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Universidade Veiga de Almeida

Curso de Nutrição – Disciplina Nutrição em Saúde Coletiva


Profª Flávia Farias Lima
AULA 2 – Ministrada em 04/03/2010.

 A DIMENSÃO EPIDEMIOLÓGICO-POPULACIONAL DA CRISE


SANITÁRIA NACIONAL*

O conceito da dimensão epidemiológico-populacional da crise sanitária nacional diz


respeito a um conjunto de fenômenos demográficos e sociais, seu impacto no perfil
de morbi-mortalidade das populações e suas repercussões no campo da assistência
médica-sanitária. Em outras palavras, as tendências históricas de mudanças
observadas mundialmente nos padrões de morbi-mortalidade, fecundidade e
expectativa de vida ao nascer, associadas ao processo de urbanização e mudanças
no estilo de vida, propiciaram ao aparecimento ou a prevalência de um conjunto de
agravos à saúde cujo enfrentamento necessita de maiores recursos técnico-
científicos no campo da assistência à saúde, e de maiores recursos financeiros.

Nos países ditos "desenvolvidos", o conceito de transição epidemiológica diz


respeito às modificações, iniciadas há mais de um século, de declínio intenso e
constante dos indicadores de mortalidade. Esta tendência é assinalada a partir dos
meados do século XIX e foi acompanhada pela diminuição da taxa de fecundidade e
do aumento progressivo da esperança de vida ao nascer. Decompondo o indicador
geral de mortalidade por grupo de grandes causas de morte, constatamos que
houve uma substituição dos óbitos advindos das doenças infecto-parasitárias (DIP)
pelas doenças crônico-degenerativas (DCD) e pelas Causas Externas (violências e
acidentes), como principais causadores de óbitos nestas populações. Enquanto se
observa que alguns países apresentavam redução das DCD a partir da década de
70, principalmente pela redução das doenças cardiovasculares, como os E.U.A.,
Holanda, Japão, Canadá e Bélgica, em outros, pelo menos até início da década de
90, estas taxas continuavam a aumentar (Alemanha, Áustria, França e Dinamarca).

A redução intensa da mortalidade e da fecundidade tem como conseqüência o


significativo aumento da esperança de vida e o envelhecimento populacional, pois o
número de idosos em uma população sofre tanto a influência do número de pessoas
nascidas há mais de 60 anos quanto da taxa de sobrevivência destes. Nestes
países, com um número crescente de população idosa e com boas condições
sanitárias gerais, cujo perfil de morbi-mortalidade é advinda principalmente em
decorrência de doenças crônicas e de longa duração ou por causas externas, os
* a autoria desta apostila é compartilhada entre as professoras Drª Cláudia Valéria Cardim da Silva, nutricionista
sanitarista e epidemiologista (UERJ) e Msc Flávia Farias Lima, nutricionista sanitarista, especialista em Políticas
Públicas de Saúde (Fiocruz)
Universidade Veiga de Almeida
Curso de Nutrição – Disciplina Nutrição em Saúde Coletiva
Profª Flávia Farias Lima
AULA 2 – Ministrada em 04/03/2010.

sistemas nacionais de saúde precisam se reorganizar tanto técnica quanto


financeiramente para dar conta deste novo perfil. Entre outros motivos, porque esta
situação epidemiológica aumenta o tempo médio das incapacidades e, portanto, a
necessidade de um período maior de cuidados médicos, na maioria das vezes,
hospitalares.

A urbanização é apontada como uma das variáveis mais importantes na explicação


da elevação dos índices das doenças crônico-degenerativas e da morbi-mortalidade
por causas externas e da queda acentuada daqueles índices de morbi-mortalidade
relacionados à pobreza e à precariedade de acesso aos recursos de água, esgoto e
assistência básica à saúde (principalmente as relacionadas com DIP).

Todo um novo perfil de morbi-mortalidade aparece em decorrência da diminuição da


mortalidade por DIP, da diminuição da mortalidade infantil, da diminuição da taxa de
fecundidade, do aumento da expectativa de vida e da urbanização das populações.
Tem sido destaque modernamente as doenças relacionadas ao estilo de vida
individual. O conceito de Estilo de Vida se refere às exposições cotidianas
relacionadas a hábitos e práticas individuais. Existe pouca teorização sobre este
conceito na epidemiologia, sendo sua interpretação muito próxima do senso comum,
de modo que esse conceito deve ser utilizado com restrições.

De todo o modo, os autores que trabalham com o conceito apontam algumas


características das mudanças ocorridas no estilo de vida das sociedades urbanas e
industrializadas: vida mais sedentária, excesso de peso devido a uma alimentação
pobre em alimentos integrais e rica em alimentos industrializados (refinados,
hipercalóricos e com pouca qualidade nutricional); poluição e contaminação
ambiental; competitividade profissional gerando estresse e maior exposição à
violência.

Os estudos epidemiológicos constatam que as doenças que mais acometem os


seres humanos na atualidade são aquelas chamadas, em conjunto, de Doenças
Crônico-Degenerativas. As DCD que ocorrem com maior freqüência são: a doença
coronariana aterosclerótica, a hipertensão arterial sistêmica, o acidente vascular
cerebral, o câncer em suas várias formas, o diabetes e as doenças bronco
pulmonares obstrutivo-crônicas.

* a autoria desta apostila é compartilhada entre as professoras Drª Cláudia Valéria Cardim da Silva, nutricionista
sanitarista e epidemiologista (UERJ) e Msc Flávia Farias Lima, nutricionista sanitarista, especialista em Políticas
Públicas de Saúde (Fiocruz)
Universidade Veiga de Almeida
Curso de Nutrição – Disciplina Nutrição em Saúde Coletiva
Profª Flávia Farias Lima
AULA 2 – Ministrada em 04/03/2010.

Outros distúrbios freqüentemente relacionados ao estilo de vida moderno e também


considerados como ‘doenças da civilização’ são: os distúrbios mentais (ansiedade,
depressão, neurose), as doenças psicossomáticas (aquelas onde o componente
emocional é claro e evidente: gastrite, úlcera, vários tipos de dermatoses), as
alterações dos lipídeos sangüíneos (colesterol, triglicerídeos), os problemas com
drogas e álcool (uso abusivo ou dependência), as doenças nutricionais (obesidade,
anorexia) e os distúrbios osteoarticulares - artrites, artroses, dores de coluna, hérnia
de disco.

Mais recentemente, passou-se a empregar a noção de "estresse social",


relacionada às características das grandes metrópoles modernas: exposição a
ruído, aglomerações, isolamento, trabalho entediante e/ou insatisfatório, medo de
agressões e assaltos, que se constituem em fatores responsáveis pelo
adoecimento, especialmente na esfera cardiovascular. Além disso, deve-se
considerar o sinergismo destes fatores quando associados a dietas que apresentam
altos teores de gorduras saturadas e ao sedentarismo.

Todos os problemas de saúde apontados acima têm como característica um curso


prolongado de evolução clínica, necessitando um conjunto de intervenções médicas
periódicas, resultando em parte das vezes, em períodos maiores de incapacidade;
tendo como resultado um aumento do custo da assistência médica-sanitária.

A transição epidemiológica nos países da periferia capitalista foi quatro a cinco


vezes mais rápida que o mesmo fenômeno nos países centrais, com queda da taxa
de mortalidade dos países pobres a partir da década de 40. Associada a
persistência de altas taxas de natalidade, promoveu uma explosão demográfica
nestes países. Uma característica marcante que separa os processos de transição
epidemiológica dos países desenvolvidos daqueles em desenvolvimento é a
persistência de um peso relativamente alto das DIP no segundo grupo, assim como
uma diferença média da ordem de 20 anos na expectativa de vida ao nascer.

No caso brasileiro, a transição epidemiológica não se processou totalmente, de


modo que convivemos com elevação dos índices de morbi-mortalidade por doenças
crônico-degenerativas e por causas externas, mas persistimos com índices

* a autoria desta apostila é compartilhada entre as professoras Drª Cláudia Valéria Cardim da Silva, nutricionista
sanitarista e epidemiologista (UERJ) e Msc Flávia Farias Lima, nutricionista sanitarista, especialista em Políticas
Públicas de Saúde (Fiocruz)
Universidade Veiga de Almeida
Curso de Nutrição – Disciplina Nutrição em Saúde Coletiva
Profª Flávia Farias Lima
AULA 2 – Ministrada em 04/03/2010.

importantes de DIP. Dadas as características geográficas e sociais do Brasil,


existem importantes diferenças regionais que se expressam nas diferentes taxas de
mortalidade, morbidade e fecundidade entre regiões economicamente mais
desenvolvidas e urbanizadas e as outras. O caso brasileiro de transição
epidemiológica se encaixa dentro da tipologia de Frenk e colaboradores como
"modelo polarizado prolongado", que tem as seguintes características:

a) superposição de DIP e DCD como causas importantes de morbimortalidade;

b) transição prolongada, que diz respeito a esta situação epidemiológica mista sem
que se alcance o predomínio absoluto das DCD;

c) contratransição, que se refere ao ressurgimento de doenças até então sob


controle como a malária, tuberculose, dengue ou cólera e,

d) polarização epidemiológica, quadro de heterogeneidade epidemiológica entre os


diferentes grupos sociais.

Este quadro de alterações epidemiológicas é associado às alterações demográficas


brasileiras.

A urbanização condicionou o aparecimento de outro conjunto de agravos à saúde,


característico dos centros urbanos, como a mortalidade e morbidade por causas
externas. Os acidentes de trânsito e a violência urbana - agressões por arma de
fogo e por arma branca - se destacam como importantes causas de demanda por
assistência médica-sanitária de urgência/emergência. Hoje, em conjunto com as
doenças cardiovasculares, neoplasias e doenças mentais, constituem-se nas
principais causas de adoecimento e morte da população brasileira.

Outro conjunto de situações, referido tanto à dimensão sócio-econômica quanto à


dimensão cultural tratadas anteriormente, influenciam as modificações
epidemiológicas apresentadas nesta dimensão. Todas estas doenças e distúrbios,
de caráter mais crônico e levando a maior tempo de incapacidades, tem etiologia
multifatorial, ou seja, não há uma causa única e bem definida que explica
isoladamente o seu desenvolvimento, sendo muitos os aspectos do estilo de vida
que vão precipitar seu aparecimento.

* a autoria desta apostila é compartilhada entre as professoras Drª Cláudia Valéria Cardim da Silva, nutricionista
sanitarista e epidemiologista (UERJ) e Msc Flávia Farias Lima, nutricionista sanitarista, especialista em Políticas
Públicas de Saúde (Fiocruz)

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