Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Mia Couto
Na verdade, este poema foi escrito em 1875. O seu autor no foi um poeta sulafricano, no foi sequer um poeta africano. Quem escreveu estes versos foi um
britnico chamado William Ernest Henley. Estes versos viajaram para alm de
sculos e continentes e iluminaram a esperana de um homem que, em vez de
se vitimizar e procurar a vingana, nos deu uma eterna lio da crena nos
outros.
perpetuar a pobreza e faz paralisar a histria. Samos todos os dias para a rua
para produzir riqueza mas regressamos mais pobres, mais exaustos, sem
brilho, nem esperana. De tanto sermos banalizados pelos outros, acabamos
banalizando a nossa prpria vida.
Estamos perante uma espcie de formatao mental e moral. A mensagem a
seguinte: querem dizer-nos as nossas doenas sociais so incurveis. Restanos viver de remendos e expedientes.
ALBINOS
Vou contar-vos um episdio real. Conheci um pedreiro que chamarei apenas
por Fabio, que certa vez executou uma obra para minha casa. Um dia, uma
moa albina veio minha porta pedir gua. O pedreiro desceu do escadote
onde trabalhava para me dar conselhos: melhor no dar, ou usar um copo
que depois deita fora. Quando lhe perguntei porqu, ele respondeu: aquela
tjidajna algum que tem muitos problemas. E reproduziu os habituais mitos e
preconceitos sobre os albinos. No final confessou: ainda bem que na minha
famlia ns no temos disso.
Passaram-se anos e a semana passada o mesmo Fabio ligou para mim a
perguntar se era possvel entrar sem convite na exposio Filhos da Lua, na
Fortaleza de Maputo. Ele ouviu na rdio que a exposio tinha por tema os
albinos e estava muito interessado em levar a sua filha a esse evento. que
a minha filha nasceu albina. Fabio no podia nunca imaginar ser pai de uma
tjidjana. Mas foi. E ele agora, por amor a essa menina, queria enfrentar junto
com ela os preconceitos que ele mesmo guardava dentro de si. Chamei Fabio
e ofereci-lhe que levasse para a sua filha dois discos. Um de Salif Keita, outro
do nosso Aly Fake. E disse esses so os melhores copos de gua. Refrescam
a alma.
Muitas vezes pensamos que essas diferenas vivem fora de ns. A diferena
est dentro de ns. Um em cada 35 moambicanos portador do gene do
albinismo. Um em cada 35 pessoas portador dessa gente. Nenhum de ns
sabe partida se poder ser pai ou me de uma criana albina.
Meus amigos