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O Desafio do Ensino de Administração frente ao Paradigma Emergente

Genaro Galli

O ambiente caótico em que vivemos, marcado por crises financeiras, pandemias e


fenômenos naturais imprevisíveis, tem apresentado desafios para a educação executiva.
Os programas de pós-graduação desta área, muitos intitulados MBA (Master Business
Administration), possuem como pilares as quatro principais funções desempenhas pelos
administradores: o planejamento, a organização, a liderança e o controle (Megginson et
al., 1998).

Entre as funções desempenhadas destaca-se, nos programas de educação executiva e na


vida dos gestores, a atividade de planejamento. Mintzberg (2006) ressalta que as escolas
de negócios têm enfatizado a função de planejamento, através da análise das variáveis
do ambiente, a fim de traçarem estratégias que orientarão as empresas para atingirem
seus objetivos.

O exercício do planejamento se consolidou no ambiente acadêmico e profissional na


década de 70, quando a ferramenta denominada de planejamento estratégico começou a
ser adotada e difundida (Born, 2006). Este movimento que se estende até a atualidade
está apoiado na previsão de cenários que a organização irá enfrentar no futuro. Desta
forma, a previsibilidade das variáveis ambientais passou a ser um dos importantes
pilares da educação executiva.

Porém, o ambiente contemporâneo com seus movimentos imprevisíveis, como a crise


econômica mundial, as pandemias, os atentados terroristas e os desastres naturais tem
colocado em cheque o planejamento das organizações e, conseqüentemente, o modelo
adotado nas escolas de negócios.

Diante deste contexto muitos profissionais passaram a questionar tanto o ato de planejar
quanto a ferramenta planejamento estratégico, onde é comum escutar gestores
esbravejando: “Para que dedicar horas de grupos de trabalho montando planejamentos
que vão por água abaixo diante de acontecimentos que não foram previstos?¨. Saliento
que a falha pode não estar na função de planejar ou na ferramenta de planejamento
estratégico, mas na pretensão do ser humano, e neste caso especifico dos gestores e
acadêmicos de administração em prever e controlar o futuro.

Tal postura é uma herança de um pensamento determinista mecanicista, onde o mundo é


visto como um universo ordenado, determinado, mecânico e eterno. Segundo Sousa
Santos (2006, p.44), “… a hipótese do determismo mecanicista é inviabilizada uma vez
que a totalidade do real não se reduz à soma das partes em que a dividimos para
observar e medir”.

De acordo com Cupani (1985) a obrigatoriedade de aceitar tradições positivistas como


as leis e a ordem natural com a mais absoluta neutralidade tem sido cada vez mais
contestada.

Ao planejar, muitos administradores buscam conhecer de forma precisa o futuro,


analisando o “universo’, neste caso o ambiente de negócios, através de um número
restrito de variáveis. Porém, devemos nos atentar que o mundo não é linear, e que a
análise de algumas ou poucas variáveis não corresponde ao todo, ainda mais a um todo
que ainda não foi construído como o futuro.

Segundo Born e Galli (2007), existe um racionalismo que facilmente se observa nas
escolas de negócios e nas empresas e de sua pior conseqüência, a racionalização. Morin
(1981, p. 102) destaca que “o excesso de lógica em relação ao empírico e a recusa pela
complexidade do real” são os maiores responsáveis pela não aceitação do acaso e do
não saber, que acabam por conduzir o indivíduo a uma construção simplificada e
equivocada da realidade.

Por tanto, o ensino de administração deve estar aberta a outras formas de conhecimento,
a pluralidade de saberes. A interpretação do mundo por uma única ótica é restrita e
limitada. O excesso de especialização acaba deixando o campo de visão dos
profissionais muito estreito. Para Sousa Santos (2006, p.51), “A simplificação arbitrária
da realidade nos confina a um horizonte mínimo para além do qual outros
conhecimentos da natureza, provavelmente mais ricos (…) ficam por conhecer“.
Bertrand (2001), ressalta que o progresso rápido dos conhecimentos nas diversas áreas e
o excesso de especialização torna cada vez mais difícil a visão do todo.

Entretanto, não devemos condenar o ato de planejar ou a ferramenta de planejamento


estratégico, mas sim, chamar a atenção que o planejamento não deve ser adotado como
um instrumento de previsão precisa do futuro. Os gestores e acadêmicos devem
considerar o planejamento um ato de reflexão sobre o futuro que a empresa irá
enfrentar, exercitando os possíveis caminhos estratégicos que a empresa poderá adotar.
Desta forma, o foco do planejamento não deve ser a certeza, a busca de uma única
verdade, mas sim a reflexão das diversas possibilidades de cenários que as organizações
terão que enfrentar.

Senge (2004) destaca que o atual ambiente econômico apresenta um grande desafio para
as organizações do mundo todo. Neste cenário de mudanças continuas e intensas, surge
à necessidade das organizações que aprendem, ou seja, empresas que utilizam o
conhecimento para inovarem constantemente e adaptarem-se as transformações do
ambiente.

Por tanto, a educação executiva na contemporaneidade, deve contemplar uma visão


plural e multidisciplinar. A globalização e a facilidade de trocas de informações entre as
diversas culturas criaram uma realidade atravessada por diferentes saberes e
experiências. No atual contexto não existe um único paradigma dominante, conforme
destaca Kuhn (1970), mas sim múltiplos paradigmas que convivem no mesmo espaço
de tempo.

Segundo Sousa Santos (2006, p.48), no paradigma emergente que vivenciamos na


contemporaneidade, o determinismo, dá lugar à imprevisibilidade; a interpretação, dá
lugar à espontaneidade; a ordem, dá lugar à desordem; a reversibilidade, dá lugar à
irreversibilidade e à evolução.

Diante deste contexto de imprevisibilidade e desordem, devemos refletir como


incorporar tal visão nas escolas de administração. Quais habilidades devem ser
desenvolvidas no gestor contemporâneo? Quais mudanças devem ser realizadas no atual
modelo de planejamento?
O desafio consiste em buscar alternativas que rompam com as raízes do ensino que
acontece na maioria das escolas de administração. A transição de um modelo baseado
no paradigma positivista que vem se sustentando ao longo de muitos anos é uma
barreira a ser rompida. Para tal, é importante ter a convicção que a mudança deve ser
feita com bases sólidas e sustentadas por uma educação que confronta o excesso de
lógica e a recusa pela complexidade do real. Como destaca Drucker (2000), os
principais grupos sociais da sociedade do conhecimento serão os gestores que sabem
como alocar conhecimento para se adaptar as mudanças contínuas do ambiente.

Referencias Bibliográficas

BERTRAND, Yves. Teorias Contemporâneas da Educação. 2ed. Lisboa: Instituto


Piaget, 2001.

BORN, Roger. Desvendando o Planejamento Estratégico. Sulina: Porto Alegre, 2006.

CUPANI,A. A Crítica do Positivismo e o Futuro da Filosofia. Florianópilis:UFSC,1985

DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira; Publifolha, 2000.

MEGGINSON et al. Administração Conceitos e Aplicações. 4ed. São Paulo: Editora


Harbra, 1998.

MINTZBERG, Henry. MBA, Não Obrigado – Uma Visão Crítica sobre a gestão e o
desenvolvimento de gerentes. São Paulo; Bookman, 2006.

MORIN, Edgar. As Grandes Questões do Nosso Tempo. Lisboa: Editorial Notícias,


1981.

KUHN, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo; Editora


Perspectiva, 1970.

SENGE, Peter M. A Quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. São
Paulo: Editora Nova Cultural, 2004.

SOUZA SANTOS, Boaventura. Um Discurso sobre as ciências. 4ed. São Paulo: Cortez
Editora, 2006.

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