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Tanatologia A Morte e a Medicina * cadémico de Medina (4 am) pla Faculdade de (Giéncias cas da Pontificia Universidade Catlica de Sao Paulo David G. Nordon* rte. A palavra que assusta os seres humanos mais do que tudo neste mundo. Aincapacidade de entrentar a morte 6a if culdade que o ser humano encontra em aceitar a sua finitude s80 140 grandes que é necessério, para nds, viver uma eterna negacso ~ na idea de que 0 momento presente se prolongaré etemnamente e que néo morteremas nunca (ou fentao, so quando estivermos mutto veinos € muito bom vidos). Eniretanto, se a humaniclad tern tal terior por este fim, por que existem pessoas que ddodicam suas vidas a conviver com outros que, mais cedo ou mais tard, morrerao? Eum conosito ja bastante antigo de que os madicos (principalmente, mas nao exclusiva- mente) desenvolvam um “complexo tanatolitioa” uma crenca de que estao um passo a frente (¢ um passo mais préximo de Deus, por assim ize do ser comum em sua capacidade de pos: tergar, deter ou até mesmo anular a mort. Tavez todos os que se tomam médicos 0 fagam para ‘curare sua prépria difculdade intema de aceitar fal de que todos, inevtavelmente, morremnos. Contudo tal complaxo, embora leve @ uma ‘sensagéio de onipoténcia condlzente com negacdo que parece ser necessaria para se ccontinuar nessa profissao, talvez nao seja ainda © suficiente ~ pois tanto @ médica quanto 0 estudente de medicina tém séfias difculdades rca Hospital + Ano XIN 64+ J-Rg0/2009 ‘em lidar com a morte, algo que emerge grada- tivamente mais, & mecida que tém de enftentar situagdes terminais. ‘Sora tal dficuldads causada por deficencias, no aprencizado? Os cursos de medicina do Brasil em geral 'ndo possuem uma disciplina de Tanatologia — a ‘meicria, em verdad, sequer menciona o assun- 10, Otinico curso de Graduagao no qualloestudo (da morte taz parte do curncuto (anda assim, ‘como Disciplina Eleva), nos mais de 177 cur- sos de medicina do Brasil, 6 0 da Universidade Federal de Sto Paulo, coordenado pelo Prof, Dr Marco Tullo de Assis Figueiredo e pela Dra. Maria das Gragas Mota Cruz de Assis Fqueitedo. Por isso mesmo, no é tao incomum que médicos: ‘salam formados sem saber sequer preencher um atestado de dbito. Por no discutrem 0 as- sunto, no 40 muitos os que reaimente busca © conhecimento a respeito da morte, embora ‘a maloria se interesse pelo tema ~ ¢, dos que cfetivamente buscam, acham a maior parte de suas informagées em fontes leigas, pela propria, negigéncia médica no assunto e difculdade em centrentéto. ‘Sendo assim, como pode esse profssional estar hebiltado, ao fim de seis anos, a lidar ‘com um paciente que esta prestes a morter? De que forma um ser, ainda ndo totalmente salisfeto com a sua propria condicao, pode encontrar forcas para enfentar e gerenciar a Jimpossbiidade de cura e todas as suas ‘consequéncias, sendo que a sus fungo riméria 6 salvar vidas? Enftentar a morte de outros, dia ap68 dia, talvez seja o mecanismo de detesa essencial paraisso, paradoxalmente, Uma rojegdo; no desejamos de mado algum {que 0 nosso paciente mora, pois & para sso que viemos pare o mundo, para sus- tentar este complexo tanatoltico. Mas, 20 mesmo ternpo em que ele mar, ha um ‘certo avi ~ porque ele moreu, eeu esta- val para ver, portanto, no mom, A cada ‘morte, omécioo ganha um pouquinho mais de vida e, com o passar do tempo, passa ‘ase acostumar, Passaa cfiar uma barrera. (primeira contato na faculdade de medicina com a morte dé-se em partes no saléo de anatomia, vendo pegas. Depo's, na sala de autépsias, dissecando ‘pacas reogm-aduiidas’. O maximo de distenciamento daquilo é necessério pera ‘manter a sua sanidade mental. E este ‘mesmo distancamento se direciona para ‘© paciente, no futuro ~ © o médico teme, cima de tudo, envolver-se a tal ponto ‘com 0 Seu paciente, que fhe seria dema- siadamente doloroso suportara sua morte. ‘Seria talvez, por isso, que estamos nos tomando insensiveis? Vendo pacientes ‘como objetos ou pegas de anatomia? “Talvez assim seja mas faci. Contudo, do fol sempre desse eto; aideia demote «era facimente accita no passado, mas a dace Méala comegou amudé-la, @aldade Modema Ihe trouxe um revertério total, ‘mostrando a morte como um fracasso, ‘como o fm da capacidade humana e de todas as conquistas que lhe seriam por dircto. A religiéo, desde entao, € 0 que permite a nés, mortais, conviver com 0 fato de que, depois da vida, ven a morte, «seria de se esperar que os mais cren- tes fossem justamente os médicos. No entanto, so tantos os céticos, &s vezes ‘até mesmo ateus, que vem a vida como um simples funcionamento orgénico, € a ‘morte como a cessacao dele, que as vezes nos esquecemos ds que, ao contréio d= és, médicos descrentes @ onipotentes, a raligizo ¢ algo essencial para os pacientes deve sor sempre levada em conta no Processo de tratamento- seja ae curatvo, ou, espacialmente, palate. Portanto, o que podemos nés, estu- antes de mecicina, médicas ou profis- sionais da area da satide, fazer? Precisaras estudar amorte como uma parte integrante @importante da medicina. E saber que nés podemos atuar até um limite e, a panir deste, ndo esta mals em nossas méos. Quer para a nossa crenga, ‘quer para a crenga do pacients. Este é 0 distanciamento necessério & suficente para conviver com a morte no die-a-dia. ‘Alam disso, precisamos entender que todos, inevitavernente, ito morrer ~ mas que isso nao é motivo para nos afastar- mos, mas sim mantermo-nos cade vez ‘mais unidos, encontrando a verdadeira ortotandsia, Postergar a morte o méximo possivel talvez ndo sefa tgo importante quanto [promover uma boa qualidade de vida no sou fm, Assim, paderemos enfrentar juntos, profissionais de saiide e pacientes, uma nova morte, da apés dia. # REFERENCIAS 1. Vana A, Picell H, © estusante, 0 méfco 6 professor do meciona peranta a more 20 packnte terminal. Rev Ass Med Brash 1996;44(1:21-7, 2. Hofmann L. A morte na inféncia © sua representacéo para 0 mécico ~ retexdes sobre a pratica peditica am difarentes Cantera. Cac Said PLE, a Ge Jana, 990;96):364-74 3. Mele AMAS, Suiciio entre médkeos @ cestudantes de medicna, Rev Ass Med Brasl 98e:49) 195-40. 4. Rosa Tenacloga: umaintereacto. Agora ‘sista Elonica 200623. 18-27 Enderego para correspondéncia: Marechal Casio Branco, 911d Sandia (CEP 1803-300 - Sorocaba - SP NOTA DO CONSELHEIRO EDITORIAL Um estudo de TCC (Trabalho de Concluséo de Curso) de um aluno do Curso de Enfermagem da Unlespe mero da Liga de Cuidado Pos, azendo una enqzee ene os unos de raduaeo «ene os docentes do se Cus, vrificou qe exes times também pauca cu rad coneciam da via da Mor ‘Uma constatagao tertivel, mas incontestavelmente veridica. Assim, 0 mérto deste trabalho aqui aprasentado é grande, por que se parece com um grito de dentncia... ‘Ou nds, 05 mais velhos @ responsdveis pela formagao das novas geragdes de protissionais da ‘sade nos convencemos da urpéncia em aceitar a morte nos nossos coragdes ¢ na nossa alma como ‘ato natural da vida ou, & falta de exemplo, os priprios estudantes vao acabar por provocar esta revluo do ben! A sociedade pos-moderna assim 0 exige, e @ Universidade ndo esta percebendo com a presteza necesstiaanecesiade de ua esposta mara esponsiel ‘Exemplo dnico no Brasil, em 1997 os estudantes da Unifeso solcitaram que além dos cursos de Cuidados Paliatives (iniciados em 1994) deveria haver também Cursos de Tanatologia, o que ocorreu anualmente de 1994 até 2006, quando entao foram substitudes pela Disciplina Eletiva de Tanatologia, ‘800 a coordenagdo da Dra. Maria das Grapas Mota Cruz de Assis Figueiredo, Neste primeiro semestre ‘de 2009 ocorrerd 0 3° curso da Disciplina, oferecendo 30 vagas a alunos de segundo e terceira anos de Medicina, Enfermagem e Fisioterapia. Desi a nas 20 meu moot sid “0 Estud da Marto Esti dV, 0Conheiment da Fite do Homem 6 Essen an Saber do Profesional da Said’ Pro. OF Marco Tullio de Assis Figueiredo Profsor das Displnas Betas de Cidade Pats ede Tanaoogia da Ung. ‘Sik-Fundador da Inernational Asoctaten for Hace and Palliative Cre. Pratica Hospitalar «Ano XI+ #64» Ju+Ago/2008

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