Sei sulla pagina 1di 29

 

João Pinto Soares dos Reis

Porto, Novembro de 2009

PGO - FMUP
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
ÍNDICE

Introdução 03

Embriologia, crescimento e desenvolvimento crânio facial 04

Natureza do crescimento esquelético 07

Desenvolvimento da cabeça 09

Desenvolvimento do crânio 14

• Viscerocrânio e maxila 16

Desenvolvimento da face 17

• Músculos faciais 18

• Músculos da mastigação 18

Desenvolvimento das cavidades nasais 19

Desenvolvimento da língua 20

Desenvolvimento do palato 22

Desenvolvimento dos dentes 22

Conclusão 26

Bibliografia 29

João Pinto Reis  Página 2 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
INTRODUÇÃO

No âmbito do Módulo I referente ao Curso de Pós-Graduação em


Ortodontia, ano lectivo 2009/2010, surge a necessidade de se elaborar este
trabalho, servindo o mesmo como instrumento de avaliação na mencionada
disciplina.
Sendo assim são objectivos do trabalho:

• Compreender os conceitos relevantes sobre o crescimento e


desenvolvimento craniofacial e suas especificações;
• Identificar as fases do período pré-natal tendo em conta as suas
características inerentes;
• Adquirir conhecimentos essências sobre embriologia craniofacial;
• Dar resposta ao método de avaliação escolhido para o referido curso;

Optou-se por uma metodologia descritiva tendo como apoio a pesquisa


bibliográfica alusiva ao tema em análise.
Este trabalho, encontra-se estruturado nas seguintes partes:
• Embriologia e desenvolvimento craniofacial;
• Natureza do sistema esquelético;
• Desenvolvimento do crânio, face, cavidades nasais, língua, palato e
dentes;

A temática deste trabalho “Embriologia e Desenvolvimento Craniofacial”


é bastante pertinente, na medida em que nos sensibiliza para o facto de que
em ortodontia, o crescimento e o desenvolvimento craniofacial surgem como
um pilar fundamental a ter em conta para uma adequada prática clínica.

João Pinto Reis  Página 3 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
EMBRIOLOGIA, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL

De uma maneira global, a embriologia, nos seus mais diversos planos,


sempre fascinou o Homem, desde as grandes especulações das sociedades
primitivas, até às mais sofisticadas técnicas de inseminação artificial. A
Embriologia engloba o estudo das transformações sucessivas de um ovo até à
constituição de um indivíduo autónomo e independente, semelhante aos seus
progenitores.
Na embriologia, a fecundação é considerada um momento crucial, dando
inicio a um processo de crescimento, desenvolvimento e maturação de um
futuro ser.
O crescimento, enfatiza, mudanças a nível de dimensão, durante o
desenvolvimento, podendo resultar num aumento ou diminuição do tamanho e
variar na forma, proporção, complexidade ou textura. Trata-se de um fenómeno
anatómico e quantitativo resultado directo da divisão celular. O crescimento é
um aumento gradativo em tamanho, rumo às dimensões faciais características
da espécie.
Por conseguinte, o desenvolvimento pode ser definido como sendo o
aumento da complexidade, sendo um fenómeno fisiológico e comportamental.
No desenvolvimento craniofacial, estes factos são creditados às mudanças
estruturais de crescimento, através das quais os tecidos se vão diferenciando
até atingir as características somáticas e funcionais da espécie.
Todo o crescimento e desenvolvimento englobam um período pré-natal
que pode ser dividido em três etapas mais ou menos distintas:
• Implantação do blastócito;
• Fase embrionária;
• Fase fetal;

A primeira fase pré-natal corresponde às três primeiras semanas de


desenvolvimento e que tem início através do processo de fertilização no qual
um gâmeta masculino (espermatozóide) e um gâmeta feminino (ovócito) se
unem formando um zigoto.
Como resultado, a fertilização, ocasiona uma série de divisões mitóticas
(clivagem) que resultam num aumento do número de células (blastômeros)
João Pinto Reis  Página 4 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
que, por sua vez, se tornam menores a cada divisão. Depois de três divisões,
os blastômeros passam por uma compactação, tornando-se uma bola de
células fortemente aderidas e dispostas numa camada interna e externa. Os
blastômeros compactados dividem-se e formam uma mórula com 16 células.
Quando a mórula entra no útero, no terceiro ou quarto dia após a fertilização,
começa a aparecer uma cavidade, formando-se um blastocito. A massa celular
interna, que se formou aquando da compactação, dá origem ao embrião
propriamente dito (embrioblasto), enquanto que, a massa celular externa, que
envolve as células internas e a cavidade do blastocito dá origem ao trofoblasto.
Na segunda semana
de gestação o embrioblasto
forma duas camadas
(epiblasto e hipoblasto)
enquanto que o trofoblasto
e a mesoderme extra-
embrionária diferenciam-se
em duas camadas, dando
origem à cavidade
amniótica e ao saco vitelino.
Na terceira semana de desenvolvimento, o evento mais característico é
a gastrulação que se inicia com o aparecimento da linha primitiva, que, por sua
vez, apresenta o nó primitivo na sua extremidade cefálica. Nesta região do nó e
da linha, ocorre a invaginação de células do embrioblasto, formando-se as três
camadas germinativas do embrião. Células da camada germinativa
mesodérmica intra-embrionária estabelecem contacto com a mesoderme extra-
embrionária que recobre o saco vitelino. Células pronotocordal intercalam-se
na endoderme e formam a placa notocordal, que constitui o eixo da linha média
e que serve de base para o esqueleto axial. As extremidades cefálicas e caudal
do embrião são estabelecidas com a formação da linha primitiva. As
vilosidades primárias adquirem um eixo central mesenquimatoso onde surgem
pequenos capilares. Quando estes capilares entram em contacto com os
capilares da placa coriônica e do pedículo do embrião, o sistema viloso está
pronto para suprir o embrião de nutrientes e oxigénio.

João Pinto Reis  Página 5 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
Após a terceira semana de desenvolvimento, dá-se inicio à fase
embrionária que corresponde ao período entre a quarta e a oitava semana,
durante o qual, cada uma das três camadas germinativas, ectoderme,
mesoderme e endoderma dão origem aos seus próprios tecidos e órgãos,
sendo estabelecidas as principais características da forma do corpo. Esta
diferenciação ocorre no sentido céfalo-caudal.
A ectoderma dá origem aos órgãos e às estruturas que entram em
contacto com o mundo externo: sistema nervoso central e periférico, epitélio
sensorial do ouvido, nariz e olho, pele, pêlos e unhas, esmalte do dente,
hipófise, glândulas mamárias e sudoríparas.
Componentes importantes da mesoderme são o mesoderme paraxial, o
intermediário e a placa lateral. O mesoderme paraxial dá origem ao
mesênquima da cabeça, ao miótomo (tecido muscular), ao esclerótomo
(cartilagem e osso) e ao dermátomo (tecido subcutâneo da pele) - tecidos de
sustentação do corpo - e ao sistema vascular (coração, artérias, veias, vasos
linfáticos) e a todas as células sanguíneas. Para além do referido, origina,
igualmente, o sistema urogenital (rins, gônadas e seus ductos, excepto a
bexiga), o baço e o córtex adrenal.
A camada germinativa endodérmica dá origem ao revestimento epitelial
do tracto gastrointestinal, respiratório e bexiga. Forma o parênquima da tiróide,
das paratiróides, do fígado, do pâncreas, e da cavidade auditiva.
Em consequência da formação dos sistemas de órgãos e do rápido
crescimento do sistema nervoso central, o disco embrionário que se encontra
achatado inicialmente, começa a dobrar-se cefalocaudalmente, formando as
pregas cefálicas e caudal. O disco também se dobra transversalmente (pregas
laterais) dando ao corpo uma forma arredondada. A ligação com o saco vitelino
e com a placenta é mantida, respectivamente, através do ducto vitelino e do
cordão umbilical.
Posto isto, o período entre o inicio da nona semana e o fim da vida intra-
uterina é denominado de período fetal e caracteriza-se pelo rápido crescimento
do corpo e pela maturação dos sistemas de órgãos. O aumento do
comprimento é particularmente notável durante o terceiro, quarto e quinto mês
de gestação, enquanto que o ganho de peso é mais notável durante os dois
últimos meses. Outra alteração notável é a desaceleração relativa do

João Pinto Reis  Página 6 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
crescimento da cabeça. Durante o quinto mês, os movimentos fetais são
claramente perceptíveis pela mãe e o feto apresenta-se recoberto por uma
pelagem fina e curta.

NATUREZA DO CRESCIMENTO ESQUELÉTICO

O sistema esquelético desenvolve-se a partir da mesoderme paraxial,


lateral e da crista neural. A mesoderme paraxial forma uma série de segmentos
de tecido em volta do tubo neural denominados de somitômeros na região
cefálica e de somitos na região occipital. Por sua vez, estes somitos,
diferenciam-se em esclerótomo na zona ventromedial e em dermomiótomo na
zona dorsolateral.
As células do esclerótomo, no final da quarta semana, tornam-se
polimórficas, formando o mesênquima ou tecido conjuntivo embrionário. As
células destes tecidos migram e diferenciam-se em fibroblastos, condroblastos
ou osteoblastos.
A capacidade de formação óssea do mesênquima não se restringe às
células do esclerótomo, ocorrendo também na camada mesodérmica somática
da parede corporal, o que contribui para a formação das cinturas escapular e
pélvica assim como dos ossos longos do corpo.
Na região da cabeça, as células da crista neural diferenciam-se em
mesênquima e têm um papel importante na formação dos ossos da face e do
crânio. Os somitos e somitômeros occipitais, também contribuem, para a
formação da abóbada craniana e da base do crânio, existindo três
possibilidades de crescimento, que irão permitir fazer a distinção entre
crescimento dos tecidos moles e dos tecidos duros e que são:
• Aumento do tamanho das células (hipertrofia), que ocorre em várias
circunstâncias específicas;
• Aumento do número de células (hiperplasia), que é consideravelmente
importante em todas as formas de crescimento;

João Pinto Reis  Página 7 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
• Aumento do tamanho das células que segregam material extracelular,
sendo este mineralizado - fenómeno de extrema importância no
crescimento esquelético.
O crescimento dos tecidos moles e da cartilagem não calcificada, dá-se,
pela combinação de hiperplasia e hipertrofia. Todavia, a secreção de material
extracelular pode acompanhar este processo. Este tipo de crescimento é
importante dado que a maior parte do sistema esquelético é originalmente
modelada em cartilagem através de um processo denominado de ossificação
endocondral.
Quando se inicia a mineralização do tecido duro, o crescimento
intersticial passa a ser impossível. O crescimento dá-se unicamente na
superfície dos tecidos mineralizados através de hiperplasia, hipoplasia e
secreção de material extracelular. Esta deposição de novo tecido duro, ocorre
devido à actividade das células do periósteo e é denominada de aposição
directa ou superficial.
O auge do desenvolvimento do esqueleto cartilaginoso ocorre durante o
terceiro mês de vida intra-uterina. Nesta fase, uma lâmina contínua de
cartilagem, estende-se da cápsula nasal, posteriormente, até ao Orifício
Magnum na base craniana. Nos estágios precoces, o tamanho extremamente
pequeno do embrião faz com que o condroesqueleto seja maleável e composto
por lâminas finas. Pelo facto de a cartilagem ser um tecido quase avascular, é
nutrida por difusão das camadas mais externas. Nos estágios posteriores não é
possível esta nutrição por difusão, sendo este tecido, suprido, por vasos
sanguíneos internos.
No quarto mês de vida intra-uterina, diferenciam-se elementos
vasculares em vários pontos do condrocrânio. Estas zonas tornam-se os
centros de ossificação (local onde a cartilagem se transforma em osso).
A cartilagem contínua a crescer e a ossificar rapidamente, resultando
num crescimento relativo e rápido da porção óssea e numa diminuição da
porção cartilaginosa.
O resultado deste processo de ossificação apresenta pequenas áreas de
cartilagem interpostas entre grandes porções de osso, que tomam
configurações típicas dos ossos etmóide, esfenóide ou occipital. O crescimento

João Pinto Reis  Página 8 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
nas conexões cartilaginosas, entre os centros de ossificação, é semelhante ao
crescimento dos membros.
Nos membros (ossos longos) as áreas de ossificação apresentam-se no
centro e nas extremidades, originando a diáfise no centro e em cada
extremidade uma epífise. Entre as epífises e a diáfise existe uma área de
cartilagem não-calcificada (lâmina epifisária) que é o maior centro de
crescimento, responsável pelo aumento em comprimento. O aumento da
espessura e a remodelação externa é responsabilidade do periósteo que se
encontra à superfície destes ossos.
As células da lâmina epifisária sofrem uma rápida divisão celular,
segregam a matriz extracelular e degeneram-se quando a matriz inicia a
mineralização, sendo a cartilagem substituída por osso.
Verifica-se que, se a velocidade de proliferação das células
cartilaginosas, for igual ou superior à velocidade com que elas amadurecem, o
crescimento é contínuo. No entanto, no período final do crescimento normal, a
velocidade de maturação é maior que a de proliferação, sendo a cartilagem
substituída por osso e a lâmina epifisária desaparece, terminando deste modo
o crescimento do osso (excepto à superfície).
Outro modo pelo qual são formados os ossos é a secreção de matriz
óssea directamente nos tecidos conjuntivos, sem a formação intermediária de
cartilagem (formação óssea intra-membranosa). Este tipo de ossificação ocorre
na abóbada craniana e nos maxilares.
Independente da localização e da formação óssea intramembranosa, o
crescimento intersticial na massa mineralizada, é impossível, o que implica
uma formação por aposição do novo osso à superfície, tratando-se de um
processo fundamental no crescimento

DESENVOLVIMENTO DA CABEÇA

O mesênquima que forma a região da cabeça origina-se a partir da


mesoderme paraxial e da placa lateral. Da crista neural e das regiões da
ectoderme formam-se os placóides ectodérmicos. O mesoderme paraxial
(somitos e somitômeros) forma o soalho da caixa craniana e uma pequena

João Pinto Reis  Página 9 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
porção da região occipital, todos os músculos voluntários da região crânio
facial, a derme e o tecido conjuntivo da região dorsal da cabeça, e as meninges
caudais do prosencefalo. O mesoderme lateral forma as cartilagens laríngeas
(aritenóide e cricóide) e o tecido conjuntivo dessa região. As células da crista
neural têm origem no neuroectoderma das regiões do prosencefalo,
mesencefalo e romboencefalo e migram ventralmente para os arcos faríngeos
e rostralmente em torno do prosencefalo e do cálice óptico, na região facial.
Nesses locais, formam-se as estruturas esqueléticas da região média
da face e dos arcos faríngeos, além de todos os outros tecidos dessas regiões,
incluindo cartilagem, ossos, dentina, tendões, derme, aracnóide, neurónios
sensoriais e estroma glandular. Células dos placóides ectodérmicos,
juntamente com células da crista neural, formam os neurónios do quinto,
sétimo, nono e decimo gânglios sensoriais cranianos.
A característica mais típica do desenvolvimento da cabeça e pescoço é
a formação dos arcos faríngeos ou branquiais. Estes arcos aparecem na quarta
e quinta semanas de desenvolvimento e contribuem para dar a aparência
externa, característica do embrião. De inicio, eles são constituídos por barras
de tecido mesenquimal, separadas por fendas denominadas fendas faríngeas
(branquiais). Simultaneamente ao desenvolvimento dos arcos e fendas, várias
bolsas, as bolsas faríngeas, aparecem ao longo das paredes laterais do
intestino faríngeo, a porção mais cefálica do intestino anterior.
Os arcos faríngeos não contribuem apenas para a formação do pescoço
mas também desempenham um papel importante na formação da face. No final
da quarta semana, o centro da face é formado pelo estomodeu, envolto pelo
primeiro par de arcos faríngeos. Quando o embrião atinge 52 semanas de vida,
é possível reconhecer cinco saliências mesenquimais: as saliências
mandibulares (primeiro arco faríngeo), caudais ao etmóide; as saliências
maxilares (porção dorsal do primeiro arco faríngeo), laterais ao etmóide; e a
saliência frontonasal, uma elevação discretamente arredondada em posição
cefálica ao etmóide. O desenvolvimento da face é complementado,
posteriormente, pela formação das saliências nasais.

João Pinto Reis  Página 10 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 

 
Desenvolvimento dos arcos faríngeos

Cada arco faríngeo consiste num núcleo mesenquimatoso coberto,


externamente, por ectoderma da superfície e internamente, por epitélio de
origem endodérmica. Alem do mesênquima derivado da mesoderme paraxial e
da placa lateral, o núcleo de cada arco recebe um número substancial de
células da crista neural, que migram para os arcos para contribuir para a
formação dos componentes esqueléticos da face. O mesoderme original dos
arcos dá origem à musculatura da cabeça e do pescoço. Desse modo, cada
arco faríngeo caracteriza-se por apresentar os seus próprios componentes
musculares, que, por sua vez, possuem o seu próprio nervo craniano. Além
disso, cada arco possui o seu próprio componente arterial.
O primeiro arco faríngeo consiste numa porção dorsal (processo maxilar,
que se estende para a frente sob a região do olho) e, numa porção ventral
(processo mandibular, que contem a cartilagem de Meckel). Durante o
desenvolvimento posterior, a cartilagem de Meckel desaparece, à excepção de
duas porções na sua extremidade dorsal, que persistem e formam o martelo e
a bigorna. O mesênquima do processo maxilar da origem à pré-maxila, à
maxila, ao osso zigomático e à parte do osso temporal, através da ossificação
membranosa. A mandíbula também é formada pela ossificação membranosa
do tecido mesenquimatoso que envolve a cartilagem de Meckel.

João Pinto Reis  Página 11 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
 

Componentes dos arcos faríngeos.

A musculatura do primeiro arco faríngeo inclui os músculos da


mastigação (temporal, masseter e pterigóides lateral e medial), ventre muscular
anterior do digástrico, milo-hióide, tensor do tímpano, e tensor do palato. A
inervação dos músculos do primeiro arco é feita pelo ramo mandibular do nervo
trigêmio. Como o mesênquima do primeiro arco também contribui para a derme
da face, a inervação sensitiva da pele da face é feita pelos nervos oftálmicos e
maxilar e pelos ramos mandibulares do nervo trigêmio.
A cartilagem do segundo arco faríngeo ou arco hióide (cartilagem de
Reichert) dá origem ao estribo, ao processo estilóide do osso temporal, ao
ligamento estilóide e, ventralmente, ao corno menor do hióide e à porção
superior do corpo do osso hióide. Os músculos do arco hióide são o estapédio,
o estilo-hióide, o ventre muscular posterior do digástrico, o auricular e os
músculos da expressão facial. O nervo facial é o nervo do segundo arco e
inerva todos estes músculos.
A cartilagem do terceiro arco faríngeo produz a porção inferior do corpo
e o corno maior do osso hióide. A musculatura é limitada aos músculos
estilofaríngeos. Estes músculos são inervados pelo nervo glossofaríngeo que é
o nervo do terceiro arco.
Os componentes cartilaginosos do quarto e sexto arcos faríngeos
fundem-se e formam as cartilagens tiróide, cricóide, aritenóide e cuneiforme da

João Pinto Reis  Página 12 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
laringe. Os músculos do quarto arco são o cricotiróide, levantador do véu do
palato e os constritores da faringe e são inervados pelo ramo laríngeo do nervo
vago que é o nervo do quarto arco. Os músculos intrínsecos da laringe são
supridos pelo ramo laríngeo recorrente do vago, o nervo do sexto arco.
O embrião humano possui cinco pares de bolsas faríngeas. A última
dessas é atípica e frequentemente é considerada parte da quarta bolsa.
A primeira bolsa faríngea forma um divertículo em forma de pedículo, o
recesso tubotimpânico, que entra em contacto com o revestimento epitelial da
primeira fenda faríngea, o futuro meato auditivo externo. A porção distal do
divertículo alarga-se, formando uma estrutura em forma de saco que é a
cavidade timpânica (do ouvido médio) primitiva, enquanto a porção proximal
permanece estreita, formando a tuba auditiva (de Eustáquio). O revestimento
da cavidade timpânica participa, posteriormente, na formação da membrana
timpânica (tímpano).
O revestimento epitelial da
segunda bolsa faríngea prolifera e forma
brotos que penetram no mesênquima
circunjacente. Esses brotos são
invadidos, secundariamente, por tecido
mesodérmico, formando o primórdio da
tonsila palatina. Durante o terceiro e o
quinto mês, a tonsila é infiltrada por
tecido linfático. Parte da bolsa
permanece e é encontrada no adulto na
forma de fenda intratonsilar.
A terceira e quarta bolsa são
caracterizadas, em sua extremidade
distal, por uma asa dorsal e outra ventral.
Na quinta semana o epitélio da asa
dorsal da terceira bolsa se diferencia na paratiróide inferior, enquanto a asa
ventral forma o timo. Esses dois primórdios das glândulas perdem a sua
ligação com a parede da faringe e o timo migra em numa direcção caudal e
medial, arrastando consigo a paratiróide inferior.

João Pinto Reis  Página 13 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
O epitélio da asa dorsal da quarta bolsa faríngea forma a paratiróide
superior. Quando a paratiróide perde contacto com a parede da laringe, ela
prende-se à superfície dorsal da tiróide, que migra no sentido caudal e forma a
paratiróide superior.
A quinta bolsa faríngea costuma ser considerada uma parte da quarta
bolsa. Ela da origem ao corpo ultimobranquial que, mais tarde, é incorporado
pela tiróide. As células do corpo ultimobranquial dão origem as células
parafoliculares ou células C, da tiróide. Estas células segregam calcitonina.
O embrião de cinco semanas é caracterizado pela presença de quatro
fendas faríngeas, das quais somente uma contribui para a estrutura definitiva
do embrião. A porção dorsal da primeira fenda penetra no mesênquima
subjacente e dá origem ao meato auditivo externo. O revestimento epitelial no
fundo do meato participa na formação do tímpano.

DESENVOLVIMENTO DO CRÂNIO

O crânio pode ser dividido em duas partes: neurocrânio, que forma uma
caixa protectora em torno do encéfalo e viscerocrânio, que forma o esqueleto
da face. Por sua vez, o neurocrânio é dividido, de modo conveniente, em duas
partes:
• Porção membranosa, constituída por ossos chatos e que formam a
abóbada craniana:
• Porção cartilaginosa denominada de condrocrânio e que forma os ossos
da base do crânio.
A abobada craniana é composta por ossos achatados que são formados
por ossificação intramembranosa, sem precursores cartilaginosos.
O condrocrânio é muito importante para o crescimento da face,
sustentando a face e o cérebro como uma barra de cartilagem que vai desde o
foramen magnum até à região do septo nasal.

João Pinto Reis  Página 14 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 

 
Vista dorsal do condrocrânio

Inicialmente o condrocrânio é constituído por um certo número de


cartilagens separadas. As cartilagens dispostas em frente ao limite da
notocorda, que terminam ao nível da hipófise no centro da sela turca, derivam
de células da crista neural, formando o condrocrânio precordal. As cartilagens
colocadas numa posição posterior a esse limite originam-se da mesoderme
paraxial e formam o condrocrânio cordal. A base do crânio forma-se, na oitava
semana, quando essas mesmas cartilagens se fundem e se ossificam por
ossificação endocondral.
A base occipital é formada pela cartilagem paracordal e pelos corpos de
três esclerótomos occipitais. Numa posição frontal à placa da base do occipital
ficam as cartilagens hipofisárias e as trabéculas cranianas. Essas cartilagens
fundem-se logo, formando, respectivamente o corpo do esfenóide e do
etmóide. Desta maneira, forma-se uma placa cartilaginosa mediana, alongada,
que se estende da região nasal até à borda anterior do foramen magno.

João Pinto Reis  Página 15 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
Outras condensações mesenquimais surgem de ambos os lados da
placa mediana. A mais frontal, a asa orbital, forma a asa menor do osso
esfenóide. Caudalmente, ela é seguida pela asa temporal, que dá origem à asa
maior do esfenóide. Um terceiro componente, a cápsula periótica, dá origem às
porções petrosa e mastóide do osso temporal. Mais tarde, esses componentes
fundem-se, com a placa mediana e uns com os outros, excepto nas aberturas
pelas quais os nervos cranianos saem do crânio.

Viscerocrânio e Maxila
O viscerocrânio é
constituído pelos ossos da
face e é formado
principalmente pelos dois
primeiros arcos faríngeos.
O primeiro arco dá origem
à porção dorsal,
denominada de processo
maxilar, que se estende
para a frente sob a região
do olho e dá origem à
maxila, ao osso zigomático e à parte do osso temporal. A porção ventral
denominada de processo mandibular contém a cartilagem de Meckel. O
mesênquima em torno da cartilagem de Meckel, condensa-se e ossifica por
ossificação membranosa, dando origem à mandíbula. A cartilagem de Meckel
desaparece, excepto no ligamento esfenomandibular. Mais tarde, a
extremidade dorsal do processo mandibular, juntamente com a do segundo
arco faríngeo, dá origem à bigorna, ao martelo e ao estribo. A ossificação
destes três ossículos começa no quarto mês, tornando-os os primeiros ossos a
ficarem completamente ossificados. O mesênquima do qual se formam os
ossos da face, inclusive os ossos nasais e lacrimais, deriva das células da
crista neural.
De referir que ao longo da superfície do corpo da mandíbula forma-se
osso entre os folículos dentários. Adjacente a este crescimento, o tecido
conjuntivo fibroso da cartilagem sinfisal une as duas metades da mandíbula,

João Pinto Reis  Página 16 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
formando um centro de crescimento ate ao primeiro ano de vida pós-natal,
dando-se então a calcificação de toda esta cartilagem. Na altura do nascimento
o ângulo da mandíbula é formado por 130 graus em relação ao côndilo.
Inicialmente a face é pequena comparativamente ao neurocrânio. Este
aspecto é causado pela ausência virtual dos seios aéreos paranasais e pelo
tamanho pequeno dos ossos maxilares. Com o aparecimento dos dentes e o
desenvolvimento dos seios aéreos, a face perde as suas características
infantis.

DESENVOLVIMENTO DA FACE

A face apresenta um crescimento por remodelação (que produz a forma,


o tamanho e o ajustamento de um osso), crescimento por deslocamento
primário (aumento do próprio osso) e secundário (movimento de todo o osso
causado pelo crescimento separado de outros ossos).
As saliências faciais aparecem no final da quarta semana e consistem,
primariamente, no mesênquima originário das células da crista neural e são
formadas principalmente pelo primeiro par de arcos faríngeos. As saliências
maxilares podem ser encontradas numa posição lateral ao estomodeu,
enquanto as saliências mandibulares podem ser encontradas numa posição
caudal a essa estrutura. A saliência frontonasal, formada pela proliferação do
mesênquima ventral às vesículas cerebrais, constitui a borda superior do
estomodeu. De ambos os lados da saliência frontonasal aparecem
espessamentos locais da ectoderma da superfície, os placóides nasais
(olfativos), que se originam sob a influência indutora da porção ventral do
prosencéfalo.
Durante a quinta semana, os placóides nasais invaginam-se, formando
as fossetas nasais. As saliências da borda externa das fossetas são as
saliências nasais laterais enquanto que as da borda interna constituem as
saliências nasais mediais.
O lábio superior é formado por duas saliências nasais médias e duas
saliências maxilares. As saliências nasais laterais não participam na formação

João Pinto Reis  Página 17 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
do lábio superior. O lábio inferior e a mandíbula formam-se a partir das
saliências mandibulares que se fundem na linha média.
No inicio, as saliências maxilares e nasais laterais são separadas pelo
sulco nasolacrimal. A ectoderma do soalho desse sulco forma um cordão
epitelial maciço que se destaca da ectoderma sobrejacente. Após ser
canalizado, o cordão forma o ducto nasolacrimal. A sua extremidade superior
alarga-se, formando o suco lacrimal. O ducto nasolacrimal vai desde o canto
medial do olho para o meato inferior da cavidade nasal, e as saliências
maxilares aumentam para formar a mucosa jugal e a maxila.

Músculos Faciais
Os primórdios dos músculos faciais surgem na quarta semana na porção
ventrolateral do arco hióide. Esta massa muscular na quinta semana desdobra-
se devido à elevação da cabeça, abrindo-se então em leque e aparecem os
músculos estilo-hióideo e digástrico.
No período entre a quinta e a nona semana ocorre a diferenciação dos
músculos faciais, ocorrendo a separação entre a camada superficial e
profunda. A camada superficial forma o músculo platisma, os músculos da
mandíbula à mucosa jugal e da região frontal à temporal. A camada profunda
origina o esfíncter do pescoço que origina músculos como o occipital, orbicular,
canino e incisivo dos lábios superiores. Durante a décima terceira semana com
origem no esfíncter do pescoço diferenciam-se também os músculos bucinador
e orbicular dos olhos.
Desenvolve-se então a almofada adiposa que reveste o músculo
bucinador, esta estrutura cresce e aprofunda-se entre o músculo temporal e
masseter.

Músculos da Mastigação
Os músculos da mastigação diferenciam-se no mesênquima do arco
mandibular, estando em estreita relação com a cartilagem de Merkel e as
cartilagens da base do crânio, sendo independentes, inserindo-se no esqueleto
ósseo mais tarde.

João Pinto Reis  Página 18 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
Os músculos pterigoideus
diferenciam-se na sétima semana
relacionando-se de imediato com as
cartilagens da base do crânio e com as
cartilagens condilares.
O músculo temporal começa o
desenvolvimento ocupando o espaço
anterior à cápsula óptica. A par da
ossificação do osso temporal na décima
terceira semana, o músculo insere-se na
superfície ampla deste osso. A formação
típica fetal dos músculos mastigatorios surge
durante a vigésima segunda semana.

DESENVOLVIMENTO DAS CAVIDADES NASAIS

O nariz é formado por cinco saliências faciais. A saliência frontal dá


origem à ponte; as saliências nasais e mediais, fundidas, fornecem a crista e as
saliências nasais laterais formam os lados (asas do nariz).
Até à formação óssea, o suporte esquelético da face superior é a
cápsula nasal. Lateral e inferiormente cresce osso devido aos centros de
ossificação que têm origem na cartilagem da base craniana. Deste modo,
formam-se os centros de ossificação nasal que crescem formando os
correspondentes ossos que ficam separados por suturas: pré-maxilar, lacrimal,
zigomático, palatino e temporal.
Durante a sexta semana, as fossetas nasais aprofundam-se
consideravelmente, em parte por causa do crescimento das saliências nasais
circundantes, e em parte por causa da sua penetração no mesênquima
subjacente. No inicio, a membrana oronasal separa as fossetas da cavidade
oral primitiva por meio dos cornetos primitivos. Posteriormente, com a formação
do palato secundário e o desenvolvimento posterior das cavidades nasais
primitivas, os cornetos definitivos vão-se situar na junção da cavidade nasal
com a faringe.

João Pinto Reis  Página 19 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
A cápsula nasal é uma grande e importante cartilagem da face que
termina o seu crescimento numa fase pós-natal e é formada pelo septo médio e
por duas asas de cartilagem laterais.

DESENVOLVIMENTO DA LÍNGUA

A língua desenvolve-se entre a quarta e a nona semana de vida intra-


uterina.
A língua aparece no embrião de aproximadamente quatro semanas na
forma de duas saliências laterais da língua e uma saliência medial, o tubérculo
impar. Essas três saliências têm origem no primeiro arco faríngeo. Uma
segunda saliência medial, a cópula, ou eminência hipobranquial, é formada
pelo mesoderma do segundo, terceiro e parte do quarto arco faríngeo.
Finalmente, uma terceira saliência medial, formada pela porção posterior do
quarto arco, assinala o desenvolvimento da epiglote, imediatamente atrás
dessa saliência esta o orifício laríngeo, que é ladeado pelas saliências
aritenóides.

João Pinto Reis  Página 20 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 

 
Língua com 5 semanas(A) e 5 meses (B) 

Ao crescerem, as saliências laterais sobrepõem-se ao tubérculo impar e


fundem-se, formando os dois terços anteriores ou corpo da língua. Como a
mucosa que recobre o corpo da língua tem origem no primeiro arco faríngeo, a
inervação sensitiva dessa área é feita pelo ramo mandibular do nervo trigêmio.
O corpo da língua é separado do terço posterior por uma fenda em V, o sulco
terminal.
A porção posterior da língua tem origem no segundo, terceiro e parte do
quarto arco faríngeo. O facto da inervação sensitiva dessa parte da língua ser
suprida pelo nervo glossofaríngeo indica que o tecido do terceiro arco se
sobrepõe ao do segundo. É também inervada pelo nervo vago, o nervo do
quarto arco.
A epiglote e a porção da extremidade posterior da língua são inervadas
pelo nervo laríngeo superior, reflectindo o seu desenvolvimento do quarto arco.
Alguns dos músculos da língua são derivados de mioblastos que se originaram
dos somitos occipitais. Assim, a musculatura da língua é inervada pelo nervo
hipoglosso.
A inervação sensorial especial (paladar) para os 2/3 anteriores do corpo
da língua é fornecida pelo ramo da corda timpânica do nervo facial enquanto ao
nível do 1/3 posterior é suprido pelo nervo glossofaríngeo.

João Pinto Reis  Página 21 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
DESENVOLVIMENTO DO PALATO

O palato desenvolve-se entre a oitava e a décima semana e os ossos


que o formam têm origem em diversos centros de ossificação.
O palato primário deriva do segmento intermaxilar e o palato definitivo é
formado por duas projecções em forma de prateleiras originarias das saliências
maxilares. Os processos laterais do palato aparecem na sexta semana do
desenvolvimento e são dirigidas obliquamente para baixo, de ambos os lados
da língua. Na sétima semana os processos do palato elevam-se ate atingirem
uma posição horizontal acima da língua, fundindo-se para formar o palato
secundário.
Na porção anterior, os processos fundem-se com o palato primário
triangular, e o forame dos incisivos constitui o ponto de referência na linha
média entre os palatos primário e secundário.
Na décima quarta semana, o palato ósseos já se encontra bastante
diferenciado com uma sutura na linha média, separando os ossos dá pré-
maxila, maxila e palatino; surge também uma sutura bilateral entre as faces
palatinas da pré-maxila e da maxila.

DESENVOLVIMENTO DOS DENTES

A forma da face é determinada não só pela expansão dos seios


paranasais, mas também pelo crescimento da mandíbula e da maxila para
acomodar os dentes.
Os dentes originam-se de uma interacção epitélio-mesenquimatosa
entre o epitélio oral sobrejacente e o mesênquima subjacente derivado de
células da crista neural.
Na sexta semana, o desenvolvimento da camada basal do revestimento
epitelial da cavidade oral forma uma estrutura em forma de C, a lâmina
dentária, ao longo de toda a extensão dos maxilares superior e inferior. Essa
lâmina dá origem a vários brotos de dentes, dez na maxila e dez na mandíbula,
que formam os primórdios dos componentes ectodérmicos dos dentes. Logo
que a superfície profunda dos brotos sofre uma invaginação, dá-se inicio à fase

João Pinto Reis  Página 22 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
de capuz do desenvolvimento do dente. Esse capuz consiste numa camada
externa (epitélio dental externo), numa camada interna (epitélio dental interno),
e num núcleo central de células frouxamente organizadas denominado de
retículo estrelado. O mesênquima, que na dentição tem origem na crista neural,
forma a papila dentária.

 
Formação do dente em desenvolvimento 

A – 8 semanas; B – 10 semanas; C – 3 meses; D – 6 meses 

Com o crescimento do capuz dentário e o aprofundamento da sua


inserção, o dente assume a forma de um sino. Células mesenquimais da papila
adjacentes à camada dentária interna diferenciam-se em odontoblastos que,
mais tarde, irão produzir dentina. Com o espessamento da camada de dentina,
os odontoblastos recuam para o interior da papila dentária, deixando um fino
prolongamento citoplasmático (prolongamento da dentina) embutido na
dentina. A camada de odontoblastos persiste por toda a vida do dente e
fornece pré-dentina continuamente. As restantes células da papila dentária
formam a polpa do dente.

João Pinto Reis  Página 23 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
Enquanto isto, as células epiteliais do epitélio dental externo
diferenciam-se em ameloblastos (formadores de esmalte). Essas células
produzem longos prismas de esmalte que são depositados sobre a dentina. A
camada que faz contacto entre o esmalte e a dentina também é conhecida por
junção amelodentinária.
O esmalte é, inicialmente, depositado sobre o ápice do dente,
espalhando-se, a partir daí, para o colo. Quando o esmalte fica espesso, os
ameloblastos recuam para o reticulo estrelado. Aí regridem temporariamente,
deixando uma membrana delgada (cutícula dentária) sobre a superfície do
esmalte, que se desprende, gradualmente, após a erupção do dente.
A formação da raiz do dente começa quando as camadas epiteliais
dentárias penetram no mesênquima subjacente e formam a bainha epitelial da
raiz. As células da papila dentária produzem uma camada de dentina contínua
com a coroa. Com o depósito continuado de dentina, a câmara da polpa sofre
um estreitamento até formar um canal contendo os vasos sanguíneos e os
nervos do dente.
As células mesenquimais, no aspecto esterno do dente e em contacto
com a dentina da raiz diferenciam-se em cementoblastos. Essas células
produzem uma fina camada de osso especializado, o cemento. Externamente à
camada de cemento, o mesênquima dá origem ao ligamento periodontol, que
prende o dente firmemente, funcionante de amortecedor contra os impactos.
Com o alongamento da raiz, a coroa vai sendo gradativamente
empurrada através das camadas de tecido subjacente em direcção à cavidade
oral. A erupção dos dentes decíduos ou dentes de leite ocorre entre o sexto e o
vigésimo quarto mês após o nascimento.
Os brotos para os dentes permanentes, que ficam no aspecto lingual dos
dentes de leite, formam-se durante o terceiro mês do desenvolvimento. Estes
brotos permanecem latentes ate, aproximadamente, o sexto ano de vida pós-
natal. A partir daí, começam a crescer, empurrando a parte inferior dos dentes
de leite. Com o crescimento dos dentes permanentes, a raiz dos dentes
decíduos é reabsorvida por osteoclastos.

João Pinto Reis  Página 24 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
De referir que a pré-maxila desenvolvem-se os incisivos superiores e na
maxila os caninos e os molares superiores.

 
Reposição dos  dentes decíduos por dentes permanentes numa criança de 8/9 anos.

João Pinto Reis  Página 25 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
CONCLUSÃO

O conhecimento de conceitos básicos sobre o crescimento e o


desenvolvimento craniofacial é fundamental para um perfeito entendimento da
prática ortodôntica e para uma consequente actuação terapêutica adequada.
O crescimento craniofacial é um assunto dominado pelos ortodontistas,
podendo ser definido como sendo um aspecto quantitativo do desenvolvimento
biológico. Resulta directamente da divisão celular ou indirectamente da
actividade biológica como por exemplo dos ossos ou dentes. Enfatiza as
mudanças normais de dimensão durante o desenvolvimento; pode resultar em
aumento ou diminuição de tamanho, e variar em forma ou proporção, em
complexidade e textura.
O crescimento ocorre desde o nascimento até à maturidade
(estabilização do estágio adulto, atingido através do crescimento e
desenvolvimento) em zonas distais, em diferentes graus, através de surtos,
apresentando certo ritmo. O crescimento é um processo físico-químico
característico da matéria viva. O crescimento é o aumento gradativo em
tamanho rumo as dimensões faciais que são características da espécie.
O desenvolvimento pode ser definido como toda a série de eventos em
sequência normal entre a fertilização do ovo e o estado adulto. No
desenvolvimento crânio facial, estes factos estão relacionados com as
mudanças estruturais, através das quais os tecidos vão se diferenciando até
atingir as características somáticas e funcionais da espécie. Esse
desenvolvimento ocorre desde a fecundação até a maturidade do indivíduo,
levando a um aprimoramento gradativo das funções que originam a maturidade
fisiológica.
O período pré-natal pode ser dividido em três etapas: implantação do
blastocito que corresponde às três primeiras semanas do desenvolvimento e
onde se evidencia a diferenciação dos epitélios germinativos e das membranas
extra-embrionárias; fase embrionária, da quarta à oitava semana, nas quais o
crescimento é muito rápido, constituindo-se os principais sistemas de órgãos e
finalmente fase fetal, na qual ocorre um complemento parcial no crescimento
com alterações significativas na forma externa.

João Pinto Reis  Página 26 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
Durante as quatro primeiras semanas de vida intra-uterina estabelece-se
o plano fundamental da estruturação individual da face. Formam-se
primariamente o prosencéfalo que é visível pela expansão da extremidade
cefálica do embrião. Diferenciam-se duas áreas nessa zona do prosencéfalo: a
área nasal e a cabeça. Bem como outros tecidos que migram a fim de formar
os processos maxilares e o arco mandibular. A região abaixo do prosencéfalo
do embrião segmenta-se nos cinco arcos branquiais de aspecto tubular,
limitadas por fendas e sulcos.
A face média e inferior desenvolvem-se em grande parte tendo como
origem o primeiro e segundo arco, denominados por arco mandibular e arco
hióide, respectivamente. O terceiro arco contribui também para a formação da
base da língua. Estes arcos branquiais estão na origem de tecidos epiteliais,
conjuntivos, vasculares, musculares e esqueléticos.
Ainda durante a mesma fase, a zona posterior da fenda bucal
(ectoderma) contacta com o intestino anterior (formado por endoderma),
estabelecendo-se a continuidade entre o tracto gastrointestinal e o rascunho da
“cavidade oral”. Estabeleceu-se que a diferenciação da face ocorre entre a
quinta e a sétima semanas da vida pré-natal, ocorrendo variadíssimos eventos
que condicionam a formação da face. Na quinta semana a fenda bucal está
rodeada pelo arco mandibular abaixo, e pela área frontal acima. Identifica-se
um sulco na linha média que desaparece por volta da sexta semana.
Surgem então duas Áreas Ovais salientes um pouco acima na zona
lateral da futura boca. À medida que crescem os tecidos que as circundam, os
centros destas saliências tornam-se depressões e depois cavidades que irão
dar origem às futuras narinas e as massas de tecido que as circundam irão
originar a ponte e as faces laterais do nariz. O tecido entre as fendas nasais é
denominado por processo nasal mediano e os tecidos laterais às fendas nasais
são chamados por processos nasais laterais.
No decurso de desenvolvimento as fendas nasais alongam-se e as suas
margens anteriores elevam-se originando a forma de ferradura das narinas. À
medida que crescem para a frente, as extremidades inferiores dessas
ferraduras entram em contacto umas com as outras.
O tecido abaixo de cada narina primitiva forma a primeira separação da
cavidade nasal e cavidade oral – lábio superior e palato primário; sendo o seu

João Pinto Reis  Página 27 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
modo de fusão um processo extremamente importante, dado que, qualquer
falha no desenvolvimento pode originar um lábio leporino e/ou fenda palatina
(prevalência de 1 em cada 800 nascimentos).
No decurso da 6ª semana e meia as proporções faciais demonstram
alterações significativas devido a um aumento na dimensão lateral das fendas
nasais. Ocorre simultaneamente uma expansão da região anterior do cérebro
que leva a que as regiões maxilares laterais cresçam para a zona frontal da
face. Deste modo a zona nasal representa agora uma pequena proporção da
face comparativamente com estágios anteriores. Por volta da sétima semana já
é possível diferenciar a face humana da face dos restantes mamíferos, devido
essencialmente à localização anterior dos olhos, diferenciação do nariz e
aumento da mandíbula.
No intervalo entre décima segunda e a trigésima sexta semana, a
estrutura craniofacial aumenta em comprimento, em largura e em altura,
mantendo uma proporção constante entre a largura e comprimento. No
crescimento pós-natal esta proporção é gradualmente reduzida estabelecendo-
se aproximadamente em 2:1 no individuo adulto. A abóbada craniana é
proporcionalmente maior que a face no período embrionário, sendo cerca de
cinco vezes maior nos quatro meses seguintes devido ao crescimento facial.
Todavia ocorre um surto de crescimento do crânio nos últimos meses pré-
natais alcançando uma proporção 8 vezes maior do crânio relativamente à face
ao nascimento.

A realização de todo este trabalho foi de extrema importância, permitindo


não só a aquisição mas também o aprofundamento de conhecimentos, que
contribuem de forma crucial para o meu crescimento não só pessoal mas
profissional e para uma prática ortodôntica adequada.

João Pinto Reis  Página 28 
 
[EMBRIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO CRANIOFACIAL]          Novembro de 2009 
 
BIBLIOGRAFIA

• DUBUL, E.H. - Anatomia Oral, 8.ed. São Paulo, Artes Médicas, 1991;

• ENLOW, H.D. - Crescimento Facial, 3.ed. São Paulo, Artes Médicas,


1993;

• FERREIRA, F.V. - Ortodontia Diagnóstico, São Paulo, Artes Médicas,


1997;

• LINO, A. P. - Ortodontia Preventiva Básica, 2.ed. São Paulo, Artes


Médicas, 1994;

• SADLER, T.W – Langman – Embriologia Médica; 8.ed, Guanabara


Koogan, 2000;

João Pinto Reis  Página 29 
 

Potrebbero piacerti anche