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Processo de Comunicação e Formas

Relacionais e Pedagógicas da Criança


– Manual de Formação –

Diogo Veríssimo Guerreiro


Beja, Junho de 2009
PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Índice

Introdução ............................................................................................................................................................. 3

1.
 Processo de Comunicação..................................................................................................................... 4

1.1.
 Conceito ............................................................................................................... 4

1.2.
 Componentes Psicológicas.................................................................................... 5

1.3.
 Elementos do Processo de Comunicação............................................................... 5

1.4.
 Barreiras à Comunicação....................................................................................... 6

2.
 Comportamentos comunicacionais................................................................................................... 8

2.1.
 Atitudes ineficazes ............................................................................................... 8

2.2.
 Comunicação Assertiva ......................................................................................... 9

3.
 Relacionamento Interpessoal ........................................................................................................... 11

3.1.
 Complexidade e riqueza da personalidade.......................................................... 11

3.2.
 Dinâmica, Tensões e Importância das primeiras impressões no relacionamento
humano ....................................................................................................................... 14

4.
 Comunicação e relação pedagógica............................................................................................... 15

4.1.
 Regras como elemento estruturante da comunicação e relação pedagógica ........ 15

4.2.
 Rotinas como elemento estruturante na organização espácio-temporal.............. 15

5.
 Relacionamento e educação na infância ...................................................................................... 17

5.1.
 Relação da criança-criança, criança-adulto e, impacto das relações entre adultos,
na criança .................................................................................................................... 17

6.
 Importância do envolvimento parental ........................................................................................ 18

6.1.
 Abordagem sistémica da família ......................................................................... 18

6.2.
 Modelo ecológico do desenvolvimento humano (Urie Bronfenbrenner) ................ 18

6.3.
 Participação da família no projecto educativo e na vida da instituição educativa . 21


2

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Introdução
Os caminhos que se escolhem durante o processo de socialização de novos
aprendentes, ditam as ferramentas que se utilizam neste mesmo processo.
As relações que se desenvolvem ditam igualmente o produto desta mesma
relação.

Este manual1 pretende abordar o Processo de Comunicação e Formas


Relacionais e Pedagógicas da Criança. O estudo deste tema tem como
objectivos fundamentais:

o Conhecer o processo de comunicação


o Compreender a dinâmica relacional da criança
o Reforçar a atitude pedagógica do adulto

Através da exploração desta ferramenta, pretende-se que o seu utilizador


apreenda novos conceitos e conceptualize a sua atitude pedagógica e
relacional, por forma a complementar a sua prática profissional com o
suporte teórico necessário.

1
Baseado em MILHINHOS, Isabel (2008), Processos de Comunicação e Formas Relacionais e
Pedagógicas da Criança [Consult. 2009-06-02] Disponível na www: http://www.forma-
te.com/mediateca/view-document-details/3796-processo-de-comunicacao.html;

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

1. Processo de Comunicação
Objectivos:
o Conhecer o conceito de comunicação
o Compreender as componentes psicológicas do processo de comunicação
o Conhecer os elementos do processo de comunicação
o Identificar barreiras de comunicação

1.1. Conceito
Comunicar é...

A palavra comunicação2 deriva do latim communicare, que


significa "tornar comum", "partilhar", "conferenciar". A
comunicação pressupõe, deste modo, que algo passe do
individual ao colectivo, embora não se esgote nesta noção, uma
vez que é possível a um ser humano comunicar consigo mesmo.
Geralmente, o conceito de comunicação aplica-se à troca de
informações sob a forma de uma mensagem. Porém, também se
pode aplicar à troca de bens e serviços ou até à troca de uma
namorada por outra. A partilha de experiências, sensações e
emoções é, igualmente, acto comunicativo. Uma série de pessoas
caladas e imóveis, à noite, à volta de uma fogueira, estão a
comunicar, porque estão a partilhar, a tornar comum uma
experiência. Vê-se, assim, que informação e comunicação são
conceitos diferentes. A comunicação suporta a informação, mas
o inverso não é verdadeiro. Isto é, pode haver comunicação sem
troca de informação, mas a troca de informação pressupõe a
comunicação.
A comunicação é um processo. Como tal, é dinâmica, evolutiva.
(...) Este conceito é, todavia, tão amplo, que não só admite
imensas submodalidades (por exemplo, a comunicação gestual),
como também se revela inadequado. Prosseguindo, poderíamos
falar da comunicação verbal, da comunicação anti-social, etc.,
mas estaríamos apenas a referir um conjunto infinito de
modalidades através das quais partilhamos e trocamos
informações, experiências, conhecimentos, ideias, valores, bens,
serviços, sensações, emoções, etc.

Concordamos ao afirmar que comunicar é entregarmos algo a alguém sem


que deixe de ser de nosso.

2
comunicação. In Infopédia [online]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-06-
02]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$comunicacao>;

4

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

1.2. Componentes Psicológicas


A comunicação é imprescindível á socialização, ao desenvolvimento da
cultura e do conhecimento, da formação e da educação do indivíduo.é a
comunicar que nós adquirimos consciência da nossa pessoa, de quem
somos, do que fazemos, do que sabemos, do que queremos saber, dos
valores de das normas da sociedade e da cultura em que desempenhamos os
nossos papéis (sociais, profissionais, familiares e particulares). Aquilo que
somos e aquilo que queremos que os nossos sejam depende da
comunicação.

Este processo depende sempre da nossa capacidade de realização, da nossa


predisposição, aptidão, vontade de darmos aos outros aquilo que é nosso.

1.3. Elementos do Processo de Comunicação


O processo de comunicação, pode ser representado da seguinte forma3:

Contexto

Código

E Mensagem R
Canal

Esquema 1 – Processo de Comunicação adaptado da Teoria da Informação


(Claude Shannon, 1949)

3
esquema adaptado de SHANNON, Claude E. A Mathematical Theory of Communication. Bell
System Technical Journal, vol. 27, jul. 1948. p. 379‚423. out. 1948. p. 623‚656. [Consult.
2009-06-02] Disponível na www: http://cm.bell-labs.com/cm/ms/what/shannonday/
paper.html;

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Devemos não esquecer que os modelos não podem ser confundir-se com a
realidade, nem mesmo com a imagem espelhada desta. Os modelos servem
para facilitar o estudo e a compreensão dos fenómenos e, assim, também o
modelo do processo de comunicação serve para facilitar o estudo e a
compreensão dos actos comunicativos.
Mas os modelos do processo de comunicação representam, artificialmente,
um instante de um acto comunicativo onde se engloba um conjunto de
elementos (como o emissor, a mensagem, etc.).
Aqui descritos estão os elementos fundamentais ao processo de
comunicação. A saber: EMISSOR, RECEPTOR, MENSAGEM, CÓDIGO, CANAL E
CONTEXTO.

1.4. Barreiras à Comunicação


Algumas vezes, o EMISSOR envia uma MENSAGEM, o RECEPTOR recebe-a,
mas a comunicação não ocorre como foi pensada pelo emissor. São vários os
factores que interferem na comunicação; vamos abordar um dos mais
conhecidos4, as Barreiras de Comunicação:

São obstáculos que dificultam ou impedem a comunicação, provocados por


razões psicológicas. O emissor e o receptor assumem entre si e em relação à
mensagem uma conduta emocional inadequada. Alguns exemplos:

Enquanto EMISSOR, se se verificar:


Dificuldade de expressão
Timidez, medo de expressar opinião
Escolha inadequada do receptor
Escolha inadequada do momento/local

4
um outro factor é o Ruído – são os obstáculos que se verificam ao nível do CANAL,
dificultando uma clara interpretação das mensagens. Por exemplo, um telefone com defeito
(que dificulta a tarefa de o receptor receber a mensagem), ou quando outras pessoas falam
ao mesmo tempo, enquanto estamos a tentar dizer alguma coisa a alguém, etc.;

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Escolha inadequada do meio


Suposições
Excesso de intermediários

Enquanto RECEPTOR, se se verificar:


Atitude de pouco interesse pelo outro
Falta de incentivo para o outro expressar suas ideias
Preocupação
Distracção
Comportamento defensivo
Competição de mensagens
Atribuições de propósitos

Numa organização (empresa, escola, etc.) por exemplo, é frequente os


colaboradores terem formações académicas diferentes e, consequentemente,
diferentes padrões de linguagem. É importante ressaltar, então, que as
palavras significam coisas diferentes para pessoas diferentes. A idade, o nível
de educação e/ou de formação cultural são variáveis que influenciam a
linguagem que determinada pessoa usa e os significados que esta dá às
palavras. A comunicação cara-a-cara, franca e aberta com as pessoas – tanto
no ambiente de trabalho, como nos relacionamentos interpessoais, em geral
– faz com que o EMISSOR seja visto como uma pessoa viva, que respeita e
compreende as necessidades e preocupações dos outros.

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

2. Comportamentos comunicacionais
Objectivos:
o Identificar atitudes comunicacionais ineficazes
o Conhecer o conceito de Comunicação Assertiva

2.1. Atitudes ineficazes


Em comunicação, consideram-se atitudes ineficazes aquelas que prejudicam
o entendimento da MENSAGEM, ou causam constrangimento no processo de
comunicação. Por exemplo:
Monopolizar o diálogo
Ser muito insistente e teimoso
Fazer observações irreflectidas
Contradizer-se nas suas intervenções
Interromper o interlocutor
Não dizer a verdade
Corrigir o interlocutor perante outras pessoas
Usar frases feitas, lugares comuns, “chavões”
Falar na primeira pessoa do singular
Mentir
Ser confuso na expressão das ideias
Utilizar linguagem muito técnica
Falar com “segundo sentido”
Tentar encurralar os outros
Exagerar nas afirmações que faz
Responder a uma pergunta com outra pergunta
Generalizar demasiadamente
Falar sem conhecimento de causa
Tirar conclusões precipitadas
Queixar-se constantemente
Levantar constantes dificuldades
Falar com mau-humor
Mudar constantemente de tema
Dar respostas evasivas

8

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

2.2. Comunicação Assertiva


É o comportamento que torna a pessoa capaz de agir em seu próprio
interesse, de se afirmar sem ansiedade indevida, respeitando sempre os seus
direitos sem detrimento dos alheios. É uma atitude equilibrada em que é
emitida uma MENSAGEM com um objectivo específico em coerência de
sentimentos, pensamentos e atitudes. Assim, o comunicador assertivo:

Privilegia a responsabilidade individual


Pratica a auto-afirmação
Fala sempre na primeira pessoa
Enfrenta o interlocutor olhos nos olhos
É breve e directo
Elogia actividades e resultados concretos
Evita comparações com os outros ou com o passado
Elogia de forma imediata
Varia a forma de elogiar consoante o grau de agrado
Aceita o elogio, quando o considera merecido5
Não pensa que é presunção concordar com os elogios
Não se desculpa nem se auto-justifica enquanto pede
É discreto e breve
Não explora a boa vontade do outro
Dá razões para o pedido (poucas mas autênticas)

Analisando relações:

ASSERTIVIDADE vs PASSIVIDADE – o silêncio, a concordância e a aceitação,


enquanto comportamentos comunicativos, podem ser entendidos
erradamente como atitudes passivas. Entendemos que não, porque como
veremos, o comunicador de personalidade passiva tem receio de se afirmar,
comunica sem objectivos definidos, é inseguro.

5
No caso de considerar o elogio não merecido, agradece e exprime a sua opinião;

9

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

ASSERTIVIDADE ≠ AGRESSIVIDADE – o comportamento assertivo pode ser

confundido com uma atitude agressiva porque existe uma carga emocional
muito forte associada á comunicação assertiva que pode ser mal
interpretada.

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

3. Relacionamento Interpessoal
Objectivos:
o Conceptualizar tipos de personalidade
o Identificar dinâmicas e tensões do relacionamento humano

Entendemos que o relacionamento interpessoal é a capacidade de tirar


partido de cada encontro todo potencial de criar, mudar e desenvolver
pessoas. O relacionamento interpessoal é uma estratégia de longo prazo
para melhorar a qualidade, os serviços e as relações. Um ser humano
equilibrado nas suas relações pode desenvolver o sentido de propriedade
orgulhando-se do seu trabalho e buscando incessantemente, formas de
fazê-lo cada vez melhor6.

3.1. Complexidade e riqueza da personalidade


Concordamos com a expressão Todos Diferentes, Todos Iguais ? Reparamos
com frequência que certas pessoas têm conflitos quase todos os dias,
enquanto que outras são mais conciliadoras, diplomatas e amadas pela
maioria... existem outras pessoas ainda que são acessíveis, enquanto que
outras são frias e distantes? Isto acontece porque somos todos diferentes, ou
seja, temos traços de personalidade diferentes.

Podemos definir personalidade7 como o conjunto de padrões


comportamentais - incluindo pensamentos e emoções - que caracterizam a
maneira de cada indivíduo se adaptar às situações da sua vida. Por sua vez,

6
O relacionamento interpessoal é compreendido quando pensamos em gestão participativa,
em que cada colaborador é parte e proprietário do negócio institucional, usa a sua
capacidade de tomar decisões e de implementá-las para que esse negócio funcione.
7
personalidade nome feminino 1. unidade integrativa de uma pessoa, compreendendo o
conjunto das suas características essenciais (inteligência, carácter, temperamento,
constituição) e as suas modalidades próprias de comportamento 2. consciência da
unidade e da identidade do eu 3. carácter daquele que é uma pessoa, quer física, quer
moral (personalidade juridical). personalidade. In Infopédia [online]. Porto: Porto Editora,
2003-2009. [Consult. 2009-07-05]. Disponível na www: <URL:
http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/personalidade>;

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

chama-se traço de personalidade a todo o aspecto particular de um indivíduo


que o distingue dos outros.

Assim, podemos tentar conhecer os principais tipos de personalidade8:

Personalidade Passiva Caracteriza-se pela incapacidade de exprimir os


seus pensamentos e emoções. Estas pessoas têm
tendência a não manifestar claramente os seus
desejos nem comunicar as suas necessidades,
optando por ficar à espera que os outros façam
as coisas por eles. Por exemplo, um funcionário
em vez de pedir um aumento ao patrão fica à
espera que o patrão lhe ofereça um aumento.
Quando ocorre um conflito, tendem a ignorar ou
a fingir que nada aconteceu.
Assim sendo manter-se na expectativa e a falta
de iniciativa são características da personalidade
passiva.
Em suma,
Comunica uma mensagem de inferioridade: ao
sermos passivos permitimos que os desejos,
necessidades e direitos dos outros sejam mais
importantes que os nossos.
Alguém que se comporte de forma passiva
perde, ao mesmo tempo que permite aos outros
ganhar.
Seguir este caminho leva a ser-se uma vítima e
não um vencedor.

Personalidade Agressiva É oposta à personalidade passiva. As suas


reacções são extremas e a sua maneira de
chegar aos seus fins é o afrontamento, a
agressão directa, a cólera e a humilhação.
São pessoas de uma intransigência excessiva e
de uma rigidez desarmante.
Em suma,
Comunica sempre um impressão de
superioridade e de falta de respeito.

8
Tipos de Personalidade. In Processo de Comunicação e Formas relacionais e Pedagógicas
da Criança [online]. [Consult. 2009-07-05]. Disponível na www: <URL: http://www.forma-
te.com/mediateca/view-document-details/3796-processo-de-comunicacao.html>;

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Ao sermos agressivos colocámos sempre os


nossos desejos e direito acima dos outros,
violando os direitos dos outros.
As pessoas agressivas podem ganhar, ao
assegurar-se que os outros perdem.

Personalidade Manipulativa Este tipo de personalidade organiza-se para


satisfazer as suas necessidades de forma muito
indirecta e mal dirigida. Utilizam uma
comunicação pouco clara e com segundas
intenções. A arte de manipular o outro pode ser
exercida de múltiplas maneiras. Assim sendo
descreverei as principais formas de
comportamento manipulativo.

Personalidade Afirmativa Exprime claramente e sem equívocos as suas


necessidades, os seus pensamentos e as suas
ou de Assertividade emoções. Sem fazer um juízo de valor e sem
atentar contra a integridade do outro, ela
exprime aquilo que se pretende e a sua visão
das coisas.
Como diz o que pensa e não faz jogos onde
muitos se divertem a enganar os outros, têm
geralmente muito boa auto-estima. Dizer o que
pensa sem que o outro reaja mal à sua atitude,
Trata-se de um tipo de personalidade que
permite um desenvolvimento sócio-grupal
eficaz, que se irá repercutir em grande escala ao
nível das aquisições individuais.
Em suma,
Comunica uma impressão de respeito próprio e
respeito pelos outros. Ao sermos assertivos
encaramos os nossos desejos, necessidades e
direitos como iguais aos dos outros. Uma pessoa
assertiva ganha influenciando, ouvindo e
negociando de tal forma que os outros escolhem
cooperar de livre vontade. Este comportamento
leva ao sucesso e encoraja relacionamentos
honestos e abertos.

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

3.2. Dinâmica, Tensões e Importância das primeiras


impressões no relacionamento humano
Por sabermos que somos todos diferentes, o relacionamento humano
também ocorre em torno de conflitos. Assim, existem partes em confronto.
Poderá haver uma atitude hostil. Se as relações humanas que desenvolvemos
forem verdadeiras, num problema, somos um grupo de pessoas a trabalhar
em conjunto. Há uma atitude de aproximação.
Normalmente, existe conflito quando os factos são menos bem interpretados
– ou quando são interpretados de forma diferente - quando existe desacordo
em relação às causas que estão na origem de determinado fenómeno,
quando existe desacordo em relação a determinados objectivos.

As relações entre as pessoas são muito dependentes da forma como estas


são encaradas: se uma das partes não se mostrar interessada em
determinada relação, esta pode ficar comprometida. Por outro lado, se se
verificar o contrário o retorno pode ser muito positivo.

As relações interpessoais têm maior capacidade de vingar se houver no


primeiro encontro uma empatia entre os intervenientes. Caso essa empatia
não exista pode dar lugar à existência de divergências e posteriormente a
tensões.

Um paralelismo simples:

Entendamos a dinâmica relacional como um INVESTIMENTO – como em


qualquer outro, existe uma relação proporcional de dependência entre os
CUSTOS e os BENEFÍCIOS; quanto maior o custo, maior o benefício!
Ressalvamos sempre a dinâmica do investimento financeiro: ao
INVESTIMENTO está sempre associado o RISCO. No entanto, ao pretendermos
investir em relações humanas verdadeiras, o CUSTO do empenhamento é
verdadeiro mas, o BENEFÍCIO do empenhamento do outro também o é.

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

4. Comunicação e relação pedagógica


Objectivos:
o Conceptualizar a Regra na relação pedagógica
o Compreender a importância da rotina na organização do ambiente educativo

4.1. Regras como elemento estruturante da comunicação e


relação pedagógica
Numa relação pedagógica é necessário que hajam regras. Regras para que
haja RESPEITO:
RESPEITO próprio
RESPEITO entre pares
RESPEITO hierárquico
RESPEITO pelo sentimento
RESPEITO pelo pensamento
RESPEITO pela acção
RESPEITO pela palavra

A este propósito, diz-se9:

As razões que decorrem da vida em grupo – por exemplo,


esperar pela sua vez, arrumar o que desarrumou, etc. – terão de
ser explicitadas e compreendidas pelas crianças. Estas normas e
outras regras indispensáveis à vida em comum adquirem maior
força e sentido se todo o grupo participar na sua elaboração,
bem como na distribuição de tarefas necessárias à vida colectiva
(...).

4.2. Rotinas como elemento estruturante na organização


espácio-temporal
A distribuição do tempo relaciona-se com a organização do
espaço pois a utilização do tempo depende das experiências e
oportunidades educativas proporcionadas pelos espaços. O

9
Participação das crianças na elaboração de normas e regras. In Orientações Curriculares
para a Educação Pré-escolar [online]. [Consult. 2009-07-05]. Disponível na www: <URL:
http://sitio.dgidc.min-edu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/
Attachments/25/Orientacoes_curriculares.pdf>;

15

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

tempo, o espaço e a sua articulação deverão adequar-se às


características do grupo e necessidades de cada criança.
Porque a organização do grupo, do espaço e do tempo
constituem o suporte do desenvolvimento curricular, importa
que o educador reflicta sobre as potencialidades educativas que
oferece, ou seja, que planeie esta organização e avalie o modo
como contribui para a educação das crianças, introduzindo os
ajustamentos e correcções necessárias.10

Esta articulação resulta na existência de rotinas que possibilitam às crianças


prever todos os passos do seu dia-a-dia e, assim, desenvolver-se de forma
mais segura. As rotinas comunicativas permitem à criança saber como deve
dirigir-se aos colegas, aos adultos, usando sempre de boas regras de
comunicação.

10
adequação espaço/tempo. In Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar
[online]. [Consult. 2009-07-05]. Disponível na www: <URL: http://sitio.dgidc.min-
edu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/Attachments/25/Orientacoes_curriculares.p
df>;

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

5. Relacionamento e educação na infância


Objectivos:
o Identificar o impacto das relações sociais na criança

5.1. Relação da criança-criança, criança-adulto e, impacto


das relações entre adultos, na criança
O relacionamento entre as crianças varia consoante a idade dos pares,
consoante o sexo das crianças e consoante a personalidade das mesmas. A
relação das crianças com os adultos tende a variar consoante a empatia que
se desenvolve entre a criança e o adulto, que varia consoante a
personalidade de ambos.

As relações entre os adultos tendem a influenciar as crianças, os adultos são


os modelos que as crianças seguem, dai que acabem por ser imitados. Se as
relações entre os adultos for uma relação harmoniosa, as crianças tornam-se
normalmente meigas, carinhosas e afáveis. Se as relações entre os adultos
for conflituosa, as crianças tendem a sentir-se ansiosas, revoltadas ou até
mesmo violentas.

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PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

6. Importância do envolvimento parental


Objectivos:
o Compreender a família como um sistema
o Compreender um modelo de desenvolvimento humano
o Compreender o envolvimento familiar na dinâmica institucional escolar

6.1. Abordagem sistémica da família


Encarando a família como um sistema, é permitido aos elementos que a
constituem, através do processo de socialização, interiorizar os valores e as
normas sociais para a sua formação e desenvolvimento, mas também
estabelecer uma ligação entre eles e a sociedade, contribuindo desta forma
para o equilíbrio social.

O processo de comunicação é o mecanismo social básico sem o qual não é


possível haver relação, congruência, e aceitação positiva e incondicional e, a
compreensão empática. Se esta relação for verdadeira, mais possibilidades
haverão de um desenvolvimento pessoal e de relações familiares
equilibradas.

6.2. Modelo ecológico do desenvolvimento humano (Urie


Bronfenbrenner)
O comportamento humano não pode ser interpretado à margem
do contesto em que surge. A interacção entre pessoa e ambiente
constitui o foco principal de atenção da psicologia da educação
baseado no conceito interaccionista.
A perspectiva ecológica exige a análise dos contextos e das
relações estabelecidas entre eles. Só assim é possível chegar a
uma compreensão do funcionamento e desenvolvimento dos
seres humanos.
Bronfenbrenner é o representante mais reconhecido da
psicologia ecológica e, segundo ele, o contexto no qual as
pessoas se desenvolvem é constituído por uma série de sistemas
funcionais ou estruturas concêntricas e encaixadas umas nas
outras. Com base na perspectiva ecológica, o conceito de
contexto transcende a sua descrição. O que interessa é o
contexto compreendido: a forma como o indivíduo compreende
o contexto em que actua. Assim, podem distinguir-se as
seguintes estruturas:

18

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Microssistema: padrão de actividades, papéis e relações


que a pessoa em desenvolvimento experimenta num
determinado meio, com características físicas, materiais e
particulares (ex.: a escola);
Mesossistema: compreende as inter-relações de dois ou
mais meios nos quais a pessoa em desenvolvimento
participa activamente (ex.: para uma criança são as
relações entre a família, a escola e os amigos do bairro;
para um adulto, seriam as relações entre a família, o
trabalho e a vida social);
Exossistema: refere-se a um ou mais meios que não
incluem a pessoa em desenvolvimento como participante
activo, mas nos quais se produzem acontecimentos que
afectam o que acontece à sua volta (ex.: o sistema
económico e político relativamente à escola);
Macrossistema: refere-se às correspondências em forma e
conteúdo dos sistemas de ordem menor que existam ou
poderiam existir, ao nível da subcultura ou da cultura na
sua totalidade, juntamente com qualquer sistema de
crenças ou ideologia que sustente estas correspondências.
Da mesma forma, existem mudanças que se produzem nas
pessoas como consequência de qualquer tipo de educação, a
partir das quais é possível estabelecer três categorias:
1. educação formal ou educação regulamentada ou
escolarização;
2. educação não formal é constituída por processos
educativos específicos e diferenciados com uma finalidade
clara e objectiva, mas situa-se “à margem” do sistema
educativo (educação de adultos, formação ocupacional não
regulamentada…);
3. educação informal é baseada em processos educativos
indiferenciados, subordinados a outros objectivos e
processos sociais, nos quais a função educativa não é a
dominante (ex.: mass media)
Do ponto de vista educativo, o indivíduo, ao longo do ciclo vital,
pode passar por uma série de contextos educativos: família,
escolarização formal em todos os seus níveis, formação
profissional e formação continuada, etc.
Assim, analisar um contexto significa fixar-se nas actividades,
nos papéis e nas relações em que uma pessoa intervém.
Os “padrões de actividade” no sistema educativo incluem o
comportamento verbal e não-verbal dos professores e dos
alunos. As actividades escolares são planificadas, intencionais e
são direccionadas para provocar mudanças no comportamento
dos alunos. Podem variar quanto aos objectivos, complexidade
estrutural, adequação às características, etc. Segundo o modelo
ecológico, a aquisição de novas capacidades depende,
principalmente, do significado ou intenção que tenham para o
sujeito as actividades nas quais está implicado, assim como a
variedade e a complexidade estrutural de tais actividades.

19

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

No que diz respeito aos papéis, são vistos como expectativas de


comportamento associadas à posição que uma pessoa ocupa.
Isto implica certas previsões de comportamento. A sociedade
tem distribuídos os comportamentos esperados do papel de
aluno, de educador, de pai, etc. Uma mesma pessoa pode
desempenhar diferentes papéis: pai, profissional, irmão, filho. O
conceito de desempenho de papel implica que cada pessoa tem
uma forma especial de o desempenhar.
As relações interpessoais são um ingrediente especial de
qualquer microssistema. No sistema educativo destacam-se três
relações básicas: a interacção educador-aluno, a relação entre
colegas e as relações família-escola.11

O Esquema 212 ajuda-nos a compreender a dinâmica deste modelo.

Esquema 2 - Modelo Ecológico do Desenvolvimento Humano de Urie Bronfenbrenner

11
MARTINS, R. (2009) Modelo ecológico do desenvolvimento humano (Bronenfrenner).
[Consult. 2009-07-15] Disponível na www: http://educacaodeinfancia.com/modelo-
ecologico-do-desenvolvimento-humano-bronfenbrenner/;
12
RUA, F. (2009) O Modelo Bioecológico de Bronenfrenner. [Consult. 2009-07-15]
Disponível na www: http://bancodameditacao.com.sapo.pt/psy_novo/aulas/72_
CONTEXTOS_contextosdomodeloecologico.pdf;

20

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

6.3. Participação da família no projecto educativo e na vida


da instituição educativa
A família – e, consequentemente, a comunidade - por serem participantes
activos no processo educativo das crianças, devem ter uma participação
activa na instituição escolar, devem interessar-se pelas actividade escolares,
devem querer saber o que se passa na escola.

Os pais ou encarregados de educação são os responsáveis pela


criança e também os seus primeiros e principais educadores.
Estando hoje, de certo modo ultrapassada a tónica colocada
numa função compensatória, pensa-se que os efeitos da
educação pré-escolar estão intimamente relacionados com a
articulação com as famílias. Já não se procura compensar o meio
familiar, mas partir dele e ter em conta a(s) cultura(s) de que as
crianças são oriundas, para que a educação pré-escolar se possa
tornar mediadora entre as culturas de origem das crianças e a
cultura de que terão de se apropriar para terem uma
aprendizagem com sucesso.
Sendo a educação pré-escolar complementar da acção educativa
da família, haverá que assegurar a articulação entre o
estabelecimento educativo e as famílias, no sentido de encontrar,
num determinado contexto social, as respostas mais adequadas
para as crianças e famílias, cabendo aos pais participar na
elaboração do projecto educativo do estabelecimento.13
Mas, não só a família, como também o meio social em que a
criança vive influencia a sua educação, beneficiando a escola da
conjugação de esforços e da potencialização de recursos da
comunidade para a educação das crianças e dos jovens. Assim,
tanto os pais, como outros membros da comunidade poderão
colaborar no desenvolvimento do projecto educativo do
estabelecimento.14
O processo de colaboração com os pais e com a comunidade tem
efeitos na educação das crianças e, ainda, consequências no
desenvolvimento e na aprendizagem dos adultos que
desempenham funções na sua educação.15

13
Participação da família. In Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar [online].
[Consult. 2009-07-05]. Disponível na www: <URL: http://sitio.dgidc.min-edu.pt/recursos/
Lists/Repositrio%20Recursos2/Attachments/25/Orientacoes_curriculares.pdf>;
14
Projecto educativo do estabelecimento. In Orientações Curriculares para a Educação Pré-
escolar [online]. [Consult. 2009-07-05]. Disponível na www: <URL: http://sitio.dgidc.min-
edu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/Attachments/25/
Orientacoes_curriculares.pdf>;
15
Participação da comunidade. In Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar
[online]. [Consult. 2009-07-05]. Disponível na www: <URL: http://sitio.dgidc.min-
edu.pt/recursos/Lists/Repositrio%20Recursos2/
Attachments/25/Orientacoes_curriculares.pdf>;

21

PROGRAMA OPERACIONAL POTENCIAL HUMANO

Notas:

22


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