Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Beco de flores
As estrelas dos barcos soavam desoladas ao largo da costa quando cheguei a
Paraty. Embora fosse maio, chovia sem parar; ningum se aventurava pelas ruas
alagadas por causa do mau tempo; os hotis pareciam acomodados escurido.
Apesar disso andei durante horas para encontr-lo. No meio do nevoeiro era natural
que a tnica colasse ao meu corpo como uma armadura; as sandlias mergulhavam
com rudo nas poas mais fundas. Atendendo a um comando subterrneo eu
segurava o punhal na mo direita: dentro de alguns instantes ia v-lo diante de
mim. Ao entrar no beco de flores tive a certeza de que ele caminhava ao meu
encontro. Pisei tensa nas pedras lisas, as narinas abertas ao txico das plantas
pendentes de muros e janelas. A essa altura a visibilidade era quase nula e as
cibras paralisavam os dedos em volta do punhal; no entanto no afrouxei nem um
pouco a presso. Isso no me impediu de estremecer ao surpreend-lo sentado no
cho. De fato a vontade de golpe-lo enquanto ele estava anestesiado era muito
grande: s a custo me contive. Por isso esperei que ele voltasse a si para vencer a
distncia que me separava de seu pescoo. Ao enterrar a lmina na carne
desprotegida percebi que as lgrimas me subiam aos olhos; pois eu o odiava a
ponto de saber que obedecia passivamente a uma realizao de desejo.
Fonte: Modesto Carone, em Edgar Allan Poe et alii. Histrias fantsticas, p.141.