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Lugar da concorrência
Jovens não gostam de ler em papel? Errado: jovens gostam do Facebook mas o
Facebook só funciona na web. Antes das "redes sociais" os jovens adoravam os cartões
da Hallmark & congêneres, serviam para dizer qualquer coisa. Jornais e revistas nunca
pensaram em substituir-se a estes postais. Agora, se jornais e revistas forem
suficientemente atraentes e capazes de estimular e distribuir o inigualável prazer de
ler, os jovens recorrerão a eles enquanto clicam o Facebook para atender necessidades
menos vitais.
Nesta primeira edição do novo-velho Estadão chamou a atenção o abandono dos
carnavalescos infográficos. O gesto contém uma mensagem inequívoca: uma imagem
não vale mil palavras como se apregoava bobamente. Vale o corolário: uma palavra
pode valer mil imagens – atabalhoadas, desconexas, sem contexto.
Há também uma mensagem política embutida na renovação do Estadão: acabou a
influência da Universidade de Navarra, do seu lobby e da sua poderosa rede de
consultorias e entidades. Em outras palavras: a Opus Dei continua na esfera religiosa –
que Deus a conserve lá! – mas foi alijada do comando do processo jornalístico
brasileiro como vinha acontecendo há mais de duas décadas.
O Estadão demarcou-se, individuou-se. Mostrou aos concorrentes que o caminho da
sobrevivência é a concorrência, a pluralidade de ofertas e não o corporativismo
homogeneizador. O adversário de um grande jornal é outro grande jornal. E se os
concorrentes compartilham das mesmas convicções, desatrelem-se, disputem para ver
quem se destaca. O Washington Post e o New York Times jamais fizeram tabelinha
durante o caso Watergate.
Duas opções
Convém lembrar, no entanto, que a primeira edição de um novo projeto editorial serve
apenas de balizamento, paradigma. A qualidade da edição inaugural do novo Estadão
não garante a sua sustentabilidade. Ficou claro que muitas matérias foram elaboradas
com esmero para a ocasião, o lustro festivo é perceptível. Nos próximos dias será
possível avaliar se o novo desenho e o novo conceito estão amparados por uma
estrutura jornalística capaz de produzir a mesma qualidade em grande quantidade.
A elegância que se filtra do novo design tornará obrigatório novo padrão de exigência
no processo de seleção do material a ser publicado. Numa linda vitrine só podem ser
expostos bons produtos e para cada espaço vazio num jornal é preciso dispor de, pelo
menos, duas opções para preenchê-lo. Não há projeto gráfico que resista ao
fechamento "no tapa", sem possibilidade de escolha.
De qualquer forma, um avanço – o fim do jornal está adiado sine die Pelo menos no
Brasil.