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“Nossos adolescentes atuais parecem amar o luxo. Têm maus modos e desprezam a
autoridade. São irrespeitosos com os adultos e passam o tempo vagando nas praças,
mexericando entre eles. São inclinados a contradizer seus pais, monopolizam a
conversa quando estão em companhia de outras pessoas mais velhas; comem com
voracidade e tiranizam os seus mestres".
Embora pareça atual, esta observação foi feita por Sócrates há mais de 2.500
anos e ilustra o muito que já se falou sobre o assunto. Além de período de tomadas de
decisões, a adolescência é uma fase de vulnerabilidades e oportunidades. Rondam-na,
ao mesmo tempo, a sorte e o perigo. É, também, a de maior aprendizado da vida,
marcada pela criatividade, expansão dos horizontes, esperança e experimentação. No
aspecto neurológico, há intensa poda e reconexão neuronal. O desenvolvimento de
novas conexões conduz, para o bem e para o mal, à fixação de comportamentos ou
habilidades.O adolescente está propenso aos novos contatos, ao descobrimento do amor
e das habilidades musicais e artísticas, do sexo e, infelizmente, do álcool, tabaco e
outras drogas. A impulsividade, a inexperiência e a receptividade intrépida aos desafios
podem levar a consequências indesejadas, como a gravidez precoce, acidentes
automobilísticos e brigas corporais.
Some-se a isso a pressão de grupos para condutas de riscos e o silêncio dos pais,
muitas vezes descritos como amigões e camaradas – ledo engano. Aos pais não cabe
apenas o papel de bom amigo. A vida gera frustrações, e privar o adolescente de ouvir
"não" é uma forma eficiente de conduzi-lo a tombos maiores no futuro. E os pais devem
saber dar exemplos – mais que com palavras – com o seu próprio comportamento.
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relacionamento com a bebida evoluir a um padrão nocivo e o risco de dependência e
desenvolvimento de doença crônica – prevalente em cerca de 10% da população
brasileira, em alguma fase da vida. E mais, aumenta o risco de tabagismo – que leva à
redução média de 10 anos na expectativa de vida – e a chance de consumo de outras
drogas, como maconha e cocaína, entre outras.
Um estudo conduzido pela psicóloga Denise Leite Vieira indica que o início do
consumo de álcool ocorre na própria casa. Aos pais que pensam ser melhor às crianças
beberem sob supervisão, o correto é criança não beber. Também cabe à sociedade
exercer controle sobre o consumo de álcool pela exigência de políticas públicas. A
proibição da propaganda, a redução de pontos de venda e o aumento do preço das
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bebidas demonstram certa eficiência nesse controle em alguns países, embora o Brasil,
nada tenha feito nesse sentido. Amparada em altos lucros e poderosas ferramentas de
comunicação, a propaganda de bebidas goza de relativa liberdade no país. Além disso, é
praticamente impossível andar mais de 500 metros, em qualquer cidade brasileira, sem
encontrar um ponto de venda de bebida. Sem contar que um litro de aguardente tem
preço inferior a um litro de álcool combustível. Estudos em duas cidades paulistas de
características diferentes, Diadema e Paulínia, tiveram resultados semelhantes em
relação à probabilidade de um adolescente de 15 anos (aparentando a idade real)
conseguir comprar bebida alcoólica em estabelecimentos comerciais. Cerca de 90% dos
jovens conseguiram fazê-lo e, na maioria das vezes, sem a solicitação de quaisquer
documentos.A proibição de venda de bebidas a menores é largamente descumprida.
Uma lei só será respeitada se bem fiscalizada e a sociedade cobrar seu cumprimento.
É frustrante, nesse sentido, observar que a fiscalização da lei que versa sobre o
beber e dirigir seja mais branda atualmente. A fiscalização intensa no início de sua
vigência poupou muitas vidas, principalmente de adolescentes que misturam a
inabilidade na direção com o binge drinking (uso excessivo de álcool em uma única
situação).O efeito da propaganda sobre o comportamento adolescente é bem
documentado e motivo de preocupação da comunidade médica mundial. Embora a
indústria do álcool e tabaco argumente o contrário, sua publicidade é dirigida às
crianças e jovens, com forte apelo emocional, que envolve elementos associados ao
glamour, alegria, festa, popularidade, maior poder de conquista etc. Frequentemente,
utiliza ícones do esporte, da música e da cultura popular como garotos-propaganda.
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ou "apelo" social –, além dos trabalhadores nesses ambientes, constituiu uma dupla
vitória. Mas ainda não podemos comemorar: embora a venda de cigarros seja proibida
para menores, a prevalência de tabagistas entre adolescentes de 17 anos já é quase igual
à da população adulta, indicando que essa lei, assim como a do álcool, também é
largamente descumprida.