0 valutazioniIl 0% ha trovato utile questo documento (0 voti)
33 visualizzazioni2 pagine
Este documento é uma resenha do livro "Latina Essentia" do Professor Antônio Martinez de Rezende. A resenha elogia o livro por propor uma reflexão sobre a linguagem focada no ensino do latim, evitando falsas classificações gramaticais e apresentando o sistema de forma concisa e lógica. Também destaca a abordagem didática e humorada do livro, fazendo uma "desmistificação bem-humorada" do assunto.
Este documento é uma resenha do livro "Latina Essentia" do Professor Antônio Martinez de Rezende. A resenha elogia o livro por propor uma reflexão sobre a linguagem focada no ensino do latim, evitando falsas classificações gramaticais e apresentando o sistema de forma concisa e lógica. Também destaca a abordagem didática e humorada do livro, fazendo uma "desmistificação bem-humorada" do assunto.
Este documento é uma resenha do livro "Latina Essentia" do Professor Antônio Martinez de Rezende. A resenha elogia o livro por propor uma reflexão sobre a linguagem focada no ensino do latim, evitando falsas classificações gramaticais e apresentando o sistema de forma concisa e lógica. Também destaca a abordagem didática e humorada do livro, fazendo uma "desmistificação bem-humorada" do assunto.
REZENDE, A. M. de. Latina Essentia. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1993.
Latina Essentia - Como pronunciar o engenhoso ttulo desse livro do Professor
Antnio Martinez de Rezende? Com eliso do segundo a e mantidos os traos oclusivo e dental na consoante t de esentia, conforme a melhor lio da honesta investigao filolgica, ou latinessncia, de acordo com os hbitos de pronncia da filosofia escolstica, em cujo perodo de vigncia o termo se toma usual e corrente? As duas, j que a palavra parece poder atestar-se, ainda que com baixa freqncia, desde o latim clssico (Cf. Ccero, Fragmenta, K, 10 e Sneca, Cartas a Lucio, 58,6). Mas no resta a menor dvida de que a segunda alternativa que melhor convm concepo, vamos dizer didtico-potica do livro, graas s associaes que, por seu poder de palavra, suscita, quer pelo som, quer pelo sentido, com, por exemplo, quintaessncia, "aquilo em que se resumem o essencial e o mais puro de alguma coisa". , com efeito, na poesia, que "o poder fontico e alusivo das prprias palavras" utilizado com xito na produo imediata de mltiplos efeitos de sentido. No ensino tradicional da gramtica, ao invs, o trabalho realizado com base na substncia fnica tem sido o responsvel por que se continuem confundindo variantes, quer livres, quer contextuais, com as oposies do sistema da lngua. Com os resultados negativos que se conhecem: no ensino da lngua, o insuportvel e irracional acmulo das falsas unidades propostas memorizao mecnica do discente e, no que concerne ao alcance social da matria, o completo desprestgio de ordem prtica, apesar das pretensas compensaes das citaes latinas (erradas, com muita freqncia) nos jornais e revistas de grande circulao e das demaggicas "defesas do latim" na fala de quem espera confirmar com essa espcie de marca registrada privilgios de classe. O que agrada sobremaneira nesse trabalho do Professor Antnio que seu livro se distingue no tanto por ser um manual de ensino, quanto pela proposta de reflexo nele contida sobre a linguagem, embora tendo por tema o ensino do Latim. Trata-se 1 Departamento de Lingstica - Faculdade de Cincias e Letras - UNESP - 14800-000 - Araraquara - SP.
Alfa, So Paulo, 39: 251-252,1995
251
a do Latim focalizado como meio de expresso de um povo, nisso, igual ao de qualquer
outro. A circunstncia agravante de que se trata de um povo do passado decisiva na escolha do melhor mtodo para o aprendizado do Latim, no podendo ser ele - a razo bvia - nem inteiramente audiovisual, nem de todo analtico, no restando ao educador com isso preocupado a no ser solues de compromisso entre as duas posies pedaggicas. Da ser reconfortante, para quem l Latina Essenta, sentir que, no tocante questo essencial da flexo, seja a do nome, seja a do verbo, h, ao contrrio do que ocorre nos ditos mtodos de ensino do Latim, mesmo os recentes, o claro esforo para submeter razo a interminvel proliferao de formas engendradas no uso e para deixar em lugar delas s o conjunto finito das oposies constitutivas do sistema a ser internalizado na forma de competncia. Da tambm o cuidado do autor na apresentao seqencial, mas no indevidamente gradual, de "temas", a fim de no sugerir inexperincia do aprendiz falsas hierarquias e, menos ainda, classificaes ou distines que a gramtica, entendida no seu papel de conjunto limitado de oposies significantes, em absoluto, no pode e no deve corroborar. Da ainda o cuidado com que se evitam no livro informaes, pertinentes por certo em outros idiomas, mas no no Latim, erro que noes elementares de lingstica diferencial ou contrastiva, a servio da lingstica aplicada, certamente manteriam afastado. Esto tambm ausentes do livro afirmaes, em aparncia, incuas, sobre a suposta "ordem inversa do Latim", que so, na verdade, interferncias vernculas de falante nativo do portugus. E quando se constata, como dado fazer, por exemplo, na pgina 33, que "Em latim no existem artigos", o trusmo, observado por parte de quem v as coisas do ponto de vista contrastivo, se atenua lembrana do erro escolar muito comum que consiste em "traduzir", sempre por influncia de outro vernculo, um numeral latino por um artigo indefinido novilatino. Se a essas caractersticas de concepo, outras se acrescentam no que se refere apresentao da matria, tem-se como achado feliz a generosa distribuio do texto verbal na pgina. A ampla margem disso resultante aproveitada pelo professor-poeta - ou poeta-professor? - em evidente processo de desmistificao bem-humorada e numa clara demonstrao de que, incomodado com a gravidade da pgina escrita, traz para a sua os apetrechos de seu verdadeiro ofcio arvorados em insgnias: um flanelgrafo e um clip\ Com essas qualidades, o livro que o Professor Antnio confia a seus alunos e colegas se recomenda no apenas como um manual de latim, cabe ainda uma vez insistir, mas como um bom companheiro de jornada para quem se prepara para ser, no certamente um erudito, mas um correto estudioso de Letras. Recebendo o seu volume, como se se ouvisse o seu autor repetir com Virglio (Buclicas, K, 65): cantantes ut eamus, ego hoc te fasce leuabo. "Para seguirmos cantando, vou-te livrar deste fardo".