Golpe de Mestre Cap05

TV DESTINO
CENTRAL DESTINO DE PRODUÇÃO CAPÍTULO. 05
Uma novela de
RYNALDO NASCIMENTO
Colaboração de
Guto Góess
Direção
Vinicius Coimbra, Amora Mautner, Pedro Vasconcelos e Cláudio Boeckel
Direção Geral
Cláudio Boeckel
Personagens deste capítulo

JANAINA ÍTALO JENNIFER
ISMAEL NADINE TÂNIA
JUDITH YEDA PATUSCA
RICARDO TIAGO LETÍCIA
DÉIA ISAAC PAULA
JAQUELINE NESTOR ELIAS
JOÃO MATEUS LEO RITA
JOSÉLIN SORAYA FELIPE
JANICE JOEL
RAMON MATIAS
Participação especial
DONA CLARICE / MÔNICA / CLIENTES / FEIRANTES / HOMEM / PESSOAL DA CAPOEIRA / PESSOAL
DO TERREIRO / EQUIPE CIRÚRGICA / GAROTOS E GAROTAS DA ACADEMIA
Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA. e por conter
informações confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer
forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de
violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
GOLPE DE MESTRE CAPÍTULO 05 PÁG.: 2
CENA 1. PRAIA. EXTERIOR – NOITE

CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO ANTERIOR. JANAINA E ISMAEL SE
BEIJANDO. ELE AGARRA JANA PELA CINTURA E CONTINUA A BEIJÁ-LA.
ATENÇÃO SONOPLASTIA: KISS ME – SIXPENCE
ISMAEL SE DÁ CONTA DE QUE ESTÁ FAZENDO BESTEIRA E SOLTA
JANAINA. ELA SEM ENTENDER.
JANAINA – porque você parou?
ISMAEL – não é correto Janaina. Não é correto nem comigo

muito menos com você.
ISMAEL LEVANTA, JANAINA TAMBÉM, INCONFORMADA.
JANAINA – (insistente) porque não? Se você quer, eu quero!
ISMAEL – (olha para Janaina) não é correto, não é!
ISMAEL CORRE DEIXANDO JANAINA SOZINHA.
JANAINA – (grita) Ismael, espera! Espera ai, Ismael! (ele já foi)

Droga!
JANAINA FICA PENSANDO O PORQUÊ ELE A DEIXOU SÓ.
CORTA PARA:
CENA 2. RUA DO TERREIRO. EXTERIOR – NOITE

O TERREIRO ESTÁ ILUMINADO. A FESTA A YEMANJÁ CONTINUA. ISMAEL
CHEGA ALI DE FRENTE A SUA CASA. PARA UM POUCO, OLHA PARA A
PRAIA. E VAI PARA O TERREIRO.
CORTA PARA:
CENA 3. TERREIRO. INTERIOR – NOITE

ABRE NAS FILHAS DE SANTO – EM HOMENAGEM A IEMANJÁ – CORTE
PARA JUDITH DANDO BANHO DE PIPOCA EM ALGUMAS CRIANÇAS. UMA
FILHA DE SANTO INCORPORA.
JUDITH – ela chegou! Chegou nossa mãe!
TODOS APLAUDEM A CHEGADA DA RAINHA DO MAR. ISMAEL ENTRA ALI

NESTE EXATO MOMENTO. A MULHER QUE INCORPOROU O SANTO OLHA
PARA ISMAEL, E VAI DANÇANDO ATÉ ELE. ISMAEL RI PARA A ENTIDADE.
E COMEÇA A BATER PALMA COM OS OUTROS. ISMAEL FAZ UMA

REVERÊNCIA AO ORIXÁ.
CORTA PARA:
CENA 4. PRAIA. EXTERIOR – NOITE

ABRE EM JANAINA ANDANDO PELA BEIRA-MAR. BRINCA COM A ÁGUA
QUE BATE EM SEUS PÉS, TRISCA NA MESMA E PARA DE FRENTE AO MAR.
O VENTO EM SEUS LINDOS CABELOS, SUA ROUPA BALANÇA. EM OFF,
SURGE O CANTO DO PESSOAL LÁ DO TERREIRO.
TODOS – (off) mãe Iemanjá chegou! Mãe Iemanjá chegou! Dá-

me banho de cheiro minha mãe... Queremos o teu
amor! (grito) Adoyá! (tom) Xangô manda chamar
Obatalá guia, Mamãe Oxum chora lagrimalegria,
Pétalas de Iemanjá, Iansã-Oiá ia, Ojuobá ia lá e via,
Ojuobahia.
JANAINA VAI ENTRANDO NO MAR. ANTES TIRA A BLUSA. SEUS PEITOS

FICAM A MOSTRA. SEU SORRISO É ENCANTADOR E VAI ENTRANDO NO
MAR. AS ÁGUAS JÁ ESTÃO LHE ENCOBRINDO. JANAINA ENTROU E
NADOU COMO UMA LINDA SEREIA. A MÚSICA EM OFF SE REPETE. CORTE
DA CÂMERA PARA A LUZ DO LUAR.
FUSÃO PARA:
CENA 5. SALVADOR. GERAIS. EXTERIOR - DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: CONTO DE AREIA – CLARA NUNES.
O SOL DESPONTA SOBRE O FAROL DA BARRA. O PESSOAL SE EXERCITA
NA ORLA DA BARRA. TURISTAS JÁ TIRAM FOTOS DE FRENTE AO FAROL.
CORTE PARA A LAGOA DO ABAETÉ.
FUSÃO COM:
CENA 6. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXTERIOR – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: ERREI – SURURU NA RODA.
VISTAS GERAIS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. PRIMEIRA IMAGEM DA
LAGOA RODRIGO DE FREITAS, LOGO APÓS O CRISTO REDENTOR, POR FIM
BAIRROS DA BOÊMIA.
CORTA PARA:
CENA 7. ACADEMIA. INTERIOR – DIA

ABRE NA AULA DE DANÇA. JAQUELINE ENSINA ALGUMAS PESSOAS. A
MÚSICA É O MESMO MAXIXE DA CENA ANTERIOR. CORTE DESCONTINUO
PARA O PESSOAL MALHANDO. CORTA PARA OUTRO CANTO DA
ACADEMIA. DO PV DE RICARDO, DÉIA TRABALHA NA RECEPÇÃO,
ENQUANTO ELE SE AGARRA COM UMA MORENA.
MORENA – (safada) vamos sair hoje à noite mesmo?
RICARDO – não vai dar meu anjo! A Déia ta no meu pé. Tá igual
cachorro que não larga o osso. Desculpa ta, neguinha?
(cheirando o cangote).
MORENA – (triste) que peninha! Ia te mostrar a marquinha do

meu biquíni!
RICARDO – (se tremendo) ia o quê? Ai meu Jesus Cristo! É hoje!
RICARDO AGARRA A MORENA E LHE DÁ UM BELO CHUPÃO. CORTE DA

CÂMERA PARA JOÃO MATEUS ENSINANDO ALGUMAS GAROTAS. PV DE
JAQUELINE, QUE NÃO GOSTA DO QUE VÊ.
JAQUELINE – (para os alunos) continuem dançando! Já volto!
ELA SAI SEMPRE DE OLHO EM JOÃO MATEUS E VAI PARA PERTO DE DÉIA.
VOLTA PARA JOÃO MATEUS E AS GAROTAS.
JOÃO MATEUS – (ensinando) isso, isso! Tá ficando fortinha, hein

gatinha? É isso ai, todo mundo se empenhando, vamos
lá, vamos lá!
E JOÃO VAI COORDENANDO A MULHERADA. CORTA PARA JAQUE E DÉIA.
JAQUELINE – (com ciúme) ele todo derretido pra´quelas varetas!
DÉIA – ai, querida, para de ciúme. Faça como eu, não tenho
ciúme.
JAQUELINE – (debochando) ah, não! Coitado do Ricardo. Você é

pior do que eu, Déia.
DÉIA – eu não. Só marco presença, é diferente!

JAQUELINE – pois marque mesmo. (brincando) E em falar nele,

onde está? (pausa) Parou de marcar presença.
DÉIA – (procurando) é verdade, ele tava ensinando uma

more... (se corta) Ah, não! (com raiva) Ah, não!
E DÉIA VAI PROCURAR RICARDO. JAQUELINE FICA RINDO.
JAQUELINE – e eu que sou a ciumenta!
JOÃO MATEUS MANDA UM BEIJO PARA JAQUELINE E ELA FINGE QUE NÃO
VÊ. DÉIA CONTINUA PROCURANDO RICARDO. ELE AVISTA DÉIA E
EMPURRA A MORENA NO VESTIÁRIO. DÉIA ENCONTRA RICARDO, QUE
FICA DISFARÇANDO COM ALGUNS INSTRUMENTOS.
DÉIA – (autoritária) tá fazendo o que aqui neste local

escondido dessa maneira?!
RICARDO – eu hein? Tá louca? Tô trabalhando meu amor.

(beijinho nela) Trabalhando!
RICARDO SAI E DÉIA FICA DESCONFIADA. RICARDO VAI PARA PERTO DE

JOÃO MATEUS.
JOÃO MATEUS – quase, quase!
RICARDO – quase, quase, o quê meu irmão?
JOÃO MATEUS – você se pegando com a morenaça e a Déia quase

pegou vocês.
RICARDO – (rindo) sou esperto compadre! Aprende com seu

irmãozinho aqui, bicho!
JOÃO MATEUS – safado! (pausa) Mudando de assunto, velho. Tu achas

que a Jaque ainda tá a fim de mim?
RICARDO – olha pra lá. (câmera mostra Jaque de olho neles) Você
ainda me faz uma pergunta dessas?
JOÃO MATEUS – sei lá. Cabeça de mulher. Vai entender!
RICARDO – a Jaqueline é amarradona em você, João! Só basta tu

querer, (ressaltando) de novo! (ri) Vai fundo, cara!
CORTE DA CÂMERA PARA DÉIA E JAQUE QUE OBSERVAM OS SEUS

AMADOS.
CORTA PARA:
CENA 8. RUAS DO PELOURINHO. EXTERIOR – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: PEROLA NEGRA – DANIELA MERCURY.
ABRE EM JOSÉLIN SUBINDO A LADEIRA DO PELÔ. ELA REBOLA
CHAMANDO A ATENÇÃO DOS HOMENS QUE ESTÃO POR ALI.
HOMEM – (safado) mais é cada gostosa por aqui!
JOSÉLIN – (fingindo timidez) são seus olhos, querido!
OUTROS AINDA SE ATREVEM A SUSSURRAR PERTO DELA. ELA VAI

ANDANDO E PARA DE FRENTE A IGREJA DE SÃO FRANCISCO E SE BENZE,
A SUA MANEIRA, DESPOJADA E VAI PARA PERTO DA RODA DE CAPOEIRA,
NO LARGO DO PELOURINHO. JUDITH PASSA COM JANICE E VÊ JOSÉLIN.
JUDITH – olha lá, pra desfrutável. Safada, largou de meu filho.
JANICE – você e a Josélin ainda serão amigas de tanto que uma

fala mal da outra.
JUDITH – que Oxalá me afaste dessa daí. (ressentida)

Descarada. Tô sem meu filho agora por causa dela.
JOSÉLIN SE VIRA E VÊ JUDITH. FAZ CARA FEIA E SAI REBOLANDO. EM

JUDITH.
CORTA PARA:
CENA 9. RIO DE JANEIRO. POSTO DE GASOLINA. EXTERIOR – DIA

RAMON E ÍTALO TRABALHAM DURO. ABASTECEM CARROS, LAVAM
CARROS. PARAM UM POUCO PRA DESCANSAR.
RAMON – trabalho, faculdade! Todo dia a mesma coisa. Tô

exausto cara!
ÍTALO – nem me fale.
RAMON – só esse emprego aqui não ta dando pra mim não,

Ítalo. Tenho que arrumar outro urgente.
ÍTALO – eu me contento com o posto de gasolina. Depois que

eu terminar a faculdade vou em busca de uma escola
dessas ai pra ensinar.
RAMON – e a tua família?
ÍTALO – (sem entender, desconfiado) o que tem a minha

família?
RAMON – (alegre) você nunca fala dela.
ÍTALO – (duro) esquece a minha família e vamos trabalhar,

Ramon. Não vamos ficar jogando conversa fora.
RAMON – (sem jeito) falei por falar! Não ta mais aqui quem
perguntou!
ÍTALO LOGO VAI ATENDER UM CARRO.
CLIENTE – completa pra mim!
ÍTALO VAI PÔR A GASOLINA E OLHA PARA RAMON COM DESCONFIANÇA.
CORTA PARA:
CENA 10. PRESÍDIO. PÁTIO. EXTERIOR – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: HOTEL CALIFÓRNIA – THE EAGELS.
PAULA SAI COM AS OUTRAS DETENTAS PARA TOMAR BANHO DE SOL.
ELA ANDA POR ALI, SOZINHA, PENSANDO NA VIDA. QUANDO SURGE A
VOZ EM OFF DE NADINE, VINDO DA OUTRA CENA. ENQUANTO ISSO.
PAULA SENTA POR ALI E COMEÇA A PUXAR PAPO COM ALGUMAS DAS
COMPANHEIRAS. TUDO FORA DE AÚDIO.
NADINE – (off) eu não estou me enganando. Eu tenho a sã

consciência de saber que a Paula errou, mas ela é minha
filha.
CORTA PARA:
CENA 11. RESTAURANTE NA PRAIA. EXTERIOR – DIA

NADINE FUMA. YEDA BEBE ALGO.
NADINE – (cont.) você me entende? Me entende, Yeda?

YEDA – perfeitamente!
NADINE – (por cima) porque você é mãe. Você pode me

compreender.
YEDA – eles erram mais apesar de tudo são nossos filhos.

Quantas vezes o Felipe errou, e você estava ali disposta
a perdoar?
NADINE – isso! E o Nestor sempre condenou o meu filho. Eu, eu

que sou mãe entendia a cabeça de cada um deles.
(arrisca choro, pausa) Agora, o Felipe está morto, a
Paula presa.
YEDA – não chore amiga.
NADINE – eu sinto tanta falta dos meus filhos, Yeda. Tanta falta!
Me dá vontade de morrer, sabia?
YEDA – não pense assim/
NADINE – (por cima) o Nestor me cobrando, não me deixa nem

olhar para uma foto da Paula. (pausa) Ela é minha filha,
minha menina, droga?!. (pausa) Eu tenho minhas
duvidas sobre a morte do Felipe.
YEDA – todos nós tivemos, amiga. Mas já ficou provado.
NADINE – a Paula não matou o irmão, ela não teria coragem.
YEDA – será Nadine? Será mesmo?
EM NADINE FUMANDO.
1º INTERVALO COMERCIAL
CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR – DIA/NOITE

ATENÇÃO SONOPLASTIA: HALO – BEYONCÉ.
TOMADA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO POR COMPLETO. DO SUBÚRBIO
À ZONA SUL. DOS TRENS AOS CARROS DE LUXO. CONTRASTE DA
POBREZA COM A RIQUEZA. DOS GRANDES PRÉDIOS ÀS FAVELAS... CORTA
PARA AS LINDAS PAISAGENS E PARA AS MAIS TENEBROSAS PAISAGENS
HUMANAS DE UMA CIDADE GLOBAL. DIAS E NOITES, A MESMA COISA.
EM UM DIA ENSOLARADO ENTRA A LEGENDA.
LEGENDA: DIAS DEPOIS.
CORTA PARA:
CENA 13. TERRENO DO PARQUE AQUÁTICO. EXTERIOR – DIA

ISAAC E TIAGO OBSERVAM A CONSTRUÇÃO DO PARQUE. O ARQUITETO,
CONVERSA COM ELES, FORA DE AÚDIO. MÚSICA DA CENA ANTERIOR.
CLOSE EM ISAAC, COM SEUS OLHOS AMBICIOSOS E SEU SORRISO
MALICIOSO. CORTE DESCONTINUO PARA TIAGO E ISAAC EM OUTRO
PONTO.
TIAGO – (guardando o celular) a sua mãe me tira do sério.

Vem mais tarde com os seus avós pra academia.
ISAAC – esqueça a mamãe por um momento pai e veja que

beleza está se tornando isso aqui. É incrível a agilidade
deles.
TIAGO – isso tudo se tornará um império meu filho. Não terá

parque aquático algum que bata no nosso.
ISAAC – estou disposto a vencer. E quando eu entro numa, não

perco pra ninguém.
TIAGO – (convincente) tem que ser assim. Ambição! Com a

ambição adquirimos o topo.
ISAAC – (ambicioso) o topo já é meu por direito. (pausa) Eu

vou fazer isso aqui funcionar. Muita gente se
divertindo, os otários torrando seus dinheiros.
(gargalhada) E a caixinha faturando!
TIAGO – (orgulhoso) esse é meu filho!
ISAAC – aprendi com o senhor.
TIAGO – (vai andando com Isaac) eu sei e me orgulho por isso.

É uma ambição saudável. A gana de ser o vencedor, de
ser o maior.
ISAAC – (ri) ah, pai! Agora vamos que ainda temos que
resolver a transição do dinheiro para os indianos.
MÚSICA AUMENTA. TIAGO E ISAAC SAEM. CORTE PARA A CONSTRUÇÃO

DO PARQUE AQUÁTICO. OS HOMENS TRABALHAM DURO.
CORTA PARA:
CENA 14. CLÍNICA DE ESTÉTICA. SALA NESTOR. INTERIOR – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: AQUALUNG – MORCHEEBA.
ABRE EM LEO E NESTOR CONVERSANDO COM UMA SENHORA DE 70
ANOS. CHAMAREMOS DE DONA CLARICE. É UMA SENHORA TODA
PLASTIFICADA, RICA, FINA, CHEIA DE MANIAS. SUAS ROUPAS SÃO UMA
ALEGORIA E TAMBÉM OS SEUS ACESSÓRIOS, COMO BRINCOS E COLARES.
NESTOR – a senhora já está pronta pra cirurgia?
CLARICE – prontíssima, dr. Nestor. Ai, quase não dormi de tanta

ansiedade pra fazê-la.
LEO – a senhora sabe de todos os riscos pra uma mulher de

sua idade.
NESTOR – (pigarreia) Leo!
CLARICE – não, não, dr. Nestor. O dr. Leo está corretíssimo.

(para Leo) Mas saiba querido, eu faço plástica pra isso
mesmo, para ser imortal!
LEO – (ri) já que é assim.../
SORAYA BATE NA PORTA E ENTRA.
SORAYA – a equipe está pronta.
LEO – já estamos indo. Ajude a dona Clarice com a sua

roupa, as jóias.
SORAYA – sim senhor. (para Clarice) Vamos lá dona Clarice.
CLARICE – vamos sim minha querida!
CLARICE E SORAYA SAEM DA SALA. LEO CAI NA GARGALHADA.
NESTOR – você chamou a mulher de velha na cara dela, Leo.

Que falta de respeito.
LEO – (brincalhão) sou super sincero. Uma mulher, idosa,

não que seja errado, mas ela deveria ver que já passou
da idade pra tá se esticando, tirando gordurinha aqui,
gordurinha ali.
NESTOR – cada um com suas manias. (levanta) Agora vamos

senão a dona Clarice tem um infarto.
LEO E NESTOR SAEM DANDO RISADA.
CORTA DIRETO PARA:
CENA 15. CLÍNICA DE ESTÉTICA. SALA/SALA DE CIRURGIA. INTERIOR –

DIA
ABRE EM DONA CLARICE TOTALMENTE DESPIDA. EM PRIMEIRO LUGAR,
FAZ-SE UM ESTUDO FOTOGRÁFICO COM ELA DESPIDA. É FOTOGRAFADA
COM AS PERNAS JUNTAS E COM AS PERNAS SEPARADAS, DE FRENTE E DE
COSTAS, DE PERFIL DIREITO E ESQUERDO. NA PERSPECTIVA SEGUINTE,
DEVEM TIRAR-SE FOTOGRAFIAS COM AS NÁDEGAS CONTRAÍDAS E
RELAXADAS. O SEGUNDO PASSO É FAZER UM DESENHO TOPOGRÁFICO
DA ÁREA A TRATAR COM UMA CANETA DERMOGRÁFICA, MARCANDO
PONTOS DE REFERÊNCIA. DONA CLARICE VAI DANDO PITACOS. CORTE
PARA ELA NA MESA DE CIRURGIA DEITADA. LEO, NESTOR E A EQUIPE
PREPARADOS.
CLARICE – pelo amor de Deus arranca toda essa gordura que me

consome doutor.
NESTOR – pode deixar. A senhora vai sair daqui magrinha,

magrinha!
CLARICE – ai, eu quero tanto!
LEO – agora relaxa dona Clarice.
EM SEGUIDA, FAZ-SE UMA MONITORIZAÇÃO, ESCOLHE-SE UMA VIA

VENOSA E ADMINISTRA O ANESTÉSICO ESCOLHIDO. FAZ-SE INCISÕES DE
2,5 MM, UMA NA PREGA DO GLÚTEO, OUTRA NA ZONA ONDE
HABITUALMENTE SE DÃO AS INJEÇÕES INTRAMUSCULARES (NO
QUADRANTE SUPERIOR EXTERNO DO GLÚTEO) E UMA TERCEIRA NA
FACE LATERAL DA COXA, A CERCA DE 3 CM DA MARGEM INFERIOR DO
DESENHO. CÂMERA SE ELEVA PARA MOSTRAR: NOS ORIFÍCIOS
REALIZADOS, INJETA-SE UMA SOLUÇÃO SALINA COM ADRENALINA E A
ANESTESIA, SE FOR LOCAL. A ZONA TEM DE FICAR FIRME E
ESBRANQUIÇADA, O QUE SIGNIFICA QUE SE ALCANÇOU O GRAU DE

VASOCONSTRIÇÃO NECESSÁRIO PARA EVITAR UMA HEMORRAGIA
EXCESSIVA. ATENÇÃO: UM BONECO PODE SERVIR DE MODELO. AGORA,
INTRODUZEM-SE AS CÂNULAS DE LIPOASPIRAÇÃO REPETIDAMENTE EM
CADA UM DOS ORIFÍCIOS, ANOTANDO O VOLUME ASPIRADO EM CADA
ZONA (PARA QUE AMBAS AS ANCAS FIQUEM SIMÉTRICAS) ATÉ
ALCANÇAR UMA FORMA E GRAUS DE CORREÇÃO SATISFATÓRIOS. A
CIRURGIA CONTINUA.
CORTA PARA:
CENA 16. RUA CARIOCA. EXTERIOR – DIA

ATENÇÃO SONOPLASTIA: ALEGRE, UM TANTO SAFADA.
JOEL SURGE EM MEIO ALGUMAS PESSOAS QUE ANDAM PELAS RUAS DO
RIO.
ATENÇÃO: AS RUAS DO LEBLON.
JOEL CAMINHA, ATÉ ENCONTRAR A CLÍNICA DE ESTÉTICA. ELE OLHA
PROS LADOS, UM TANTO DESCONFIADO, DÁ UM SORRISO DESCARADO E
ENTRA.
CORTA PARA:
CENA 17. CLÍNICA DE ESTÉTICA. RECEPÇÃO. INTERIOR – DIA

SORAYA ESTÁ AO TELEFONE COM UMA CLIENTE QUE MARCA HORA.
RECEPÇÃO VAZIA. JOEL ENTRA, ELA NÃO PERCEBE, TERMINA A
LIGAÇÃO.
JOEL – então é aqui que minha mulherzinha querida trabalha!
SORAYA – (surpresa) o que é que você tá fazendo aqui?
EM JOEL.
CORTA PARA:
CENA 18. CASA DE JANICE. SALA. INTERIOR – DIA

ISMAEL VAI SAIR PARA TRABALHAR. JANICE VARRENDO A CASA. ELE
ESTÁ COM PRESSA.
ISMAEL – a Bárbara ligou, o Lilo também. Disseram que não

vem não mãe. Beijão, to atrasado.
JANICE – mas eles/

ISMAEL JÁ SAIU.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 19. RUAS DA BOCA DO RIO. EXTERIOR – DIA

É DIA DE FEIRA. MÚSICA ANIMADA. PESSOAL VENDENDO PEIXE,
LEGUMES, CARNES, ENTRE OUTRAS COISAS. ALÉM DE ALIMENTO, O
PESSOAL VENDE UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS. CORTE PARA MATIAS
COMPRANDO ALGUMAS COISAS. CORTA PARA OUTRA PONTA DA FEIRA:
JUDITH E JANAINA, QUE ESTÁ AJUDANDO A MÃE A CARREGAR AS
SACOLAS.
JANAINA – como as coisas estão caras. (para a feirante) Faz 1,50

moça?
FEIRANTE FAZ QUE NÃO. JANAINA E JUDITH VÃO CAMINHANDO.
JUDITH – ô povinho muquirana! Vamos pra aquele lado ali, que

as coisas devem tá mais baratas.
JANAINA – hoje à noite ainda vou trabalhar no bar de seu Matias.
JUDITH – pelo amor de Deus não cita o nome desse homem

aqui.
JANAINA – porque mãe?
JUDITH – é você falar que ele aparece. Aquele me persegue. É

um carrapato. Eu já falei/
JANAINA – o seu Matias gosta da senhora. Só falta a senhora dá

uma chance pra ele.
JUDITH – eu jurei filha que depois que seu pai morresse eu não
pegava homem nenhum. E veja lá se eu tenho idade de
tá namorando um velho daquele?
JANAINA – (debochando) olha só: tá querendo os novinhos, né

dona Judith?
JUDITH – nem novo nem velho! Tô correndo de lavar cueca. Já

basta as cuecas do Bentinho!
JANAINA RI E VAI CAMINHANDO COM A MÃE. ISAMEL VAI SAINDO, COM

PRESSA, POR ENTRE AS BARRACAS DA FEIRA E ACABA SE BATENDO COM
JANAINA.
JANAINA – (sem vê-lo) ai, olha por onde anda! (vê Ismael)
Ismael?
OS DOIS SE ENCARAM. JUDITH PERCEBE ALGO ENTRE ELES.
CENA 20. RUAS DA BOCA DO RIO. EXTERIOR – DIA

CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. ISMAEL E JANAINA AINDA SE
OLHANDO.
ISMAEL – (sem jeito) desculpa, é que eu estou com pressa e.../

Desculpa!
ISMAEL SAI LOGO.
JANAINA – espera Ismael! (ele já foi) Fugiu de novo.
JUDITH – de novo?
JANAINA – é, fugiu de novo... (se corta) Fugiu? (ri sem jeito) É

que eu pedi pra ele me levar/
JUDITH – você tá gostando do Ismael, é isso Janaina? Você tá

apaixonada pelo Ismael?
ATENÇÃO SONOPLASTIA: MEDO DE AMAR – CLAUS E VANESSA
JANAINA – não é nada disso mãe. Oxe!
JUDITH – me diga a verdade filha. Eu sou sua amiga. Me conta

vai.
JANAINA – eu já disse! (avista Matias) Olha quem tá vindo.
JUDITH – (procurando) quem? (avista) Ai meu Deus... Vamos

nos esconder, filha vamos/
JANAINA – (puxa a mãe) não senhora.
MATIAS SE APROXIMA.
MATIAS – não acredito! Vocês por aqui. (para Judith) Dona

Judith, como está tão bela.
JUDITH – (sem jeito) obrigada seu Matias. Agora vamos

Janaina. Vamos que ainda tenho que refogar/
JANAINA – (por cima) sabia que mãínha tava louca pra ver o
senhor seu Matias?
JUDITH – (repreendendo) Jana! (baixo) Tá doida. (para Matias)

Não é/
MATIAS – (corta) eu sempre soube que a senhora iria me dar

uma oportunidade. Que tal hoje à noite?
JUDITH – (chocada) hoje à noite? (caindo em si) Ah, vá catar

coquinhos!
JUDITH SAI APRESSADA. MATIAS FICA SEM ENTENDER. JANAINA RI DA

MÃE.
CORTA PARA:
CENA 21. CLÍNICA DE ESTÉTICA. RECEPÇÃO. INTERIOR – DIA

CONTINUAÇÃO NÃO IMEDIATA DA CENA 17. JOEL E SORAYA. ELA PEGA O
MARIDO PELO OMBRO.
SORAYA – saia daqui. Não te quero em meu trabalho. Se o dr.

Nestor/
JOEL – (se soltando) o doutor que se ferre! Eu só vim por

que... Porque/
SORAYA – porque tá atrás de dinheiro, não é? Porque é só pra

isso que você presta. Agora cuida do bebê.
JOEL – (impaciente) ih, não vem com lição de moral não viu.
Passa logo a grana que eu vazo daqui.
SORAYA – eu não tenho dinheiro. O doutor Nestor ainda não me

pagou o salário. (empurrando) Agora vai.
JOEL – e ali dentro?

SORAYA – (olha pra gaveta) não vou pegar dinheiro da clínica

pra te dar Joel. Saia daqui. Vá atrás de seus amigos.
JOEL – (pega no braço dela com força) vai me dar o dinheiro

sim. Eu sou seu marido. Você tem obrigação de me dar
dinheiro. (entre dentes) Me dá logo!
SORAYA OLHA O MARIDO COM ÓDIO. CHEGA UMA CLIENTE, ELE SOLTA A
MULHER E FICA DISFARÇANDO.
CLIENTE – boa tarde!
SORAYA – (se afasta, ainda nervosa) boa tarde. Sente aqui.

Daqui alguns instantes a senhora será atendida.
A CLIENTE SE SENTA. JOEL OLHA COM CARA FEIA PARA SORAYA E FAZ
UM GESTO PRA DIZER QUE TÁ DE OLHO NELA. ELE SAI DA CLÍNICA.
SORAYA RESPIRA ALIVIADA.
CORTA PARA:

MÚSICA AMBIENTE. PESSOAL MALHANDO. JAQUELINE, JOÃO MATEUS E
RICARDO TRABALHANDO JUNTO COM OS OUTROS PROFISSIONAIS.
CORTE PARA JENNIFER MALHANDO. DÉIA VAI PARA A SALA DE TIAGO.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 23. ACADEMIA. SALA DE TIAGO. INTERIOR – DIA

DÉIA ENTRA NA SALA. TIAGO ESTÁ CONVERSANDO COM ISAAC.
DÉIA – mandou me chamar, seu Tiago?
TIAGO – sim. Quando a Tânia chegar com os meus pais a

senhora os acompanhe e peça à Jaqueline para mostrar
o que temos por aqui. A Tânia colocou na cabeça que
quer voltar a malhar, vê se pode.
ISAAC – a mamãe quer te controlar isso sim.
TIAGO – pois é, mas ela não tem de quê desconfiar. (para Déia)
A senhora entendeu?
DÉIA – sim senhor! (vai saindo)

TIAGO – e outra coisa: quando o parque aquático estiver pronto

a senhora vai trabalhar lá!
DÉIA – (feliz) tá brincando? (pula) Ai meu Deus, obrigado

seu Tiago. Ai, meu Deus! Não to nem acreditando.
ISAAC – (cortando o barato) se a senhora continuar com toda

essa empolgação eu te mando pro olho da rua.
DÉIA – (se controlando) não! Parei! Pronto!
ISAAC – agora sai. Quero conversar com meu pai. Vai dona
Déia.
DÉIA – (saindo) já to indo! Com licença.
DÉIA SAI DA SALA DE TIAGO.
CORTA PARA:

DÉIA QUASE CAI DA ESCADA DE TANTA FELICIDADE. ELA SE APROXIMA
DE JENNIFER.
JENNIFER – tá louca gazela?
DÉIA – (fazendo inveja) nada que você fale vai me atingir

biscatinha! Hoje é o dia mais feliz da minha vida.
JENNIFER – não me diga que a senhora recebeu demissão?
DÉIA – cala a boca! (pausa) Morra de inveja: seu Tiago me

chamou para ser sua secretaria no parque aquático.
JENNIFER – (sem acreditar) o quê? Ele fez isso?
DÉIA – fez sim queridinha! E com o seu Isaac de prova, tá?

Morra ai malhando sua porca inútil!
DÉIA SAI PARA CONTAR A NOTÍCIA A JAQUELINE. JENNIFER FICA

REVOLTADA COM O QUE ACABOU DE SABER.
CORTA PARA:
CENA 25. CASA DE TIAGO. JARDIM. EXTERIOR – TARDE

PATUSCA SERVE TÂNIA E LETÍCIA NA PISCINA.
TÂNIA – Patusquinha querida avise ao seu Elias e a dona Rita

que mais tarde nós vamos a academia fazer uma
visitinha ao Tiago e aproveitaremos para ver o que tá
rolando de bom por lá.
PATUSCA – sim senhora (já saindo).
TÂNIA – e outra coisa, meu bem: anda rápido, sua lesma, que
pra dá recado você é lerda demais, agora pra tá ouvindo
atrás da porta é hábil.
PATUSCA – (sentida) não precisa ofender dona Tânia!
LETÍCIA – você é uma graça sogrinha!
TÂNIA – (rindo) não meu bem! Não é ofensa, é verdade! (grita)

Anda logo!
LETÍCIA – já foi Patusca?
PATUSCA SAI. CLOSE EM TÂNIA TOMANDO UM SUQUINHO.
CORTA PARA:
CENA 26. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXTERIOR – TARDE

ATENÇÃO SONOPLASTIA: HALO – BEYONCÉ.
TOMADA DO RIO DE JANEIRO. PASSAGEM DE ALGUMAS HORAS.
CORTA PARA:
CENA 27. FRENTE DO PRESÍDIO. EXTERIOR – TARDINHA

MÚSICA DA CENA ANTERIOR. NADINE E YEDA SALTAM DO CARRO E VÃO
PARA FRENTE DO PRESÍDIO. CÂMERA DETALHA O NOME DO LUGAR.
YEDA – vamos entrar?
EM NADINE.
CENA 28. FRENTE DO PRESÍDIO. EXTERIOR – TARDINHA

CONTINUAÇÃO DA CENA ANTERIOR. NADINE E YEDA NA PORTA DO
PRESÍDIO. NADINE RECUA.
YEDA – desistiu?
NADINE – eu não vou entrar. (vai para a porta do carro) Vamos

embora daqui, Yeda. Eu não posso fazer isso.
YEDA E NADINE ENTRAM NO CARRO E LOGO SAEM DALI.
CORTA PARA:
CENA 29. PRESÍDIO. CELA DE PAULA. INTERIOR – TARDINHA

PAULA PENSA NA VIDA, OLHANDO A CIDADE PELAS GRADES DA PAREDE.
UMA DETENTA QUE VAMOS CHAMAR DE MÔNICA SE APROXIMA DELA.
MÔNICA – com saudades da vida de antes, branquinha?
PAULA – (olha com tristeza para Mônica) um pouco. É terrível

ficar aqui sem saber o que se passa lá fora.
MÔNICA – vai ter que agüentar isso durante dez anos, filha. A
vida aqui não é fácil não. Tem que aprender a lidar com
as situações. Nem tudo são flores, você sabe disso.
PAULA – eu sei. (senta ao lado de Mônica) Você tá vendo meu

sofrimento aqui dentro. O Ravel está me maltratando, e
eu tenho certeza que é a mando do Isaac.
MÔNICA – o cara que você disse que matou o seu irmão?
PAULA – (raiva) ele mesmo! Eu estou cheia de ódio, Mônica.

Se eu sair daqui sou capaz de voltar pra cá, agora com
um verdadeiro crime nas costas.
MÔNICA – (ri) não conhece nada mesmo da vida. Você tem de

agir com calma, branquinha. Quando você sair daqui já
vai ter pago por tudo mesmo.
PAULA – eu não vou ficar aqui. Eu tenho direito a um

advogado e ele vai me ajudar.
MÔNICA – que advogado? Os da porta da cadeia? (ri) Não seja

ingênua. O Ravel já tratou de molhar as mãos deles.
Não se iluda Paula.
PAULA – a minha família não pode me deixar trancafiada aqui.
MÔNICA – mas já deixou! Já deixou que o Ravel disse.
PAULA – e quem é o Ravel pra saber disso?
MÔNICA – ele é comparsa do tal do Isaac. Com certeza ele sabe

de tudo. (pausa) Escuta essa velha aqui. Tô aqui há 25
anos e tenho que cumprir mais 25. Sei de tudo garota.
Você chegou aqui praticamente ontem.
PAULA – o que devo fazer?
MÔNICA – você vai pagar por esse crime e quando sair daqui vai
jogar com o seu primo.
PAULA – jogar?
MÔNICA – é, jogar! Brincadeira de gato e rato, entende? (pausa)

Ele deve ter outros crimes pelas costas, sujeiradas, algo
que possa incriminá-lo, não mais por esse crime.
PAULA – sim, estou entendendo.
MÔNICA – e daqui a dez anos você vai usá-lo para que ele caia
na própria armadilha. Pode acreditar no que eu te digo.
PAULA – mas eu ainda tenho esperanças que minha família

descubra a verdade e me tire daqui a tempo.
MÔNICA – sonhar não é pecado, é?
PAULA – (determinada) mas eu entendi. Se isso acontecer, de

eu ficar os 10 anos estabelecidos aqui, farei isso mesmo
quando sair dessa jaula. E o Isaac irá pagar por cada
segundo, por cada humilhação que eu passei e pelas
que eu vou passar neste inferno.
MÔNICA – (apoiando) é assim que se fala garota! (animando-a)

Força! Força que a batalha é grande. Ela tá só
começando.
EM PAULA, COM UM AR DE DETERMINADA.

CORTA PARA:
CENA 30. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR – NOITE

TOMADA DA NOITE CARIOCA AO SOM DE: ESPERANDO AVIÕES – VANDER
LEE.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 31. RUA DE SORAYA. EXTERIOR – NOITE

SORAYA VEM ANDANDO DESPERCEBIDA, PROCURA A CHAVE NA BOLSA.
PARA DE FRENTE A SUA CASA E ENTRA.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 32. CASA DE SORAYA. SALA. INTERIOR – NOITE

JOEL A EMPURRA COM FORÇA E SORAYA CAI EM CIMA DO SOFÁ. JOEL
ESTÁ BÊBADO.
JOEL – cadê o meu dinheiro. Eu quero o dinheiro. Tô com

sede desgraça! Quero cachaça!
SORAYA – (sentindo dor) tá maluco. Você me machucou seu

otário. Vagabundo!
JOEL – (parte pra cima) olha aqui: não me xinga não que eu
quebro essa garrafa na tua cara, tá me entendendo?
(grita) Tá me entendendo? (ele aperta o braço dela) Eu
falei com você.
SORAYA – (chora de dor) Tô!
JOEL SOLTA A MULHER E PEGA A BOLSA A PROCURA DO DINHEIRO.
SORAYA – (chorando) eu quero minha filha.
JOEL – (bêbado) ah, vá você e tua filha pra casa do diabo!

Vão se fuder!
SORAYA – (vai pegar a bolsa) me dá minha bolsa seu crápula.

JOEL – você quer a bolsa, quer? (ele pega o dinheiro e dá

uma bolsada na cara dela) Toma a sua bolsa! Toma
vagabunda! (gargalhada) Eu to com sede! Quero beber
cachaça!
JOEL SAI DE CASA E DEIXA SORAYA SEM DINHEIRO E CHORANDO.

CORTA PARA:
CENA 33. CASA DE NESTOR. SALA. INTERIOR – NOITE

NADINE FUMA. ELA ESTÁ PENSATIVA. OLHA PARA O LADO E SE DEPARA
COM UMA FOTO EM QUE PAULA E FELIPE ESTÃO JUNTOS E SORRIDENTES.
NADINE PEGA ESSA FOTO E OBSERVA BEM.
NADINE – (ri) como vocês eram felizes, tão amigos. (pausa)

Porque isso tudo foi acontecer. Justo com vocês?
INSERIR EFEITO: FLASH

RECORDAÇÃO DE NADINE. EM SUA FRENTE SURGE PAULA E FELIPE. ELES
CONVERSAM ENTRE SI.
PAULA – tá sabendo que esse ano vai abrir a vaga pro curso
que você queria não é?
FELIPE – já estou contando as horas pra fazer essas provas e

ver meu nome lá: na lista de aprovados, Felipe Gomes.
PAULA – que felicidade! O papai vai morrer se você passar.

Logo você!
FELIPE – ih, qual é Paula!? Eu sei estudar também, mana!
PAULA E FELIPE RIEM E SE ABRAÇAM. NADINE VEM DA COZINHA COM

UMA BANDEIJA COM SUCO E SANDUICHES PARA ELE.
PV DE NADINE: ELA SE VÊ EM SUA FRENTE E FICA ADMIRADA. AS
LAGRIMAS VEM NOS OLHOS.
VOLTA PARA A MIRAGEM: NADINE SERVE O LANCHE, OS FILHOS
COMEM. ELA OS OBSERVA.
INSERIR EFEITO: FLASH
ACABOU A MIRAGEM. NESTOR CHEGA EM CASA CANSADO E VÊ A
MULHER CHORANDO COM A FOTO DOS FILHOS NO COLO. NESTOR SENTA
AO LADO DELA E LHE ABRAÇA.
NESTOR – (acalmando) eu estou aqui. Cheguei já. Fica calma.

NADINE – meus filhos, Nestor. Meus filhos estavam aqui na

minha frente.
NESTOR – (acalmando) psiu, psiu! Fica tranqüila. (pausa) Você

tem que esquecer, Nadine... Esquecer... Tá? (ela vai
relaxando nos braços dele) Esqueça a Paula. Ela não
merece o nosso amor. Ela quis nos destruir... Esquece!
NADINE ESTÁ MAIS CALMA, PORÉM AINDA CHORA NOS BRAÇOS DO

MARIDO. CLOSE NELA.
CORTA PARA:
CENA 34. ACADEMIA. INTERIOR – NOITE

ATENÇÃO SONOPLASTIA: TOXIC – BRITNEY SPEARS.
ACADEMIA ESTÁ LOTADA. TODOS TRABALHANDO. PESSOAL MALHANDO.
CÂMERA DÁ UMA VOLTA POR TODA A ACADEMIA. GATINHAS E
GATINHOS SARADOS MALHAM. DETALHE NOS CORPOS SUADOS.
JENNIFER SOBE AS ESCADAS, SEM NINGUEM PERCEBER, E VAI PARA A
SALA DE TIAGO.
CORTE PARA A CHEGADA DE TÂNIA, ELIAS E RITA.
ELIAS – (olhando para as gatinhas) como isso aqui tá uma

maravilha!
RITA – (cutuca) velho safado!
TÂNIA – (se balançando, animada, ao som da música) vamos

malhar seu Elias. Vamos lá dona Rita.
DÉIA E JAQUELINE SE APROXIMAM DELES.
DÉIA – (divertida) boa noite a todos!
TODOS – Boa noite!
DÉIA – o seu Tiago pediu pra Jaqueline guiar vocês pela

academia. Fiquem a vontade.
JAQUELINE – vamos lá?
TÂNIA – e o Tiago? Primeiro eu quero dar uns beijinhos no

meu amor. Onde ele está? Ah, já sei! Deve tá
trabalhando, não é? Coitadinho!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 35. ACADEMIA. SALA DE TIAGO. INTERIOR – NOITE

ABRE NAS MÃOS DE TIAGO SUBINDO SOBRE AS PERNAS DE JENNIFER,
QUE TÁ APOIADA NA MESA. ELES RIEM, SAFADOS.
JENNIFER – então vai ter que provar meu bem. Aqui na sua
mesinha de trabalho.
TIAGO – (ofegante, cheio de tesão) eu vou provar sim. E você

é o prato principal sua cachorrinha! Putinha! Hum! (vai
beijando) Hein, safada?
JENNIFER – (dando pulinhos) assim eu me arrepio toda! Ui!
CORTA PARA:
CENA 36. ACADEMIA. INTERIOR – NOITE

JAQUELINE MOSTRA A ACADEMIA PARA ELES, QUANDO TÃNIA VÊ A
SALA DE TIAGO E VAI ATÉ LÁ. NELA SUBINDO AS ESCADAS. ELA BATE NA
PORTA.
TÂNIA – Tiaguinho meu amor! Cheguei!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 37. ACADEMIA. SALA DE TIAGO. INTERIOR – NOITE

TIAGO REAGE, AINDA EM CIMA DE JENNIFER. TODO SUADO. OS DOIS NO
SUSTO.
TIAGO – é a Tânia! A minha mulher!
FIM DO CAPÍTULO 05

Golpe de Mestre Cap05

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CENTRAL DESTINO DE PRODUÇÃO CAPÍTULO. 05

Personagens deste capítulo

CENA 1. PRAIA. EXTERIOR – NOITE

JANAINA – porque você parou?

ISMAEL – não é correto Janaina. Não é correto nem comigo

ISMAEL LEVANTA, JANAINA TAMBÉM, INCONFORMADA.

JANAINA – (insistente) porque não? Se você quer, eu quero!

ISMAEL – (olha para Janaina) não é correto, não é!

ISMAEL CORRE DEIXANDO JANAINA SOZINHA.

JANAINA – (grita) Ismael, espera! Espera ai, Ismael! (ele já foi)

JANAINA FICA PENSANDO O PORQUÊ ELE A DEIXOU SÓ.

CENA 2. RUA DO TERREIRO. EXTERIOR – NOITE

CENA 3. TERREIRO. INTERIOR – NOITE

JUDITH – ela chegou! Chegou nossa mãe!

TODOS APLAUDEM A CHEGADA DA RAINHA DO MAR. ISMAEL ENTRA ALI

E COMEÇA A BATER PALMA COM OS OUTROS. ISMAEL FAZ UMA

CENA 4. PRAIA. EXTERIOR – NOITE

TODOS – (off) mãe Iemanjá chegou! Mãe Iemanjá chegou! Dá-

JANAINA VAI ENTRANDO NO MAR. ANTES TIRA A BLUSA. SEUS PEITOS

CENA 5. SALVADOR. GERAIS. EXTERIOR - DIA

CENA 6. RIO DE JANEIRO. GERAIS. EXTERIOR – DIA

CENA 7. ACADEMIA. INTERIOR – DIA

MORENA – (safada) vamos sair hoje à noite mesmo?

MORENA – (triste) que peninha! Ia te mostrar a marquinha do

RICARDO – (se tremendo) ia o quê? Ai meu Jesus Cristo! É hoje!

RICARDO AGARRA A MORENA E LHE DÁ UM BELO CHUPÃO. CORTE DA

JAQUELINE – (para os alunos) continuem dançando! Já volto!

JOÃO MATEUS – (ensinando) isso, isso! Tá ficando fortinha, hein

E JOÃO VAI COORDENANDO A MULHERADA. CORTA PARA JAQUE E DÉIA.

JAQUELINE – (com ciúme) ele todo derretido pra´quelas varetas!

JAQUELINE – (debochando) ah, não! Coitado do Ricardo. Você é

DÉIA – eu não. Só marco presença, é diferente!

JAQUELINE – pois marque mesmo. (brincando) E em falar nele,

DÉIA – (procurando) é verdade, ele tava ensinando uma

E DÉIA VAI PROCURAR RICARDO. JAQUELINE FICA RINDO.

JAQUELINE – e eu que sou a ciumenta!

DÉIA – (autoritária) tá fazendo o que aqui neste local

RICARDO – eu hein? Tá louca? Tô trabalhando meu amor.

RICARDO SAI E DÉIA FICA DESCONFIADA. RICARDO VAI PARA PERTO DE

JOÃO MATEUS – quase, quase!

RICARDO – quase, quase, o quê meu irmão?

JOÃO MATEUS – você se pegando com a morenaça e a Déia quase

RICARDO – (rindo) sou esperto compadre! Aprende com seu

JOÃO MATEUS – safado! (pausa) Mudando de assunto, velho. Tu achas

JOÃO MATEUS – sei lá. Cabeça de mulher. Vai entender!

RICARDO – a Jaqueline é amarradona em você, João! Só basta tu

CORTE DA CÂMERA PARA DÉIA E JAQUE QUE OBSERVAM OS SEUS

CENA 8. RUAS DO PELOURINHO. EXTERIOR – DIA

HOMEM – (safado) mais é cada gostosa por aqui!

JOSÉLIN – (fingindo timidez) são seus olhos, querido!

OUTROS AINDA SE ATREVEM A SUSSURRAR PERTO DELA. ELA VAI

JUDITH – olha lá, pra desfrutável. Safada, largou de meu filho.

JANICE – você e a Josélin ainda serão amigas de tanto que uma

JUDITH – que Oxalá me afaste dessa daí. (ressentida)

JOSÉLIN SE VIRA E VÊ JUDITH. FAZ CARA FEIA E SAI REBOLANDO. EM

CENA 9. RIO DE JANEIRO. POSTO DE GASOLINA. EXTERIOR – DIA

RAMON – trabalho, faculdade! Todo dia a mesma coisa. Tô

ÍTALO – nem me fale.

RAMON – só esse emprego aqui não ta dando pra mim não,

ÍTALO – eu me contento com o posto de gasolina. Depois que

RAMON – e a tua família?

ÍTALO – (sem entender, desconfiado) o que tem a minha

RAMON – (alegre) você nunca fala dela.