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- Era Vargas-
Governo Constitucional
Num primeiro momento, Prestes parecia considerar que o programa nacionalista da ANL seria
capaz de permitir-lhe impor-se como um movimento de massa legal capaz de atrair apoios tanto
entre a classe operária e o campesinato como também entre a burguesia "progressista" de tendências
anti-imperialista e anti-fascista - para depois, quando o governo Getúlio Vargas declarou a Aliança
ilegal - com o apoio da burguesia e da classe média, que temiam a infiltração comunista no
movimento - optar, com o apoio do CEIC, por uma ação revolucionária concebida em termos de de
uma mera ação militar. Destarte, verifica-se que a influência da IC no levantamento realizou-se
estritamente dentro dos termos das tendências políticas autoritárias e burocratizantes do stalinismo,
o que determinou que o movimento tivesse as características de uma conspiração militar típica, com
pouca ou nenhuma articulação de base com as massas populares: daí os trotskistas brasileiros
denominarem o movimento de putsch (golpe militar) de 1935.
O levante eclodiu em pontos esparsos do território nacional, a saber: em Natal e arredores, entre 23
e 25 de novembro; em Recife, a 25 de novembro; e no Rio de Janeiro, em 27 de novembro.
Fora de Natal, onde chegou a ser instalado um governo revolucionário provisório, o levante seguiu
o padrão de um golpe militar clássico, limitando-se a ataques de militares rebeldes a quarteis. O
último levante, no Rio de Janeiro, na Escola da Praia Vermelha e na Vila Militar, é considerado
por alguns autores apenas como um ato de lealdade dos conspiradores sediados nessa cidade, pois
havia ficado claro que o movimento não teria chances reais de revolucionar o país.
No Rio de Janeiro, as proporções do movimento foram mais amplas e cruéis, tendo sido deflagrado,
simultaneamente, no 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha; no 2º Regimento de Infantaria
e no Batalhão de Comunicações, na Vila Militar; e na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos.
Os amotinados, companheiros de véspera, teriam, de acordo com a versão legalista, ferido e matado
indiscriminada e covardemente seus companheiros que dormiam -versão esta que até hoje gera
margem a dúvidas, já que os quartéis do Rio estavam em prontidão após os levantamentos
revolucionários no Norte do País, e em tais circunstâncias seria extremamente difícil encontrar
oponentes inermes a serem massacrados de tal forma. Seja como for, a luta foi atroz e sem quartel,
com os insurretos tentando expandir a rebelião a todo custo, esbarrarando na mais férrea resistência
das forças legalistas, e -finalmente - perdendo a luta.
Por trás da estratégia equivocada do levante estava, de um lado, a superestimação que Prestes fazia
de seu prestígio no interior do Exército brasileiro, de outro, a crença da IC de que, numa sociedade
"semicolonial", bastaria proclamar o movimento para produzir uma sublevação espontânea que
englobaria de militares a operários e "cangaceiros partisans [guerrilheiros](sic)". O episódio mais
dramático do levante comunista foi a tentativa de conquistar o Regimento de Aviação no Campo
dos Afonsos, à época integrante do Exército (a Força Aérea Brasileira só seria criada em 1941),
visando obter aeronaves para bombardear a cidade do Rio de Janeiro. As unidades legalistas da Vila
Militar, conseguiram instalar peças de artilharia para bombardear a pista e evitar que aviões
decolassem. O assalto final foi realizado com uma carga de infantaria com apoio da artilharia, que
retomou as instalações revoltadas.
Uma vez reprimido, o movimento foi submetido a intensa vilificação- a começar pelo nome
pejorativo e desqualificante que recebeu ("Intentona", ou "intento louco") - por parte das cúpulas
militares; como lembra o militar esquerdista Nelson Werneck Sodré nas suas memórias, a
participação intensa de oficiais e suboficiais nas fileiras dos insurretos alertou o Exército para a
necessidade de cerrar fileiras ideológicas, e de expurgar "influências exógenas" no interior da
oficialidade militar nas três décadas seguintes. Tal cisão ideológica viria a expressar-se nas disputas
políticas no interior do Clube Militar da década de 1950, no movimento dos sargentos da década de
1960, e daí até o Golpe de 1964, após o qual quaisquer traços de esquerdismo organizado foram
eliminados das fileiras militares. Diferentemente dos golpes tenentistas, que haviam criado divisões
temporárias entre legalistas e insurretos, superáveis posteriormente por anistias e reorganizações de
carreira, o Movimento de 1935 criou uma clivagem político-ideológica até hoje não superada, em
que os insurretos tiveram negada a sua própria condição de membros da corporação militar, com
sua ação política sendo duradouramente criminalizada e estigmatizada como traição e ato hostil à
hierarquia militar.
Getúlio Vargas, desde a fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), teve seu apoio, tendo em
vista que seu principal líder, Plínio Salgado, almejava o cargo de ministro da Educação. Mesmo
assim, após a criação do Estado Novo, Vargas decretou o fechamento de todos os partidos políticos,
incluindo a AIB.
Após o ataque ser contido muitos dos revoltosos foram fuzilados e presos. Como resultado, outros,
em torno de 1500 integralistas, foram presos e Plínio Salgado, líder do movimento integralista no
Brasil, foi exilado em Portugal.