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pedrohmbt@hotmail.com
Mas de que Duplo pode ele estar falando? Bom, o de que falo é o Duplo
trazido em “Das Unheimliche” artigo para qual esse trabalho converge. “O duplo
originalmente era uma garantia contra a queda/ocaso (Untergang) do Eu, um
enérgico desmentimento do poder da morte” (FREUD, 1919a) Isso, ressalta Freud, é
o que se dá originalmente mas, superado o narcisismo primário, este outro volta-se
contra o sujeito de forma assustadora.
Vê-se que o duplo, cuja primeira aparição se faz na idéia de alma (FREUD,
1919a) é algo do sujeito que se volta contra ele como horrendo que vem nos
assombrar. Poderíamos dizer que a alma, o duplo tão heimlich (familiar, doméstico,
natal, pátrio), torna-se o fantasma, a assombração, algo umheimlich (inquietante,
sinistro, lúgubre, medonho, numinoso) (IRMEN, 1968).
Num artigo que trata da temática das personagens psicopáticas Freud traz
que “...os heróis são rebeldes que se voltaram contra um Deus.” (FREUD, 1942)
Deus que, em Freud desde Totem e Tabu é o Pai que matamos (FREUD, 1913). Um
engendramento de uma personagem, esse Deus, por que não dizer? Confortante
isso? Talvez num primeiro momento, mas não esqueçamos que “Deus e o Demônio
eram originalmente idênticos, uma única Gestalt - uma figura posteriormente
decomposta em duas com características opostas” (FREUD, 1923). O demônio, pai
das figuras de horror, é o anjo caído (que cayó bajo la repression), pois o unheimlich
do duplo é o horror, o estranhamento ao familiar que foi recalcado.(HARARI, 1998)
.Na palavra Unbewußt, Lacan vê o prefixo de negação un_ como a entificação do
reprimido, é o que marca a cisão (LACAN, 1974a).
Monstruosus: deformado
Pois ao longo do romance, o que testemunhamos é o monstro demonstrando,
acusando, incansavelmente a falta, a imperfeição no cientista, tal qual faz uma
histérica com seu amo sobre o qual passa a reinar (QUINET, 1991). O criador vê-se
assujeitado à criação. O que horroriza é pôr fim o que “nos de-monstra a nós” ainda
que sobre o disfarce da alteridade. L’enfer sont les autres (O inferno são os outros)
disse o romancista do existencialismo, talvez poderíamos inferir que são os non-
autres ou, les nôtres, os nossos, nossos próprios fantasmas.
Notas:
(2) – “Ihr Ergriffensein von den Wahrheiten des Unbewußten, von der Triebnatur des
Menschen, Ihre Zersetzung der kulturell-konventionellen Sicherheiten, das Haften
Ihrer Gedanken an der Polarität von Leben und Sterben...” Carta de Freud a
Schnitzler em 14 de Maio de1922.
(3) - É digno de nota, a partir daqui, o fato da Escola Francesa utilizar as palavras
fantôme/fantasme (fantasma) como traducão da Phantasie (fantasia) de Freud.
(4) “Sendo ele o Sr. Hyde (esconder), serei pois, o Sr. Seek (procurar)”
Referências
- LACAN, Jacques - Escritos, Rio de Janeiro; Jorge Zahar Ed., 1966 [1998]
- KON, Noemi Moritz – Freud e seu Duplo: Reflexões sobre Psicanálise e Arte,
São Paulo: Edusp, 1996