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tecnologia

Chico,
o robô
São capazes de prestar atenção ao
que os rodeia, de reconhecer objectos e
até de aprender a falar. Os robôs iCub
foram feitos à imagem de uma criança.
Texto João Pedro Pereira
Fotografia Rui Gaudêncio

Q
uando nos composto por duas câmaras não pensa num braço mecânico robôs que se chamam iCub (cub
aproximamos, redondas, semelhantes a dois automatizado, concebido para significa cria). Os iCub foram
é preciso olhos. “O aspecto humanóide é tarefas repetitivas e monótonas desenhados para se assemelharem
refrear o importante nas feiras”, comenta — graças à ficção científica, uma a uma criança — e o objectivo foi
impulso de o investigador Alexandre das primeiras imagens que vêm conseguido.
estender a mão Bernardino, enquanto introduz à cabeça é a de máquinas de Nesta demonstração, a
ou acenar para num computador ligado ao aspecto humano, ou, no mínimo, primeira habilidade do Chico
o robô humanóide, com pouco robô as instruções para que vagamente antropomórficas. Para é seguir com o olhar e tentar
mais de um metro de altura e este faça uma demonstração de atrair a atenção, tanto de curiosos agarrar uma pequena bola em
rosto infantil, que está desligado capacidades. como dos media, um robô com movimento. O robô “acorda” ao
a um canto, com a cabeça a Há muito que os robôs são aspecto humanóide tem uma ver a bola na mão de Alexandre
pender sobre um ombro e um presença assídua no quotidiano, grande vantagem. Bernardino, que a movimenta
olhar que, se fosse humano, sobretudo em fábricas. Mas, Chico é o nome dado a este lentamente no raio de visão da
seria vazio, mas que é apenas quando se fala neles, a maioria exemplar de um modelo de máquina. Chico segue a bola

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com a cabeça e com os olhos, em foque a atenção em objectos criança curiosa, com o olhar a Aprender como
movimentos muito semelhantes em movimento — corre pior. alternar entre o investigador que uma criança
aos de uma criança. Quando O investigador acena a mão lhe solda o braço e outro que Os robô iCub (existem entre 15
ela se aproxima, roda o torso e e depois uma folha de papel. circula pela sala. a 20 cópias em funcionamento
estende o braço na direcção do Mesmo fazendo-o em frente do Claro que Chico não tem em vários laboratórios do
objecto. Agarrar a bola, porém, é nariz da máquina, não consegue vontade própria e não decide mundo) são capazes de detectar
impossível, porque as mãos não captar a atenção do robô por em que momentos quer estar movimento, cor e até distinguir
têm ainda os motores necessários mais do que breves segundos. mais ou menos atento ao resto rostos humanos. Também são
para se fecharem. Às vezes, o Contudo, e a provar que há do mundo. A falta de atenção capazes de ouvir. E têm aquilo
robô “distrai-se” e deixa de seguir ocasiões em que o robô é capaz momentânea é um problema de a que os especialistas chamam
a bola. Fica parado. O software de estar muito mais atento ao que configuração de software, explica 54 pontos de liberdade — ou
ainda não é perfeito. o rodeia, há vídeos na Internet Alexandre Bernardino, enquanto seja, “articulações” que lhes dão
A demonstração seguinte — (basta procurar no YouTube) em vai ajustando alguns parâmetros capacidade para mexer a cabeça,
em que se espera que Chico que o humanóide parece uma no computador. os olhos, os braços, as pernas e c

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as mãos. Os iCub são capazes de conseguidas com o recurso a luzes
gatinhar e há investigadores que avermelhadas, capazes de simular
estão a trabalhar para que possam no rosto da máquina (feito de
caminhar de pé (algo que não está um material semitransparente)
nos projectos para o Chico). as sobrancelhas e a boca.
O iCub “é, neste momento, As luzes são usadas para o
o robô humanóide mais que Santos-Victor considera
sofisticado do mundo em “expressões básicas”: angústia,
termos de graus de liberdade cólera, felicidade, dúvida. Os
e capacidade de movimento”,
garante o investigador José
São robôs investigadores conduziram
experiências em infantários para
Santos-Victor, que, tal como
Alexndre Bernardino, faz parte
como o iCub que medir a resposta das crianças — e
estas reconheceram, “com alguma
do Laboratório de Visão por vão fazer com subjectividade”, as caras do robô.
Computador do Instituto de Agora, a ideia é fazer o processo
Sistemas e Robótica do Instituto que passem inverso. “Vamos colocar o robô a
Superior Técnico, em Lisboa
— uma das muitas instituições
a interagir mais reconhecer as expressões faciais
das pessoas e responder com
que participaram no consórcio com humanos expressões afins.”
responsável pelo desenvolvimento São robôs como o iCub que,
do robô, num projecto que simples. Mas, mais interessante, acredita o investigador, vão fazer
durou cinco anos e implicou consegue já interpretar e com que este tipo de tecnologia
um investimento de 8,5 milhões compreender algumas acções saia do ambiente industrial,
de euros. O modelo resultante dos demonstradores humanos entre no ambiente doméstico e
(incluindo o software) pode ser sem que o tenhamos de indicar passe a interagir de forma mais
usado por qualquer pessoa que explicitamente”, sublinha natural com os humanos. “Vamos
queira montar um iCub. “A ideia Santos-Victor. E dá um exemplo: ter no espaço de alguns anos
é criar um robô humanóide “A nossa demonstração mais subsistemas que terão algumas
standard para o mundo inteiro”, clara é um jogo de reciclagem, das características destes sistemas
explica Santos-Victor. Cada em que várias peças diferentes que desenvolvemos hoje. Talvez
unidade tem um custo de devem ser encaminhadas para não um humanóide completo
produção de 300 mil euros. contentores diferentes. O robô em casa de cada um, mas braços
Nem só engenheiros estiveram consegue aprender as regras por e cabeças que podem realizar
envolvidos no desenvolvimento observação, sem que lhe seja algumas tarefas, aprender
do iCub. Do projecto fizeram explicitamente dito como são e adequarem-se aos nossos
também parte psicólogos e essas regras.” hábitos.”
especialistas em neurofisiologia. Porém, ainda falta muito para
A ideia que é que o robô Uma máquina que sorri termos robôs inteligentes como
consiga aprender de uma forma Uma máquina que aprende aparecem nos filmes, sublinha
semelhante à de uma criança por imitação representa um Santos-Victor. “A ficção científica
— o que, para além de um grande avanço na forma como leva vários anos de avanço.” a
passo em frente na tecnologia os robôs podem ser controlados.
robótica, poderá ainda ajudar a Normalmente, determinar o jppereira@publico.pt
compreender o próprio processo comportamento de um robô
de aprendizagem infantil. (seja humanóide ou um braço
Num outro vídeo, também mecânico numa fábrica) é
disponível online, investigadores um trabalho que exige uma
do Técnico põem uma caixa de competência técnica que escapa
cereais em frente à Chica (versão à maioria das pessoas. Ter um
“feminina” do Chico, que não robô capaz de aprender por
tem corpo e surge nas imagens imitação significa que uma pessoa Sorria, por
“vestida” com uma camisola às sem estes conhecimentos pode favor Graças ao
flores). Inicialmente, o robô não “programar” a máquina para fazer recurso a luzes
distingue o objecto do resto dos aquilo que pretende. E o iCub avermelhadas, o
elementos no campo de visão. até é capaz de aprender a falar, Chico consegue
Mas, quando se aproxima a assegura Santos-Victor. “Pode simular expressões
caixa dos olhos da máquina, esta emitir sons, e pode falar, porque faciais
isola-a do resto e é então capaz de existem hoje bons sistemas de
concentrar a atenção no objecto — geração de som. Pode inclusive
o processo pode ser repetido com aprender a falar emitindo sons
um qualquer número de objectos. que depois vai afinando através
Tal como as crianças, o iCub é de interacção com as pessoas
capaz de aprender a observar os cuidadoras, tal como as crianças.”
gestos dos outros. “O robô já faz Para além de tudo isto, há
algumas coisas por imitação em uma outra forma para o Chico
consequência do nosso trabalho comunicar com humanos: as
de investigação. Pode imitar gestos expressões faciais, que são

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