Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
2008
PROB: Como crime de resultado (embora de resultado cortado), a burla
admitir, em princpio, a comisso por omisso. Contudo, dvidas tm sido
suscitadas sobre tal possibilidade, com fundamento no carcter de
execuo vinculada de que este tipo de crime se reveste. Ao exigir que
o erro ou engano que determina a aco do ofendido seja astuciosamente
provocado pelo agente, o legislador parece, numa primeira anlise, ter
excludo a possibilidade de omisso, aparentemente incompatvel com a
conduta activa que a descrio tpica enuncia. Esse procedimento astucioso
ou fraudulento faltar completamente quando a conduta imputvel ao
agente seja precisamente a falta de aco, ou, por outras palavras, o
aproveitamento de um estado de erro do ofendido no provocado por actos
positivos do agente.
Contudo, pode contrapor-se que, nesta hiptese de mero aproveitamento de
um erro no provocado, a astcia no deixar de estar presente (de forma
negativa) na dissimulao, ocultao ou sonegao dolosa de informaes
determinantes para a formao de vontade do ofendido. E assim a questo
estaria apenas em saber se o agente tem ou no a obrigao de informar
correctamente o ofendido, ou seja, se tem ou no a posio de garante,
consumando-se a burla poromisso no caso afirmativo.
Caso: O arguido, agindo sempre em nome da sociedade CC, tinha
celebrado, como locatrio, um contrato de locao financeira sobre um
determinado prdio rstico. Posteriormente celebrou com a assistente um
contrato-promessa de compra e venda, prometendo vender-lhe o referido
prdio, ao qual se previamente deslocou acompanhado do gerente da
assistente e do advogado desta. Nunca o arguido referiu que o prdio
estava sujeito quele contrato de locao financeira e que, portanto, a firma
por ele representada no era proprietria do mesmo.
Coloca a recorrente trs questes:
a) Violao dos art. 127 e 410, n 2 do CPP, porque a Relao modificou a
matria de facto sem ter apresentado nenhuma razo fundada e relevante;
b) Integrao dos factos, mesmo aps a modificao a que a
Relao procedeu, no crime de burlaqualificada dos arts. 217 e
218 do CP, se no por aco, ao menos e seguramente,
por omisso;
c) A no ser assim, subsuno dos mesmos factos ao crime de abuso de
confiana do art. 205, n 4, b) do CP
[matria de relevo]
1 instncia: crime de burla, pelo qual foi condenado na 1 Instncia
Stj: forma de comisso por omisso
considerou-se
equiparvel
o aproveitamento do
erro