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tentar me explicar o que era pragmatismo porque eu no ia entender mesmo (ou seja, ele
estava sendo pragmtico).
Mas, tempos depois, criei coragem para falar com o doutor Jair Pea. Foi na festa de So
Joo, em que, com uma pequena ajuda da caarola de quento, os espritos ficam mais
desarmados. Lembrei-o do episdio das demisses e perguntei o que era pragmatismo.
Ele tambm no me explicou o que era, mas, pelo menos, deixou bem claro o que no
era:
"No tomar a deciso mais justa, nem a mais lgica, nem a mais sensata. tomar
aquela deciso que vai resolver o problema. Saiu um boato de que vamos mandar gente
embora? Ento mandamos gente embora e cortamos o boato pela raiz. Ou voc acha que
o pessoal ia acreditar se a gente s negasse? Ao contrrio. Boatos se alimentam de
desmentidos. Por isso, tem hora que usar o bom senso um contra-senso."
Mas a explicao tinha um preo: eu tive de ouvir o doutor Jair Pea me contar a histria
favorita dele. Grdio, rei da Frgia -- e filho do rei Midas, aquele que transformava tudo em
ouro --, inventou um tipo de n to intricado que ningum conseguia desatar. Sbios e
especialistas em desatar ns tentaram, durante anos, resolver a charada, inutilmente. Um
dia, Alexandre, o Grande, chegou Frgia, ouviu a histria do n, olhou bem para ele e,
para surpresa dos catedrticos presentes, sacou de sua espada e cortou o n ao meio.
Moral da histria, segundo o doutor Jair Pea: dali a trs anos, Alexandre, o Grande,
conquistaria o mundo. Se tivesse tentado desatar o n por meios cientficos, ou
racionalmente corretos, quando muito teria entrado para a histria como Alexandre, o
Velho.
No sei por onde anda o doutor Jair Pea. Se ele conseguiu conquistar o mundo, no
fiquei sabendo. Mas uma coisa certa. Se tivesse me lembrado da ltima dica que ele me
deu, eu no teria pisado feio na bola naquele episdio dos colesteris:
"Dirigentes evitam tomar a deciso que vai eliminar o problema. Eles sempre tomam
aquela que ser mais fcil de explicar depois."