A fenomenologia espírita é muito abrangente e nós necessitamos
compreendê-la melhor. Em razão da generalizada ocorrência de fenômenos de origem metafísica se torna possível a comprovação de uma das bases do Espiritismo que é a existência e a atuação dos espíritos sobre o mundo material através da utilização de médiuns conscientes ou não de seu potencial. Em face do materialismo reinante no meio científico, nós sabemos claramente que sem a possibilidade de as pessoas conseguirem visualizar pelo menos alguns dos fatos que são descritos pela Doutrina Espírita esta seria somente um segmento religioso a mais em meio a tantos outros que existem na Terra. Atualmente nós dispomos de meios para ampliar nossos conhecimentos porque é volumosa a quantidade de boas obras doutrinárias abordando os aspectos científico, filosófico e religioso que fazem parte da estrutura doutrinária da Codificação Espírita. E também é nosso dever divulgar informações que são referentes ao Espiritismo para que não aconteça um processo de estagnação causado pela nossa própria inércia ante às tarefas que temos de desempenhar em benefício do movimento espírita. Todo espírita deve estudar o Espiritismo, não só para conhecer satisfatoriamente a doutrina que abraçou, mas também para ter meios de disponibilizar de maneira mais objetiva possível o conhecimento espírita para aqueles que desejam conhecê-lo. No livro "Obras Póstumas", no item 'Projeto 1868', Allan Kardec apresentou a ideia de criar um curso avançado de Espiritismo, visando esclarecer os adeptos e os tornar mais capacitados para a tarefa de propagar as ideias espíritas. Analisando a proposta de Kardec nós compreendemos que em primeiro lugar devemos buscar adquirir conhecimento sobre o Espiritismo, para que em uma segunda fase já tenhamos maior desenvoltura na divulgação doutrinária. Acreditamos também que o principal motivo do curso que foi idealizado pelo Codificador era divulgar mais especificamente a parte experimental do Espiritismo, parte essa que ele mesmo se apoiou para compor o corpo de doutrina do Espiritismo. Essa parte experimental se encontra diretamente relacionada com as atividades desenvolvidas nos centros espíritas. Cabe a nós, os espíritas, a tarefa de pesquisar os eventos que são de origem espiritual e anímica, pois de outra forma como nós iremos compreender os potenciais medianímicos dos espíritos e dos encarnados? Não podemos ficar de braços cruzados aguardando que os espíritos venham fazer novas revelações sobre fatos os quais cabe à nós estudar. Um inegável fato que temos de levar em conta ante a manifestação de qualquer tipo de capacidade medianímica é a vasta operacionalidade das condições anímicas dos espíritos e dos médiuns, porque sem a possibilidade de haver um processo de interconexão entre os potenciais de uma entidade espiritual e os de um ser encarnado se torna extremamente difícil o trabalho do mecanismo de intermediação entre o plano espiritual e o físico. Embora algumas espécies animais como os gatos, os cães e os cavalos apresentem traços de potenciais anímicos como a vidência e a clarividência, somente a raça humana possui dons metafísicos superiores. A emancipação intelectual torna os seres humanos capacitados para desvendar os mistérios da Natureza. Os horizontes espirituais são muito mais amplos do que os pesquisadores acreditaram no passado. Acreditando ou não todas as pessoas trabalham recebendo intuições e direcionamentos espirituais, e graças a isso conseguimos desempenhar aquilo que é tarefa nossa. Estando reencarnados nós atuamos tanto sobre o plano físico quanto sobre o plano espiritual, porque qualquer pensamento ou atitude que tenhamos não só geram acontecimentos na Terra como também mobilizam forças de natureza espiritual. Antes de iniciar qualquer tipo de pesquisa sobre a mediunidade nós temos de levar em conta tudo aquilo que se refere diretamente ao médium, como a vontade, as capacidades, as condições psíquicas favoráveis ou desfavoráveis, o metabolismo, a vida sexual, o tipo de alimentação, o tempo de duração do sono físico, e outros itens mais, porque qualquer tipo de desarmonia poderá criar sérios obstáculos para a ocorrência de determinados padrões de efeitos medianímicos. E em razão de tudo isso que comentamos é muito grande a importância do uso de estatísticas nas pesquisas parapsicológicas. E temos também de levar em conta a possibilidade ou a impossibilidade de uma ação espiritual, porque nem sempre é possível ocorrer um determinado fenômeno já que as entidades espirituais não estão a nossa disposição. Lançando um olhar a nossa volta, percebemos que vivemos rodeados pelo microcosmo, pelo macrocosmo, por uma realidade objetiva e por uma realidade transcendental. O microcosmo é representado por incontáveis subpartículas, partículas, átomos, moléculas, etc, que estão presentes tanto no espaço sideral quanto na atmosfera do planeta Terra. Com relação ao macrocosmo, este corresponde ao Universo em seu sentido mais amplo, e tudo o que nele existe é resultante de aglomerações das partículas elementares do microcosmo. O equilíbrio no microcosmo se reflete no macrocosmo e a harmonia entre eles apresenta-se para nós como uma realidade objetiva. Ao nosso redor encontramos a realidade objetiva que reflete o estado psíquico global de nossa Humanidade física. A realidade transcendental é invisível para os olhos humanos, todavia ela é tão real quanto a realidade objetiva. Nós, espíritas, sabemos que todos os seres humanos se encontram cercados por multidões de entidades extrafísicas, por construções metafísicas, e por uma realidade transcendental, imponderável e invisível para os seres encarnados. Os fenômenos quânticos são invisíveis para nós, entretanto, eles não deixam de existir só porque os seres humanos não os conseguem visualizar. Utilizando um telescópio nós podemos observar uma pequena parcela do Universo. Caminhando pelas ruas ou vendo um noticiário na tv, nós temos acesso a realidade objetiva da qual também somos parte integrante. Entretanto, nós ainda não dispomos de muitos recursos tecnológicos para acessarmos a realidade transcendental.