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Tudo começou quando o homem primitivo sentiu a necessidade de lutar, fugir ou ca

çar para sobreviver. Assim o homem à luz da ciência executa os seus movimentos c
orporais mais básicos e naturais desde que se colocou de pé: corre, salta, arrem
essa, trepa, empurra, puxa e etc.
A prática de actividades físico-desportivas foi e continua a ser uma das consta
ntes do comportamento humano. A manifestação cultural da actividade física produ
ziu-se de formas diferentes, em função das necessidades sociais e dos objectivos
estabelecidos em cada período histórico e civilização: assim, tem sido vista co
mo actividade utilitária que possibilita a sobrevivência; como preparação para a
guerra; como meio de invocação religiosa; como jogo ou actividade recreativa e
de ócio; como método de educação física para a saúde; ou então como desporto esp
ectáculo e de competição. Hoje em dia, para poder entender o conceito de educaçã
o física é conveniente conhecer a influência que as distintas civilizações exerc
eram sobre ela ao longo dos séculos. Dependendo do seu objectivo, cada cultura e
stabeleceu um modelo de educação física diferenciado, que em muitas ocasiões ain
da perdura.

O valor da educação física na Grécia antiga

Os gregos da Antiguidade conferiram ao exercício físico um papel de grande desta


que nos vários âmbitos da vida social, como a educação, na qual a actividade fís
ica se complementava com a aquisição de conhecimentos, e a celebração das festas
, nas quais os jogos atléticos
helénicos - fundamentalmene os Jogos Olímpicos tiveram especial transcendência.
Tanto através da leitura dos grandes clássicos da poesia e da filosofia (Homero,
Píndaro, Platão, Aristóteles, etc.) como através dos achados arqueológicos é po
ssível perceber a importância que tiveram a educação física e a prática do despo
rto numa das grandes civilizações do Mundo Antigo.
A Ilíada, a primeira obra-prima da literatura grega, e a Odisseia (ambas compost
as por Homero provavelmente cerca do ano 800 a. C.) contêm inúmeras referências
desportivas, como, por exemplo, a realização de jogos fúnebres em honra de perso
nagens ilustres. É muito provável que exista uma relação entre as duas grandes o
bras homéricas e os Jogos Olímpicos, já que nas suas páginas aparecem quase toda
s as categorias olímpicas: corridas de carros (as designadas bigas), corridas..
salto, lançamentos do disco e do dardo, luta e pugilato; também existe uma inten
ção educativa, ao visar a honra e a perfeição ou, em suma, o areté, o ideal huma
no da virtude.
Quanto ao poeta Píndaro (518-438 a. C.), a sua mensagem educativa baseia-se no e
ngrandecimento do vencedor desportivo, o qual é tomado como exemplo da perfeição
; daí que as suas Odes triunfais (Olímpicas, Píticas, Nemeias e istimicas) sejam
dedicadas precisamente ) aos vencedores dos vários Jogos.

Exercício Físico para os grandes filósofos

Por outro lado, Platão (427-347 a. C.), que tinha sido um lutador notável, deu g
rande importância ao desporto na educação dos jovens helenos. Na sua obra 1Repúb
lica defende que a música e a ginástica harmoniosa e simples - por esta ordem -
são as duas disciplinas educativas que devem combinar-se para alcançar a perfeiç
ão da alma. Desta forma é visível formar jovens equilibrados, que não serão nem
brandos nem brutos. Neste caso, trata-se de uma ginástica com objectivos filosóf
icos e, como tal, oposta ao culto do corpo (aspecto este criticado pelo filósofo
de Atenas). O objectivo é impelir a alma para o bem através de um conceito esté
tico e higiénico.
Aristóteles (384-322a. C.) considerava como disciplinas educativas a escrita, a
leitura, a ginástica, a música e, por vezes, o desenho. Acreditava que a ginást
ica era útil porque fomentava o valor, pela sua vertente competitiva, melhorava
a saúde (ideia que o afastava do seu mestre Platão ) e aumentava a força, protót
ipo das qualidades físicas. É curioso constatar como o grande filósofo de Estagi
ra já alertava na sua época contra o perigo da especialização precoce e da busca
prematura de campeões a qualquer preço (um tema tão em voga actualmente). Segun
do ele, as crianças não deviam realizar treinos duros antes da puberdade, nem no
s três anos seguintes, uma vez que isso prejudicava o seu desenvolvimento biológ
ico; e lembrava que eram muito poucos os desportistas que, tendo sido destacados
na idade juvenil, conseguiram ser depois campeões olímpicos.
Pelo contrário, os Espartanos (Lacedemónios ou Lacónios) eram a favor de submete
r as crianças a intensivos treinos.

Esparta versus Atenas: dois Conceitos de Educação Física

A Educação Física desempenhava um papel fundamental no sistema educativo grego,


pois fazia parte do ansiado equilí- harmónico entre as aptidões físicas e intele
ctuais. No entanto, convém estabelecer uma distinção entre dois conceitos oposto
s da educação física: a arcaico-aristocrática de Esparta e a clássico-democrátic
a de Atenas.
A mentalidade espartana, fundamentalmente guerreira, orientava a educação física
das crianças para o combate. Assim desde muito pequenos, tanto meninos como men
inas recebiam em Esparta uma dura preparação física, na qual até se utilizava a
crueldade. Já aos 7 anos de idade eram separados dos seus pais e passavam a depe
nder exclusivamente do Estado. Só as crianças de compleição forte eram considera
das dignas de receber educação; as débeis eram excluídas ou mesmo assassinadas.
Os jovens exercitavam-se fora da cidade, no dromos (Iugar para correr), ou, dent
ro dos seus limites, na palestra (recinto para a luta). Esparta foi a grande dom
inadora nas primeiras edições dos Jogos Olímpicos (sendo os velocistas especialm
ente admirados), mas com o passar do tempo a participação foi diminuindo, já que
práticamente o seu único interesse radicava em preparar-se para a guerra.
Pelo contrário, em Atenas, o conceito aducação física era muito diferente.Desde
os 14 anos, os rapazes exercitavam-se num recinto privado, a citada palestra, on
de, sob os sábios conselhos do pedótriba, praticavam salto, disco, dardo, solos
(espécie de lançamento de peso),acrobacias, danças, etc.; inclusivé existia uma
teoria do treino, na qual se aplicavam os princípios da especificidade e individ
ualização. Não são poucos os exercícios praticados naquela época que coicidem ai
nda com os da educação fisica escolar actual. Também existiam diversos sistemas
de treino, cada vez mais especializados, bem como uma parte destinada ao aquecim
ento no início de cada sessão.

O pedótriba dirigia a instrução na palestra e era ajudado pelos alunos mais velh
os. Utilizava sistemas de ensino autoritários baseados no «certo-errado». Cumpri
dos os 18 anos, o jovem passava para o colégio dos efebos e, a partir de então,
o Estado encarregava-se da sua educação. Após a sua passagem pela palestra, os j
ovens atenienses dirigiam-se aos ginásios, que viveram uma época de esplendor a
partir do século IV a. C.
O ambiente dos ginásios culturalmente não podia ser melhor: eram utilizados para
a preparação física dos efebos e dos atletas, exibiam obras dos melhores artist
as (que tinham como modelos os próprios atletas) e reuniam os filósofos, que pre
cisamente ali ensinavam as suas doutrinas (como Platão na Academia e Aristóteles
no Liceu, dois dos principais ginásios atenienses). O ginasiarca encarregava-se
de dirigir o ginásio, e o ginaste, treinador, ensinava os exercícios físicos. E
ste último tinha também uma formação completa em medicina, fisiologia e dietétic
a.

O papel complementar dos jogos tradicionais

Além do desporto e da educação física; os Gregos desfrutavam também dos jogos, n


ão incluídos nos festivais de atletismo, que serviam para ocupar as horas de des
canso e de ócio. Entre eles encontram-se inúmeros jogos tradicionais que, de uma
forma ou de outra, perduraram até aos nossos dias; por exemplo: berlinde, aro,
pião, macaca, balouço, tabas, saltar ao eixo, andar «a cavalo" com o colega, o i
oiô, jogos de azar com dados, jogos de bola, etc. A progressiva decadência da ed
ucação física na Grécia antiga surgiu a partir da crescente influência exercida
pelos filósofos sofistas, que se centravam exclusivamente na educação intelectua
l, em detrimento da cultura física.

Decadência da educação física em Roma


Em Roma, tanto na época republicana como na imperial, quebrou-se o conceito inte
gral da educação física, que se limitou a uma ginástica higiénica e de saúde em
termas e palestras. A preparação física só fazia parte da instrução dos soldados
a partir dos 14 anos. Cultivava-se o pragmatismo e desejava-se a beleza, a técn
ica e o prazer desportivo. Ao contrário do que tinha sucedido na Grécia, no mund
o romano primava o jovem como espectador dos grandes espectáculos do circo (Iudi
) e do anfiteatro (munera), cada vez mais populares e numerosos. Desvinculados d
o carácter religioso que tiveram na civilização helénica, estes espectáculos adq
uiriram uma função política, sobretudo sob o Império. De facto, já no ano 105 a.
C., durante a República, o Senado instituiu oficialmente o combate de gladiador
es como espectáculo nacional. No cenário do anfiteatro os gladiadores profission
ais enfrentavam-se entre si (mirmilões, reciários, trácios, samnitas), ou então
contra as feras, embora também houvesse lutas entre animais. Tudo isto com uma c
rueldade extrema e com um final que normalmente significaria a morte de um dos c
ombatentes. Existiam escolas de treino de gladiadores, que frequentemente eram p
resos ou escravos, mas também homens livres em busca de fama. Estas lutas termin
aram no século IV d. C. com o Edicto de Milão. Entre o público romano, também ti
veram grande continuidade as corridas de carros (sobretudo, as quadrigas, puxada
s por quatro cavalos e conduzidas pelos aurigas) que se realizavam nos circos (c
omo o Máximo, cuja etapa de esplendor se situa entre os séculos I a. C. e I d. C
.), num percurso aproximado de quatro quilómetros.

Idade Média: a crise do exercício físico

Uma vez desaparecida a ginástica higiénica, o único vislumbre de preparação físi


ca intensa durante o período medieval foi a levada a cabo pelo cavaleiro feudal,
orientada para a guerra, torneios e justas. A crise que a educação física atrav
essou durante o longo período que vai do século VI ao século XIV deveu-se fundam
entalmente ao espiritualismo imposto pela Igreja, que procurava prioritariamente
a saúde (ou salvação) da alma, condenava o orgulho da vida terrena e menospreza
va toda a actividade físico-desportiva. O facto de o cristianismo associar, em g
eral, a barbárie dos espectáculos romanos, onde os crentes tinham sido objecto d
e inúmeros sacrifícios sob o Império Romano, à actividade física de carácter lúd
ico influenciou de forma negativa a imagem do desporto. Assim, o atletismo, por
exemplo, que tinha sido a base da educação física na Grécia antiga, praticamente
desapareceu na Idade Média.
Por isso, como expoente quase único da educação física pode citar-se o treino qu
e os jovens recebiam para se tornarem cavaleiros, depois de passarem, desde cria
nças, pelas categorias de pajem e escudeiro. Na sua preparação aprendiam esgrima
, equitação, tiro, luta, natação e outras habilidades físicas. A concreção dos i
deais de cavalaria tinha como marco as justas (confrontos entre dois cavaleiros)
e torneios (verdadeiras batalhas que dois grupos de cavaleiros enfrentavam). Ta
mbém adquiriram grande importância os jogos de bola, sobretudo a palma e a sou/e
.
A actividade física na América pré-colombiana
Nas culturas mesoamericanas pré-colombianas (olmecas, maias, astecas, etc.), os
jogos de bola, com as suas distintas va- riantes, adquiriram uma grande importân
cia social e, inclusivé, faziam parte das cerimónias rituais mais vastas. Tanto
os restos arqueológicos como as fontes escritas certificam a existência de jogos
nos quais se golpeava a bola de diversas formas e, nalguns casos, devia-se fazê
-Ia passar por um orifício feito no centro de uma pedra grande. Existem restos d
e inúmeras canchas (campos destinados a jogos), como na cidade de Chichén-ltzá o
u na península do Yucatán (Maias) e em Tenochtitlan, a grande cidade dos As- tec
as, fundada no vale do México no ano
de 1325. Também as mulheres participavam nos jogos de bola. Dada a importância d
estes jogos e a grande habilidade que
os jogadores demonstravam, supõe-se que existiu uma preparação ou ensino desde a
idade juvenil.
Renascimento e Humanismo
Após a Idade Média, o interesse que despertou a cultura clássica fez com que a e
ducação física voltasse a ser apreciada no Renascimento e, sobretudo, pelo human
ismo, a partir do século XVI. Influenciado por Petrarca e Rabelais, o médico hum
anista Jeronimus Mercurialis publicou em 1569 Arte Ginástica, obra na qual recup
erou a teoria da ginástica greco-romana, sobretudo no sentido do exercício físic
o para a saúde. A actividade física orientou-se basicamente para a vertente higi
énica, em detrimento da formação de atletas (aspecto que não se recuperaria até
finais do século XIX). Baltasar de Castiglione, na sua obra O Cortesão, traçou a
imagem do perfeito cavalheiro renas- centista, incluindo inúmeras referências à
educação física, que estava incluída no conceito de educação integral e servia
para a expressão da personalidade do indivíduo.

Bases da educação física moderna

A partir do século XVIII, o Século das Lu zes, apareceram inúmeros filósofos, pe


dagogos e pensadores que fixaram as bases da educação física moderna e influenci
aram as escolas e sistemas posteriores. Assim, Jean Jacques Rousseau (1712-1778)
, influenciado por John Loc- ke, é o precursor da pedagogia contemporânea. Na su
a obra Emílio expôs as suas teorias, baseadas na educação da criança em contacto
com a natureza, espontânea e autodidacta. A educação física adquiriu grande rel
evância através de um método de aprendizagem indutivo («quanto mais fosse a acti
vidade física, maior seria a aprendizagem»); também prestou grande atenção à psi
cologia evolutiva e ao respeito pelas leis naturais de desenvolvimento da crianç
a, princípios muito valorizados actualmente. Segundo Rousseau, a criança, até ao
s 12 anos, devia realizar exercícios de educação sensorial: equilíbrios, habilid
ades manuais, orientação, etc. Este grande pensador de origem suíça influenciou
decisivamente uma série de filósofos e pedagogos, tanto contemporâneos como post
eriores, entre os quais cabe destacar Bassedow, Kant, Pestalozzi e Amorós.
Bassedow (1723-1790) foi um destaca- do representante da pedagogia da ilustração
e do racionalismo e precursor da educação física alemã, devido às suas influênc
ias sobre Muths e Jahn. Defendeu a importância da educação física e levou as sua
s teorias à prática na Escola Philantropinum (criada em 1774), primeira escola n
a Alemanha onde os exercícios físicos fizeram parte do programa escolar. A sua d
idáctica estabeleceu a progressão do simples ao complexo e do parcial ao total.
O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) dividiu a educação em física e prática. Mas
o seu conceito da primeira incluía não só o desenvolvimento das qualidades físi
cas, como também componentes psíquicos, o desenvolvimento da inteligência, da me
mória, do carácter, da atenção, etc. O seu rigor pedagógico favoreceu o jogo com
finalidade educativa, para fortalecer a criança e educar os seus sentidos.
O suíço Giovanni E. Pestalozzi (1746- 1827), autor de inúmeras obras, matizou mu
itas ideias de Rousseau. Defendia a figura do mestre e a educação da criança na
família e na sociedade (sem isolá-Ia na natureza, como aquele propunha). Visto q
ue procurava o desenvolvimento harmónico dos diferentes âmbitos do ser humano, c
oncedeu muita importância à educação física (duas horas por dia), tanto à natura
l e instintiva como à planificada e sistemática, ginástica elementar dada pelo e
ducador. O cuidado da higiene, os passeios nas horas das aulas, os jogos desport
ivos e a atenção às necessidades de cada criança também fazem parte das suas teo
rias. É o precursor da ginástica analítica.
Francisco de Paula Amorós y Ondeano, marquês de Sotelo (1770-1848), instruído e
afrancesado, foi um dos precursores da educação física em Espanha, ao criar e di
rigir o Instituto Pestalozziano de Madrid; perseguido durante a repressão o abso
lutista que teve lugar após a Guerra Peninsular, teve de exilar-se em França. Em
Paris dirigiu o Ginásio Normal Militar, instituição a partir da qual difundiu a
s suas teorias inclusivé no âmbito cívil. Influenciado pelas ideias de Rousseau,
Muths e dos círculos militares, estabeleceu um programa de educação física mili
tarista, pouco pedagógico e de difícil execução, com inúmeros exercícios acrobát
icos. Os seus objecti- vos eram a saúde, o prolongamento da vida, o aperfeiçoame
nto das faculdades físicas, a melhoria da espécie e virtudes raciais, e concedeu
muita importância à concorrência de todos os sentidos.

A escola alemã

Na escola de ginástica alemã' destaca-se a figura de Guts Muths (1759-1839). Mut


hs desenvolveu um método sistemático de educação física, reunido na sua obra A G
inástica da Juventude. Dividiu o seu sistema de exercícios em fundamentos de for
ça (saltos, corridas, luta), de agilidade (natação, lançamentos, escalada, balan
ços, equilíbrio) e para a harmonia (dança, marcha, ginástica). Os seus objectivo
s didácticos eram conseguir uma educação integral. O jogo devia ser planificado,
com objectivos lógicos. Nas suas teorias primavam o individualismo, a falta de
livre iniciativa do aluno, a competitividade, a obsessão pelas marcas e pelos re
sultados. Muths influenciou o desporto moderno e a exaltação de sentimentos patr
ióticos através do exercício físico.
Seguindo os passos de Johann G. Fichte. pai do idealismo alemão, Fried- rich Jah
n (1778-1852) manteve umas fortes
convicções nacionalistas que o levaram a desenvolver, entre 1811 e 1819, o seu s
istema de ginástica. Entendia que a ginástica, os exercícios, os jogos e as comp
etições deviam servir para devolver a força e o vigor da alma, e isso era o que,
segundo o seu ponto de vista, o povo germânico necessitava. O seu sistema, o Tu
rnkunst, reunido na sua Cultura Ginástica Alemã (1816), incluía jogos violentos,
corridas, saltos, luta, barra fixa, paralelas, o primeiro salto de cavalo, etc.
Professor de educação física em Berlim, Jahn foi um revolucionário que originou
forte polémica na sua época, e cujas ideias o levaram mesmo à prisão. A evoluçã
o do seu sistema conduziu-o à ginástica desportiva.

Os sistemas analíticos: a ginástica sueca


O sistema de ginástica sueca teve gran-de repercussão em todo o mundo até à segu
nda metade do século xx, tanto na educação física escolar como na formação de ca
rácter militar. O seu criador foi P. E. Ling (1776-1839), que, ao contrário de J
ahn, ficou bem visto pelos círculos de poder. Homem de vasta cultura, Ling ideal
izou uma ginástica com objectivos higiénicos e médicos, de saúde e reabilitação,
e em 1813 fundou o Real Instituto Central de Ginástica de Estocolmo, onde aplic
ou as suas teorias.
O sistema sueco baseia-se num trabalho analítico, bastante rígido, com um desenv
olvimento harmónico de todo o corpo, exercícios simétricos moderados e de fácil
compreensão, realizados com uma dificuldade progressiva e, de preferência, sem a
parelhos, em pé e obedecendo a uma voz, embora também existam alguns exercícios
com aparelhos simples: cambalhotas, suspensões, equilíbrios, etc. Tudo isso se a
poiava no estudo de base biológica das formas e efeitos dos exercícios; trata-se
de uma ginástica "para todos os públicos». Hjalmar Ling (1820-1866) foi o segui
dor e sistematizador das ideias do seu pai e centrou-se no âmbito infantil. Segu
indo critérios fisiológicos, a aula de ginástica dividia-se em aquecimento, part
e fundamental e relaxamento. Esta divisão utiliza-se ainda hoje, se bem que tamb
ém se fale em parte inicial, principal e final.
A ginástica neo-sueca (Thulin, Falk, Bjôrkesten) surgiu durante a década de 40 c
omo reacção ao estatismo proposto pela ginástica idealizada por Ling. Esta nova
modalidade utilizava o ritmo na execução de diversos exercícios que se podem lig
ar e incluem balanços e acrobacias. Posteriormente acrescentou-se também a expre
ssividade e eliminou-se a vertente de formação militar.
Os sistemas naturais
A partir dos princípios expostos por Rousseau, Pestalozzi, Amorós, Muths e Demen
y, ao longo dos séculos XIX e XX desenvolveram-se diversos sistemas naturais, de
entre os quais se distinguem fundamentalmente dois: o método natural de George
Hebert (1875-1956) e a ginástica natural escolar austríaca. O primeiro desenvolv
eu-se em França, em contraposição à ginástica analítica sueca. Foi apresentado e
m Paris em 1913 e tinha como objectivo o desenvolvimento físico integral mediant
e actividades naturais do ser humano: marcha, corrida, salto, lançamento, quadru
pedia, cambalhota, pesos, equilíbrio, luta, natação, dança, etc. Essas actividad
es realizavam-se ao ar livre, procurando incidir no desenvolvimento cardiovascul
ar e pulmonar. Estes sistemas partem de uma concepção integral do indivíduo e ap
resentam um forte carácter pedagógico.
No início do século XX, Margarette Streicher e Karl Gaulhofer idealizaram a giná
stica escolar austríaca, na qual recolheram distintos aspectos das escolas surgi
das anteriormente: assim, por exemplo, do sistema de Jahn, os aparelhos; da giná
stica sueca, o aspecto postural e higiénico; do método natural de Hebert, as act
ividades naturais; de Dalcroze, o valor do ritmo; e dos incipientes desportos qu
e começavam a proliferar na Grã-Bretanha, o seu aspecto lúdico. O resultado cons
istiu em sessões de educação física muito completas, de quase 50 minutos, que in
cluíam uma fase de animação, outra de trabalho postural, para continuar com jogo
s, desportos, danças, acrobacias, e fi- nalizar com exercícios de relaxamento. S
treicher e Gaulhofer relacionaram os exercícios físicos, como agentes educativos
, com as necessidades globais da criança. O método natural escolar austríaco foi
actualizado durante a década de 70 por Gerard Schmidt, que respeitou a forma na
tural de as crianças Se expressarem através do jogo e se interessou pelo seu pró
prio desenvolvimento evolutivo; incidiu sobre um trabalho multilateral, contrári
o à especialização, e defendeu o ecologismo na educação física.
O movimento desportivo
Com Thomas Arnold (1795-1842) produziu-se uma autêntica revolução na Grã-Bretanh
a que logo se estendeu por todo o mundo ao introduzir o desporto nos centros edu
cativos; juntaram-se os valores positivos e formativos do desporto, estabelecend
o-se uma estreita relação entre o professor e o aluno. O auge desportivo do sécu
lo XIX, propiciado também pela iniciativa de Pierre de Coubertin (1863-1937), qu
e restaurou os Jogos Olímpicos e defendeu a prática desportiva na escola, e a su
a decisiva importância na sociedade do século XX consolidaram o desporto como um
bloco fundamental dos conteúdos da educação física.
Os sistemas rítmicos: da dança à aeróbica
Os precursores dos sistemas rítmicos foram Jean Georges Noverre (século XVIII) e
François Delsarte (século XIX), e o seu expoente máximo, já no século XX, Jacob
o Dalcroze (1885-1950), que aplicou a música à educação física e estudou o ritmo
corporal. Também trabalhou a preparação física, a correcção da postura, o desen
volvimento da imaginação, espon- taneidade, etc. A evolução deste sistema levou
à ginástica rítmica desportiva.
Dentro dos sistemas rítmicos também se devem citar a ginástica expressiva de Isa
dora Duncan, a ginástica moderna de Rudolf Bode e a aplicação desta no campo mas
culino por parte do argentino Alberto Dallo. Os novos sistemas rítmicos são repr
esentados pelo gim-jazz (originário da Dinamarca) e pela aeróbica (cujo precurso
r foi Kenneth H. Cooper, nos Estados Unidos). Desenvolvidos nos últimos trinta a
nos do século XX, deram lugar a outras modalidades: step, funky; body pump, aqua
eróbica, etc., que foram incluídas nas programações de educação física escolar.

Escola Nova e pedagogia americana


A Escola Nova é um movimento pedagógico de reacção contra a escola tradicional q
ue acentua a actividade da criança, tornada no centro da escola. A educação físi
ca, portanto, desempenha um importante papel nestas teorias. Entre os seus princ
ipais representantes destaca-se a italiana Maria Montessori (1870-1952), com a s
ua teoria da psicomotricidade, e o filósofo e pedagogo norte-americano John Dewe
y (1859-1952), que defendeu os campos de desporto como cenário de uma educação a
dequada para a vida. Influenciados por este último, apareceram três métodos da p
edagogia americana: o método dos projectos (Kilpatrick), o plano Dalton (Parkhur
st) e o sistema Winnetka (Washburne), os quais propiciaram muitos dos modelos de
ensino utilizados hoje em todo o mundo: a atribuição de tarefas, o ensino recíp
roco, o ensino programado, a descoberta guiada, a resolução de problemas, etc.
Educação física do século XXI
As escolas, sistemas e movimentos evoluíram e avançaram para a educação física d
o século XXI, que tem como principal característica a sua consolidada inclusão n
o programa educativo de todo o mundo, enquanto elemento fundamental de uma educa
ção integral. Porque, tal como dizia o espanhol José María Cagigal, a educação f
ísica «é, antes do mais, educação». Assim, a educação física do novo milénio col
abora na formação de uma pessoa íntegra, procura o seu desenvolvimento psicomoto
r e fomenta a qualidade de vida através do exercício físico e do desporto; prepa
ra o ser humano para as exigências que a sociedade lhe apresenta e desenvolve a
sua criatividade e personalidade. Graças à educação física actual, demo- crática
e integradora, as actividades físico-desportivas irão tornar-se numa forma de s
er, em companheiras inseparáveis no decorrer de toda a sua vida.

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