Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
INTRODUÇÃO
Único núcleo atualmente no município de Curvelo, o Projeto Ser Criança atende atualmente 135
crianças e adolescentes com idade entre 7 e 16 anos. Por estar na capital da literatura de Guimarães
Rosa, o Projeto o tem como tema das atividades desenvolvidas. O objetivo é que crianças e
adolescentes conheçam os hábitos, costumes e tradições que estão se perdendo no tempo e no espaço
em que vivem e convivem. A brincadeira, as comidas, os contos e causos de um povo real são os
instrumentos de trabalho que contribuem com a geração de tecnologias e o desenvolvimento
individual, a partir do imaginário.
É importante citar que a temática (Guimarães Rosa) é o eixo do objetivo contido no Plano de Trabalho
e Avaliação, que tem a aprendizagem como objeto principal, sendo a brincadeira o instrumento de
ação gerador dessa aprendizagem.
Jogos, brinquedos, livros, receitas, bolos e biscoitos, xaropes e pomadas, hortas e húmus, entre outras
coisas, são produtos das oficinas que acontecem diariamente, além da felicidade, elevação da auto-
estima e do bem-estar, frutos da relação de convivência entre crianças, adolescentes e adultos.
Neste relatório, apresentamos os sucessos e insucessos dos dois primeiros meses de atividades, além
de alguns anexos que contribuem para uma melhor visão das ações desenvolvidas.
Pensando em promover a participação dos pais das crianças atendidas no Projeto, realizamos reuniões
destinadas ao desenvolvimento de oficinas a partir do diagnóstico das habilidades detectadas na
comunidade. As oficinas são agendadas quinzenalmente para a realização de quitandas associadas a
discussões sobre a culinária do sertão mineiro.
Para registrar essa história e ao mesmo tempo direcionar a proposta de inclusão digital dos jovens,
decidimos digitalizar todas as informações resultantes das oficinas. Trata-se, na verdade, de uma ação
desenvolvida pelas crianças e adolescentes, que mais ensinam a seus educadores do que aprendem a
utilizar os computadores.
Ainda dentro desta dimensão, trabalhamos a roda como instrumento de planejamento e avaliação. É
nela que conseguimos organizar o nosso dia-a-dia e combinamos regras sobre o que será
desenvolvido junto às crianças e adolescentes. A roda é o principal instrumento de socialização: é
neste veículo de comunicação que apresentamos as produções dos grupos – peças teatrais,
brinquedos, produtos para a farmácia – e levamos novidades e informações.
Quando pensamos na roda, temos ainda alguns problemas em relação à apropriação das crianças e
adolescentes. Isso vem sendo enfrentado com discussões em grupo e análises da história pelos
educadores. Estão sendo feitas rodas de estudo sobre a literatura de Guimarães Rosa, buscando
compreender um pouco de nossa memória e mostrar que a roda é algo presente há muito tempo na
vida dessas comunidades. As discussões se estendem às rodas de conversa com os pais,
A repercussão entre os pais foi muito positiva: a experiência já está sendo desenvolvida com as
crianças e terminamos a primeira etapa de mobilização dos pais para a formação do grupo, que terá
cinco mães e uma tia no desenvolvimento das oficinas, para que possam apreender a metodologia e
assim aplicá-la em casa.
Na comunidade, já foram realizadas duas oficinas: uma de reciclagem, com as educadoras das
creches municipais, na qual foram produzidos diversos brinquedos, e outra de reciclagem de papel,
desenvolvida com a equipe médica do Asilo São Vicente de Paulo. Essas oficinas possibilitaram a troca
de experiências, com o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento das práticas de atendimento dos
respectivos públicos-alvos.
• Protagonismo juvenil
Tais iniciativas foram percebidas ao longo do trabalho em 2005, motivando a proposta de capacitar
esses adolescentes buscando a sua formação. Hoje, temos uma adolescente formada de um grupo de
15 capacitados que foram monitores no ano passado. No momento, ela faz capacitação junto ao
grupo do projeto Fabriqueta. O próximo passo é colocá-la como coordenadora de grupo junto a outro
educador. Quanto aos outros adolescentes do Projeto, a proposta é realizar uma nova oficina de
formação de monitores em 2006, agendada para o mês de maio, quando já teremos organizado o
No mês de abril, será selecionado o grupo que participará da oficina, de acordo com a afinidade
mostrada nas atividades que estão sendo desenvolvidas. Aproximadamente 20 adolescentes serão
escolhidos para participar dessa formação. Esperamos agora ter uma educadora para desenvolver,
junto à equipe, ações em prol da educação.
• Auto-estima
Para descobrir o potencial desses adolescentes, desenvolvemos diversas oficinas utilizando sucata,
ervas, alimentos, sementes, além de brincadeiras, brinquedos e passeios. Cada oficina tinha o objetivo
de possibilitar aos envolvidos a descoberta de suas habilidades e capacidades, além de motivá-los a
produzir algo.
Entramos ainda em contato com o Núcleo Odontológico, para propiciar às crianças e adolescentes
tratamento dentário, uma vez que a grande maioria tem problemas relacionados à saúde bucal.
Oficinas de beleza também foram estratégias utilizadas para trabalhar a auto-estima: discutimos não
apenas a beleza do corpo, mas a beleza do meio em que vivemos e convivemos. Os resultados se
mostraram interessantes, embora esse trabalho seja ainda bem embrionário.
Em relação ao meio, conseguimos desenvolver uma ornamentação bem colorida e também preservá-
la por um período maior, quando comparada à experiência do ano passado. Também conseguimos
manter o espaço mais limpo e organizado, mesmo não tendo atingido o padrão ideal. É importante
registrar a felicidade manifestada por crianças e adolescentes pelos resultados obtidos com a oficina
de beleza e os tratamentos odontológicos que estão recebendo.
Em relação ao tratamento odontológico, iniciado com sete crianças, há alguns problemas decorrentes
de faltas às consultas. Para solucioná-los, marcamos uma reunião com os pais, na tentativa de orientá-
los sobre a importância de incentivarem seus filhos a levar a sério o tratamento.
A horta envolve a participação diária das crianças, estando associada às oficinas de comida,
pomadas, remédios, produção de húmus, mudas para jardim, pneus de ervas e canteiros em aspirais.
Esses são os instrumentos utilizados para a geração de aprendizagem e a valorização do meio onde
vivemos. O sertão mineiro é o eixo das discussões: com o estudo de sua flora e fauna, estamos
possibilitando inovações no cardápio.
Para economizar energia, os canteiros foram confeccionados seguindo novos desenhos – mandalas,
buracos de fechaduras e vai-vem. Esses desenhos possibilitam ao cultivador economizar mão-de-obra,
além de propiciar uma nova estética, tornando a horta um espaço mais bonito. Atualmente, estamos
precisando de pedras, pois o novo formato da horta exige a utilização desse material para maior
conservação dos canteiros e assim, proporcionalmente, economizar energia.
Outra ação desenvolvida no projeto da horta é a compostagem, que permite produzir quantidade
significativa de composto orgânico para a adubagem da terra. Buscando a formação da criança,
aproveitamos a oportunidade para mostrar o melhor aproveitamento de todo material orgânico como
forma de não prejudicar o meio ambiente. Dentro desta atividade, conseguimos realizar as discussões
de forma mais eficaz.
Em parceria com a cozinha do Projeto, cuidamos para que todo o lixo orgânico gerado seja
direcionado para a horta. Seleciona-se então o que vai para o minhocário – para a produção do
húmus – e o que vai para a compostagem., onde permanece por um período em que se decompõe,
tornando-se matéria ideal para a cobertura dos canteiros, com a função de manter a umidade e o
calor ideal.
A economia de água é outro resultado conquistado com a nova formatação da horta. Utilizando a
cobertura dos canteiros, foi possível manter a umidade e a temperatura ideal para a germinação e o
Com o objetivo de evitar problemas com pragas, a semeadura é feita de maneira diferenciada da
tradicional. Tudo é plantado no mesmo local entremeado ao capim. Isso contribui para que as pragas
não ataquem as verduras e legumes, já que encontram outras fontes de alimento - capim e plantas
não-comestíveis, por exemplo. O cravo é uma dessas plantas, pois tem a função de agir como
repelente natural de lagartas, sem porém repelir as borboletas e outros insetos que contribuem com a
polinização.
Neste ano, foi ampliada a área de frutíferas. Introduzimos o plantio de mamão e no momento estamos
fazendo uma experiência com a melancia. Obtivemos excelentes resultados, produzindo grande
quantidade de mamões, que já fazem parte do cardápio do Projeto.
No mês de março, demos continuidade ao trabalho de formação das crianças na horta. Produzimos
canteiros para diversas hortaliças, como almeirão, alface, chicória, mostarda, e também para
legumes, como rabanete, cenoura, batata-doce, beterraba, mandioca. Ainda não estamos colhendo o
que foi plantado, mas já garantimos os produtos de uma boa alimentação para os próximos meses.
A semeadura seguiu o que a permacultura propõe: fizemos uso de uma grande variedade de sementes
de legumes, verduras e flores, compondo um espaço adequado para a produção de alimentos
saudáveis, sem pragas. O minhocário está pronto e no próximo mês já estaremos utilizando o húmus
na adubação.
Sabemos que há muito ainda a ser feito, mas estamos trabalhando sobretudo para que as crianças se
apropriem de conceitos como ética ambiental e hábitos alimentares, tendo, conseqüentemente, melhor
qualidade de vida.
No tema Educação em Saúde, são promovidas discussões sobre a importância de manter bons hábitos
de higiene nas atividades da cozinha, do banheiro e também nas oficinas de beleza. Essas discussões
acontecem paralelamente às conversas sobre auto-estima, já que são indicadores da Educação
Ambiental, além de integrar o nosso Plano de Trabalho e Avaliação – PTA.
O trabalho em parceria com o Núcleo Odontológico é uma das ações que estão sendo desenvolvidas.
Estão previstas oficinas de escovação e peças teatrais mostrando hábitos de escovação e a importância
de se escovar os dentes. Uma das maiores dificuldades enfrentadas, de acordo com o Núcleo, é o
pouco material disponível para desenvolver as atividades, problema que poderá ser sanado com o
estabelecimento de novas parcerias.
O cultivo de hortaliças sem agrotóxicos é outra proposta que vem sendo discutida dentro da dimensão
da saúde. Esta é uma ação antiga do Projeto, e nossa experiência tem se mostrado muito eficaz. Além
disso, os educadores buscam produzir alimentos com maior diversidade de cores – ação já iniciada no
ano passado –, tendo como resultado o cultivo de maior variedades de plantas.
O momento agora é de efetivar uma rede entre as diferentes dimensões do projeto, buscando maior
grau de eficiência e transformação das pessoas e conseqüentemente de seu meio.
Durante as atividades desenvolvidas nesses dois meses, é possível perceber que a equipe já demonstra
maior grau de harmonia. Entretanto, falta mais dinamismo e auto-estima, uma vez que a equipe não
inova e não diversifica as ações, demonstrando medo e pouco crédito em suas potencialidades.
Também é preciso trabalhar o aspecto da memória, buscando atividades que possam contribuir para o
aproveitamento de experiências e tecnologias geradas. Apesar dessas deficiências, não podemos
perder de vista que a equipe vem melhorando gradualmente suas práticas, a partir de rodas de
avaliação com crianças e adolescentes e da reflexão sobre o dia-a-dia com o restante da equipe.
Atualmente, o Projeto Ser Criança é coordenado por um educador do Centro Popular de Cultura e
Desenvolvimento (CPCD), tendo o suporte de mais de dez educadores da mesma instituição.
Compõem o restante do quadro dez educadores cedidos pela Prefeitura Municipal de Curvelo e três
educadores sob a responsabilidade administrativa do Centro. Todas as discussões e correções de rumo
são feitas por toda a equipe, seguindo a metodologia do CPCD.
Por meio de oficinas e reuniões, a proposta é envolver a comunidade, principalmente os familiares das
crianças e adolescentes do Projeto. Nossas avaliações mostram que este foi o ponto fraco do ano de
2005. Para solucioná-lo, estamos montando cronogramas de divulgação e buscando parcerias com
outras instituições capazes de contribuir com a disseminação da metodologia, estabelecendo uma
troca de experiências.
Hoje, o projeto já conta com a presença de um grupo de cinco mães que desenvolvem as oficinas,
além da parceria com o Núcleo Odontológico para o tratamento dentário das crianças e dos
adolescentes.
Estes foram os resultados identificados durante estes dois primeiros meses de atividade:
Alface 60 Pés
Rabanete 0 Kg
Nabo 5 Kg
Pepino 26 Kg
Rúcula 0 Pés
Mostarda 0 pés
Batata doce 30 kg
Mandioca 204 kg
Banana 148 kg
Acerola 0 kg
Abóbora 57,5 kg
Quiabo 63,5 kg
Cebola 36 kg
Chicória 39 pés
Cenoura 76 kg
Bertalha 18 molhos
Cebolinha 27 molhos
Mexerica 50 unidades
Acelga 17 molhos
Manjericão 3 molhos
Alface 50 Pés
Rabanete 10 Kg
Nabo 8 Kg
Pepino 20 Kg
Rúcula 30 Pés
Mostarda 20 Pés
Batata doce 30 Kg
Mandioca 150 Kg
Banana 175 Kg
Acerola 40 Kg
Abóbora 54 Kg
Quiabo 96 Kg
Cebola 28 Kg
Chicória 39 Pés
Cenoura 63 Kg
Bertalha 10 Molhos
Cebolinha 27 Molhos
Acelga 12 Molhos
Manjericão 1 Molhos
DIFICULDADES ENCONTRADAS
A organização do Projeto é uma das maiores dificuldades enfrentadas. Temos ainda alguns problemas
em relação à formação dos grupos, que se encontram fragmentados. Este problema está presente em
todos os grupos, embora em graus diferentes de intensidade.
Nas últimas reuniões, ao avaliar as soluções possíveis, descobrimos que o problema está no
planejamento e na falta de dinamismo da equipe. Uma das propostas foi recombinar horários e a
forma de desenvolver os planejamentos. Nas rodas de avaliação, colocamos o problema em debate,
para então ir corrigindo o rumo.
Estamos também pensando em alternativas para tornar a roda grande mais agradável, pois essa
atividade é avaliada por crianças e educadores como desinteressante. Um exemplo: o grupo de
adolescentes da educadora Reginalda desenvolveu oficinas para trabalhar a biografia de Guimarães
Rosa por meio de encenações, que despertaram nas pessoas grande interesse e prazer em estar na
roda.
A limpeza e o desenvolvimento das atividades de forma acompanhada é outra questão debatida nas
reuniões pedagógicas. Observou-se que os grupos estão muito desorganizados e muitos não
conseguem sequer envolver crianças e adolescentes nas atividades do dia. Já é possível perceber uma