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RESUMO
O presente artigo apresenta uma análise sobre o consumo de produtos e marcas piratas por jovens das
classes “A” e ‘B” de Porto Alegre, bem como a percepção que os jovens têm do consumo pirata. A
partir do estudo foram identificadas as categorias de produtos mais compradas, a freqüência de
compra, os locais de compra, a forma de pagamento utilizada, as marcas mais compradas e demais
aspectos relacionados ao comportamento de compra. Para a elaboração do trabalho foi realizada uma
pesquisa qualitativa e uma pesquisa quantitativa com uma amostra de 100 casos na cidade de Porto
Alegre.
SUMMARY
This article presents an analyze about the consume of pirates brands and products by youngsters of
class “A” and “B” from Porto Alegre, as well as their perception of this issue. The study identifies the
categories of the most purchased products, purchase frequency, purchase location, the way of
payment, the most wanted brands and others related aspects to purchase behavior. To elaborate this
article a qualitative and quantity research was done showing one hundred cases in the city of Porto
Alegre.
Introdução
É difícil ignorar o avanço do mercado pirata. O Brasil está entre os dez países em
que mais se compram produtos falsificados. A indústria de falsificação movimenta
aproximadamente R$ 50 bilhões por ano no país, segundo dados da Abimaq – Associação
Brasileira de Indústrias, Máquinas e Equipamentos (2005).
1
Genaro Galli é Mestre em Marketing pela PUCRS, professor e coordenador da área de mercado da ESPM-RS.
ggalli@espm.br
2
Paula Cristina Ninz é Bacharel em Comunicação Social pela ESPM-RS. paulachz@terra.com.br
2
Engana-se quem acredita que somente pessoas de classe baixa consomem
produtos piratas. Segundo pesquisa realizada no Brasil pela Ipsos Public Affairs (2006), 66%
dos consumidores pertencem às classes “A” e “B”. Vale destacar que estas classes registraram
índice de consumo superior às demais classes sociais. É um dado curioso, uma vez que
pessoas pertencentes a estas classes têm poder de compra para adquirir o produto e a marca
original.
As marcas fortes, ou seja, as que possuem alto valor agregado são aquelas que
possuem um conjunto de associações positivas e proporcionam benefícios únicos para o
consumidor. Conseqüentemente, as marcas líderes adquirem uma posição privilegiada no
mercado, permitindo que seus produtos sejam comercializados por um preço superior ao dos
seus concorrentes. Essa posição de destaque acaba atraindo a atenção dos falsários, que
percebem na pirataria um negócio altamente lucrativo. Segundo Kapferer (2004), toda marca
forte dá lugar à cópia, pois o homem está em busca do valor da marca, do que ela lhe
representa e agrega.
Kotler e Keller (2006) classificam os vários tipos de ilegalidade que pode se fazer
a uma marca, encontrados no mercado pirata:
Muitos consumidores optam por comprar o produto pirata de sua marca preferida,
pois não têm dinheiro para pagar pelo original. Essa é a maneira que o consumidor tem para
usar as marcas a que aspira e sentir que faz parte de um universo, que, segundo a sociedade,
não lhe pertence.
A partir dos dados da pesquisa realizada pelo IBOPE em abril de 2005 (Tabela 1),
pode-se conhecer um pouco mais sobre o mercado pirata no Brasil
Os recordes de vendas são os CDs e DVDs. Hoje, 82% dos CDs e 69% dos DVDs
comprados no país são cópias, segundo a pesquisa da Ipsos Public Affair (2006). A revista
Exame (15/03/2006) diz, ainda, que, só no ramo de computadores, 61% do equipamento de
hardware foi comprado no mercado cinza – mercado que oferece algum tipo de
irregularidade. Esse índice já foi maior nos outros anos – em 2004 eram 73% das máquinas –,
mas ainda continua alarmante.
Algumas saídas para melhorar este índice são descontos para estudantes, linhas
populares e produtos mais baratos, o que a CNCP está buscando. As medidas que já vêm
dando certo envolvem o corte de impostos, a utilização de tecnologia, o aumento da
fiscalização da Receita Federal e a maior vigilância e repressão policial (EXAME,
15/03/2006).
ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
O tipo de pesquisa utilizado para este estudo foi o teórico-empírico, uma vez que
foram analisadas informações de caráter bibliográfico, além das pesquisas qualitativa e
quantitativa.
A partir dos dados coletados na fase exploratória, foi realizada uma pesquisa
quantitativa. Malhotra (2006) conceitua essa pesquisa como uma metodologia que tem como
objetivo quantificar dados e que generaliza os resultados que foram obtidos com a amostra
para a população-alvo da pesquisa. O autor lembra, ainda, que a pesquisa quantitativa deve ser
precedida de uma qualitativa.
A amostra foi constituída de 100 (cem) casos, ou seja, jovens de 17 a 27 anos das
classes A e B residentes em Porto Alegre, de ambos os sexos. A amostra foi de caráter não-
probabilístico por conveniência, portanto o autor do trabalho considerou esta amostra de 100
casos suficiente e alcançável para responder à pesquisa quantitativa, uma vez que, para esse
número de casos, a margem de erro é de + ou – 10%, para um intervalo de confiança de
95,5%, segundo Mattar (2005).
Após o trabalho de campo partiu-se para a análise dos dados. Através do software
Sphinx Plus 2, foram analisadas as informações coletadas na fase quantitativa do estudo.
Número de
Categorias citações Freqüência
Camiseta de futebol 8 8%
CD de música 78 78%
DVD de filme 39 39%
Jogos para videogame 36 36%
Óculos 15 15%
Pilhas 12 12%
Fones de ouvido 24 24%
Programas para computador 46 46%
Bolsas 12 12%
Tênis 5 5%
Roupa 6 6%
Relógio 15 15%
Aparelhos eletrônicos 18 18%
Equipamento de som para o carro 6 6%
Outros 2 2%
TOTAL DE OBSERVAÇÕES 100
Número de citações
Categorias Freqüência
Camiseta de futebol 1 1%
CD de música 42 42%
DVD de filme 12 12%
Jogos para videogame 16 16%
Óculos 2 2%
Pilhas 1 1%
Fones de ouvido 2 2%
Programas para computador 14 14%
Bolsas 1 1%
Tênis 0 0%
Roupa 1 1%
Relógio 3 3%
Aparelhos eletrônicos 4 4%
Equipamento de som para o carro 0 0%
Outros 1 1%
TOTAL DE OBSERVAÇÕES 100 100%
2%
9% Diariamente
Semanalmente
Mensalmente
Eventualmente
89%
Dezoito por cento dos entrevistados revelaram adquirir o produto com algum
conhecido que o forneça. A prática da venda porta a porta também é utilizada nessa categoria
de produto. A tabela 04 demonstra esses dados.
Número de
Local de compra citações Freqüência
Camelôs do Centro de Porto Alegre 55 55%
Vendedores que vendem porta a porta 1 1%
Lojas no Centro de Porto Alegre 19 19%
Fornecedor conhecido 18 18%
Praia 27 27%
Outras cidades 8 8%
TOTAL DE OBSERVAÇÕES 100
98%
Não
Discordo concordo Concordo
Afirmações Discordo Concordo
totalmente nem totalmente
discordo
Compro somente produtos piratas com preço
8% 9% 16% 23% 44%
baixo.
Compro somente produtos piratas cuja
21% 22% 17% 19% 21%
diferença entre original e cópia não percebo.
Compro somente produtos piratas que não
30% 40% 16% 11% 3%
encontro no mercado original.
Compro somente produtos piratas que
20% 22% 22% 28% 8%
utilizarei por pouco tempo.
Percebo a diferença de qualidade entre o
produto original e a cópia, mas prefiro o pirata 21% 15% 19% 23% 22%
pelo preço.
Não vejo benefício em pagar o preço do
20% 22% 20% 25% 13%
produto original.
Sinto-me logrado pagando o preço do produto
15% 20% 22% 18% 25%
original.
Acredito que não seja crime comprar produtos
27% 29% 26% 10% 8%
piratas.
Tenho preferências de marca, mesmo esta
34% 24% 22% 6% 14%
sendo pirata.
Jamais compraria alguma marca falsificada. 36% 29% 22% 3% 10%
Tabela 05 - Afirmações e nível de concordância (Fonte: Autores)
Base de 100 casos pesquisados
12
Ao se analisarem os dados referentes ao nível de concordância (tabela 05), é
possível observar que a maioria dos jovens entrevistados, ou seja, 67%, compra apenas
produtos piratas de preço baixo. Posteriormente, a maioria, 42%, discordou do fato de que
compram somente produtos piratas que utilizarão por pouco tempo, porém se os dados forem
analisados individualmente, o maior índice é de 28% dizendo que concordam com a
afirmação. Somando esses dados com o fato de que 45% concordaram que percebem a
diferença de qualidade entre o produto original e a cópia, mas preferem o pirata pelo preço, é
possível considerar que a compra de produtos piratas por esse público acontece nas categorias
de produtos baratos, ou seja, de baixo envolvimento. Segundo Shiffman e Kanuk (2000), as
compras de baixo envolvimento caracterizam-se pelo pouco tempo destinado à busca de
informações. Como exemplo, podemos citar a compra por impulso e as compras rotineiras.
Marcas Piratas
Sim
Não
40%
60%
Número de
Marcas citações Freqüência
Não-resposta 60 60%
Nike 15 15%
Adidas 7 7%
Reebok 0 0%
Puma 5 5%
Louis Vuitton 6 6%
Guess 2 2%
Gucci 3 3%
Channel 3 3%
Von Dutch 1 1%
Ralph Lauren 4 4%
Mormaii 2 2%
Swatch 3 3%
Cassio 1 1%
Sony 9 9%
Panasonic 5 5%
Microsoft 5 5%
Macintosh/Apple 1 1%
Adobe 2 2%
Porsche 1 1%
TOTAL DE OBSERVAÇÕES 100
14
Tabela 06 - Marcas compradas (Fonte: Autores)
Base de 100 casos pesquisados
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sem dúvida, os produtos piratas fazem parte da vida dos jovens de classe alta.
Conforme a pesquisa desenvolvida, a grande maioria dos jovens já comprou ou compra algum
item falsificado. Assim como os dados da pesquisa apresentada pelo IBOPE (na tabela 01), os
grandes líderes de venda são os CD`s de música, os DVD`s e os programas para computador.
Em relação ao local de compra, além dos camelôs do Centro da cidade de Porto Alegre
um fato que se destacou foi a venda por parte de alguma pessoa conhecida, ou seja,
trabalhadores do mercado informal que vendem produtos diretamente nas casas ou no local
solicitado pelo comprador. Esse canal de venda visa a atingir uma classe mais privilegiada e
trabalha normalmente vendendo grifes de luxo falsificadas.
Em relação às marcas piratas compradas foi possível identificar dois grupos distintos:
as marcas de produtos de tecnologia e aquelas de grifes. Entre as marcas de tecnologia estão
Sony, Microsoft, entre outras. Ao comprar essas marcas, os consumidores estão buscando
basicamente benefícios funcionais, ou seja, ligados ao desempenho dos produtos. No outro
15
grupo estão as marcas de grifes de alto valor agregado, como Nike, Adidas, Channel.. Essas
marcas proporcionam ao usuário benefícios emocionais e de auto-expressão.
AAKER, David A.. Marcas: Brand Equity, gerenciando o valor da marca. São Paulo:
Negócio Editora, 1998.
AAKER, David. A. & JOACHIMSTHALER, Erich. Como construir Marcas Líderes. São
Paulo: Futura, 2000.
KELLER, Kevin Lane; MACHADO, Marcos. Gestão Estratégica de Marcas. São Paulo:
Pearson Education do Brasil, 2006.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2006.