O Grande Evangelho de João – Volume II Jakob Lorber
65. CONTOS DE GNOMOS. A FEITIÇARIA
1. Diz Kisjonah: “Sim, Senhor, tanto mais quanto meus mineiros incumbidos da procura de metais, muitas vezes me contavam que o pão e o vinho que tinham levado ao trabalho desapareciam sem descobrirem o ladrão! Se estes mineiros famintos se aborreciam, ouvia-se uma forte gargalhada e alguns alegavam terem visto pular pequeninos seres de cores: azul, vermelha, verde, amarela e, até, preta. 2. Não há muito, o mineiro mais idoso contou-me que um gnomo azul lhe aconselhara a levar, no futuro, pão e vinho na bolsa de couro, que assim os outros não se poderiam dele apossar. Pessoa alguma deveria falar em voz alta nas galerias, muito menos assobiar ou praguejar. Os gnomos não o suportavam, prejudicando os que o fizessem! Também não toleravam as gargalhadas. Se o meu pessoal de vez em quando lhes fornecesse sua merenda, os gnomos lhes auxiliariam na procura de metais. 3. Embora tivesse, por várias vezes, fiscalizado os poços das minas, nunca tive provas da existência destes seres, por isto atribuía-lhes o valor de contos de fada; mas agora, após Tua Bondosa Explicação tudo me é claro! Apenas uma coisa não percebo no momento: como estes gnomos, sendo espíritos, possam assimilar alimento natural! Como o fazem?” 4. Digo Eu: “Mais ou menos da maneira como o fogo destrói o que alcança! Se depositares nele uma gota de vinho ou uma migalha de pão, verás quão rápido desaparece! Os gnomos dissolvem rapidamente a matéria transformando a existente substância espiritual em matéria psíquica, integrando-a no seu ser, – e isto, num momento! – Agora também estás informado a respeito dos gnomos!” 5. Diz Kisjonah: “Senhor, agradeço-Te por esta explicação, pois alegra muito a minha alma e reconheço mais nitidamente que tudo que me rodeia é vida!” 6. Digo Eu: “Muito bem, Meu querido amigo! Peço-te, porém, que tu e os que Me ouviram guardeis este conhecimento para vós, pois não é útil para qualquer um. Todos os feiticeiros egípcios e persas costumam trabalhar com auxílio de duendes e gnomos. Essas magias são um horror para Deus e quem as pratica dificilmente entrará no Reino do Céu! Os mencionados feiticeiros impedem que aquelas entidades possam encarnar e, quando morrem, estas pessoas tornam-se prisioneiras de tais almas incompletas e dificilmente poderão ser libertas, porquanto assimilam constantemente suas inferiores vibrações. Digo-vos o seguinte: Amaldiçoado seja o feiticeiro! Jamais conseguiu uma boa ação pelo seu feitiço! Sempre prevalece a ganância e o domínio desmedidos, e estes espíritos receberão no inferno seu prêmio humilhante!” 7. Diz Fausto: “Senhor, prevejo nada de bom para os muitos feiticeiros e magos no vasto Império Romano! Pois esta gente é lá considerada com honrarias divinas e consegue, com uma palavra, paralisar a vontade do imperador ou dum herói, – e em caso contrário, animá-los de tal forma que as montanhas estremecem diante de seus atos!” 8. Digo Eu: “Bem, Meu amigo, estes magos de atitudes semi-divinas não passarão bem; sabem que traem torpemente os incautos, pois vendem o “nada” por muito dinheiro, induzindo as pessoas a perversidades horrendas. São verdadeiros criadores do mal, para a perdição do próximo!” 9. Perguntam vários romanos, presentes: “Não poderão alcançar a bem-aventurança eterna, caso melhorem?” 10. Respondo: “Como não? Mas a lástima é que estas pessoas pouco se prestam para a regeneração! Facilmente podeis converter assassinos, ladrões, salteadores, adúlteros etc., e um imperador, um rei, também, desfazer-se-ão das coroas; mas um mago não se separa de sua vara! Seus asseclas invisíveis não o permitem e o dominam quando os deseja abandonar. 11. Por isto, repito: Amaldiçoada seja a feitiçaria! Pois por ela os pecados vieram ao mundo! Quem desejar fazer milagres terá que receber o poder de Deus; e só deverá fazê-lo onde exista necessidade premente! Quem agir por mistificações através de rimas e sinais não mais necessita ser amaldiçoado, pois já o é pela sua vontade! Por isto, preservai-vos da magia, como da predição, da buena-dicha etc., pois muito prejudicam o espírito!” 12. Quase todos se assustam com Minhas Palavras e indagam se também não mais deviam guiar-se pelos prenúncios dos tempos, aprovados pela experiência. 13. Digo Eu: “Oh, sim! Mas apenas quando se baseiam em cálculos científicos. Não o sendo, torna-se isto um pecado, pois que a criatura aceita uma segunda crença que enfraquece a fé pura na Providência Divina e, finalmente, liga mais às manifestações da Natureza do que ao Deus Único e Verdadeiro. 14. Quem permanecer na fé inabalável e pura, poderá pedir porque receberá ainda mesmo que as experiências atmosféricas provem o contrário; aquele, entretanto, que se fia nos sinais terá as provas de acordo. Os fariseus também acreditam neles e se deixam pagar para explicá-los; por isto, serão amaldiçoados! 15. Não fez Deus tudo que servisse de prova para o homem? Será, portanto, Senhor e Guia sobre tudo! Se Ele assim fez, como poderiam as coisas e os sinais determinar algo sem Ele? Por isto deve o homem pedir a Deus que tudo pode, independentemente dos sinais! Não é isto mais confortador que milhares de explanações místicas?” 16. Dizem todos na Minha mesa: “Senhor, isto é certo e verdadeiro! Se, porém, fosse de Tua Vontade que todo o mundo assim pensasse e agisse, em pouco tempo tudo se modificaria! Nós, que Te rodeamos, não temos dificuldade para tanto, pois que és a Base de Todo Ser e Vida! Mas isto não se dá com milhões de criaturas não possuidoras desta Imensa Graça da Tua Presença, tão pouco podem ouvir de Ti as Palavras de Vida! Certo é que também almejam vislumbrar Aquele de Quem a Criação dá testemunho tão evidente! Mas esta Graça não lhes é satisfeita. É fácil, portanto, compreender-se que feitiços e magias as atraem, pois oferecem-Ihes algo, embora falso, que não deixa de ter aparência divina!”
66. FEITICEIROS E ADIVINHOS
1. Eis que Cirenius toma de novo a palavra e diz, seriamente: “Senhor, ninguém pode contestar a Tua Divindade; mas confesso que, nesta explicação sobre feiticeiros e adivinhos, nada senti de Tua tão conhecida Misericórdia e Teu Amor! Nessas condições tudo depende de Ti, – pois Tu Mesmo aplicas golpes fortes ao homem, que muito o magoam; mas, ai dele, quando começa a gemer! Não sei se isto também é justo! As criaturas deste mundo são, na maioria, cegas e tolas e, como tais, pervertidas. Pergunto, onde está a culpa e como surgiu o mal! Assim como ora pergunto, milhares de romanos o farão! 2. Não é admissível que o homem surgisse de Tuas Mãos com más tendências, tão pouco como uma criança possa nascer como demônio. Se, portanto, o primeiro homem foi bom, como podiam tornar-se maus o segundo e terceiro? Foi isto da Tua Vontade, ou, daquele que o gerou? Tudo que aconteceu estava dentro da Tua Sabedoria! Por que, então, a maldição daqueles que, realmente salvaram a Humanidade do desespero, pois que Tu não Te mostravas com sua súplica?! Por isto Te peço, sê Justo e não Inclemente; a criatura não tem armas contra seu Criador, e só pode pedir, sofrer e se desesperar!” 3. Digo Eu: “Amigo Cirenius, já esqueceste de tudo aquilo que ouviste tanto de Mim quanto dos dois anjos?! Acaso disse que Eu Mesmo julgava tais pessoas? Há poucos dias tencionavas mandar castigar os fariseus, pela razão de quererem Me apedrejar, e Eu te impedi naquilo! Agora pareces querer tomar o partido deles! Talvez entendas melhor proporcionar meios adequados, pelos quais os homens consigam a Filiação Divina, quando o quiserem? Vê, como ainda és fraco?! Acaso és tão entendido na História da Humanidade que Me repreendas ter Eu, somente agora, dirigido Minha Atenção aos rogos dos homens? 4. Não viveram as primeiras criaturas em Minha Presença constante? Quem foi o sumo pontífice Melchisedek, que viveu como um Justo Rei dos Reis em Salem, desde Noé até Moisés? Quem foi o Espírito na Arca? E como este Me penetrasse, – pergunto: Quem Sou Eu? Os clamadores desejavam-Me atrair das estrelas, porquanto Eu lhes era mui simples e pouco divino, não querendo brilhar como os astros! 5. Aquilo que acaba de te agitar está errado, e Satanás, percebendo que trazes o segredo dele dentro de ti, deitou-te uma armadilha, – e já tencionavas discutir Comigo! Reflete se te assiste direito naquilo que falaste?! 6. Poderia Eu, algum dia, ser Injusto e Inclemente? Sou, por acaso, Injusto em te oferecendo o ouro verdadeiro, ao invés do falso? Ou deveria vos deixar na velha e inútil superstição? Não teria Eu, o Senhor, maior direito para aniquilar os perversos fariseus do que tu? Acaso os julguei? Vê, quão curta é tua visão? Penso, Meu amigo, que tudo aquilo que viste e ouviste deveria proporcionar-te maior lucidez!” 7. Cirenius, arrependido, pede que lhe perdoe, assim como todos os presentes, pois reconhecem seu erro. Eu os conforto, dizendo: “Oh, ainda passareis por muitas experiências semelhantes; mas, então, não esqueçais este acontecimento e a lição que acabais de receber. Caso contrário, podeis cair em piores tentações e de nada vos adiantariam o Meu Conví vio e Minhas Palavras; pois neste caso sereis vítimas do mundo, compartilhando com os que acabais de mencionar: Procuraram e chamaram a Mim e Eu, a fim de os poder condenar, ofereci-lhes magos e adivinhos!”Todos Me pedem de novo perdão, e Eu os abençôo.