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A6 NACIONAL QUINTA-FEIRA, 11 DE MARÇO DE 2010

O ESTADO DE S.PAULO

DORA M
KRAMER
dora.kramer@grupoestado.com.br

Delírio C

autoritário R
A

A
O senso de limite o presidente Luiz Inácio da Silva, é notó- l
rio, perdeu há muito tempo. m
Para não retroceder no tempo à época em que comanda- 1
t
va a oposição combatendo seus adversários na base do in- c
sulto, do ataque a tudo, aí incluídas ações de governo em v
favor do interesse coletivo, fiquemos com o período da Pre- d
sidência durante o qual se notabilizou pela defesa das pio- “
res causas. s
A noção do ridículo o presidente Luiz Inácio da Silva b
substituiu pela arte de consolidar identificação popular me- r
s
diante um comportamento já comparado ao de animador
de auditórios de espetáculos popularescos. b
Ainda assim, construiu um ambiente de respeitabilida- d
de externa em virtude de ter sabido semear e colher os fru- d
tos do terreno preparado por seus antecessores sem lhes t
dar o devido crédito. a
Contou ponto também a favor de Lula o fato de ter redu- a
l
zido ao mínimo das gafes inevitáveis – e que até serviram r
para compor o tipo – suas manifestações no exterior. x
O presidente brasileiro não repete lá fora as performan- d
ces internas. Deixa de lado os improvisos e, assim, evita os S
consequentes (propositais?) erros de linguagem, termos n
chulos e piadas de mau gosto. t
Mais recentemente, no entanto, o presidente Lula tem b
dado sinais de que os altos índices de popularidade podem B
ter-lhe subtraído por completo a companhia da sensatez, n
além de ter reduzido a agudeza do instinto de sobrevivên- g
cia que o faz se preservar do risco extremo e manter acesa s
a mítica. f
A imprensa internacional retratou isso nas críticas fei- a
tas a ele quando da visita a d
d
Cuba no dia exato em que o
Lula dissidente Orlando Zapata
morria depois de 85 dias de

o
menospreza greve de fome em protestos
pelas transgressões aos direi-
a
q
princípios. tos humanos patrocinadas pe- p
c
lo regime dos irmãos Castro.
Só fala e se Lula não apenas confrater-
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b
mobiliza nizou com a ditadura de ma-
neira ousada, como depre-
x
h
em defesa ciou ao limite da crueldade a
ação dos dissidentes condena-
d

de interesses dos, torturados e mortos por d


c
crime de opinião.
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Que o presidente não se im- d
porta com princípios, ironizando quem se importa como r
adeptos do “principismo”, e que defende apenas interes- s
ses, o Brasil todo sabe. São inúmeros os exemplos. b
Internamente é a praxe. Lula só poderia ter tido a fidal-
guia de não mostrar esse lado ao mundo. Aos 25 anos de c
retomada democrática depois de quase três décadas de re- p
p
gime autoritário, o Brasil não merecia ser exposto assim. d
Como um país que elegeu e reelegeu um presidente da e
República que dá de ombros à luta pelo direito de se opor e c
ainda compara seus combatentes a criminosos comuns. t
Os traficantes, assassinos e sequestradores do Brasil e m
os presos políticos de Cuba – ou de qualquer parte do mun- n
do, por suposto – para Lula estão em igualdade de condi-
ções. Opositor é criminoso.
Ou não foi isso que ele disse quando afirmou: “Imagine
se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entras-
sem em greve de fome e pedissem libertação”?
C
“Temos de respeitar a determinação da Justiça e do go-
verno cubanos”.
Uma manifestação de desapreço ao conceito de solida-
riedade mundial e de hostilidade à ação da Anistia Interna-
cional, cujo trabalho é justamente se envolver, denunciar, W
R
protestar contra as agressões aos direitos humanos.
Graças a isso, durante a ditadura militar brasileira os A
combatentes do regime – alguns atuais auxiliares de Lula, ç
uma delas sua candidata a presidente – puderam levar notí- g
cias ao mundo do que se passava aqui. f
d
O presidente Lula ultrapassou todos os limites do aceitá- m
vel. Foi além de países democráticos que apoiaram ditadu- t
ras e que ainda mantêm relações comerciais e diplomáti- d
cas com regimes autoritários, mas nunca ousaram defen- 1
der as razões dos ditadores, nem justificar suas ações, igno- L
rar as atrocidades cometidas, acusar os dissidentes de cri- t
minosos, muito menos emprestar seu prestígio em defesa b
c
da autodeterminação dos déspotas amigos. t
É de se perguntar o que acham a ministra Dilma Rousse- c
ff e os demais aliados, auxiliares, admiradores e seguidores l
do presidente Lula desse perfilhamento à tirania e dessa in- m
diferença ao clamor pela liberdade.
Por uma questão de conveniência calarão ou tergiversa-
rão aludindo a um mal-entendido na interpretação das pa-
lavras. O mundo, entretanto, não será tão condescendente.

Enigmáticos
Primeiro Lula e Ciro ficaram de conversar em janeiro para
definir o futuro. Depois o encontro ficou para fevereiro,
sendo adiado em seguida para 15 de março e agora marca-
do para 15 de abril.
Jogam juntos, evidente. Embora nem o PT saiba exata-
mente para quê, circulam versões a respeito no partido.
Uma delas reza que Lula mantém Ciro na presidencial
para conter os índices de Serra nas pesquisas.
Outra diz que Ciro é reserva técnica para vice.
Petistas mais inconformados com a hipótese de tê-lo co-
mo candidato ao governo de São Paulo, consideram a hipó-
tese de que, se demorar muito, Marina Silva acaba ultra-
passando Ciro nas pesquisas. ●

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