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Augusto de Franco
Escola-de-Redes (04/02/09)
Legal esse papo de rede! Aqui na minha organização, acho que é meio
cedo. Ainda estamos aprendendo. Gostaria de ver como funciona na
prática. Você tem algum exemplo concreto?
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É um processo que exige uma varrição no subsolo onde estão fundeados
os nossos pré-conceitos. Quero dizer com isso que as principais
resistências às redes não estão propriamente no terreno das idéias que
comparecem nos debates, senão naquelas que em geral não se
explicitam e a partir das quais formamos nossas concepções. A
resistência está nos pressupostos não-declarados.
Os pressupostos não-declarados
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com os “de fora”, também não conseguimos nos organizar de uma
forma que facilite a cooperação entre os “de dentro”. E vice-versa.
Essa constatação pode até parecer meio óbvia, mas está longe disso. A
prova é a nossa imensa dificuldade de aceitar o padrão de rede dentro
de nossas próprias organizações.
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Hoje, como o tema virou moda, as pessoas gostam de falar em redes,
no mínimo para não parecerem ultrapassadas. Mas quando falam em
redes, em geral, elas falam da conexão em rede de estruturas
centralizadas. Os nodos não são redes. No seu próprio nodo não querem
saber dessa conversa. E, para falar a verdade, nem se importam muito
com a maneira como os outros nodos se organizam internamente, desde
que...fique lá cada um no seu quadrado. É isso então: “Ado, a-ado,
cada um no seu quadrado”.
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Nesse esquema, como se pode ver, não há lugar para a autoregulação
societária. E é por isso que, para o liberalismo econômico e sua ‘ciência
do crescimento’ – a chamada Economics – a sociedade civil não é uma
forma de agenciamento capaz de subsistir por si mesma. Sim, aqui
ainda estamos em Hobbes.
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Não se pode aprender muito sobre redes em
organizações hierárquicas
Mas tal não foi suficiente para alterar os drives dos agentes
empresariais. Mesmo os mais avançados, que já foram capazes de
perceber que tudo que é sustentável tem o padrão de rede e, assim,
conseguiram entender a necessidade da transição de sua forma de
organização hierárquico-vertical ou centralizada para formas mais
horizontais ou distribuídas, mesmo estes, não conseguem mudar seu
“código-fonte”. E não conseguem fazê-lo simplesmente porque
continuam se organizando de forma hierárquica. Eis o ponto!
6
Ora, as redes (distribuídas) constituem ambientes favoráveis à emersão
da multiliderança. Mas a observação acrítica de que sempre tem alguém
que lidera, que puxa, do contrário a coisa não anda, reforça as tão
ingênuas quanto interesseiras crenças liderancistas.
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Mas posições em estruturas verticais de comando-e-controle são
diferentes de funções exercidas em estruturas horizontais de
relacionamento. O que confere capacidades extraordinárias a alguns
indivíduos, além, é claro, do seu esforço, são as funções assumidas por
eles na dinâmica coletiva das fluições que os atravessam e não as
posições ocupadas nos degraus da escadinha do poder de mandar nas
outras pessoas. Em outras palavras, líderes são expressões do capital
social (são produzidos, por assim dizer, em grande parte, pela
fenomenologia da rede) e não o resultado de uma competição entre
diferentes unidades de capital humano para ver quem chega primeiro. O
recente estudo de Malcolm Gladwell (2008) – Outliers – é bastante
ilustrativo a esse respeito (2).
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consideradas mais desenvolvidas, já superou as monarquias
(absolutistas) há bem mais de um século.
"-Valeu galera!
Não pisa na linha hein!
Fuuui!"
Notas e referências
(1) "I think we've been through a period where too many people have been
given to understand that if they have a problem, it's the government's job to
cope with it. 'I have a problem, I'll get a grant.' 'I'm homeless, the government
must house me.' They're casting their problem on society. And, you know,
there is no such thing as society. There are individual men and women, and
there are families. And no government can do anything except through people,
and people must look to themselves first. It's our duty to look after ourselves
and then, also to look after our neighbour. People have got the entitlements
too much in mind, without the obligations. There's no such thing as
entitlement, unless someone has first met an obligation”. Prime minister
Margaret Thatcher, talking to Women's Own magazine, October 31
1987
(2) Cf. Gladwell, Malcolm (2008). Outliers. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
(3) Como disse certa vez um mestre sufi da Turquia a um grupo de visitantes
(citado recentemente por uma pesquisadora conectada à Escola-de-Redes), “as
pessoas no ocidente são engraçadas; elas dizem: ‘eu sinto muito, mas eu sou
assim’, quando, na verdade, elas nem sentem muito e nem são assim”. Cf. Bia
Machado em http://escoladeredes.ning.com