no entanto não ficar muito à vontade
com uma tradução em particular da palavra dukkha, já que tudo ligado ao ensinamento
do Buda impulsiona continuamente à ampliação e aprofundamento do entendimento da
natureza de dukkha. Como regra geral, assim que você acreditar que encontrou aquela
melhor tradução para dukkha, pense outra vez pois não importa como você a descreva,
ela será sempre maior, mais sutil e mais insatisfatória do que isso.

A definição
"Nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento,
morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento;
união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso
é sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados
influenciados pelo apego são sofrimento."
-- SN LVI.11
Uma definição contemporânea:
Dukkha é:
Perturbação, irritação, depressão, preocupação, desespero, medo, temor, angústia,
ansiedade, vulnerabilidade, ferimento, inabilidade, inferioridade; enfermidade,
envelhecimento, decadência do corpo e faculdades, senilidade, dor/prazer;
excitação/tédio; privação/excesso; desejo/frustração, supressão; saudades/estar sem
rumo; esperança/sem esperança; esforço, atividade, esforço/repressão; perda, querer,
insuficiência/saciedade; amor/falta de amor, falta de amigos; antipatia, aversão/atração;
paternidade/desprovido de filhos; submissão/rebelião; decisão/indecisão, vacilação,
incerteza.
-- Francis Story em Suffering, no Vol. II de The Three Basic Facts of Existence (Kandy:
Buddhist Publication Society, 1983)
Somente dukkha
"Tanto antes, como agora, eu declaro somente o sofrimento e a cessação do sofrimento."
SN XXII.86
Três tipos de dukkha
"Há essas três formas de sofrimento, meu amigo: o sofrimento da dor, o sofrimento das
formações condicionadas e o sofrimento da mudança. Essas são as três formas de
sofrimento."
....
[Jambukhadika o errante:] "Mas há um caminho, há um meio para a completa
compreensão dessas formas de sofrimento?"
"Exatamente este Nobre Caminho Óctuplo, meu amigo – entendimento correto,
pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço
correto, atenção plena correta, concentração correta. Esse é o caminho, esse é o meio
para a completa compreensão dessas três formas de sofrimento."
SN XXXVIII.14

O Ciclo de Renascimentos
Samsara

Um oceano de lágrimas
"O que é maior, as lágrimas que vocês derramaram transmigrando e perambulando por
este longo, longo tempo - chorando e derramando lágrimas por estarem unidos ao que é
desagradável, separados do que é agradável - ou a água contida nos quatro grandes
oceanos?….Isto é maior: as lágrimas que vocês derramaram transmigrando e
perambulando por este longo, longo tempo - chorando e derramando lágrimas por
estarem unidos ao que é desagradável, separados do que é agradável - não a água
contida nos quatro grandes oceanos.
"Há muito tempo ( repetidamente ) vocês experimentaram a morte de uma mãe. As
lágrimas que vocês derramaram pela morte de uma mãe enquanto transmigravam e
perambulavam por este longo, longo tempo - chorando e derramando lágrimas por
estarem unidos ao que é desagradável, separados do que é agradável - não a água
contida nos quatro grandes oceanos.
"Há muito tempo ( repetidamente ) vocês experimentaram a morte de um pai...a morte
de um irmão...a morte de uma irmã...a morte de um filho...a morte de uma filha...perda
de parentes...perda de riquezas...perda relativa a enfermidades. As lágrimas que vocês
derramaram relativas a perdas por doenças enquanto transmigravam e perambulavam
por este longo, longo tempo - chorando e derramando lágrimas por estarem unidos ao
que é desagradável, separados do que é agradável - não a água contida nos quatro
grandes oceanos.
"Por que ocorre isso? Esse samsara não possui um início que possa ser descoberto. Um
ponto inicial não é discernido para os seres que seguem vagando e perambulando,
obstaculizados pela ignorância e agrilhoados pela cobiça. Há muito tempo vocês
experimentaram o sofrimento, experimentaram a dor, experimentaram a perda,
inchando os cemitérios - o suficiente para desencantar-se com todas as coisas
condicionadas, o suficiente para se tornarem desapegados, o suficiente para se
libertarem."
-- SN XV.3
O precioso nascimento humano
“Bhikkhus, suponham que este grande planeta terra estivesse completamente coberto
com água e um homem lançasse uma bóia com um único furo. Um vento do leste a
empurraria para o oeste, um vento do oeste a empurraria para o leste. Um vento do norte
a empurraria para o sul, um vento do sul a empurraria para o norte. E suponham que
houvesse uma tartaruga cega. Ela viria para a superfície uma vez a cada cem anos.
Agora o que vocês pensam, bhikkhus, aquela tartaruga cega, vindo para a superfície
uma vez a cada cem anos, colocaria o seu pescoço naquela bóia com um único furo?”
“Seria por mero acaso, venerável senhor, que a tartaruga cega, vindo para a superfície
uma vez a cada cem anos, colocasse o seu pescoço naquela bóia com um único furo."
“Assim também, é um mero acaso que alguém obtenha o estado humano. Assim
também, é um mero acaso que um Tathagata, um Arahant, perfeitamente iluminado,
surja no mundo. Do mesmo modo, é um mero acaso que o Dhamma e Disciplina
expostos por um Tathagata brilhe no mundo.
“Vocês obtiveram esse estado humano, bhikkhus. Um Tathagata, um Arahant,
perfeitamente iluminado, surgiu no mundo. O Dhamma e Disciplina expostos pelo
Tathagata brilha no mundo.
“Portanto, bhikkhus, um esforço deve ser feito para compreender: ‘ Isto é sofrimento…
Esta é a origem do sofrimento…Esta é a cessação do sofrimento…Este é o caminho da
prática que conduz à cessação do sofrimento.’"
-- SN LVI.48
Por que perambulamos pelo samsara?
"É por não compreender e não penetrar quatro coisas, que perambulamos e
transmigramos por um longo, longo tempo, você e eu. Quais quatro?
" É por não compreender e não penetrar a nobre virtude que perambulamos e
transmigramos por um longo, longo tempo, você e eu.
" É por não compreender e não penetrar a nobre concentração que perambulamos e
transmigramos por um longo, longo tempo, você e eu.
" É por não compreender e não penetrar a nobre sabedoria que perambulamos e
transmigramos por um longo, longo tempo, você e eu.
" É por não compreender e não penetrar a nobre libertação que perambulamos e
transmigramos por um longo, longo tempo, você e eu.
"Porém quando a nobre virtude é compreendida e penetrada, quando a nobre
concentração…nobre sabedoria…nobre libertação é compreendida e penetrada, então o
desejo por ser/existir é destruído, o guia (desejo e apego) para ser/existir tem fim, não
há mais ser/existir."
-- AN IV.1

A Nobre Verdade da Origem de Dukkha


Dukkha samudaya ariya sacca

Definição
“Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que
conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o
prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o
desejo por não ser/existir."
-- SN LVI.11
O Desejo inevitavelmente resulta em mais dukkha
Se esse desejo pegajoso e grosseiro
o submete no mundo,
suas tristezas irão crescer como o capim
após a chuva.
Se, no mundo, você submete
esse desejo pegajoso, que é difícil de escapar,
as tristezas se esvairão,
como gotas de água
de um lótus.
-- Dhp 335-6
Se as raízes permanecem
sem danos e fortes,
uma árvore, mesmo que cortada,
crescerá novamente.
Assim também se um desejo latente
não for cortado pela raiz,
o sofrimento retornará
novamente
e
novamente
-- Dhp 338
Através do abandono do desejo, a possibilidade de alcançar a Iluminação surge
“Bhikkhus, paixão e cobiça pelo desejo por formas é uma corrupção da mente. Paixão e
cobiça pelo desejo por sons ... por aromas ... por sabores ... por tangíveis ... por objetos
mentais é uma corrupção da mente. Quando um bhikkhu abandonou a corrupção da
mente nesses seis casos, a sua mente se inclina pela renúncia. Uma mente fortificada
pela renúncia se torna maleável em relação àquelas coisas que devem ser realizadas
através do conhecimento direto.”
-- SN XXVII.8

Desejo
Tanha

Definição
"Há esses três tipos de desejo. Quais três? Desejo pela sensualidade, desejo por
ser/existir, desejo por não ser/existir. Esses são os três tipos de desejo."
-- It 58
Uma flecha no coração
"O desejo foi chamado de flecha pelo Contemplativo; o humor venenoso da ignorância
se espalha através do desejo, cobiça e má vontade."
-- MN 105
Seis classes de desejo
"Existem essas seis classes de desejo: desejo por formas, desejo por sons, desejo por
aromas, desejo por sabores, desejo por tangíveis, desejo por objetos mentais."
-- MN 9
O que nos aprisiona no samsara
"Bhikkhus, eu não concebo nenhum outro grilhão - pelo qual os seres aprisionados
seguem perambulando e transmigrando por um longo, longo tempo - como o grilhão do
desejo. Aprisionados pelo grilhão do desejo os seres seguem perambulando e
transmigrando por um longo, longo tempo."
-- It 15
Escravizados pelo desejo,
com as mentes castigadas pelo ser/existir e pelo não ser/existir,
escravizados pelos grilhões de Mara -
seres que não estão a salvo do cativeiro,
seres que permanecem perambulando,
dirigindo-se para o nascimento e morte.

Enquanto que aqueles que abandonaram o desejo,


livres do desejo por ser/existir e não ser/existir,
realizando o fim das impurezas,
embora estejam no mundo,
foram para mais além.
-- It 58
Uma causa de dukkha
"E qual é a razão porque dukkha se manifesta? Desejo é a razão porque dukkha se
manifesta.
-- AN VI.63

Cortando as raízes do desejo


Se as raízes permanecem
sem danos e fortes,
uma árvore, mesmo que cortada,
crescerá novamente.
Assim também se um desejo latente
não for cortado pela raiz,
o sofrimento retornará
novamente
e
novamente.
-- Dhp 338
Importunados pelo desejo,
os seres saltam em círculos
como um coelho apanhado no laço.
Aprisionado com grilhões e amarras
eles continuam sofrendo,
mais outra vez e mais outra vez, por muito tempo.
-- Dhp 342
Para uma pessoa
atormentada por pensamentos ruins,
dominada pela paixão,
focada na beleza,
o desejo cresce ainda mais,
o grilhão fica ainda mais forte.
Porém aquela que se delicia
no silenciar do pensamento,
sempre plenamente atenta
meditando
sobre as impurezas:
Ela é aquela
que dará um fim,
aquela que irá cortar os grilhões de Mara.
-- Dhp 349-350
Onde surge o desejo e, onde ele se estabelece?
“E onde surge e se estabelece esse desejo? Qualquer coisa no mundo que seja cativante
e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo.
“E o que no mundo é cativante e tentador? O olho no mundo é cativante e tentador. O
ouvido... O nariz... A língua... O corpo... A mente no mundo é cativante e tentadora,
nisso surge e se estabelece o desejo. Formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos
mentais no mundo são cativantes e tentadores, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Consciência no olho, consciência no ouvido, consciência no nariz, consciência na
língua, consciência no corpo, consciência na mente no mundo é cativante e tentadora,
nisso surge e se estabelece o desejo.
“Contato no olho, contato no ouvido, contato no nariz, contato na língua, contato no
corpo, contato na mente no mundo é cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o
desejo.
“Sensação tendo como condição o contato no olho, contato no ouvido, contato no nariz,
contato na língua, contato no corpo, contato na mente no mundo é cativante e tentadora,
nisso surge e se estabelece o desejo.
“Percepção de formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é
cativante e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Intenção por formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é
cativante e tentadora, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Desejo por formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no mundo é
cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Pensamento aplicado às formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais no
mundo é cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o desejo.
“Pensamento sustentado nas formas, sons, aromas, sabores, tangíveis, objetos mentais
no mundo é cativante e tentador, nisso surge e se estabelece o desejo. A isto se
denomina a nobre verdade da origem do sofrimento.
--DN 22

Ignorância
Avijja

Definição
"E o que é ignorância, qual é a origem da ignorância, qual é a cessação da ignorância,
qual é o caminho que conduz à cessação da ignorância? Não ter o conhecimento do
sofrimento, não ter o conhecimento da origem do sofrimento, não ter o conhecimento da
cessação do sofrimento, não ter o conhecimento do caminho que conduz à cessação do
sofrimento - a isto se denomina ignorância. Com o surgimento das impurezas existe o
surgimento da ignorância. Com a cessação das impurezas ocorre a cessação da
ignorância. O caminho que conduz à cessação da ignorância é exatamente este Nobre
Caminho Óctuplo; isto é, entendimento correto…concentração correta.
-- MN 9
Outra Definição
Em Benares, no Parque do Gamo em Isipatana. “Amigo Sariputta, dizem,‘ignorância,
ignorância.’ O que, amigo, é a ignorância e de que maneira alguém está imerso na
ignorância?”
“Aqui, amigo, a pessoa comum sem instrução não compreende como na verdade é a
origem e a cessação, a gratificação, o perigo e a escapatória no caso da forma, sensação,
percepção, formações e consciência. Isso, amigo, é chamado ignorância e dessa maneira
alguém está imerso na ignorância.”
-- SN XXII.131
A causa básica de dukkha
Da ignorância como condição, as formações volitivas [surgem]
Das formações volitivas como condição, a consciência.
Da consciência como condição, a mentalidade-materialidade.
Da mentalidade-materialidade como condição, as seis bases dos sentidos.
Das seis bases dos sentidos como condição, o contato.
Do contato como condição, a sensação.
Da sensação como condição, o desejo.
Do desejo como condição, o apego.
Do apego como condição, o ser/existir.
Do ser/existir como condição, o nascimento.
Do nascimento como condição, então o envelhecimento e morte, tristeza, lamentação,
dor, angústia e desespero surgem. Essa é a origem de toda essa massa de estresse e
sofrimento.
...dessa forma, quando cessa a ignorância, também cessa dukkha
Agora, do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância,
cessam as formações volitivas.
Da cessação das formações volitivas, cessa a consciência.
Da cessação da consciência, cessa a mentalidade-materialidade.
Da cessação da mentalidade-materialidade, cessam as seis bases dos sentidos.
Da cessação das seis bases dos sentidos, cessa o contato.
Da cessação do contato, cessa a sensação.
Da cessação da sensação, cessa o desejo.
Da cessação do desejo, cessa o apego.
Da cessação do apego, cessa o ser/existir.
Da cessação do ser/existir cessa o nascimento.
Da cessação do nascimento, então envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor,
angústia e desespero, tudo cessa. Essa é a cessação de toda essa massa de estresse e
sofrimento."
-- SN XII.2

A Nobre Verdade da Cessação de Dukkha


Dukkha nirodho ariya sacca

Definição
“Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o
desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, abrir mão,
descartar, libertar-se, despegar desse mesmo desejo.”
-- SN XLVI.11
O Desapego é supremo
“Entre todas as qualidades que possam haver, condicionadas ou não condicionadas, a
qualidade do desapego – a subjugação do encantamento, a eliminação da sede, o
desenraizamento do apego, o rompimento do ciclo, a destruição do desejo, desapego,
cessação, nibbana – é considerada suprema. Aqueles que têm fé na qualidade do
desapego têm fé naquilo que é supremo; e para aqueles que têm fé no que é supremo,
supremo será o resultado."
-- It 90
Silenciar: a marca característica do objetivo
"Isto é a paz, isto é o sublime, isto é, o silenciar de todas as formações, o abandono de
todas as aquisições, a destruição do desejo, desapego, cessação, Nibbana. "
-- MN 64
Desvendando as causas do sofrimento
Em Savathi. ”Bhikkhus, a destruição das impurezas é para aquele que sabe e que vê, eu
lhes digo, não para aquele que não sabe e que não vê. Vendo o que, sabendo o que,
ocorre a destruição das impurezas? ‘Assim é a forma, essa é a sua origem, essa é a sua
cessação. Assim é a sensação, essa é a sua origem, essa é a sua cessação. Assim é a
percepção, essa é a sua origem, essa é a sua cessação. Assim são as formações, essa é a
sua origem, essa é a sua cessação. Assim é a consciência, essa é a sua origem, essa é a
sua cessação.’ A destruição das impurezas ocorre naquele que sabe dessa forma e que
vê dessa forma.
“O conhecimento da destruição das impurezas com respeito à destruição das impurezas
possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta um condição próxima.
E qual é a condição próxima para o conhecimento da destruição das impurezas?
Libertação deveria ser a resposta.
“A libertação possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Desapego deveria ser a resposta.
“O desapego possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Desencantamento deveria ser a
resposta.
“O desencantamento possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta
uma condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Conhecimento e visão das
coisas como na verdade elas são deveria ser a resposta.
“O conhecimento e visão das coisas como na verdade elas são possui a sua condição
próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma condição próxima. E qual é a sua
condição próxima? Concentração deveria ser a resposta.
“A concentração possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Felicidade deveria ser a resposta.
“A felicidade possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Tranqüilidade deveria ser a
resposta.
“A tranqüilidade possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Êxtase deveria ser a resposta.
“O êxtase possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Satisfação deveria ser a resposta.
“A satisfação possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Convicção deveria ser a resposta.
“A convicção possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Sofrimento deveria ser a resposta.
“O sofrimento possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Nascimento deveria ser a resposta.
“O nascimento possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Ser/existir deveria ser a resposta.
“O ser/existir possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Apego deveria ser a resposta.
“O apego possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Desejo deveria ser a resposta.
“O desejo possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Sensação deveria ser a resposta.
“A sensação possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Contato deveria ser a resposta.
“O contato possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A este não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? As seis bases dos sentidos deveria
ser a resposta.
“As seis bases dos sentidos possuem a sua condição próxima, eu lhes digo. A estas não
lhes falta uma condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Mentalidade-
materialidade deveria ser a resposta.
“A mentalidade-materialidade possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não
lhe falta uma condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Consciência deveria
ser a resposta.
“A consciência possui a sua condição próxima, eu lhes digo. A esta não lhe falta uma
condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Formações deveria ser a resposta.
“As formações possuem a sua condição próxima, eu lhes digo. A estas não lhes falta
uma condição próxima. E qual é a sua condição próxima? Ignorância deveria ser a
resposta.
“Assim, as formações possuem a ignorância como sua condição próxima,
a consciência possui as formações como sua condição próxima,
a mentalidade-materialidade possui a consciência como sua condição próxima,
as seis bases dos sentidos possuem a mentalidade-materialidade como sua condição
próxima,
o contato possui as seis bases dos sentidos como sua condição próxima,
a sensação possui o contato como sua condição próxima,
o desejo possui a sensação como sua condição próxima,
o apego possui o desejo como sua condição próxima,
o ser/existir possui o apego como sua condição próxima,
o nascimento possui o ser/existir como sua condição próxima,
o sofrimento possui o nascimento como sua condição próxima,
a convicção possui o sofrimento como sua condição próxima,
a satisfação possui a convicção como sua condição próxima,
o êxtase possui a satisfação como sua condição próxima,
a tranqüilidade possui o êxtase como sua condição próxima,
a felicidade possui a tranqüilidade como sua condição próxima,
a concentração possui a felicidade como sua condição próxima,
o conhecimento e visão das coisas como na verdade elas são possui a concentração
como sua condição próxima,
o desencantamento possui o conhecimento e visão das coisas como na verdade elas são
como sua condição próxima,
o desapego possui o desencantamento como sua condição próxima,
a libertação possui o desapego como sua condição próxima,
o conhecimento do fim das impurezas possui a libertação como sua condição próxima,
“Tal qual quando os devas trovejam e vertem gotas pesadas de chuva no alto das
montanhas: A água flui pelas encostas, enchendo as fissuras, rachaduras e valas.
Quando as fissuras, rachaduras e valas estão repletas, as gotas pesadas de chuva enchem
as pequenas lagoas. Quando as pequenas lagoas estão preenchidas, elas enchem os
grandes lagos. Quando os grandes lagos estão preenchidos, elas enchem os pequenos
rios. Quando os pequenos rios estão preenchidos, elas enchem os grandes rios. Quando
os grandes rios estão preenchidos, elas enchem o grande oceano; assim também, tendo a
ignorância como condição próxima, as formações [surgem]; tendo as formações
volitivas como condição próxima, a consciência; tendo a consciência como condição
próxima, a mentalidade-materialidade; tendo a mentalidade-materialidade como
condição próxima, as seis bases dos sentidos; tendo as seis bases dos sentidos como
condição próxima, o contato; tendo o contato como condição próxima, a sensação;
tendo a sensação como condição próxima, o desejo; tendo o desejo como condição
próxima, o apego; tendo o apego como condição próxima, o ser/existir; tendo o
ser/existir como condição próxima, o nascimento; tendo o nascimento como condição
próxima, o sofrimento; tendo o sofrimento como condição próxima, a convicção; tendo
a convicção como condição próxima, a satisfação; tendo a satisfação como condição
próxima, o êxtase; tendo o êxtase como condição próxima, a tranqüilidade; tendo a
tranqüilidade como condição próxima, a felicidade; tendo a felicidade como condição
próxima, a concentração; tendo a concentração como condição próxima, o
conhecimento e visão das coisas como na verdade elas são; tendo o conhecimento e
visão das coisas como na verdade elas são como condição próxima, o desencantamento;
tendo o desencantamento como condição próxima, o desapego; tendo o desapego como
condição próxima, a libertação; tendo a libertação como condição próxima, o
conhecimento do fim das impurezas.”
-- SN XII.23
Onde nem o prazer nem a dor podem surgir
“Mas com o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância,
não há o corpo condicionado por aquilo que faz o prazer e a dor surgirem no interior.
Não há linguagem ... a mente condicionada por aquilo que faz o prazer e a dor surgirem
no interior. O campo não existe, o local não existe, o fundamento não existe, a base não
existe, condicionada por aquilo que faz o prazer e a dor surgirem no interior.”
-- SN XII.25
Condicionalidade Isto/Aquilo
"E qual é o nobre método que ele viu claramente e penetrou completamente através da
sabedoria? É o caso em que um nobre discípulo observa:
Quando existe isso, aquilo existe.
Com o surgimento disso, aquilo surge.
Quando não existe isso, aquilo também não existe.
Com a cessação disto, aquilo cessa.
"Em outras palavras:
"Da ignorância como condição, as formações [surgem].
Das formações como condição, a consciência.
Da consciência como condição, a mentalidade-materialidade.
Da mentalidade-materialidade como condição, as seis bases dos sentidos.
Das seis bases dos sentidos como condição, o contato.
Do contato como condição, as sensações.
Das sensações como condição, o desejo.
Do desejo como condição, o apego.
Do apego como condição, o ser/existir.
Do ser/existir como condição, o nascimento.
Do nascimento como condição, envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor,
angústia e desespero.
Essa é a origem dessa massa de estresse e sofrimento.
"Agora do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância
cessam as formações.
Da cessação das formações cessa a consciência.
Da cessação da consciência cessa a mentalidade-materialidade.
Da cessação da mentalidade-materialidade cessam as seis bases dos sentidos.
Da cessação das seis bases dos sentidos cessa o contato.
Da cessação do contato cessa a sensação.
Da cessação da sensação cessa o desejo.
Da cessação do desejo cessa o apego.
Da cessação do apego cessa o ser/existir.
Da cessação do ser/existir cessa o nascimento.
Da cessação do nascimento, então, envelhecimento e morte, tristeza, lamentação, dor,
angústia e desespero, tudo cessa.
Essa é a cessação dessa massa de estresse e sofrimento.
"Esse é o nobre método que ele viu claramente e penetrou completamente através da
sabedoria.”
-- AN X.92

Nibbana
Nibbana é a denominação para a libertação transcendente e singularmente
indescritível que é o objetivo final dos ensinamentos do Buda

Definido em função do que é...


"Isto é a paz, isto é o sublime, isto é, o silenciar de todas as formações, o abandono de
todas as aquisições, a destruição do desejo, desapego, cessação, Nibbana."
-- AN IX.36
Não existe fogo como a paixão,
nenhum crime como a raiva,
nenhuma dor como os agregados,
nenhuma felicidade mais sublime que a paz (de Nibbana).
Fome: a pior doença.
Formações: a principal dor.
Para aquele que conhece essa verdade
como na realidade ela é,
Nibbana é a felicidade suprema.
Saúde: o maior ganho.
Contentamento: a maior riqueza.
Uma pessoa confiável: o melhor parente.
Nibbana: a felicidade suprema.
-- Dhp 202-205
Os sábios, sempre
absortos em jhana
perseverando,
firmes no seu esforço:
eles experimentam Nibbana
a libertação incomparável
dos grilhões.
-- Dhp 23
...e em função do que não é
“Existe aquela esfera em que não há nem terra, nem água, nem fogo, nem ar; nem a
esfera do espaço infinito, nem a esfera da consciência infinita, nem a esfera do nada,
nem a esfera da nem percepção, nem não percepção; nem este mundo, nem o próximo
mundo, nem sol, nem lua. E lá, eu digo, não há vir, nem ir, nem permanência; nem
desaparecimento nem surgimento: não estabelecido, não desenvolvendo, sem suporte
(objeto mental). Isso, justamente isso, é o fim do sofrimento."
-- Ud VIII.1
"Existe, bhikkhus, o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado - o que não é
condicionado. Se não existisse o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado -
o que não é condicionado, não haveria a situação na qual a emancipação do nascido - do
que é - do fabricado - do condicionado seria discernida. Porém precisamente porque há
o que não nasceu - o que não é - o que não é fabricado - o que não é condicionado, a
emancipação do nascido - do que é - do fabricado - do condicionado é discernida."
-- Ud VIII.3
Onde as estrelas não brilham,
o sol não é visível,
a lua não aparece,
a escuridão não é encontrada.
E quando um sábio,
Um brâmane através da sabedoria,
compreendeu isso de modo direto,
então do material e do imaterial,
do prazer e da dor,
ele está libertado
-- Ud I.10
O primeiro avanço da pessoa em direção ao Nibbana coloca um fim em tanto
sofrimento
Então o Abençoado, tomando um pouco de terra com a ponta da unha, disse aos
bhikkhus, " O que vocês pensam, bhikkhus? O que é maior: a pequena quantidade de
terra que tomei com a ponta da unha ou o grande planeta terra?"
"Venerável senhor, o grande planeta terra é muito maior. A pequena quantidade de terra
que o Abençoado tomou com a ponta da unha é quase nada. Não é a centésima,
milésima, centésima-milésima parte - esse pouco de terra que o Abençoado tomou com
a ponta da unha - quando comparado com o grande planeta."
"Da mesma forma, bhikkhus, para um nobre discípulo com o entendimento consumado
que penetrou as nobres verdades, o sofrimento que foi destruído e extinto é muito
maior, enquanto que aquele que resta é quase nada. Não é a centésima, milésima,
centésima-milésima parte quando comparado com a massa de sofrimento anterior que
foi destruída e extinta, visto que haverá no máximo sete vidas. Tamanho é o benefício
quando se consegue penetrar o Dhamma. Tamanho é o benefício quando se obtém o
olho do Dhamma."
-- SN XIII.1
O que acontece com aquele que realizou Nibbana?
[Aggivessana Vacchagotta:] " Quando a mente de um bhikkhu está libertada dessa
forma, Mestre Gotama, onde ele renasce [após a morte]?”
[O Buda:] “O termo ‘renasce’ não se aplica, Vaccha.”
“Então ele não renasce, Mestre Gotama?”
“O termo ‘não renasce’ não se aplica, Vaccha.”
“Então ele ambos renasce e não renasce, Mestre Gotama?”
“O termo ‘ambos renasce e não renasce’ não se aplica, Vaccha.”
“Então ele nem renasce nem não renasce, Mestre Gotama?”
“O termo ‘nem renasce nem não renasce’ não se aplica, Vaccha.”
“Quando o Mestre Gotama é perguntado essas quatro questões; ele responde: ‘O termo
“renasce” não se aplica, Vaccha; o termo “não renasce´não se aplica, Vaccha; o termo
“ambos renasce e não renasce” não se aplica, Vaccha; o termo “nem renasce nem não
renasce” não se aplica, Vaccha.’ Agora eu fiquei atordoado, Mestre Gotama, agora eu
fiquei confuso e o tanto de confiança que eu havia obtido através da conversa anterior
com o Mestre Gotama agora desapareceu.”
“É o suficiente para deixá-lo atordoado, Vaccha, o suficiente para deixá-lo confuso.
Pois este Dhamma, Vaccha, é profundo, difícil de ser visto e difícil de ser
compreendido, pacífico e sublime, que não pode ser alcançado através do mero
raciocínio, sutil, para ser experimentado pelos sábios. É difícil que você o entenda
possuindo uma outra opinião, aceitando um outro ensinamento, aprovando um outro
ensinamento, dedicando-se a um outro treinamento e seguindo um outro mestre.
Portanto, em retribuição, eu o questionarei acerca disso, Vaccha. Responda como
quiser.
“O que você pensa, Vaccha? Suponha que um fogo estivesse queimando à sua frente.
Você saberia que: ‘Este fogo está queimando na minha frente’?”
“Eu saberia, Mestre Gotama.”
“Se alguém lhe perguntasse, Vaccha: ‘Esse fogo à sua frente queima na dependência do
que?’ – tendo sido assim perguntado, o que você responderia?”
“Sendo assim perguntado, Mestre Gotama, eu responderia: ‘Este fogo na minha frente
queima na dependência de capim e gravetos.”
‘Se esse fogo à sua frente se extinguisse, você saberia que: ‘Este fogo na minha frente
se extinguiu’?”
“Eu saberia, Mestre Gotama.”
“Se alguém lhe perguntasse, Vaccha: ‘Quando esse fogo à sua frente foi extinto, para
qual direção ele se foi: para o leste, o oeste, o norte, ou o sul?’ – tendo sido perguntado
dessa forma, o que você responderia?’
“Isso não se aplica, Mestre Gotama. O fogo queimou na dependência do seu
combustível, do capim e gravetos. Quando isso foi consumido, se não há mais
combustível, não tendo combustível, ele é extinto.”
“Assim também, Vaccha, o Tathagata abandonou aquela forma material pela qual
alguém descrevendo o Tathagata o descreveria; ele a cortou pela raiz, fez dela como
com um tronco de palmeira, se desfez dela de modo que não estará mais sujeita a futuro
surgimento. O Tathagata está liberto de pensar em termos da forma material, Vaccha,
ele é profundo, imensurável, difícil de ver e difícil de compreender em profundidade tal
como o oceano. O termo ‘renasce’ não se aplica, o termo ‘não renasce’ não se aplica, o
termo ‘ambos renasce nem não renasce’ não se aplica, o termo ‘nem renasce nem não
renasce’ não se aplica. O Tathagata abandonou aquela sensação pela qual alguém
descrevendo o Tathagata o descreveria ... o Tathagata abandonou aquela percepção pela
qual alguém descrevendo o Tathagata o descreveria ... o Tathagata abandonou aquelas
formações pela qual alguém descrevendo o Tathagata o descreveria ... o Tathagata
abandonou aquela consciência pela qual alguém descrevendo o Tathagata o descreveria;
ele a cortou pela raiz, fez dela como com um tronco de palmeira, se desfez dela de
modo que não estará mais sujeita a futuro surgimento. O Tathagata está liberto de
pensar em termos da consciência, Vaccha; ele é profundo, imensurável, difícil de ser
examinado em profundidade tal como o oceano. O termo ‘renasce’ não se aplica, o
termo ‘não renasce’ não se aplica, o termo ‘ambos renasce nem não renasce’ não se
aplica, o termo ‘nem renasce nem não renasce’ não se aplica.”
-- MN 72
O grito de vitória dos arahants
"O nascimento foi destruido, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não
há mais vir a ser a nenhum estado."
-- SN XXII.59
O fim de samsara
Alguns nascem no ventre humano,
malvados no inferno,
aqueles no bom caminho vão para
o paraíso,
enquanto que aqueles sem impurezas:
Nibbana.
-- Dhp. 126

A Nobre Verdade do Caminho que conduz à cessação de Dukkha


Dukkha nirodha gamini patipada ariya sacca

O Nobre Caminho Óctuplo


“Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do
sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto,
linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena
correta, concentração correta."
-- SN LVI.11
As três divisões do caminho
[Visakha, um leigo, ex-marido da Ven. Irmã Dhammadinna:] "Senhora, e os três
agregados [da virtude, concentração e discernimento] estão incluídos no Nobre
Caminho Óctuplo, ou está o Nobre Caminho Óctuplo incluído nesses três agregados?"
[Ven. Irmã Dhammadinna:] "Os três agregados não estão incluídos no Nobre Caminho
Óctuplo, amigo Visakha, mas o Nobre Caminho Óctuplo está incluído nos três
agregados. Linguagem correta, ação correta, e modo de vida correto - esses estados
estão incluídos no agregado da virtude. Esforço correto, atenção plena correta, e
concentração correta - esses estados estão incluídos no agregado da concentração.
Entendimento correto e pensamento correto - esses estados estão incluídos no agregado
da sabedoria."
-- MN 44
Um antigo caminho redescoberto
“É como se um homem caminhando por uma trilha na floresta, se deparasse com um
caminho antigo, uma estrada antiga, utilizada por pessoas em tempos passados. Ele a
seguiria. Seguindo-a ele encontraria uma antiga cidade, uma antiga capital habitada por
pessoas em tempos passados, completa com parques, bosques e lagos, murada,
encantadora. Ele se dirigiria ao rei ou ao seu ministro dizendo, ‘Senhor, você deveria
saber que caminhando por uma trilha na floresta eu vi um caminho antigo…. Eu o
segui…..eu vi uma antiga cidade, uma antiga capital…. completa com parques, bosques
e lagos, murada, encantadora. Senhor, reconstrua essa cidade !’ O rei ou o seu ministro
reconstruiria a cidade de modos que ela se tornasse poderosa, rica e com boa população,
madura e próspera.
“Da mesma forma eu vi um antigo caminho, uma antiga estrada, trilhada pelos
iluminados de tempos passados. E qual é esse antigo caminho, essa antiga estrada,
trilhada pelos iluminados de tempos passados? É este nobre caminho óctuplo:
entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de
vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta. Esse é o
antigo caminho, essa é a antiga estrada, trilhada pelos iluminados de tempos passados.
Eu segui esse caminho. Seguindo-o, cheguei ao conhecimento direto do envelhecimento
e da morte, conhecimento direto da origem do envelhecimento e da morte,
conhecimento direto da cessação do envelhecimento e da morte, conhecimento direto do
caminho que leva à cessação do envelhecimento e da morte. Eu segui esse caminho.
Seguindo-o, alcancei o conhecimento direto do nascimento …. ser/existir … apego ….
desejo … sensações … contato ….. as seis bases dos sentidos …. mentalidade-
materialidade …. consciência, conhecimento direto das formações, conhecimento direto
da origem das formações, conhecimento direto da cessação das formações,
conhecimento direto do caminho que leva à cessação das formações. Tendo o
conhecimento direto disso, o revelei para bhikkhus, bhikkhunis, discípulos leigos, para
que esta vida santa se torne bem sucedida e próspera, extensa, popular, expandida, bem
proclamada entre os devas e humanos.
-- SN XII.65
A Iluminação é alcançável somente por aqueles que seguem este caminho
Em qualquer doutrina e disciplina em que o nobre caminho óctuplo não seja encontrado,
nenhum contemplativo da primeira ... segunda ... terceira ... quarta ordem [que entrou na
correnteza, com um retorno, sem retorno, ou arahant] é encontrado. Agora, Subhadda,
neste Dhamma e Disciplina o nobre caminho óctuplo é encontrado, contemplativos da
primeira … segunda … terceira … quarta ordem são encontrados. O nobre caminho
óctuplo é encontrado nesta doutrina e disciplina e exatamente aqui existem
contemplativos da primeira … segunda … terceira … quarta ordem. Essa outras seitas
estão desprovidas de verdadeiros contemplativos; mas se nesta, os bhikkhus viverem a
vida com perfeição, o mundo não ficará vazio de Arahants.”
-- DN 16.5.27

Entendimento Correto
Samma Ditthi
Entendimento correto é o primeiro dos oito elementos do Nobre Caminho Óctuplo e,
pertence ao grupo da sabedoria

Definição
"E o que é entendimento correto? Compreensão do sofrimento, compreensão da origem
do sofrimento, compreensão da cessação do sofrimento, compreensão do caminho da
prática que conduz à cessação do sofrimento. A isto se chama entendimento correto."
-- SN XLV 8
Sua relação com os outros elementos do caminho.
"E como é que o entendimento correto vem primeiro? A pessoa compreende
entendimento incorreto como entendimento incorreto e, entendimento correto como
entendimento correto: esse é o entendimento correto de uma pessoa. E o que é
entendimento incorreto? 'Não existe nada que é dado, nada que é oferecido, nada que é
sacrificado; não existe fruto ou resultado de ações boas ou más; não existe este mundo
nem um mundo seguinte; não existe mãe, nem pai; nenhum ser que renasça
espontaneamente; não existem sacerdotes nem contemplativos bons e virtuosos que,
após terem conhecido e compreendido diretamente por eles mesmos, proclamam este
mundo e o próximo.' Isto é entendimento incorreto.
"A pessoa faz o esforço para abandonar o entendimento incorreto e penetrar o
entendimento correto: esse é o esforço correto da pessoa. A pessoa com atenção plena
abandona o entendimento incorreto e penetra e permanece com o entendimento correto.
Essa é a atenção plena de uma pessoa. Assim essas três qualidades - entendimento
correto, esforço correto e atenção plena correta – giram em torno do entendimento
correto."
-- MN 117
Um emaranhado de entendimentos incorretos
“Neste caso bhikkhus, uma pessoa comum sem instrução que não respeita os nobres,
que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles, que não respeita os homens
verdadeiros, que não é proficiente nem treinada no Dhamma deles, não entende o tipo
de coisas que merecem atenção e que tipo de coisas não merecem atenção. Assim sendo,
ela se preocupa com aquelas coisas que não merecem atenção e não se preocupa com as
coisas que merecem atenção.”
É desta forma que ela se ocupa sem sabedoria: ‘Eu existi no passado? Não existi no
passado? O que fui no passado? Como eu era no passado? Tendo sido que, no que me
tornei no passado? Existirei no futuro? Não existirei no futuro? O que serei no futuro?
Como serei no futuro? Tendo sido que, no que me tornarei no futuro?’ Ou então ela está
no seu íntimo perplexa acerca do presente: ‘Eu sou? Eu não sou? O que sou? Como
sou? De onde veio este ser? Para onde irá?’
“Quando ela se ocupa dessa forma, sem sabedoria, uma entre seis idéias surgem nela. A
idéia de que ‘um eu existe em mim’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de
que ‘um eu não existe em mim’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de que
‘eu percebo o eu através do eu’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de que
‘eu percebo o não-eu através do eu’ surge como verdadeira e consagrada; ou a idéia de
que ‘eu percebo o eu através do não-eu’ surge como verdadeira e consagrada; ou então
ela tem uma idéia como esta: ‘É esse meu eu que fala e sente e experimenta aqui e ali o
resultado de boas e más ações; mas esse meu eu é permanente, interminável, eterno, não
sujeito à mudança e que irá durar tanto tempo quanto a eternidade.’ Essas idéias
especulativas, bhikkhus, se denominam um emaranhado de idéias, uma confusão de
idéias, idéias contorcidas, idéias vacilantes, idéias que agrilhoam. Aprisionado pelas
idéias que agrilhoam, a pessoa comum sem instrução não se vê livre do nascimento,
envelhecimento e morte, da tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero; ela não se
vê livre do sofrimento, eu digo.
“Bhikkhus, um nobre discípulo bem instruído, que respeita os nobres, que é proficiente
e treinado no Dhamma deles, que respeita os homens verdadeiros, que é proficiente e
treinado no Dhamma deles, entende quais são as coisas que merecem atenção e quais
são as coisas que não merecem atenção. Sendo assim, ele não se ocupa com as coisas
que não merecem atenção, ele se ocupa com as coisas que merecem atenção.
“Ele aplica sua atenção com sabedoria, Isto é sofrimento...Esta é a origem do
sofrimento...Esta é a cessação do sofrimento...Este é o caminho que conduz à cessação
do sofrimento. Quando ele aplica a sua atenção com sabedoria desta forma, três grilhões
são abandonados: a idéia da existência de um eu, a dúvida e o apego a preceitos e
rituais."
-- MN 2
Quando o conhecimento de uma pessoa é verdadeiramente seu
[Kaccayana:] “Venerável senhor, é dito ‘Entendimento correto, entendimento correto.’
De que forma existe entendimento correto?”
[O Buda:] “Kaccayana, em geral este mundo depende de uma dualidade, a noção da
existência e a noção da não existência. Mas para aquele que vê com correta sabedoria a
origem do mundo, tal como na verdade ela ocorre, a noção da ‘não existência’ com
relação ao mundo não lhe ocorrerá. Aquele que vê com correta sabedoria a cessação do
mundo, tal como na verdade ela ocorre, a noção da ‘existência’ com relação ao mundo
não lhe ocorrerá.
“Kaccayana, em geral este mundo é aprisionado por adesões, apegos e preconceitos.
Mas uma pessoa como essa [com entendimento correto] não se envolve ou se apega
através dessas adesões, apegos, fixações mentais, inclinações ou obsessões; e ela não
toma uma determinação com relação ao ‘meu eu’; ela não tem dúvida ou perplexidade
que aquilo que surge é apenas o sofrimento surgindo, aquilo que cessa é apenas o
sofrimento cessando. O conhecimento dela com relação a isso não depende dos outros.
É com referência a isso, Kaccayana, que existe o entendimento correto.
-- SN XII.15
Abandonando o que é inábil, cultivando o que é hábil
"Não se deixem levar pelos relatos, pelas tradições, pelos rumores, por aquilo que está
nas escrituras, pela razão, pela inferência, pela analogia, pela competência (ou
confiabilidade) de alguém, por respeito por alguém, ou pelo pensamento, ‘Este
contemplativo é o nosso mestre.’ Quando vocês souberem por vocês mesmos que,
‘Essas qualidades são inábeis; essas qualidades são culpáveis; essas qualidades são
criticáveis pelos sábios; essas qualidades quando postas em prática conduzem ao mal e
ao sofrimento’ - então vocês devem abandoná-las…
"Quando vocês souberem por vocês mesmos que, ‘Essas qualidades são hábeis; essas
qualidades são isentas de culpa; essas qualidades são elogiadas pelos sábios; essas
qualidades quando postas em prática conduzem ao bem e à felicidade’ - então vocês
devem penetrar e permanecer nelas."
-- AN III.65

Ação Intencional
Kamma

Definição
"Intenção, eu lhes digo, é kamma. Pela intenção, a pessoa faz kamma através do corpo,
linguagem e mente."
-- AN VI.63

Assumindo a responsabilidade por suas próprias ações


"'Eu sou o dono das minhas ações (kamma), herdeiro das minhas ações, nascido das
minhas ações, relacionado através das minhas ações e tenho as minhas ações como
árbitro. O que quer que eu faça, para o bem ou para o mal, disso me tornarei o herdeiro'.
"Esse é um fato que deve ser contemplado por todos com freqüência, quer seja mulher
ou um homem, leigo ou ordenado.
"Agora, baseado em que linha de raciocínio alguém deve contemplar com freqüência ...
que 'Eu sou o dono das minhas ações (kamma), herdeiro das minhas ações, nascido das
minhas ações, relacionado através das minhas ações e tenho as minhas ações como
árbitro. O que quer que eu faça, para o bem ou para o mal, disso me tornarei herdeiro'?
Há seres que se conduzem de uma forma prejudicial com o corpo ... com a linguagem ...
com a mente. Porém, ao contemplar nisso com freqüência, essa conduta prejudicial com
o corpo, linguagem, e mente ou é totalmente abandonada ou é enfraquecida...
"Um nobre discípulo considera o seguinte: ‘Eu não sou o único a ser o dono das minhas
ações (kamma), herdeiro das minhas ações, nascido das minhas ações, relacionado
através das minhas ações, a ter as minhas ações como árbitro; que - o que quer que eu
faça, para o bem ou para o mal, disso me tornarei herdeiro, mas sempre que houver
seres, indo e vindo, falecendo e renascendo, todos esses seres serão os donos das suas
ações, herdeiros das suas ações, nascidos das suas ações, relacionados através das suas
ações e tendo as suas ações como árbitro. O quer que façam, para o bem ou para o mal,
disso eles se tornarão herdeiros.’ Ao contemplar isso com freqüência, os [fatores do]
caminho surgem. Ele permanece fiel ao caminho, desenvolvendo-o, cultivando-o. Ao
permanecer fiel ao caminho, desenvolvendo-o e cultivando-o, os grilhões são
abandonados, as tendências subjacentes são destruídas.”
-- AN V.57

Kamma deve ser conhecido e compreendido


"'Kamma deve ser conhecido. A causa pela qual o kamma é acionado deve ser
conhecida. As variações do kamma devem ser conhecidas. O resultado do kamma deve
ser conhecido. A cessação do kamma deve ser conhecida. O caminho da prática para a
cessação do kamma deve ser conhecido. ' Assim foi dito. Em referência a que foi dito?
"Intenção, eu lhes digo, é kamma. Pela intenção, a pessoa faz kamma através do corpo,
linguagem, e mente.
"E qual é a causa porque o kamma se manifesta? Contato é a causa pela qual kamma se
manifesta.
"E qual é a diversidade do kamma? Existe o kamma para ser experimentado no inferno,
kamma para ser experimentado no mundo dos animais, kamma para ser experimentado
no mundo dos fantasmas, kamma para ser experimentado no mundo humano, kamma
para ser experimentado no mundo dos devas. A isto se denomina a diversidade do
kamma
"E qual é o resultado do kamma? O resultado do kamma é de três tipos, eu lhes digo:
aquele que surge no aqui e agora, aquele que surge mais tarde [nesta vida ] e aquele que
surge depois desta vida. A isto se denomina o resultado do kamma.
"E qual é a cessação do kamma? Com a cessação do contato, kamma cessa; e
justamente este nobre caminho óctuplo - entendimento correto, pensamento correto,
linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena
correta, concentração correta - é o caminho da prática para a cessação do kamma.
"Agora quando um nobre discípulo compreende desse modo kamma, a causa porque
kamma se manifesta, a diversidade do kamma, o resultado do kamma, a cessação do
kamma, e o caminho da prática que conduz à cessação do kamma, então ele compreende
esta penetrante vida santa como sendo a cessação do kamma.
-- AN VI.63

Refletindo acerca das próprias ações (O Buda ensina seu jovem filho)
[O Buda:] "Como você interpreta isto, Rahula: Para que serve um espelho?"
[Rahula:] "Para refletir, senhor."
[O Buda:] "Da mesma forma, Rahula, ações corporais devem ser feitas após repetida
reflexão, ações verbais devem ser feitas após repetida reflexão e ações mentais devem
ser feitas após repetida reflexão.
“Rahula, quando você quiser praticar uma ação corporal, você deveria refletir a respeito:
'Esta ação corporal que quero praticar - conduzirá à minha própria aflição, à aflição de
outros, ou ambos? É uma ação corporal sem habilidade, com conseqüências dolorosas,
resultados dolorosos?' Se, refletindo, você sabe que conduzirá à sua própria aflição, à
aflição de outros, ou ambos; será uma ação sem habilidade com conseqüências
dolorosas, resultados dolorosos, então qualquer ação corporal desse tipo é totalmente
inadequada. Porém se refletindo, você sabe que não causará aflição...será uma ação
habilidosa com felizes conseqüências, felizes resultados, então qualquer ação corporal
desse tipo é adequada.
...(Da mesma forma para ações verbais e ações mentais)...
"Enquanto você estiver praticando uma ação corporal, você deveria refletir a seu
respeito: 'Esta ação corporal que estou praticando - conduzirá à minha própria aflição, à
afliição de outros, ou ambos? É uma ação corporal sem habilidade, com conseqüências
dolorosas, resultados dolorosos?' Se, refletindo, você sabe que conduzirá à sua própria
aflição, à aflição de outros, ou ambos...você deveria desistir dela. Porém se refletindo
você sabe que não é...você pode continuar com a ação corporal.
...(Da mesma forma para ações verbais e ações mentais)...
"Tendo praticado uma ação corporal, você deveria refletir a respeito ... se, refletindo,
você sabe que conduziu à sua própria aflição, à aflição de outros, ou ambos; foi uma
ação sem habilidade com conseqüências dolorosas, resultados dolorosos, então você
deveria confessá-la, revelá-la, abri-la para o Mestre ou um sábio companheiro na vida
santa. Tendo confessado...você deve exercer contenção no futuro. Porém se refletindo
você sabe que não conduziu à aflição...foi um ação corporal habilidosa com
conseqüências felizes, resultados felizes, então você deveria se sentir mentalmente
renovado e contente, treinando dia e noite nos estados benéficos.
...(Da mesma forma com ações verbais e ações mentais)...
"Rahula, todos os sacerdotes e contemplativos no passado que purificaram as suas ações
corporais, ações verbais e ações mentais, o fizeram através de uma repetida reflexão
dessa mesma forma. Todos os sacerdotes e contemplativos no futuro que purificarão as
suas ações corporais, ações verbais e ações mentais, o farão através de uma repetida
reflexão dessa mesma forma. Todos os sacerdotes e contemplativos que no presente
purificam as suas ações corporais, ações verbais e ações mentais, o fazem através de
uma repetida reflexão dessa mesma forma. Portanto, Rahula, você deve treinar dessa
forma: 'Eu purificarei minhas ações corporais, ações verbais e ações mentais através da
repetida reflexão.'"
-- MN 61

Cinco coisas que podem ser ganhas agindo sabiamente


"Essas cinco coisas são bem vindas, agradáveis, prazerosas e difíceis de obter no
mundo. Quais cinco? Vida longa ... beleza ... prazer ... status ... renascimento no
paraíso. Agora, eu lhe digo, essas cinco coisas não são obtidas através de preces ou
desejos, se fossem obtidas através de preces ou desejos quem aqui não as teria? Não é
adequado que o nobre discípulo que deseja vida longa reze para isso ou se delicie
agindo assim. Ao invés disso, o nobre discípulo que deseja vida longa deveria seguir o
caminho da prática que conduz à vida longa. Agindo assim, ele obterá vida longa,
humana ou divina....( Da mesma forma com beleza, prazer, status, e renascimento no
paraíso)..."
-- AN V.43

Amizade admirável
Kalyanamittata

Definição
"E o que significa ter pessoas admiráveis como bons amigos? É o caso em que um leigo,
em qualquer cidade ou vilarejo que ele viva, ele passa o tempo com chefes de família ou
filhos de chefes de família, jovens ou idosos, que possuem a virtude desenvolvida. Ele
conversa com eles, participa de discussões com eles. Ele emula a convicção consumada
daqueles que são consumados em convicção, virtude consumada daqueles que são
consumados em virtude, generosidade consumada daqueles que são consumados em
generosidade e sabedoria consumada daqueles que são consumados em sabedoria. A
isto se denomina ter pessoas admiráveis como bons amigos.."
-- AN VIII.54
Uma razão para o desenvolvimento de qualidades hábeis
"Com relação a fatores externos, eu não vejo nenhum outro único fator como a amizade
com pessoas admiráveis que faça tanto por um bhikkhu em treinamento, que ainda não
atingiu o objetivo mas que permanece decidido a alcançar a insuperável libertação do
apego. Um bhikkhu que tem amizade com pessoas admiráveis abandona o que não é
hábil e desenvolve o que é hábil."
-- It 17
Escolha seus companheiros com cuidado
"Existem quatro escoadouros da fortuna de uma pessoa: ser seduzida pela sensualidade;
ser seduzida pela bebida; ser seduzida pelo jogo; e ter pessoas más como amigos,
associados e companheiros. Tal como se houvesse um grande reservatório com quatro
condutos e quatro escoadouros e um homem fechasse os condutos e abrisse os
escoadouros e o céu não vertesse chuvas adequadas, o esgotamento daquele grande
reservatório poderia ser previsto, não o seu incremento. Da mesma forma, existem esses
quatro escoadouros da fortuna de uma pessoa: ser seduzida pela sensualidade; ser
seduzida pela bebida; ser seduzida pelo jogo; e ter pessoas más como amigos,
associados e companheiros."
-- AN VIII.54
Um pré requisito para a iluminação
“Se errantes membros de outras seitas lhe perguntassem, ‘O que, amigo, são os pré
requisitos para o desenvolvimento dos apoios para a iluminação?’ Vocês deveriam
responder, ‘É o caso em que um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos,
companheiros e camaradas. Esse é o primeiro requisito para o desenvolvimento dos
apoios para a iluminação.
-- AN IX.1
O todo da vida santa
Então o venerável Ananda foi até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentou a um
lado e disse:
“Venerável senhor, isto é metade da vida santa, ter pessoas admiráveis como bons
amigos, companheiros e camaradas.”
“Não diga isso, Ananda. Não diga isso, Ananda. Essa é toda a vida santa, Ananda, isto
é, ter pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas. Quando um
bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas, é de se
esperar que ele desenvolva e se dedique ao nobre caminho óctuplo.
“E como, Ananda, um bhikkhu que tem pessoas admiráveis como bons amigos,
companheiros e camaradas desenvolve e se dedica ao nobre caminho óctuplo? Aqui,
Ananda, um bhikkhu desenvolve o entendimento correto que tem por base o
afastamento, o desapego e a cessação, que amadurece no abandono. Ele desenvolve o
pensamento correto ... linguagem correta ... ação correta ... modo de vida correto ...
esforço correto ... atenção plena correta ... concentração correta que tem por base o
afastamento, o desapego e a cessação, que amadurece no abandono. Assim é como um
bhikkhu que tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas
desenvolve e se dedica ao nobre caminho óctuplo.
“E seguindo esse método, Ananda, também é possível compreender como toda a vida
santa é ter pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas: é
contando comigo como um bom amigo que os seres sujeitos ao nascimento se libertam
do nascimento, que os seres sujeitos ao envelhecimento se libertam do envelhecimento,
que os seres sujeitos à morte se libertam da morte, que os seres sujeitos à tristeza,
lamentação, dor, angústia e desespero se libertam da tristeza, lamentação, dor, angústia
e desespero. Seguindo esse método, Ananda, é possível compreender como toda a vida
santa é ter pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e camaradas.”
-- SN XLV.2
Os benefícios de ter pessoas admiráveis como amigos
"Quando um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e
camaradas, pode-se esperar que ele será virtuoso, será contido de acordo com o
Patimokka, perfeito na conduta e na sua esfera de atividades. Temendo a menor falha,
ele treinará adotando os preceitos de virtude.
" Quando um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros e
camaradas, pode-se esperar que ele ouvirá de acordo com sua vontade, com facilidade e
sem dificuldade, linguagem que deveras é circunspecta e que leva a abrir a mente, isto é,
conversa acerca de ter poucas necessidades, acerca da satisfação, acerca do isolamento,
de não estar enredado, de estimular a persistência, acerca da virtude, acerca da
concentração, acerca da sabedoria, acerca da libertação, e do conhecimento e visão da
libertação.
" Quando um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros, e
camaradas, pode-se esperar que ele permaneça com a sua energia estimulada para o
abandono de qualidades mentais prejudiciais e para a obtenção de qualidades mentais
benéficas; ele será decidido, firme no seu esforço, sem se esquivar das suas
responsabilidades com relação ao cultivo de qualidades mentais benéficas.
" Quando um bhikkhu tem pessoas admiráveis como bons amigos, companheiros, e
camaradas, pode-se esperar que ele terá completa compreensão da origem e cessação -
nobre, penetrante, que conduz ao fim do sofrimento."
-- AN.IX.1
Qualidades de um professor do Dhamma
"Não é fácil ensinar o Dhamma a outros, Ananda. O Dhamma deveria ser ensinado a
outros somente quando cinco qualidades estiverem estabelecidas na pessoa que ensina.
Quais cinco?
"[1] O Dhamma deve ser ensinado com o seguinte pensamento, 'Eu falarei passo a
passo.'
"[2] O Dhamma deve ser ensinado com o seguinte pensamento, ‘ Eu falarei explicando
a seqüência [de causa e efeito].'
"[3] O Dhamma deve ser ensinado com o seguinte pensamento, ‘ Eu falarei por
compaixão.’
"[4] O Dhamma deve ser ensinado com o seguinte pensamento, "Eu falarei sem o
propósito de recompensa material.’
"[5] O Dhamma deve ser ensinado com o seguinte pensamento, ‘Eu falarei sem
menosprezar a mim ou aos outros.’
"Não é fácil ensinar o Dhamma a outros, Ananda. O Dhamma deve ser ensinado a
outros somente quando essas cinco qualidades estiverem estabelecidas na pessoa que
ensina.
-- AN V.159
Mantendo a companhia dos sábios
É bom ver os Nobres.
Bem-aventurada a sua companhia - sempre.
Não vendo os tolos
constantemente, constantemente
a pessoa seria feliz.
Pois, vivendo com um tolo,
a pessoa sofre por um longo tempo.
A comunhão com tolos é dolorosa,
como com um inimigo -
sempre.
Feliz é a comunhão
com o iluminado,
como uma reunião de parentes.
Assim:
o homem iluminado -
com sabedoria, instruído,
persistente, dócil, nobre,
inteligente, um homem de integridade:
siga-o
-- alguém como ele --
como a lua, segue o caminho
das estrelas do zodíaco .
-- Dhp 206, 207, 208
Nunca com um companheiro ruim
Eu estou cego,
os meus olhos estão destruídos
Eu tropecei
em uma trilha na floresta.
Mesmo
se eu precisar rastejar,
eu continuarei,
porém não com um companheiro ruim.
-- Thag 95

Pensamento Correto
Samma Sankappo

Pensamento Correto é o segundo dos oito elementos que compõem o Nobre Caminho
Óctuplo e pertence ao grupo da sabedoria

Definição
"E o que é pensamento correto? O pensamento da renúncia, de estar livre da má vontade
e de estar livre da crueldade. A isto se chama pensamento correto."
-- SN XLV.8
Cultivando pensamentos hábeis
" E como alguém se torna puro de três formas pela ação mental? É o caso em que
alguém não é cobiçoso. Ele não cobiça as posses dos outros, pensando, 'Ah, que aquilo
que pertence aos outros seja meu!' A sua mente não possui má vontade e as suas
intenções estão isentas de raiva: 'Que esses seres possam estar livres da inimizade,
aflição e ansiedade! Que eles vivam felizes!’ Ele tem entendimento correto e não vê as
coisas de forma distorcida: ‘Existe aquilo que é dado e o que é oferecido e o que é
sacrificado; existe fruto e resultado de boas e más ações; existe este mundo e o outro
mundo; existe a mãe e o pai; existem seres que renascem espontaneamente; existem no
mundo brâmanes e contemplativos bons e virtuosos que, após terem conhecido e
compreendido diretamente por eles mesmos, proclamam este mundo e o próximo.’
-- AN X.176
A sua relação com os outros elementos do caminho
" E como é que o entendimento correto vem primeiro? A pessoa compreende
pensamento incorreto como pensamento incorreto e pensamento correto como
pensamento correto. E o que é pensamento incorreto? O pensamento de sensualidade, o
pensamento de má vontade, o pensamento de crueldade: isso é pensamento incorreto...
"A pessoa faz o esforço para abandonar o pensamento incorreto e penetrar no
pensamento correto: Esse é o esforço correto da pessoa. A pessoa com atenção plena
abandona o pensamento incorreto e penetra e permanece no pensamento correto: Essa é
a atenção plena correta da pessoa. Dessa forma essas três qualidades - entendimento
correto, pensamento correto e atenção plena correta – giram em torno do entendimento
correto."
-- MN 117
Dividindo o pensamento em duas categorias
“Bhikkhus, antes da minha iluminação, quando eu ainda era apenas um Bodisatva não
iluminado, eu pensei: ‘E se eu dividisse os meus pensamentos em duas categorias.’
Então coloquei de um lado os pensamentos de desejo sensual, pensamentos de má
vontade e pensamentos de crueldade; e coloquei do outro lado os pensamentos de
renúncia, pensamentos de não má vontade e pensamentos de não crueldade.
“Enquanto assim permanecia, diligente, ardente e decidido, um pensamento de desejo
sensual surgiu em mim. Eu compreendi desta forma: ‘Este pensamento de desejo
sensual surgiu em mim. Isso conduz à minha própria aflição, à aflição dos outros e à
aflição de ambos; isso obstrui a sabedoria, causa dificuldades, e afasta de Nibbana.’ Ao
pensar: ‘Isto conduz à minha própria aflição,’ aquilo arrefeceu em mim; ao pensar: ‘Isto
conduz à aflição dos outros,’ aquilo arrefeceu em mim; ao pensar: ‘Isto conduz à aflição
de ambos,’ aquilo arrefeceu em mim; ao pensar: ‘Isso obstrui a visão, causa
dificuldades, e afasta de Nibbana,’ aquilo arrefeceu em mim. Sempre que um desejo
sensual surgia em mim, eu o abandonava, o removia, o eliminava.
“Enquanto assim permanecia, diligente, ardente e decidido, um pensamento de má
vontade surgiu em mim…um pensamento de crueldade surgiu em mim. Eu compreendi
desta forma: ‘Este pensamento de crueldade surgiu em mim. Isso conduz à minha
própria aflição, à aflição dos outros e à aflição de ambos; isso obstrui a sabedoria, causa
dificuldades, e afasta de Nibbana.’ Ao pensar: ‘Isto conduz à minha própria aflição,’
aquilo arrefeceu em mim; ao pensar: ‘Isto conduz à aflição dos outros,’ aquilo arrefeceu
em mim; ao pensar: ‘Isto conduz à aflição de ambos,’ aquilo arrefeceu em mim; ao
pensar: ‘Isso obstrui a visão, causa dificuldades, e afasta de Nibbana,’ aquilo arrefeceu
em mim. Sempre que um pensamento de crueldade surgia em mim, eu o abandonava, o
removia, o eliminava.
“Bhikkhus, qualquer coisa na qual um bhikkhu pense e pondere com freqüência, essa
passará a ser a tendência da sua mente. Se ele pensar e ponderar com freqüência
pensamentos de desejo sensual, ele terá abandonado o pensamento da renúncia para
cultivar o pensamento do desejo sensual, e então a sua mente irá tender para os
pensamentos desejo sensual. Se ele pensar e ponderar com freqüência pensamentos de
má vontade…pensamentos de crueldade, ele terá abandonado o pensamento da não
crueldade para cultivar o pensamento da crueldade, e então a sua mente irá tender para
os pensamentos de crueldade.
-- MN 19
Refletindo sobre as ações que praticamos
“Rahula, quando você quiser praticar uma ação com o corpo, você deveria refletir a
respeito: 'Esta ação corporal que quero praticar - conduzirá à minha própria aflição, à
afliição de outros, ou ambos? É uma ação corporal sem habilidade, com conseqüências
dolorosas, resultados dolorosos?' Se, refletindo, você sabe que conduzirá à sua própria
aflição, à aflição de outros, ou ambos; será uma ação sem habilidade com conseqüências
dolorosas, resultados dolorosos, então qualquer ação corporal desse tipo é totalmente
inadequada. Porém se refletindo, você sabe que não causará aflição...será uma ação
habilidosa com felizes conseqüências, felizes resultados, então qualquer ação corporal
desse tipo é adequada..
"Também, Rahula, enquanto você estiver praticando uma ação com o corpo, você
deveria refletir a seu respeito: 'Esta ação corporal que estou praticando - conduzirá à
minha própria aflição, à aflição de outros, ou ambos? É uma ação corporal sem
habilidade, com conseqüências dolorosas, resultados dolorosos?' Se, refletindo, você
sabe que conduzirá à sua própria aflição, à aflição de outros, ou ambos...você deveria
desistir dela. Porém se refletindo você sabe que não é...você pode continuar com a ação
corporal..
“Também, Rahula, tendo praticado uma ação corporal, você deveria refletir a respeito ...
se, refletindo, você sabe que conduziu à sua própria aflição, à aflição de outros, ou
ambos; foi uma ação sem habilidade com conseqüências dolorosas, resultados
dolorosos, então você deveria confessá-la, revelá-la, abri-la para o Mestre ou um sábio
companheiro na vida santa. Tendo confessado...você deve exercer contenção no
futuro.Porém se refletindo você sabe que não conduziu à aflição...foi um ação corporal
habilidosa com conseqüências felizes, resultados felizes, então você deveria se sentir
mentalmente renovado e contente, treinando dia e noite nos estados benéficos.
...[da mesma forma para ações verbais e mentais]...
" Portanto, Rahula, você deve treinar dessa forma: 'Eu purificarei minhas ações
corporais, ações verbais e ações mentais através da repetida reflexão."
-- MN 61
Amor bondade
"Aqui, bhikkhus, uma certa pessoa permanece permeando o primeiro quadrante com a
mente imbuída de amor bondade, da mesma forma o segundo, da mesma forma o
terceiro, da mesma forma o quarto; assim acima, abaixo, em volta e em todos os
lugares, para todos bem como para si mesma, ela permanece permeando o mundo todo
com a mente imbuída de amor bondade, abundante, transcendente, imensurável, sem
hostilidade e sem má vontade."
-- AN IV.125
Para si mesmo, para os outros
“De duas pessoas que praticam o Dhamma de acordo com o Dhamma, tendo noção do
Dhamma, tendo noção do significado – uma pratica tanto para o seu benefício como o
benefício dos outros, e outra pratica para o seu próprio benefício porém não para o
benefício dos outros - aquela que pratica para o seu próprio benefício porém não para o
benefício dos outros deve ser criticada por isso, aquela que pratica tanto para o seu
benefício como para o benefício dos outros deve ser elogiada por isso.”
-- AN VII.64

Linguagem Correta
Samma Vaca
Linguagem Correta é o terceiro dos oito elementos do Nobre Caminho Óctuplo e,
pertence ao grupo da virtude
Definição
"E o que é a linguagem correta? Abster-se da linguagem mentirosa, da linguagem
maliciosa, da linguagem grosseira e da linguagem frívola. A isto se chama linguagem
correta."
-- SN XLV.8
Cinco elementos para a linguagem correta
“Bhikkhus, um enunciado dotado com estes cinco elementos é bem falado, não é mal
falado. Não será passível de crítica e censura pelos sábios. Quais cinco?
“É falado no momento apropriado. Contém a verdade. Falado com afeição. Falado para
trazer benefício. Falado com a mente plena com amor bondade.”
-- AN V.198

O perigo em mentir
"Para a pessoa que transgride em uma coisa, eu lhes digo, não haverá nenhum mal que
não possa ser cometido. Qual coisa? Isto: dizer uma mentira de forma deliberada."
A pessoa que mente,
que transgride nessa única coisa,
sem tomar em conta o próximo mundo:
não existe mal
que ela não possa cometer.
-- It 25
Auto purificação através da cuidadosa escolha da linguagem
" E como alguém se torna puro de quatro formas pela ação verbal? É o caso em que
alguém, abandonando a linguagem mentirosa, se abstém da linguagem mentirosa; tendo
sido chamado para uma corte, uma reunião, um encontro com seus parentes, com a sua
corporação, com a família real, se assim for questionado como testemunha: 'Então, bom
homem, diga o que você sabe,' se ele não souber, dirá, 'Eu não sei'; se ele souber, dirá,
'Eu sei'; se ele não viu, dirá, 'Eu não vi'; se ele viu, dirá, 'Eu vi'. Assim com plena
consciência ele não conta mentiras em seu próprio benefício, pelo benefício de outros
ou para obter algum benefício mundano insignificante. Abandonando a linguagem
maliciosa, ele se abstém da linguagem maliciosa; o que ouviu aqui ele não conta ali para
separar aquelas pessoas destas, ou, o que ouviu lá ele não conta aqui para separar estas
pessoas daquelas; assim ele reconcilia aquelas pessoas que estão divididas, promove a
amizade, ele ama a concórdia, se delicia com a concórdia, desfruta da concórdia, diz
coisas que criam a concórdia. Abandonando a linguagem grosseira, ele se abstém da
linguagem grosseira. Ele diz palavras que são gentis, que agradam aos ouvidos,
carinhosas, que penetram o coração, que são corteses, desejadas por muitos e que
agradam a muitos. Abandonando a linguagem frívola, ele se abstém da linguagem
frívola. Ele fala na hora certa, diz o que é fato, aquilo que é bom, fala de acordo com o
Dhamma e a Disciplina; nas horas adequadas ela diz palavras que são úteis, racionais,
moderadas e que trazem benefício. Assim é como alguém se torna puro de quatro
formas pela ação verbal.
-- AN X.176
Sua relação com os demais elementos do caminho
"E como é que o entendimento correto vem primeiro? A pessoa compreende a
linguagem incorreta como linguagem incorreta e linguagem correta como linguagem
correta. E o que é linguagem incorreta? Linguagem mentirosa, linguagem maliciosa,
linguagem grosseira e linguagem frívola: isto é linguagem incorreta.
"A pessoa faz o esforço para abandonar a linguagem incorreta e penetrar a linguagem
correta: esse é o esforço correto da pessoa. A pessoa com atenção plena abandona a
linguagem incorreta e penetra e permanece com a linguagem correta: Essa é a atenção
plena correta da pessoa. Assim essas três qualidades - entendimento correto, esforço
correto, e atenção plena correta – giram em torno da linguagem correta."
-- MN 117
O critério para decidir aquilo que vale a pena ser dito
[1] "No caso de palavras que o Tathagata sabe que não correspondem aos fatos,
inverdades, não trazem nenhum benefício ( ou não estão conectadas com o objetivo ),
antipáticas e desagradáveis para os outros, ele não as diz.
[2] "No caso de palavras que o Tathagata sabe que são fatuais, verdadeiras, não trazem
nenhum benefício, antipáticas e desagradáveis para os outros, ele não as diz.
[3] "No caso de palavras que o Tathagata sabe que são fatuais, verdadeiras, benéficas,
porém antipáticas e desagradáveis, ele possui o bom senso do momento correto de dizê-
las.
[4] "No caso de palavras que o Tathagata sabe que não correspondem aos fatos,
inverdades, não trazem nenhum benefício porém são simpáticas e agradáveis para os
outros, ele não as diz.
[5] "No caso de palavras que o Tathagata sabe que são fatuais, verdadeiras, não trazem
nenhum benefício, porém são simpáticas e agradáveis para os outros, ele não as diz.
[6] "No caso de palavras que o Tathagata sabe que são fatuais, verdadeiras, benéficas, e
simpáticas e agradáveis para os outros, ele possui o bom senso do momento correto de
dizê-las. Por que isso? Porque o Tathagata tem compaixão pelos seres vivos."
-- MN 58
Diga somente as palavras
que não tormentem
nem prejudiquem os outros.
Essas são as palavras verdadeiramente bem ditas.
Diga somente palavras simpáticas,
palavras que são bem recebidas.
Palavras que não trazem qualquer mal
para os outros
serão agradáveis.
-- Sn III.3
Reflita acerca da sua linguagem antes, durante e após falar...
[O Buda fala com seu filho, Rahula:] “Rahula, quando você quiser praticar uma ação
verbal, você deveria refletir a respeito: 'Esta ação verbal que quero praticar - conduzirá à
minha própria aflição, à aflição de outros, ou ambos? É uma ação verbal sem
habilidade, com conseqüências dolorosas, resultados dolorosos?' Se, refletindo, você
sabe que conduzirá à sua própria aflição, à aflição de outros, ou ambos; será uma ação
sem habilidade com conseqüências dolorosas, resultados dolorosos, então qualquer ação
verbal desse tipo é totalmente inadequada. Porém se refletindo, você sabe que não
causará aflição...será uma ação habilidosa com felizes conseqüências, felizes resultados,
então qualquer ação verbal desse tipo é adequada.
"Também, Rahula, enquanto você estiver praticando uma ação verbal, você deveria
refletir a seu respeito: 'Esta ação verbal que estou praticando - conduzirá à minha
própria aflição, à aflição de outros, ou ambos? É uma ação verbal sem habilidade, com
conseqüências dolorosas, resultados dolorosos?' Se, refletindo, você sabe que conduzirá
à sua própria aflição, à aflição de outros, ou ambos...você deveria desistir dela. Porém
se refletindo você sabe que não é...você pode continuar com a ação verbal.
“Também, Rahula, tendo praticado uma ação verbal, você deveria refletir a respeito ...
se, refletindo, você sabe que conduziu à sua própria aflição, à aflição de outros, ou
ambos; foi uma ação sem habilidade com conseqüências dolorosas, resultados
dolorosos, então você deveria confessá-la, revelá-la, abri-la para o Mestre ou um sábio
companheiro na vida santa. Tendo confessado...você deve exercer contenção no futuro.
Porém se refletindo você sabe que não conduziu à aflição...foi um ação verbal
habilidosa com conseqüências felizes, resultados felizes, então você deveria se sentir
mentalmente renovado e contente, treinando dia e noite nos estados benéficos.
-- MN 61
Tipos de linguagem que deve ser evitada por contemplativos
"Enquanto que alguns sacerdotes e contemplativos, vivendo de alimentos dados em boa
fé, estão habituados a falar de tópicos inferiores tais como estes – falar sobre reis,
ladrões, ministros de estado, exércitos, alarmes e batalhas; comida e bebida, roupas,
mobília, ornamentos e perfumes, parentes; veículos; vilarejos, vilas, cidades, o campo;
mulheres e heróis; as fofocas das ruas e do poço; contos dos mortos; contos da
diversidade (discussões filosóficas do passado e futuro), a criação do mundo e do mar e
falar sobre a existência ou não das coisas – ele se abstém de falar de tópicos inferiores
tais como esses. Isto, também, é parte da sua virtude.
"Enquanto que alguns sacerdotes e contemplativos, vivendo de alimentos dados em boa
fé, estão habituados a debates tais como estes – ‘Você entende esta doutrina e
disciplina? Eu sou aquele que entende esta doutrina e disciplina. Como pode você
entender esta doutrina e disciplina? A sua prática é incorreta. Eu pratico corretamente.
Eu sou consistente. Você não é. O que deve ser dito primeiro você fala por último. O
que deve ser dito por último você fala primeiro. O que lhe tardou tanto tempo para
pensar foi refutado. A sua doutrina foi derrubada. Você está derrotado. Vá e tente salvar
a sua doutrina; solte a si mesmo se você puder!' – ele se abstém de debates tais como
estes. Isto, também, é parte da sua virtude."
-- DN 2
Dez tópicos saudáveis de conversação
"Existem esses dez tópicos [adequados] de conversação. Quais dez? Falar sobre ter
poucas necessidades, sobre a satisfação, sobre o isolamento, sobre não estar enredado,
sobre estimular a energia, sobre a virtude, sobre a concentração, sobre a sabedoria,
sobre a libertação, e sobre o conhecimento e a visão da libertação. Esses são os dez
tópicos de conversação. Se vocês conversassem repetidamente sobre esses tópicos de
conversação, vocês ofuscariam até o sol e a lua com o seu brilho, tão forte, tão poderoso
- para não dizer nada dos errantes de outras seitas."
-- AN X.69
Como chamar a atenção de alguém de maneira hábil
"Bhikkhus, um bhikkhu que deseja chamar a atenção de um outro deve fazê-lo após
investigar cinco condições nele mesmo e depois de estabelecer cinco outras condições
nele mesmo. Quais são as cinco condições que ele deveria investigar nele mesmo?
[1] "Sou aquele que pratica a pureza nas ações corporais, sem defeitos, imaculado...?
[2] "Sou aquele que pratica a pureza nas ações verbais, sem defeitos, imaculado...?
[3] "O coração com boa vontade, livre de malícia, está estabelecido em mim em relação
aos companheiros da vida santa...?
[4] "Sou ou não sou aquele que já ouviu muito, que mantém na mente aquilo que ouviu,
que memoriza aquilo que ouviu? Esses ensinamentos que são bons no início, bons no
meio, bons no final com o correto fraseado e significado e que revelam uma vida santa
que é perfeita e imaculada - esses ensinamentos foram ouvidos muito por mim,
memorizados, investigados e compreendidos através da sabedoria...?
[5] "O Patimokkha [regras de conduta para bhikkhus e bhikkhunis] está em sua
totalidade memorizado, bem analisado com profundo conhecimento do seu significado,
claramente dividido sutta por sutta e conhecido nos seus mínimos detalhes...?
"Essas cinco condições devem ser investigadas nele mesmo.
"E quais outras cinco condições que devem estar estabelecidas nele mesmo?
[1] "Falo no momento correto, ou não?
[2] "Falo acerca de fatos, ou não?
[3] "Falo de maneira gentil ou rude?
[4] "Falo palavras úteis ou não?
[5] "Falo com o coração gentil ou internamente existe malícia?
"Bhikkhus, essas cinco condições devem ser investigadas nele mesmo a as últimas cinco
devem ser estabelecidas nele mesmo pelo bhikkhu que deseja chamar a atenção de um
outro."
-- AN V (Do ‘The Patimokkha’, tr. Ñanamoli Thera)

Ação Correta
Samma Kammanto
Ação Correta é o quarto elemento do Nobre Caminho Óctuplo e pertence ao grupo da
virtude

Definição
"E o que é ação correta? Abster-se de destruir a vida, abster-se de tomar aquilo que não
for dado, abster-se da conduta sexual imprópria. A isto se chama de ação correta."
-- SN XLV.8
Sua relação com os demais elementos do caminho
"E como é que o entendimento correto vem primeiro? A pessoa compreende a ação
incorreta como ação incorreta, e ação correta como ação correta. E o que é ação
incorreta? Matar seres vivos, tomar aquilo que não é dado e comportamento impróprio
em relação aos prazeres sensuais: essa é a ação incorreta.
"A pessoa faz o esforço para abandonar a ação incorreta e entrar na ação correta: Esse é
o esforço correto da pessoa. A pessoa com atenção plena abandona abandona a ação
incorreta e entra e permanece na ação correta: essa é a atenção plena correta da pessoa.
Assim essas três qualidades - entendimento correto, esforço correto, e atenção plena
correta – giram em torno da ação correta."
-- MN 117
Uma vida vivida com habilidade
"Tendo assim abandonado a vida comum, seguindo o treinamento e o modo de vida dos
bhikkhus, abandonando tirar a vida de outros seres, ele se abstém de tirar a vida de
outros seres; ele permanece com a sua vara e arma postas de lado, bondoso e gentil,
compassivo com todos os seres vivos. Abandonando tomar o que não seja dado, ele se
abstém de tomar o que não é dado; ele não toma, como se fosse um ladrão, os bens e
propriedades de outros em um vilarejo ou na floresta. Abandonando o não celibato, ele
vive uma vida celibatária, distante, refreando-se do ato sexual que é a maneira de
comportar-se dos aldeãos.
-- AN X 99
A habilidade de uma pessoa leiga
"E como alguém se torna puro de três formas pela ação corporal? É o caso em que
alguém, abandonando matar seres vivos, se abstém de matar seres vivos; ele permanece
com a sua vara e arma postas de lado, bondoso e gentil, compassivo com todos os seres
vivos. Abandonando tomar o que não seja dado, ele se abstém de tomar o que não é
dado; ele não toma, como se fosse um ladrão, os bens e propriedades de outros num
vilarejo ou na floresta. Abandonando a conduta imprópria com relação aos prazeres
sensuais, ele se abstém da conduta imprópria com relação aos prazeres sensuais; ele não
se envolve sexualmente com quem está sob a proteção da mãe, do pai, dos irmãos, das
irmãs, dos parentes, que possuem esposo, protegidas pela lei ou mesmo com quem
esteja coroada de flores por um outro homem. Assim é como alguém se torna puro de
três formas pela ação corporal.
-- AN X.176

Modo de Vida Correto


Samma Ajivo
Modo de Vida Correto é o quinto dos oito elementos do Nobre Caminho Óctuplo e faz
parte do grupo da virtude

Definição
"E o que é modo de vida correto? Aqui um nobre discípulo, tendo abandonado o modo
de vida incorreto, obtém o seu sustento através do modo de vida correto. A isto se
chama modo de vida correto."
-- SN XLV.8
Um modo de vida equilibrado
"E o que significa manter um modo de vida equilibrado? É o caso em que um leigo,
conhecendo a sua receita e despesa, mantém um modo de vida equilibrado, nem
perdulário nem mesquinho, [pensando], 'Dessa forma a minha receita irá exceder minha
despesa e a minha despesa não irá exceder a minha receita'. Tal como um pesador ou
seu aprendiz, ao segurar a balança, sabe, 'Ela se inclinou para baixo este tanto ou se
inclinou para cima este tanto', da mesma forma, o leigo, conhecendo a sua receita e
despesa, mantém um modo de vida equilibrado, nem perdulário nem mesquinho,
[pensando], ‘Dessa forma a minha receita irá exceder minha despesa e a minha despesa
não irá exceder a minha receita'.
-- AN VIII.54
Sua relação com os demais elementos do caminho
"E como que o entendimento correto vem primeiro? A pessoa compreende o modo de
vida incorreto como modo de vida incorreto, e modo de vida correto como modo de
vida correto. E o que é modo de vida incorreto? Maquinar, conversar, insinuar,
depreciar e perseguir o ganho com o ganho: isso é modo de vida incorreto...
"A pessoa faz esforço para abandonar o modo de vida incorreto e entrar no modo de
vida correto: Esse é o esforço correto da pessoa. A pessoa com atenção plena abandona
o modo de vida incorreto e entra e permanece no modo de vida correto: essa é a atenção
plena correta da pessoa. Assim essas três qualidades - entendimento correto, esforço
correto, e atenção plena correta – giram em torno do modo de vida correto."
-- MN 117
Modo de vida incorreto para discípulos leigos
"Bhikkhus, um discípulo leigo não deve se dedicar a cinco tipos de negócios. Quais
cinco? Negociar com armas, seres humanos, carne, embriagantes e venenos."
-- AN V.177
Modo de vida incorreto para contemplativos
...
leitura de marcas nos membros [ex: quiromancia];
leitura de presságios e sinais;
interpretação de eventos celestiais [estrelas cadentes, cometas];
interpretação de sonhos;
leitura de marcas no corpo [ex: frenologia];
leitura de marcas em tecidos roídos por ratos;
oferecimento de uma oblação com o fogo, oblação de uma concha, oblação de palhas,
grãos de arroz, gorduras, e óleo;
oferecimento de oblações com a boca;
oferecimento de sacrifícios de sangue;
fazer previsões baseadas nas pontas dos dedos;
geomancia;
deitar demônios em um cemitério;
colocar feitiços em espíritos;
recitar feitiços protetores em casas;
encantar serpentes, pajelança com venenos, pajelança com escorpiões, pajelança com
ratos, pajelança com pássaros, pajelança com corvos;
ler a sorte com base em visões;
dar amuletos protetores;
interpretar o chamado de pássaros e animais
...
[a lista continua]
-- DN 2

Esforço Correto
Samma Vayamo
Esforço Correto é o sexto dos oito elementos do Nobre Caminho Óctuplo e pertence ao
grupo da concentração

Definição ( os quatro Esforços Corretos):


"E o que é esforço correto? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu gera desejo para que não
surjam estados ruins e prejudiciais que ainda não surgiram e ele se aplica, estimula a sua
energia, empenha a sua mente e se esforça. (ii) Ele gera desejo em abandonar estados
ruins e prejudiciais que já surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a
sua mente e se esforça. (iii) Ele gera desejo para que surjam estados benéficos que ainda
não surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça.
(iv) Ele gera desejo para a continuidade, o não desaparecimento, o fortalecimento, o
incremento e a realização através do desenvolvimento de estados benéficos que já
surgiram e ele se aplica, estimula a sua energia, empenha a sua mente e se esforça. A
isto se denomina esforço correto."
-- SN XLV.8
Abandonando os fatores incorretos do caminho
" A pessoa faz o esforço para abandonar o entendimento incorreto e penetrar no
entendimento correto: Esse é o esforço correto da pessoa...
" A pessoa faz o esforço para abandonar o pensamento incorreto e penetrar no
pensamento correto: Esse é o esforço correto da pessoa...
" A pessoa faz o esforço para abandonar a linguagem incorreta e penetrar na linguagem
correta: Esse é o esforço correto da pessoa...
" A pessoa faz o esforço para abandonar a ação incorreta e penetrar na ação correta:
Esse é o esforço correto da pessoa...
" A pessoa faz o esforço para abandonar o modo de vida incorreto e penetrar no modo
de vida correto: Esse é o esforço correto da pessoa...
-- MN 117
O mesmo que afinar um instrumento musical
Então, quando o Ven. Sona estava meditando em isolamento [após fazer meditação
andando até que a pele da sola dos pés estivesse cortada e sangrando], este pensamento
surgiu na sua mente: “Dos discípulos do Abençoado que possuem a energia estimulada,
eu sou um deles, porém a minha mente não está libertada das impurezas através do
desapego. Agora, minha família possui riqueza suficiente, sendo possível que eu
desfrutasse da riqueza e ganhasse méritos. Que tal se eu deixasse de lado o treinamento,
retornasse para a vida comum, desfrutasse da riqueza e ganhasse mérito?”
Então o Abençoado, assim que ele percebeu com a sua mente o pensamento na mente
do Ven. Sona - como um homem forte que estende seu braço que está flexionado ou
flexiona o braço que está estendido - desapareceu da Montanha do Pico do Abutre e
apareceu no Bosque Frio em frente ao Ven. Sona, sentando em um assento que havia
sido preparado. O Ven. Sona, após cumprimentar o Abençoado, sentou a um lado e o
Abençoado lhe disse:
“Exatamente agora, enquanto você meditava em isolamento, este pensamento não
surgiu na sua mente: ‘Dos discípulos do Abençoado que possuem a energia estimulada,
eu sou um deles, porém a minha mente não está libertada das impurezas ... Que tal se eu
deixasse de lado o treinamento, retornasse para a vida comum, desfrutasse da riqueza e
ganhasse mérito?’”
“Sim, senhor.”
“Agora o que você pensa, Sona. Antes quando você vivia em família você tinha
habilidade para tocar a vina?”
“Sim, senhor.”
“E o que você pensa: quando as cordas da sua vina estavam muito tensas, ela estava
afinada e podia ser tocada?”
“Não, senhor.”
“E o que você pensa: quando as cordas da sua vina estavam muito frouxas, ela estava
afinada e podia ser tocada?”
“Não, senhor.”
“E o que você pensa: quando as cordas da sua vina estavam nem muito tensas nem
muito frouxas, mas afinadas ( lit.‘estabelecidas’) no tom exato, sua vina estava afinada e
podia ser tocada?”
“Sim, senhor.”
“Da mesma forma, Sona, o empenho excessivamente estimulado conduz à inquietação,
o empenho excessivamente frouxo conduz à preguiça. Dessa forma você deve
determinar a afinação exata para o seu empenho, afinar (‘penetrar’, ‘descobrir’) o tom
das (cinco) faculdades, e nesse ponto tomar o seu objeto de meditação.”
“Sim, senhor,” respondeu o Ven. Sona ao Abençoado. Então, tendo dado essa exortação
ao Ven. Sona, o Abençoado - como um homem forte que estende seu braço que está
flexionado ou flexiona o braço que está estendido - desapareceu do Bosque Frio e
apareceu na Montanha do Pico do Abutre.
Permanecendo só, isolado, diligente, ardente e decidido, em pouco tempo, o Ven. Sona
alcançou e permaneceu no objetivo supremo da vida santa pelo qual membros de um clã
deixam a vida em família pela vida santa, tendo conhecido e realizado por si mesmo no
aqui e agora. Ele soube: “O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que
deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.” E assim o Ven. Sona
tornou-se mais um dos Arahants.
-- AN VI.55

Atenção Plena Correta


Samma sati
Atenção Plena Correta é o sétimo elemento do Nobre Caminho Óctuplo e pertence ao
grupo da concentração
Definição (os quatro fundamentos)
"E o que é atenção plena correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu permanece
contemplando o corpo como um corpo - ardente, plenamente consciente e com atenção
plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (ii) Ele permanece
contemplando as sensações como sensações – ardente, plenamente consciente e com
atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (iii) Ele
permanece contemplando a mente como mente - ardente, plenamente consciente e com
atençção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o desprazer pelo mundo. (iv) Ele
permanece contemplando os objetos mentais como objetos mentais - ardente,
plenamente consciente e com atenção plena, tendo colocado de lado a cobiça e o
desprazer pelo mundo. A isto se denomina atenção plena correta.
-- SN XLV 8
"Este é o caminho direto para a purificação dos seres, para superar a tristeza e a
lamentação, para o desaparecimento da dor e da angústia, para alcançar o caminho
verdadeiro e para a realização de Nibbana – isto é, os quatro fundamentos da atenção
plena."
-- MN 10
Abandonando os elementos incorretos do caminho
“A pessoa com atenção plena abandona o entendimento incorreto e penetra e permanece
no entendimento correto: essa é a atenção plena correta da pessoa.
“A pessoa com atenção plena abandona o pensamento incorreto e penetra e permanece
no pensamento correto: essa é a atenção plena correta da pessoa.
“A pessoa com atenção plena abandona a linguagem incorreta e penetra e permanece na
linguagem correta: essa é a atenção plena correta da pessoa
“A pessoa com atenção plena abandona a ação incorreta e penetra e permanece na ação
correta: essa é a atenção plena correta da pessoa.
“A pessoa com atenção plena abandona o modo de vida incorreto e penetra e permanece
no modo de vida correto: essa é a atenção plena correta da pessoa.
-- MN 117
Abandonando o que não é hábil, desenvolvendo o que é hábil
"Abandonem o que não é hábil, bhikkhus. É possível abandonar o que não é hábil. Se
não fosse possível abandonar o que não é hábil, eu não lhes diria 'Abandonem o que não
é hábil.' Porém porque é possível abandonar o que não é hábil, eu lhes digo,
'Abandonem o que não é hábil.' Se o abandono do que não é hábil conduzisse ao que é
prejudicial e doloroso, eu não diria para vocês, 'Abandonem o que não é hábil.' Mas
porque o abandono do que não é hábil conduz ao que é benéfico e prazeroso, eu lhes
digo, 'Abandonem o que não é hábil.'
"Desenvolvam o que é hábil, bhikkhus. É possível desenvolver o que é hábil. Se não
fosse possível desenvolver o que é hábil, eu não lhes diria 'Desenvolvam o que é hábil.'
Porém porque é possível desenvolver o que é hábil, eu lhes digo, 'Desenvolvam o que é
hábil.' Se o desenvolvimento do que é hábil conduzisse ao que é prejudicial e doloroso,
eu não diria para vocês, 'Desenvolvam o que é hábil.' Mas porque o desenvolvimento do
que é hábil conduz ao que é benéfico e prazeroso, eu lhes digo, 'Desenvolvam o que é
hábil.'"
-- AN II.19
Tal como alguém equilibrar um pote de óleo sobre a cabeça
“Bhikkhus, suponham que ao ouvirem, ‘A moça mais bonita deste país! A moça mais
bonita deste país!’ uma grande grande multidão de pessoas se aglomerasse. Agora,
aquela moça mais bonita do país dançaria com muita graça e cantaria de forma
melodiosa. Ao ouvirem ‘A moça mais bonita deste país está dançando e cantando! A
moça mais bonita deste país está dançando e cantando!’ uma multidão ainda maior se
aglomerasse. Então, surgisse um homem que valoriza a vida e teme a morte, que deseja
o prazer e abomina a dor. E alguém lhe dissesse, ‘Bom homem, você tem de carregar
esta tigela cheia até a borda com óleo por entre essa grande multidão e a moça mais
bonita deste país. Um homem com uma espada levantada irá segui-lo bem de perto, e se
por acaso você derramar uma gota que seja, nesse mesmo instante, ele cortará a sua
cabeça.’
“O que vocês pensam, bhikkhus, aquele homem não irá prestar atenção na tigela com
óleo e irá permitir ser distraído por aquilo que está acontecendo no exterior?”
“Não, venerável senhor.”
“Eu citei este símile, bhikkhus, para transmitir uma idéia. A idéia é a seguinte: A tigela
cheia até a borda com óleo representa a atenção plena no corpo. Portanto, bhikkhus,
assim é como vocês deveriam praticar: ‘Nós iremos desenvolver e cultivar a atenção
plena no corpo, fazer dela o nosso veículo, a nossa base, estabilizá-la, nos exercitarmos
nela e aperfeiçoá-la por completo.’ Assim é como vocês deveriam praticar.”
-- SN XLVII.20
Contemplação da morte
“A atenção plena na morte, quando desenvolvida e cultivada traz grandes frutos e
benefícios. Ela mergulha no Imortal, tem no Imortal o seu objetivo final. Então vocês
devem desenvolver a atenção plena na morte.”
-- AN VI.19
Meditação da respiração
"Bhikkhus, quando a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada, gera
grandes frutos e grandes benefícios. Quando a atenção plena na respiração é
desenvolvida e cultivada, os quatro fundamentos da atenção plena são realizados.
Quando os quatro fundamentos da atenção plena são desenvolvidos e cultivados, eles
realizam os sete fatores da iluminação. Quando os sete fatores da iluminação são
desenvolvidos e cultivados, eles trazem o verdadeiro conhecimento e a libertação
"E como, bhikkhus, a atenção plena na respiração é desenvolvida e cultivada para que
traga grandes frutos e grandes benefícios?
”Aqui um bhikkhu, dirigindo-se à floresta ou à sombra de uma árvore ou a um local
isolado; senta-se com as pernas cruzadas, mantém o corpo ereto e estabelecendo a plena
atenção à sua frente, ele inspira com atenção plena justa, ele expira com atenção plena
justa.
“Inspirando longo, ele compreende: ‘ Eu inspiro longo’; ou expirando longo, ele
compreende: ‘ Eu expiro longo.’ Inspirando curto, ele compreende: ‘Eu inspiro curto’;
ou expirando curto, ele compreende: ‘Eu expiro curto.’ Ele treina dessa forma: ‘ Eu
inspiro experienciando todo o corpo [ da respiração ]’; ele treina dessa forma: ‘Eu
expiro experienciando todo o corpo [ da respiração ].’ Ele treina dessa forma: ‘Eu
inspiro tranqüilizando a formação do corpo [ da respiração ]’: ele treina dessa forma: ‘
Eu expiro tranqüilizando a formação do corpo [ da respiração ].
“Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando êxtase’; ele treina assim: ‘eu expiro
experienciando êxtase.’ Ele treina assim:’eu inspiro experienciando a felicidade’; ele
treina assim: ‘eu expiro experienciando a felicidade’. Ele treina assim:’eu inspiro
experienciando a formação da mente.’ele treina assim: ‘eu expiro experienciando a
formação da mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro tranqüilizando a formação da mente’;
ele treina assim: eu expiro tranqüilizando a formação da mente.’
“Ele treina assim: ‘eu inspiro experienciando a mente’; ele treina assim: ‘eu expiro
experienciando a mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro satisfazendo a mente’; ele treina
assim: ‘eu expiro satisfazendo a mente.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro concentrando a
mente’; ele treina assim: eu expiro concentrando a mente.’
“Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a impermanência’; ele treina assim: ‘eu
expiro contemplando a impermanência.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando o
desaparecimento’; ele treina assim: ‘eu expiro contemplando o desaparecimento.’ Ele
treina assim: ‘eu inspiro contemplando a cessação’; ele treina assim: ‘eu expiro
contemplando a cessação.’ Ele treina assim: ‘eu inspiro contemplando a renúncia’, ele
treina assim: ‘eu expiro contemplando a renúncia.’
-- MN 118

Concentração Correta
Samma samadhi
Concentração Correta é o último elemento do Nobre Caminho Óctuplo e pertence ao
grupo da concentração.

Definição
"E o que é concentração correta? (i) Aqui, bhikkhus, um bhikkhu afastado dos prazeres
sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que
é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade
nascidos do afastamento. (ii) Abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um
bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança
interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o
êxtase e felicidade nascidos da concentração. (iii) Abandonando o êxtase, um bhikkhu
entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase,
acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os
nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’
(iv) Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece no
quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a
equanimidade purificadas. A isto se denomina concentração correta."
-- SN XLV.8

Outra Definição
"Senhora, o que é concentração? Qual é a base da concentração? Qual é o equipamento
da concentração? Qual é o desenvolvimento da concentração?"
"Unificação da mente, amigo Visakha, é concentração; os quatro fundamentos da
atenção plena são a base da concentração; os quatro tipos de esforço constituem o
equipamento da concentração; a repetição, o desenvolvimento e o cultivo desses
mesmos estados constituem o desenvolvimento da concentração."
-- MN 44

Nobre Concentração Correta


"O que, bhikkhus, é a nobre concentração correta com os seus suportes e os seus
requisitos, isto é, entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação
correta, modo de vida correto, esforço correto e atenção plena correta? A unificação da
mente equipada com esses sete fatores é chamada de nobre concentração correta com os
seus suportes e seus requisitos.
-- MN 117

A purificação depende da concentração


"Eu lhes digo, o fim das impurezas da mente depende do primeiro jhana...do segundo
jhana...do terceiro...do quarto...da esfera do espaço infinito...da esfera da consciência
infinita...da esfera do nada. Eu lhes digo, o fim das impurezas da mente depende da
esfera de nem percepção, nem não percepção."
-- AN IX.36

Os quatro desenvolvimentos da concentração


“Bhikkhus, há esses quatro desenvolvimentos da concentração. Quais quatro? Há o
desenvolvimento da concentração que, quando desenvolvida e cultivada, conduz a uma
permanência prazerosa aqui e agora. Há o desenvolvimento da concentração que,
quando desenvolvida e cultivada, conduz a realizar o conhecimento e visão. Há o
desenvolvimento da concentração que, quando desenvolvida e cultivada, conduz à
atenção plena e plena consciência. Há o desenvolvimento da concentração que, quando
desenvolvida e cultivada, conduz ao fim das impurezas.
“E qual é o desenvolvimento da concentração que, quando desenvolvida e cultivada
conduz a uma permanência prazerosa aqui e agora? É o caso em que um bhikkhu
afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades não hábeis, entra e permanece
no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento aplicado e sustentado, com o
êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Abandonando o pensamento aplicado e
sustentado, um bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela
segurança interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e
sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. Abandonando o êxtase,
um bhikkhu entra e permanece no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem
o êxtase, acompanhada pela atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do
qual os nobres declaram: ‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente
atento.’Com o completo desaparecimento da felicidade, um bhikkhu entra e permanece
no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento, com a atenção plena e a
equanimidade purificadas. Esse é o desenvolvimento da concentração que ... conduz a
uma permanência prazerosa aqui e agora.
“E qual é o desenvolvimento da concentração que ... conduz a realizar o conhecimento e
visão? É o caso em que um bhikkhu ocupa-se com a percepção da luz e está resoluto na
percepção da luz do dia (a qualquer hora do dia). O dia (para ele) é o mesmo que a
noite, a noite o mesmo que o dia. Por meio de uma consciência livre e desimpedida, ele
desenvolve uma mente luminosa. Esse é o desenvolvimento da concentração que,
quando desenvolvida e cultivada, conduz a realizar o conhecimento e visão.
“E qual é o desenvolvimento da concentração que ... conduz à atenção plena e plena
consciência? É o caso em que as sensações são compreendidas quando surgem,
compreendidas enquanto estão presentes, compreendidas quando desaparecem. Os
objetos mentais são compreendidos quando surgem, compreendidos enquanto estão
presentes, compreendidos quando desaparecem. As percepções são compreendidas
quando surgem, compreendidas enquanto estão presentes, compreendidas quando
desaparecem. Esse é o desenvolvimento da concentração que, quando desenvolvida e
cultivada, conduz à atenção plena e plena consciência.
“E qual é o desenvolvimento da concentração que ... conduz ao fim das impurezas? É o
caso em que o bhikkhu compreende a origem e cessação com relação aos cinco
agregados influenciados pelo apego: 'Assim é a forma, essa é sua origem, essa é a sua
cessação. Assim são as sensações ... Assim são as percepções ... Assim são as
formações ... Assim é a consciência, essa é sua origem, essa é a sua cessação.' Esse é o
desenvolvimento da concentração que quando desenvolvida e cultivada, conduz ao fim
das impurezas..
“Esses são os quatro desenvolvimentos da concentração.”
-- AN IV.41

O que você está esperando?


“Desperte! Sente-se! Que benefício há em dormir? Qual descanso pode haver para os
aflitos, feridos pela flecha (desejo)?
“Desperte! Sente-se! Com determinação treine a si mesmo para alcançar a paz. Não
permita que o rei da morte, vendo que você é negligente, o engane e domine.
-- Sn II.10
“Ali estão aquelas árvores, aquelas cabanas vazias. Meditem, bhikkhus, não adiem, ou
então vocês se arrependerão mais tarde. Essa é a nossa instrução para vocês.”
-- SN XXXV.146

Jhana
Samma Kammanto
Jhana, um estado meditativo com profunda sensibilidade e quietude da mente, algumas
vezes traduzido como "absorção", representa a base fundamental para o
desenvolvimento da Concentração Correta

A definição (com símiles)


"É o caso em que um bhikkhu afastado dos prazeres sensuais, afastado das qualidades
não hábeis, entra e permanece no primeiro jhana, que é caracterizado pelo pensamento
aplicado e sustentado, com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento. Ele permeia e
impregna, cobre e preenche o corpo com o êxtase e felicidade nascidos do afastamento.
Não há nada em todo o corpo que não esteja permeado pelo êxtase e felicidade nascidos
do afastamento.
"É como se um banhista habilidoso ou seu aprendiz vertesse pó de banho numa bacia de
latão e o misturasse, borrifando com água de tempos em tempos, de forma que essa bola
de pó de banho - saturada, carregada de umidade, permeada por dentro e por fora - no
entanto não pingasse; assim, o bhikkhu permeia, cobre e preenche o corpo com o êxtase
e felicidade nascidos do afastamento....
[Segundo jhana] "E além disso, abandonando o pensamento aplicado e sustentado, um
bhikkhu entra e permanece no segundo jhana, que é caracterizado pela segurança
interna e perfeita unicidade da mente, sem o pensamento aplicado e sustentado, com o
êxtase e felicidade nascidos da concentração. Ele permeia e impregna, cobre e preenche
o corpo com o êxtase e felicidade nascidos da concentração. Não há nada em todo o
corpo que não esteja permeado pelo êxtase e felicidade nascidos da concentração.
"Como um lago sendo alimentado por uma fonte de água interna, não tendo um fluxo de
água do leste, oeste, norte, ou sul, nem os céus periodicamente fornecendo chuvas
abundantes, de modo que a fonte de água interna permeia e impregna, cobre e preenche
o lago de água fresca, sem que nenhuma parte do lago não esteja permeada pela água
fresca; assim também o bhikkhu permeia e impregna, cobre e preenche o corpo com o
êxtase e felicidade nascidos da concentração...
[Terceiro jhana] "E além disso, abandonando o êxtase, um bhikkhu entra e permanece
no terceiro jhana que é caracterizado pela felicidade sem o êxtase, acompanhada pela
atenção plena, plena consciência e equanimidade, acerca do qual os nobres declaram:
‘Ele permanece numa estada feliz, equânime e plenamente atento.’ Ele permeia e
impregna, cobre e preenche o corpo com a felicidade despojada do êxtase, de forma que
não exista nada em todo o corpo que não esteja permeado com a felicidade despojada do
êxtase.
"Como num lago que tenha flores de lótus azuis, brancas ou vermelhas, podem existir
algumas flores de lótus azuis, brancas, ou vermelhas que, nascidas e tendo crescido na
água, permanecem imersas na água e florescem sem sair de dentro da água, de forma
que elas permanecem permeadas e impregnadas, cobertas e preenchidas com água
fresca da raiz até a ponta, e nada dessas flores de lótus azuis, brancas ou vermelhas
permanece sem estar permeado pela água fresca; assim também o bhikkhu permeia e
impregna, cobre e preenche o corpo com a felicidade despojada de êxtase ...
[Quarto jhana] "E além disso, com o completo desaparecimento da felicidade, um
bhikkhu entra e permanece no quarto jhana, que possui nem felicidade nem sofrimento,
com a atenção plena e a equanimidade purificadas. Ele permanece permeando o corpo
com a mente pura e luminosa, de forma que não exista nada em todo o corpo que não
esteja permeado pela mente pura e luminosa.
"Como se um homem estivesse enrolado da cabeça aos pés com um tecido branco de
forma que não houvesse nenhuma parte do corpo que não estivesse coberta pelo tecido
branco; assim também o bhikkhu permanece permeando o corpo com a mente pura e
luminosa. Não há nada no corpo que não esteja permeado por essa mente pura e
luminosa"
-- AN V.28
Jhana e insight caminham juntos
Não existe concentração (jhana)
sem sabedoria,
e não existe sabedoria
sem concentração.
Aquele que tem ambos concentração
e sabedoria,
está mais próximo
de Nibbana.
-- Dhp 372

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