Golpe de Mestre Cap06

TV DESTINO
CENTRAL DESTINO DE PRODUÇÃO CAPÍTULO. 06
Uma novela de
RYNALDO NASCIMENTO
Colaboração de
Guto Góess
Direção
Vinicius Coimbra, Amora Mautner, Pedro Vasconcelos e Cláudio Boeckel
Direção Geral
Cláudio Boeckel
Personagens deste capítulo

JENNIFER JANAINA LETÍCIA
TIAGO PAULA NADINE
TÂNIA JUDITH NESTOR
ELIAS ÍTALO RUTH
RITA RAMON NATÁLIA
JAQUELINE JOÃO MATEUS SANTINHA
DÉIA JANICE PATUSCA
JOEL ISMAEL LEO
SORAYA JOSÉLIN COBRA
MATIAS ISAAC
Participação especial
VÂNIA / RAVEL / HOMEM
Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA. e por conter
informações confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer
forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de
violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
GOLPE DE MESTRE CAPÍTULO 06 PÁG.: 2
CENA 1. ACADEMIA. SALA DE TIAGO. INTERIOR – NOITE

CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO ANTERIOR. TIAGO, ASSUSTADO,
EMPURRA JENNIFER.
JENNIFER – ai, cê me machucou!
TIAGO – (mandando fazer silêncio) psiu! A Tânia!
TÂNIA MEXE NA FECHADURA. CORTE PARA TÂNIA DO LADO DE FORA

(ECONOMIZANDO CENAS)
TÂNIA – mais o que ta acontecendo com essa porta? (bate)

Tiago, Tiago! Abre a porta amor.
CORTA PARA A SALA DE TIAGO. ELE ESTÁ NERVOSO SEM SABER O QUE
FAZER.
TIAGO – meu Deus, ela vai descobrir tudo.
JENNIFER – ai meu bem, deixa de stress!
TIAGO – você é louca? (grita) Estou sim amor, espera um

minuto.
CORTA RAPIDO PARA:
CENA 2. ACADEMIA. INTERIOR – NOITE

JAQUELINE, DÉIA, ELIAS E RITA.
RITA – eu estou empolgada pra começar, Jaqueline.
JAQUELINE – é só a dona Tânia. (se corta) Cadê a dona Tânia?
ELIAS – (apontando) está ali. Vou chamá-la.
ELIAS VAI ATÉ TÂNIA.
ELIAS – o quê você ta fazendo ai parada, minha filha? Vamos

logo, a Jaqueline está esperando. Venha (puxando),
venha logo.
TÂNIA – calma seu Elias. (desconfiada) Tá acontecendo

alguma coisa com o Tiago.
ELIAS – não está acontecendo nada. (insiste) Vamos logo!
TÂNIA – ta bom, ta bom. Vamos. (rindo) E por onde vamos

começar? Ah, o parque aquático, estou louca pra saber.
ELIAS E TÂNIA SE JUNTAM AOS OUTROS. A CÂMERA CORTA PARA O

BURACO DA FECHADURA, TIAGO ESTÁ A OBSERVAR.
CORTA PARA:
CENA 3. ACADEMIA. SALA DE TIAGO. INTERIOR – NOITE

TIAGO SE SENTE ALIVIADO. JENNIFER VAI ABRAÇÁ-LO.
JENNIFER – seria tão bom se nós assumíssemos isso de vez, não é

meu bebê?
TIAGO – ta louca? Quer destruir a minha vida, Jennifer? Isso

não pode acontecer. Nunca vai acontecer.
JENNIFER – (revoltada) que saco!
TIAGO – nem pense em uma coisa dessas. Eu nunca vou

abandonar a minha mulher. Posso até ser safado, pegar
outras por ai.
JENNIFER – outras?
TIAGO – sim, outras. Ou você acha que é fixa? (ri) Sou

malandro, gatinha!
TIAGO DÁ UMA PISCADINHA DE OLHO PARA JENNIFER QUE ESTÁ

CHATEADA.
TIAGO – e nem pense em sair daqui agora. Eles estão lá

embaixo e se alguém te vê, já era.
CORTA PARA:
CENA 4. BOTECO. INTERIOR – NOITE

JOEL ESTÁ BÊBADO, CONVERSA COM OUTROS VAGABUNDOS. BOTECO
LOTADO.
JOEL – quebrei de porrada! Quê? Meti o cacete! Bati com a

própria bolsa na cara. (gargalhada) Ela ta pensando que
é quem pra não me dar dinheiro?
HOMEM – mulher tem que ser tratada assim mesmo. A base da

porrada!
JOEL – elas gostam rapaz. (ri) Elas gostam de ganhar uns

safanões no pé do ouvido. Dizem que elas gostam!
(bebe) Sentem tesão! (gargalhada)
HOMEM – são rameiras! Vagabundas! E ela ficou chorando?
JOEL – ta lá... Chorando as magoas com a vizinha. Outra

vagabunda! Outra puta que só vive lá em casa de
fofoquinha com ela. Mulher só presta pra isso...
Fofoqueiras! (grita) Um bando de fofoqueiras. E ainda
vem me azucrinar com a menina. Ah, vá-te pro inferno!
Quero que a Soraya se foda, se exploda... Ela tem que
me dá dinheiro.
HOMEM – é isso ai.
JOEL – cole cara, eu nasci pra ouvir desaforo de mulher?

Quem manda nela sou eu. (bebe, gargalhada) E quando
chegar em casa eu ainda como a... (gargalhada) Eu
ainda... (se pocando de ri) Ainda dou umas chineladas.
E ELES CONTINUAM A BEBER E A FALAR DE SORAYA, SEM AÚDIO.
CORTA PARA:
CENA 5. CASA DE SORAYA. QUARTO DE SORAYA. INTERIOR – NOITE

O BEBÊ ESTÁ NA CAMA, BRINCA COM ALGUMA COISA. SORAYA
CONVERSA COM A VIZINHA, QUE VAMOS CHAMAR DE VÂNIA.
SORAYA – me diz o que eu fiz pra merecer aquele encosto em

minha vida? Eu não agüento mais Vânia. Todo santo
dia aquele desgraçado chega bêbado em casa.
VÂNIA – o que ele fez dessa vez com você minha amiga? Eu
ouvi os gritos lá de casa, mas não deu pra/
SORAYA – querendo dinheiro. Você acredita que ele foi lá na

clinica, teve a cara de pau de ir até lá me pedir
dinheiro?
VÂNIA – meu Deus!
SORAYA – (por cima, revoltada) me ameaçou. A sorte dele que

não tinha ninguém. (pausa) Mas ele vai mais vezes, eu
tenho certeza.
VÂNIA – um homem que não arruma um emprego, não quer

nada da vida, só pensa em viver no boteco é um
marginal, minha amiga. Tá na hora de você dá um basta
nisso.
SORAYA – o Joel está passando dos limites, mas eu gosto dele.
VÂNIA – ah, é isso! Toda mulher ama um vagabundo.
SORAYA – ai, eu não sei. (pausa) Ele é o pai de minha filha. Eu

penso tanto na Amanda.
VÂNIA – e o que tua filha tem a ver com isso? Ela vai dar
graças a Deus quando crescer e ver que esse traste não
ta dentro de casa.
SORAYA – não sei não.
VÂNIA – e outra: ele não liga pra ela. Ele já disse em alto e
bom tom, que não gosta. Tanto que você a deixa
comigo. Se ele fosse um pai de verdade agiria como
um. Ele cuidaria da menina enquanto você estivesse
trabalhando. (pausa) Não que eu não queira cuidar dela,
não é isso.
SORAYA – eu te entendo. Você está certíssima. O Joel xingou

minha filha hoje. Mandou a gente ir pro inferno.
(chora) Ai amiga, o que é que eu faço?
VÂNIA – (pegando na mão, dando força) tira esse homem de

sua vida. Vai recomeçar amiga. Longe desse
vagabundo.
JOEL ENTRA DE VEZ, BÊBADO, CAINDO DAS PERNAS.

JOEL – a dupla dinâmica está aqui. Sabia que eu ia encontrar

vocês aqui, no meu quarto, fofocando.
VÂNIA – (sentindo o cheiro de cachaça) olha amiga, eu vou

indo. Tua filha está entregue.
SORAYA – (cumprimentando) obrigado, Vânia.
JOEL – (irônico) já vai? Ô, que peninha! (gargalhada) Aposto

que vai fazer fofoca agora em outra casa.
VÂNIA – não, eu não tenho seu costume. Não sou uma

vagabunda, que não tem o que fazer.
JOEL – (tentando ser sério) qual o seu problema, Vâninha? É

sexo? (querendo ri) É sexo, meu bem, diz pra mim?
SORAYA – (grita) para com isso Joel. Respeito é bom, sabia?
JOEL – com a Vânia? (gargalhada) Olha o nome da sujeita:

Vânia! Vâninha... Sexo! Vânia quer sexo... (batendo
palma, cantando) Ela não ta gozando, goza Vâninha,
goza Vâninha.
VÂNIA – (irritada) pra mim já deu!
VÂNIA VAI EMBORA. JOEL GRITA:
JOEL – vem cá Vânia. Não vai agora não! (ri) Vou te mostrar
meu/
SORAYA – (segurando com força) para com isso.
JOEL – (dá um tapa) me solta! (ela cai na cama) O que é, que

você quer? Não vem não!
JOEL SAI DO QUARTO E SORAYA, COM A MÃO NO ROSTO, SENTE O TAPA.
CORTA PARA:
CENA 6. ACADEMIA. INTERIOR – NOITE

MÚSICA FRENÉTICA. DÉIA, NO SEU POSTO DE RECEPCIONISTA. CORTE
PARA O PESSOAL MALHANDO. CORTE PARA SEU ELIAS, RITA E TÂNIA
JUNTO A JAQUELINE, OLHANDO TUDO ALI.
TÂNIA – eu vou começar a fazer academia a partir da semana

que vem. Gostei muito de tudo!
RITA – e para nós, Jaqueline. Os idosos, tem uma área aqui?
JAQUELINE – aquela ali, dona Rita!
CÂMERA MOSTRA ALGUNS IDOSOS MALHANDO E OUTROS NA

HIDROGINÁSTICA.
TÂNIA – pra vocês que já tão velhos o bom é a hidroginástica.

Desenferrujar os ossos!
RITA – (sentida) meus ossos não estão enferrujados.
TÂNIA – nem funcionam mais minha sogra. Vamos ser

realistas. A senhora anda se escorando.
ELIAS – os meus estão ótimos. (mostrando) Dá até pra dar

uma corridinha.
TÂNIA – uma corridinha pro hospital, entravado, né seu Elias?

(para Jaqueline) Jaque, dê um jeito nesses dois, querida,
pelo amor que você tem a Deus!
JAQUELINE – (ri sem jeito) vamos ver o que eu posso indicar! A

hidroginástica.
TÂNIA – olha ai, não falei? Até a Jaque acha que vocês estão
enferrujando.
JAQUELINE – (tentando se explicar) não é isso gente/
TÂNIA – (saindo) fica com eles queridinha!
DONA RITA FAZ CARA FEIA. TÂNIA VAI ATÉ DÉIA.
TÂNIA – Deínha querida, vamos falar do parque aquático.

DÉIA – o seu Tiago me disse que eu vou ser a secretaria dele.

Fiquei tão emocionada.
TÂNIA – você merece querida. Agora me mostra as fotos. Têm

fotos? Quero ver como está o local.
DÉIA – tem foto sim!
E DÉIA VAI PROCURANDO AS FOTOS. AUMENTA A MÚSICA. TÂNIA OLHA

PRA PORTA DA SALA DE TIAGO.
CORTA PARA:
CENA 7. SALVADOR. GERAIS. EXTERIOR – NOITE

TOMADA DE SALVADOR.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 8. BAR DE MATIAS. EXTERIOR – NOITE

O MOVIMENTO DE CLIENTES É BOM. JANAINA CANTA ALGUMA MÚSICA
DA MPB. MATIAS OBSERVA COM ALGUNS AMIGOS E FALA SEM AUDIO.
PERCEBEMOS QUE ELE ELOGIA O TALENTO DE JANAINA.
A CENA DURA NO MÁXIMO UM MINUTO E MEIO.
CORTA PARA:
CENA 9. PRESÍDIO. EXTERIOR – NOITE

TOMADA DO LOCAL. TENSÃO.
CORTA PARA:
CENA 10. PRESÍDIO. SALA DE RAVEL. INTERIOR – NOITE

RAVEL BRINCA COM O GRAMPEADOR. TEMPO. PAULA CHEGA COM UM
POLICIAL. ELA ENTRA. O POLICIAL RETIRA A SUA ALGEMA. POLICIAL SAI.
PAULA ESTÁ DESCONFIADA.
PAULA – porque mandou me trazer até aqui?
RAVEL – hei! Calma, só uma conversinha. Normal! Sente-se!
MESMO DESCONFIADA, PAULA SENTA. RAVEL RI DE PAULA.

ATENÇÃO SONOPLASTIA: AQUALUNG – MORCHEEBA.
RAVEL – dança pra mim?

PAULA – (levanta, surpresa) o quê? Eu não vou dançar pra

ninguém!
RAVEL – (levanta, grosso) você vai fazer tudo o que eu quiser.

Se não eu acabo com sua vida aqui dentro. Prefere o
céu ou o inferno?
PAULA – eu não sou obrigada a dançar. Eu quero voltar pra

minha cela.
PAULA ARRISCA SAIR, MAS RAVEL É RÁPIDO E A AGARRA POR TRÁS,

ENCOSTANDO-A NA PAREDE. ROSTOS COLADOS. PAULA SAI DAS
‘GARRAS’ DELE.
RAVEL – arisca, arisca. Arisca que nem uma gatinha selvagem.

Mas isso não vai ser por muito tempo. Sabe por quê?
Porque cê vai ficar mansinha. Bem quietinha... Sem
abrir esse bico pra falar mais anda.
PAULA – o que você quer dizer com isso seu nojento?
RAVEL – (duro) fique calada. Não trisque no nome do Isaac pra

suas companheiras de cela, pra nenhuma detenta.
PAULA – é ele que ta por trás disso tudo, não é? É aquele

cachorro, vagabundo, assassino! Assassino!
RAVEL – calada que a assassina aqui é você.
PAULA – (enfrentando) eu não vou me calar!
RAVEL – ou cala ou morre igual seu irmãozinho. E a morte

aqui é pior. Costumamos deixar mulheres assim como
você agonizando numa sala imunda, cheia de ratos e
baratas, toda estrompada... O que prefere? Calar ou
falar?
EM PAULA.
CENA 11. CASA DE JUDITH. SALA. INTERIOR – NOITE

JUDITH NA JANELA, OLHANDO A RUA. PENSATIVA, ENTRA E VÊ O PORTA-
RETRATO. NESSE: ELA, JANAINA E ÍTALO. ELA OLHA BEM PARA O FILHO.
JUDITH – onde cê ta meu filho? Porque não manda noticias pra

tua mãe?
ELA OLHA PRO LADO E VÊ UMA SANTA (NOSSA SENHORA, DAQUELAS

ANTIGAS, COM OS ANJOS EM SEUS PÉS – NO SINCRETISMO: IEMANJÁ).
JUDITH ACENDE UMA VELA PARA A SANTA E REZA BAIXINHO.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 12. FACULDADE. FRENTE. EXTERIOR – NOITE

ÍTALO SAI DA FACULDADE, SEMPRE SOZINHO. ALGUNS OLHAM PRA ELE
E COMENTAM. ELE NEM DÁ BOLA. ÍTALO PASSA POR PERTO DE UM
TELEFONE PÚBLICO, PARA E PENSA UM POUCO.
INSERT: CENA 9, CAP. 4
RAMON – e a tua família?
ÍTALO – (sem entender, desconfiado) o que tem a minha
família?
RAMON – (alegre) você nunca fala dela.
ÍTALO – (duro) esquece a minha família e vamos trabalhar,
Ramon. Não vamos ficar jogando conversa fora.
RAMON – (sem jeito) falei por falar! Não ta mais aqui quem
perguntou!
VOLTA: ÍTALO COLOCA O CARTÃO NO TELEFONE PÚBLICO E DISCA.
ESPERA UM POUCO.
JUDITH – (off) Alô? (Ítalo não responde) Alô? Quer falar com
quem?
EM ÍTALO COM LÁGRIMAS NOS OLHOS.
1º INTERVALO COMERCIAL
CENA 13. FACULDADE. FRENTE. EXTERIOR – NOITE

CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR.
JUDITH – (off) isso é brincadeira? Quem ta aí, hein? Alô!

Responde!
ÍTALO NÃO RESPONDE E DESLIGA O TELEFONE. FICA ALI POR ALGUNS

INSTANTES E SAI.
ÍTALO – eu tenho que esquecer o passado. O que passou,

passou! Uma nova vida!
E ELE VAI EMBORA.

CORTA PARA:
CENA 13. PIZZARIA. INTERIOR – NOITE

ATENÇÃO SONOPLASTIA: MÚSICA AMBIENTE.
NUMA PIZZARIA, JAQUELINE E JOÃO MATEUS ESTÃO CONVERSANDO.
JAQUELINE – ta gostando?
JOÃO MATEUS – uma delicia! As pizzas daqui sempre são as mais

gostosas.
JAQUELINE – (sem jeito) não é disso que eu estou falando, João.
JOÃO MATEUS – então é de quê?
JAQUELINE – de nada. Esquece! (pausa) Me conta mais sobre sua

vida.
JOÃO MATEUS – ué, você sabe tudo de minha vida Jaque. (ri)
Namoramos por um tempo, esqueceu?
JAQUELINE – (ri) sim, eu sei. Digo por agora... Você tá com

alguém, assim... Sei lá, uma namorada?
JOÃO MATEUS – (sacando) não! (ri) Aonde você quer chegar?
JAQUELINE – onde eu quero chegar? (se dando conta, que ele

sacou) Não, nada... É só curiosidade. (bebe algo pra
disfarçar)
JOÃO MATEUS – (direto) você ainda sente algo por mim, Jaque?
JAQUELINE – (fazendo a chocada) o quê? Se eu... Se/
JOÃO MATEUS – (cortando) sim, você ainda sente algo por mim? (pega
na mão dela) Me diz, eu preciso saber.
JAQUELINE – (entristecida) você me magoou muito, João. Você me

enganou durante certo tempo.
JOÃO MATEUS – mais eu estava disposto a mudar, a parar com essa

obsessão de comprar, gastar. (pausa) Eu sempre gostei
de você Jaque. E creio que você ainda gosta de mim.
JAQUELINE – o que te faz pensar uma besteira dessas?
JOÃO MATEUS – não é besteira. Eu conheço você muito bem,

Jaqueline. Você nunca ia me convidar pra sair, pra
comer uma pizza, assim. Mesmo que a gente seja
amigo, atualmente.
JAQUELINE – (confessando) eu não queria dizer isso, mas eu

preciso João. (direta) Eu sou apaixonada por você, eu
nunca te esqueci. Essa é a verdade.
JOÃO MATEUS – ô meu amor! Porque nunca me disse? Porque nunca

se expressou?
JAQUELINE – eu não queria dar o braço a torcer.
JOÃO MATEUS – (ri) sempre orgulhosa!
JAQUELINE – ah!
JOÃO MATEUS – ta vendo aquele espaço de dança ali?
CÂMERA MOSTRA O SALÃO, ONDE CASAIS DANÇAM.
JOÃO MATEUS – que tal a gente recomeçar pelo que sabemos fazer de
melhor: dançar?!
JAQUELINE – (brincalhona) e quem disse que eu quero recomeçar?
JOÃO MATEUS – (levantando, pegando na mão dela) vamos, deixa de

história!
JAQUE E JOÃO VÃO PARA A PISTA DE DANÇA.

ATENÇÃO SONOPLASTIA: BLUE FT ELTON JOHN- SORRY SEEMS TO BE
THE HARDEST WORD.
JAQUE E JOÃO MATEUS DANÇAM BEM JUNTINHOS.
JOÃO MATEUS – (no ouvido dela) essa noite vai ser inesquecível.
JAQUELINE – e o que me garante isso?
JOÃO MATEUS – a minha palavra de homem basta!

JAQUE E JOÃO SE ENCARAM E, ENFIM, SE BEIJAM. CÂMERA NO BEIJO.
CORTA PARA:
CENA 14. RUAS DA BOCA DO RIO. EXTERIOR – NOITE

JANICE E ISMAEL VÃO PARA O BAR DE MATIAS.
JANICE – sua tia nunca mais mandou carta. Não sei como é que
ela ta lá no Rio.
ISMAEL – a tia santinha tem uma gafieira não é?
JANICE – aquela mulher sempre amou o samba, o maxixe, o

tango! Até que abriu uma gafieira lá onde ela mora.
ISMAEL – que tal um dia dar uma sambada por lá?
JANICE – quem sabe filho?!
ELES ENCONTRAM JOSÉLIN.
JOSÉLIN – vão ver a nossa cantora preferida?
ISMAEL – prestigiar a voz da Janaina nunca é demais.
JOSÉLIN – ainda bem que só veio vocês dois. Aquela velha

sempre acompanhando vocês, graças a Deus não veio.
JANICE – vou falar o mesmo que falei pra ela outro dia: vocês,
de tanto brigarem ainda serão grandes amigas.
JOSÉLIN – (se benze) o sangue de Cristo tem muito mais poder!

Oxe, eu amiga daquela cobra velha? Eu bebo e a
bêbada é a senhora?
ISMAEL – (rindo) pense ai, meu véi! Oh, resenha viu?!
JOSÉLIN – pode ficar de onda, Ismael, pode! Nunca vocês vão

me ver de amizade com aquela macumbeira.
JANICE – olha o respeito, Josélin. Não é porque você não gosta

dela que vai discriminar a religião alheia.
JOSÉLIN – religião?
ISMAEL – sim, religião!
JOSÉLIN – e desde quando bater tambor virou religião? Olha me

poupe ta. Vamos logo, que eu não vou ficar perdendo
tempo falando daquela mãe Judith não sei das quantas.
ELES RIEM DE JOSÉLIN E VÃO EM DIREÇÃO AO BAR.
CORTA PARA:
CENA 15. BAR DE MATIAS. EXTERIOR – NOITE

JANAINA CANTA. O PESSOAL APRECIA A VOZ DELA. ISMAEL, JOSÉLIN
JANICE CHEGAM. MATIAS VÃO ATÉ ELES.
MATIAS – separei uma mesa massa pra vocês.
JANAINA CANTA E OLHA PARA ISMAEL. OS DOIS FICAM ENCARANDO UM

AO OUTRO POR UM MOMENTO, ATÉ QUE ISMAEL DESVIA O OLHAR.
CORTA PARA:
CENA 16. CASA DE NESTOR. SALA. INTERIOR – NOITE

NADINE, PENSATIVA, FUMA NA VARANDA. NESTOR NO COMPUTADOR,
OBSERVA A MULHER. ENTRA VOZ DE ISAAC EM OFF.
ISAAC – (off) a tia Nadine e o tio Nestor... Dois patetas!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 17. CASA DE TIAGO. QUARTO DE ISAAC. INTERIOR – NOITE

ISAAC E LETÍCIA CONVERSAM.
LETÍCIA – (rindo) patetas por quê?
ISAAC – porque não defenderam a filha. Cairam na minha

conversa, na conversa da mídia.
LETÍCIA – parece que a Nadine ainda acredita na Paula/
ISAAC – a tia Nadine é uma fresca que se acaba de fumar pra

esconder as magoas. Tô nem ai pra eles. O que eu
quero mesmo e ver a Paula ser prejudicada mais uma
vez.
LETÍCIA – daqui alguns dias ela vai ser julgada novamente.
ISAAC – Tô sabendo. Mas o Ravel ta dando um trato nela por

mim; Na realidade quem queria ta ali fazendo sofrer era
eu. Daria tudo pra ver a Paula jogada na sarjeta.
LETÍCIA – mas o que o Ravel disse?
ISAAC – que ela o enfrenta direto. Mas isso é normal, a Paula

sempre foi dessas de bater de frente. Igual o irmão dela,
que Deus o tenha... Ou, (ri) que o diabo o conserve lá
no fundo do inferno pra eternidade.
LETÍCIA – (gargalhada) como você é mal, meu amor.
ISAAC – e você adora sua safada. Você adora as minhas

maldades.
LETÍCIA – (safada) isso tudo me excita. Esse teu jeito mal, de

macho sabe. O vingativo! Adoro tudo isso!
ISAAC – (beijando Letícia) é só o começo meu amor. Daqui

alguns anos eu estarei no topo e te farei rainha, minha
rainha.
LETÍCIA – eu vou cobrar. Quero mostrar pra todos que eu

consegui.
ISAAC – vai mostrar sim! E eu estarei lá para te aplaudir e te

servir, como um escravo...
LETÍCIA – (beijando) então começa agora. Me serve vai... Me

serve, meu escravo!
LETÍCIA EMPURRA ISAAC NA CAMA E TIRA O SHORT DELE. ELA ALISA AS

PERNAS DO NAMORADO.
ISAAC – assim você me mata!
LETÍCIA – (lambendo as coxas de Isaac) de prazer! Te mato de

prazer.
EM LETÍCIA SUBINDO A LINGUA SOBRE A COXA DE ISAAC.

FUSÃO PARA:
CENA 18. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR – NOITE/DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: BLUE FT ELTON JOHN- SORRY SEEMS TO BE
THE HARDEST WORD. (que já começa no fim da cena anterior).
TOMADA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. CORTE PARA O CALÇADÃO DE
COPACABANA. JAQUE E JOÃO MATEUS ANDAM ABRAÇADOS.
JAQUELINE – foi à melhor noite da minha vida.
JOÃO MATEUS – só não foge de mim como das ultimas vezes ta?
JAQUELINE – se você realmente mudou seu jeito extravagante de

ser não há motivos!
JOÃO MATEUS – (ri) bonitinha! (beijos) Olha que noite linda.
JAQUELINE – a lua dos namorados! (câmera mostra a lua) Linda

lua.
JOÃO MATEUS – (parando) então vamos fazer uma promessa aqui de

frente pra esse marzão e pra essa lua linda.
JAQUELINE – que promessa?
JOÃO MATEUS – (romântico) que a gente nunca mais vai se separar.
JAQUELINE – (olhos nos olhos) eu prometo! (pausa, desejo) Nunca

mais!
JOÃO MATEUS – (desejando-a) nunca mais!
OS DOIS SE BEIJAM. CÂMERA EM PLANO ABERTO SE AFASTA DO CASAL E

MOSTRA TODO O LOCAL. A CÂMERA DESVIA PARA A LUA, QUE DÁ
LUGAR AO SOL.
JÁ É DIA NO RIO DE JANEIRO. CORTE DESCONTINUO PARA OUTROS

PONTOS DA CIDADE. ÚLTIMA TOMADA DA ACADEMIA.
CORTA PARA:
CENA 19. ACADEMIA. INTERIOR – DIA

JAQUELINE CHEGA, FELIZ DA VIDA, PASSA POR DÉIA.
DÉIA – (curiosa) me conta: como foi a noite?
JAQUELINE – maravilhosa, amiga! Depois te conto os detalhes.
JAQUELINE VAI TRABALHAR. JENNIFER CHEGA TODA QUEBRADA, O

CORPO DOLORIDO.
DÉIA – ta sentindo dor biscate?
JENNIFER – dormi muito mal essa noite!
DÉIA – não me diga que na lata de sardinha que você dorme

não ta sobrando espaço para você?
JENNIFER – sem graça!
DÉIA – saiu tarde da sala do seu Tiago, ontem, hein? Foi o

medo da dona Tânia?
JENNIFER – (fingindo) do que é que você ta falando sua velha

demente? (saindo) aff, vê se me erra!
DÉIA – como diz a sábia e impaciente Rainha dos baixinhos:

aham, biscatinha, senta lá!
EM DÉIA.
CORTA PARA:
CENA 20. CASA DE RUTH. COZINHA. INTERIOR – DIA

RUTH TOMA CAFÉ. NATÁLIA ENTRA APRESSADA.
RUTH – vamos comer logo minha filha que daqui a pouco

temos que abrir a escola.
NATÁLIA – eu não vou a escola hoje mãe. Mandei a Sandrinha

cobrir a turma da quinta série pra mim.
RUTH – não vai por quê?
NATÁLIA – vou dar uma força a Paula que ta precisando.
RUTH – você vai até o presídio?

NATÁLIA – sim, hoje é dia de visita. (já saindo) Beijos, qualquer

coisa a senhora me liga.
NATALIA SAI. RUTH, INDIGNADA VAI ATRÁS.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 21. CASA DE RUTH. SALA. INTERIOR – DIA

NATALIA ABRE A PORTA E VAI SAINDO QUANDO RUTH DIZ:
RUTH – eu não acredito que você vai largar teus alunos

esperando pra ir atrás da Paula.
NATÁLIA – e qual é o problema? A Paula é minha amiga, está

precisando de mim.
RUTH – ela é uma assassina!
NATÁLIA – e minha amiga! Olha mãe, eu não vou ficar perdendo

tempo batendo boca com a senhora! (vai saindo)
RUTH – (GRITA) você não vai!
NATÁLIA VOLTA, ESTRANHANDO A ATITUDE DA MÃE.
NATÁLIA – o quê?
RUTH – você não vai abandonar a sala de aula por causa dela.
Não vai!
CLOSE ALTERNADO.
2º INTERVALO COMERCIAL
CENA 22. CASA DE RUTH. SALA. INTERIOR – DIA

CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. NATÁLIA FECHA A PORTA E VOLTA-
SE PARA A MÃE.
NATÁLIA – como é que é, mãe? Agora a senhora vai me

controlar?
RUTH – não é controle filha é que/

NATÁLIA – a senhora não tem o direito de dizer o que eu devo ou

não fazer. A Paula, minha amiga, tá precisando de
apoio e eu não vou deixar de vê-la só porque a senhora
não quer! Me desculpe!
RUTH – você pode se queimar, minha filha.
NATÁLIA – se queimar com quê?
RUTH – a Paula é uma assassina, ela matou o irmão.
NATÁLIA – coisa que eu não acredito.
RUTH – mas o juiz decretou a prisão. Todas as provas

apontam para isso.
NATÁLIA – a senhora tava lá? Como é que sabe?
RUTH – filha você ta sendo enganada!
NATÁLIA – to sim, to sendo enganada pela senhora. Porque não

foi isso que a senhora me ensinou. Logo a senhora uma
professora tão conceituada e abaixo de qualquer
preconceito.
RUTH – quem ta falando de preconceito aqui?
NATÁLIA – eu estou falando de preconceito! Eu! A senhora ta

sendo preconceituosa, só porque a minha amiga foi
presa. (pausa) Quando a Paula não era considerada
assassina, não tinha feito nada, a senhora era só
sorrisos, isso e aquilo. Mas agora...
RUTH – não sou falsa com a Paula. Só não quero que você se
meta nessa história.
NATÁLIA – (de saco cheio) olha: pra mim já deu. Tô indo ver a
Paula. Qualquer coisa, liga no meu celular.
NATÁLIA VAI SAINDO.
RUTH – você vai acabar se prejudicando.

NATÁLIA – eu sou leal as minhas amizades. Vou até o último

minuto para ajudar a Paula.
NATÁLIA SAI, BATENDO A PORTA COM FORÇA. RUTH SENTA NO SOFÁ,

PREOCUPADA.
CORTA PARA:
CENA 23. RUA DA ESCOLA. EXTERIOR – DIA

NATÁLIA SAI DE CASA BUFANDO DE RAIVA. SANTINHA PASSA E
PERCEBE.
SANTINHA – Natalinha minha querida, o que aconteceu?
NATÁLIA – minha mãe tá me enchendo o saco! Agora quer me

proibir de visitar a Paula. Aquela minha amiga que/
SANTINHA – eu conheço a Paula. Sua mãe só deve estar

preocupada querida.
NATÁLIA – preocupação desnecessária essa.
SANTINHA – vá visitar tua amiga. (alegre) E não falte hoje a noite

da gafieira, porque hoje o show vai estourar a boca do
balão.
NATÁLIA – (ri) pode deixar, dona Santinha!
SANTINHA – até mais.
SANTINHA ENTRA NA GAFIEIRA E NATÁLIA ESPERA O ÔNIBUS QUE SE

APROXIMA. ELA DÁ SINAL E ENTRA.
CORTA PARA:
CENA 24. CASA DE TIAGO. SALA. INTERIOR – DIA

TIAGO, ELIAS, RITA E GABRIEL TOMAM CAFÉ DA MANHÃ. PATUSCA ESTÁ
SERVINDO.
TIAGO – e a Tânia porque não desceu ainda?
PATUSCA – eu não sei seu Tiago.

TIAGO – acorde ela. A Tânia odeia dormir demais. Vá logo

Patusca!
PATUSCA SAI. GABRIEL COMEÇA A PUXAR ASSUNTO SOBRE SEUS

ESTUDOS.
GABRIEL – lá no curso de História/
TIAGO – (interrompendo) para de falar em história! Cansei de

ouvir isso. Você sempre me decepciona.
GABRIEL – pai estou falando com meus avós, se o senhor não

quer ouvir/
TIAGO – psiu! Se fosse um curso mais agradável. Agora

professor? Vai morrer de fome, hein?!
GABRIEL SE RETIRA DA MESA.
RITA – precisava isso?
TIAGO – sou realista mamãe.
ELIAS – é um idiota isso sim.
TIAGO – (recrimina) papai!/
ELIAS – (cortando) agora, você que cale a sua boca! Psiu!
TIAGO SE CALA, INSATISFEITO COM A BRONCA E VOLTA A COMER.
CORTA PARA:
CENA 25. CASA DE TIAGO. QUARTO DE ISAAC. INTERIOR – DIA

ISAAC SE ARRUMANDO. LETÍCIA AINDA DORME. TEMPO. LETÍCIA VAI
ACORDANDO E PEGA O MARIDO JÁ VESTIDO.
LETÍCIA – (dengosa) ah, não. Já vai trabalhar?
ISAAC – alguém aqui tem que ganhar dinheiro não é?
LETÍCIA – ta cedo, Isaac. Vem pra cama, vem?

ISAAC – não senhora. Hoje o dia é corrido. Vou armar um

negocio ai, muita grana!
LETÍCIA – (pula da cama) grana?
ISAAC – só falar em grana que você fica assim, não:

louquinha!
LETÍCIA – amor, pobre precisa de comida e água. O que mata

minha fome e minha sede: é a grana! Money! Real!
Dólar! Euro!
ISAAC – (abraçando) ai minha gostosa. Você terá tudo e muito

mais.
TÂNIA – (off, grita) ai minha cabeça!
LETÍCIA – (ri) a louca da sua mãe.
ISAAC E LETÍCIA RIEM.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 26. CASA DE TIAGO. QUARTO DO CASAL. INTERIOR – DIA

TÂNIA JOGA ALMOFADAS EM PATUSCA, QUE SE ESQUIVA DE TODAS.
PATUSCA – ai dona Tânia. Para com isso.
TÂNIA – (irritada) porque você não me acordou antes,

Patusca?! Era pra eu estar no shopping essa hora, sua
doida!
PATUSCA – eu esqueci.
TÂNIA – você só não esquece de ouvir de trás da porta.
PATUSCA – não precisa ofender, dona Tânia.
TÂNIA – agora some do meu quarto! (grita) Some!
PATUSCA SAI CORRENDO. E TÂNIA FICA ESPERNEANDO SOBRE A CAMA.
CORTA PARA:
CENA 27. CLÍNICA DE ESTÉTICA. INTERIOR – DIA

SORAYA ESTÁ TRABALHANDO, COM O BEBÊ AO SEU LADO QUE DORME
QUE NEM UM ANJINHO. LEO CHEGA.
LEO – o que essa criança tá fazendo aqui?
SORAYA – ai seu Leo, desculpa! Eu não tive como evitar. O meu

marido não pôde ficar com a bebê e/
LEO – (olhando a criança) Amanda, até que enfim conheci

você. (ri) Pode ficar despreocupada. Só não pode
chorar, hein?
SORAYA – pode deixar seu Leo. Obrigada.
LEO ENTRA E SORAYA OLHA AMANDA COM CARINHO.
CORTA PARA:
CENA 28. RUA CARIOCA. EXTERIOR – DIA

JOEL E COBRA.
JOEL – (gargalhada) é isso ai cara!
COBRA – mudando de assunto, velhão... Vou falar com um

bacana hoje.
JOEL – que treta é essa?
COBRA – é um bacanão lá dono da academia Apollo.
JOEL – não conheço não. E qual é a parada?
COBRA – (baixo) anabolizantes meu irmão! (gargalhada) Muita

bufunfa na mão do papai aqui, ó. (faz gesto)
CELULAR DE COBRA TOCA.
COBRA – é ele. (atende) Alô chefia!
ISAAC – (off) limite-se a me chamar de Isaac.
COBRA – como quiser, Isaac. E ai?

ISAAC – (off) venha até a academia hoje. Me procure!
COBRA – já to chegando ai, daqui a meia horinha, pode ser?

(pausa) Tá bom! Valeu! (desliga) Já vi que o cara não é
de muito léro não.
JOEL – e você vai lá que horas?
COBRA – agora!
JOEL – (cumprimentando a moda moderna) já é irmão!
COBRA SAI LOGO DALI. FICAMOS EM JOEL.
CORTA PARA:
CENA 29. CASA DE JANICE. QUARTO DE JANICE. INTERIOR – DIA

JANICE OBSERVA SUAS RECORDAÇÕES NUMA CAIXA DE SAPATO E
ISMAEL ENTRA NO QUARTO DA MÃE. VAI LOGO SENTANDO NA CAMA.
ISMAEL – não acha que já enrolamos muito essa história do

Isaac não? Será que não passou da hora de
conversarmos serio sobre isso?
JANICE – (respira fundo) sim, filho! Já ta mais do que na hora

de você saber a verdade.
ISMAEL – sou todo ouvidos, mãe.
JANICE – quando eu dei seu irmão, eu tava passando muitas

dificuldades e... (se corta, vem o choro) E não tinha pra
onde ir.
ISMAEL – e meu pai?
JANICE – seu pai... Seu pai, como você sabe, é um estrangeiro,

um francês.
ISMAEL – sim, e porque você deu o meu irmão pra família

carioca?
JANICE – eu dei o Isaac por que eu precisava de dinheiro filho.

Eu tinha que ter dinheiro.
ISMAEL LEVANTA-SE DA CAMA, INDIGNADO.
JANICE – seu pai era usuário de droga. Pronto, é isso!
ISMAEL – (cheio de ódio) a senhora deu o meu irmão. O teu

filho pra alimentar o vicio do meu pai? Não, é mentira.
JANICE – dei, filho. Mas me arrependo.
ISMAEL – (grita) isso é uma aberração!
JANICE – (por cima) me escuta filho, eu/
ISMAEL – (grita, indignado) eu não quero ouvir, mãe, não

quero! (pausa) A senhora... (se corta) A senhora deu
meu irmão por... (pausa rápida) Não, não posso pensar
nisso.. a senhora não deu meu irmão, a senhora vendeu
o meu irmão por dinheiro!
CLOSE EM JANICE, NERVOSA A CHORAR. ISMAEL EM PRANTOS TAMBÉM.
FIM DO CAPÍTULO 06

Golpe de Mestre Cap06

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CENTRAL DESTINO DE PRODUÇÃO CAPÍTULO. 06

Personagens deste capítulo

CENA 1. ACADEMIA. SALA DE TIAGO. INTERIOR – NOITE

JENNIFER – ai, cê me machucou!

TIAGO – (mandando fazer silêncio) psiu! A Tânia!

TÂNIA MEXE NA FECHADURA. CORTE PARA TÂNIA DO LADO DE FORA

TÂNIA – mais o que ta acontecendo com essa porta? (bate)

TIAGO – meu Deus, ela vai descobrir tudo.

JENNIFER – ai meu bem, deixa de stress!

TIAGO – você é louca? (grita) Estou sim amor, espera um

CORTA RAPIDO PARA:

CENA 2. ACADEMIA. INTERIOR – NOITE

RITA – eu estou empolgada pra começar, Jaqueline.

JAQUELINE – é só a dona Tânia. (se corta) Cadê a dona Tânia?

ELIAS – (apontando) está ali. Vou chamá-la.

ELIAS VAI ATÉ TÂNIA.

ELIAS – o quê você ta fazendo ai parada, minha filha? Vamos

TÂNIA – calma seu Elias. (desconfiada) Tá acontecendo

ELIAS – não está acontecendo nada. (insiste) Vamos logo!

TÂNIA – ta bom, ta bom. Vamos. (rindo) E por onde vamos

ELIAS E TÂNIA SE JUNTAM AOS OUTROS. A CÂMERA CORTA PARA O

CENA 3. ACADEMIA. SALA DE TIAGO. INTERIOR – NOITE

JENNIFER – seria tão bom se nós assumíssemos isso de vez, não é

TIAGO – ta louca? Quer destruir a minha vida, Jennifer? Isso

JENNIFER – (revoltada) que saco!

TIAGO – nem pense em uma coisa dessas. Eu nunca vou

TIAGO – sim, outras. Ou você acha que é fixa? (ri) Sou

TIAGO DÁ UMA PISCADINHA DE OLHO PARA JENNIFER QUE ESTÁ

TIAGO – e nem pense em sair daqui agora. Eles estão lá

CENA 4. BOTECO. INTERIOR – NOITE

JOEL – quebrei de porrada! Quê? Meti o cacete! Bati com a

HOMEM – mulher tem que ser tratada assim mesmo. A base da

JOEL – elas gostam rapaz. (ri) Elas gostam de ganhar uns

HOMEM – são rameiras! Vagabundas! E ela ficou chorando?

JOEL – ta lá... Chorando as magoas com a vizinha. Outra

HOMEM – é isso ai.

JOEL – cole cara, eu nasci pra ouvir desaforo de mulher?

E ELES CONTINUAM A BEBER E A FALAR DE SORAYA, SEM AÚDIO.

CENA 5. CASA DE SORAYA. QUARTO DE SORAYA. INTERIOR – NOITE

SORAYA – me diz o que eu fiz pra merecer aquele encosto em

SORAYA – querendo dinheiro. Você acredita que ele foi lá na

VÂNIA – meu Deus!

SORAYA – (por cima, revoltada) me ameaçou. A sorte dele que

VÂNIA – um homem que não arruma um emprego, não quer

SORAYA – o Joel está passando dos limites, mas eu gosto dele.

VÂNIA – ah, é isso! Toda mulher ama um vagabundo.

SORAYA – ai, eu não sei. (pausa) Ele é o pai de minha filha. Eu

SORAYA – não sei não.

SORAYA – eu te entendo. Você está certíssima. O Joel xingou

VÂNIA – (pegando na mão, dando força) tira esse homem de

JOEL ENTRA DE VEZ, BÊBADO, CAINDO DAS PERNAS.

JOEL – a dupla dinâmica está aqui. Sabia que eu ia encontrar

VÂNIA – (sentindo o cheiro de cachaça) olha amiga, eu vou

SORAYA – (cumprimentando) obrigado, Vânia.

JOEL – (irônico) já vai? Ô, que peninha! (gargalhada) Aposto

VÂNIA – não, eu não tenho seu costume. Não sou uma

JOEL – (tentando ser sério) qual o seu problema, Vâninha? É

SORAYA – (grita) para com isso Joel. Respeito é bom, sabia?

JOEL – com a Vânia? (gargalhada) Olha o nome da sujeita:

VÂNIA – (irritada) pra mim já deu!

VÂNIA VAI EMBORA. JOEL GRITA:

SORAYA – (segurando com força) para com isso.

JOEL – (dá um tapa) me solta! (ela cai na cama) O que é, que