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NOSSO ALHO
agricultura e meio-ambiente:
um equilíbrio possível?
XXii cristAliNA receBe
enContro naCional do alHo o FestiVAl ABc dA BoA mesA
Alho: origem
Fungicultura na Panorama do Alho caracterização e
região do Alto tietê
recursos genéticos
Revista ANAPA 05.indd 1 11/12/2009 11:36:11
Nosso Alho
MeRCAdo
na cultura gia do Alho
CULTIVo
do Alho e desafios
em santa tecnológi-
catarina cos para o
Pg. 16 Brasil
Pg. 10
INSTITUCIoNAL
de recursos
TeCNoLoGIA
PRodUÇão
Pg. 29 Pg. 26 da Boa mesa Pg. 42
Pg. 6 Pg. 14
ERRATA
4ª EDIÇÃO
Na matéria “O que devemos saber para comprar e usar bem o alho” o ter-
mo correto é “alho de guarda” e não “anjo de guarda”.
Na matéria “O que devemos saber para comprar e usar bem o alho”e na maté-
ria de capa “Alho e Saúde”o termo correto é inulina e não “insulina.
Nosso Alho
Editorial ALHO
Expediente:
Caros amigos, Presidente da Anapa
Rafael corsino
sabrina@cnph.embrapa.br
Figura 2.
Multiplicação
de acessos do
Banco Ativo de
Germoplasma de
Alho da Embrapa
Hortaliças.
Tabela 1. Grupos de acessos distintos do Banco Ativo de Germoplasma de e oferecendo, na maioria dos casos, a opor-
Alho da Embrapa Hortaliças formados a partir das análises dos descritores tunidade de produção de alho com bulbos
quantitativos da parte vegetativa e reprodutiva. de boa qualidade. A caracterização morfo-
Grupo Acessos lógica foi realizada em 89 acessos de alhos
Jureia, Sacaia de Goiânia B, Barbado I, Canela de Ema, que não necessitam choque frio, por meio
Cajurú, Branco Mineiro RN, Jacobina, Inhumas E, Branco de 17 descritores quantitativos da parte
Mineiro Capa Branca, Introdução ao Cateto Roxo, Branco vegetativa e reprodutiva (bulbo): núme-
Mineiro CE, Ugarte, Mossoró, Branco Mineiro Ijui, Gra- ro de folhas/planta, altura, comprimento
G1 e diâmetro de folhas aos 60 e 90 dias; al-
vata A, Jacobina B, Mucugê, Sacaia de Goiânia, Inhumas A,
Branco Mineiro, Cuiabá, Pinheiral, Centralina E, Jureia tura e diâmetro de bulbilhos; número de
Chico Beijamin, Branco Mineiro de Gouveia, Inhuma Cas- bulbilhos/bulbo; números de bulbilhos na
ca Roxa. peneira 1, 2, 3 e 4; número de bulbilhos
Gravata II, Gravata, Cateto Roxo, Paraíba III, Tempero de palitos e conteúdo de matéria seca. Houve
G2 Bode, Roxo ES, Roxo Dourado, Dourado, Santa Isabel, a formação de 14 grupos distintos e uma
Araguari, Branco Dourado. relativa variabilidade entre os acessos (Ta-
Amarante, Amarante Capa Branca, Amarante Branco A, bela 1). Tais resultados serão correlaciona-
Amarante B, Barbado, Barbado II, Catiguá, Caturra, Catur- dos com futuros estudos da caracterização
ra Cardinali, Chileno PR, Chinês Folha Larga, Chinês Fo- molecular.
lha Fina, Chinês PR, Chinês Seleção, Chinês São Joaquim, Dos conhecimentos atuais existen-
Chinês de Gouveia, Gigante de Lavínia, Gigante Roxo Es- tes sobre a diversidade genética de alho
G3 no Brasil, a grande maioria é resultante
curo, Gigante Roxão, Gigante Roxão I, Gigante de Lavínia
SC, Gigante de Lavínia BL, Lavínia IAC 3208, Lavínia IAC de trabalho realizado a partir de análise de
1632, Mexicano, Mexicano A, Mexicano B, Morano Are- características morfológicas da planta, que
quipeno, Peruano Ponta Porã, Peruano Unesp, Piracicaba- requer anos de cultivo e de cuidadosa ob-
no Amarelino, Seleção I, Gigante Inconfidentes. servação para que os clones de alho possam
Juiz de Fora, Novo Cruzeiro, Centenário Seleção, Cente- ser identificados. Outro ponto a ser consi-
G4
nário, Judiai. derado é a infecção por vírus, quando pode
Gigante de Inconfidentes Geraldo Brás, Inconfidentes II, haver uma redução drástica no tamanho
G5 e vigor das plantas, alterações na forma e
Gigante Roxo.
G6 Morano Arequipeno B, Mexicano II, Chinês Real. coloração das folhas, tornando impossível
G7 Lavínia. a identificação inequívoca do alho. Desta
forma é muito importante que os materiais
G8 Amarante Amarantino.
a serem identificados e mantidos sejam de
G9 Amarante de Gouveia. alta sanidade.
G10 Mucugê B. Além de descritores morfológicos,
G11 Branco Mineiro Piauí. os elementos físico-químicos e molecula-
G12 Crespo. res têm sido utilizados na caracterização,
G13 Hozan. separação e agrupamento das cultivares de
G14 Peruano.
Nosso Alho 7
Para compreender a fisiologia do cresci- planta de alho e o ambiente original ficou marcada em seu ciclo de
mento e do desenvolvimento do alho é ne- vida, que está perfeitamente coordenado com a natural sucessão das
cessário começar por onde ele nasceu como estações do ano em regiões de clima temperado. A figura 1 apresenta
espécie isso: a planta de alho brota no outono, uma vez que as altas tempera-
O
turas do verão ficaram para trás; vegeta durante o resto do outono e
alho (Allium sativum) é originário da Ásia
do inverno, acumulando o estímulo de frio que necessitará para bul-
Central, mais provavelmente de uma re- bificar (é o sinal ambiental que marca a superação da estação fria do
gião compreendida entre Uzbequistão, ano); logo, até o final do inverno, conforme os dias se prolongam e as
Cazaquistão e Quirguistão, ao noroeste da cadeia temperaturas começam a se elevar, inicia-se o processo até a forma-
montanhosa de Tian Shan.Trata-se de uma zona de ção do bulbo, ao que já se dedica plenamente na primavera.
clima árido e de altura, com solos jovens (pouco Finalmente, o contínuo incremento da temperatura diária até
evoluídos), localizada aproximadamente aos 40º o fim da primavera dá o sinal da chegada do verão, época adversa para
de latitude norte. que continue seu crescimento. Assim, ele termina de formar o bulbo
Desde a antiguidade, o alho foi protagonis-
e se prepara para entrar em dormição (pré-dormência). Durante esta
ta dos intercâmbios comerciais entre os diversos última etapa, em que a planta está aparentemente em repouso, ocor-
povos do Oriente e Ocidente. Foi levado do seu rem trocas metabólicas e fisiológicas muito importantes, como a ma-
centro de origem, mais provavelmente na Ásia turação dos dentes como propágulos (estruturas vegetativas capazes
Central, até o Sul e Norte da Europa por um lado de reiniciar o crescimento da planta quando as condições ambientais
e até toda a Ásia por outro. Estas constantes tro-sejam outra vez propícias). É, portanto, uma etapa decisiva, pois a
cas de lugar o forçaram a se adaptar as condições planta consegue superar a estação adversa e se preparar para recome-
locais. É deste ponto que hoje se distinguem três çar o ciclo (pós-dormência), brotando novamente com a chegada do
grandes lugares de adaptação climática para a es- outono.
pécie: o Mediterrâneo, a Europa Continental e a
Ásia Continental.
A partir desses pontos, a produção de alho
foi se espalhando por quase todos os continentes Inverno - Primavera
(com exceção da Antártida), chegando a ser cul- Outono - Inverno
tivado do equador (0º de latitude) até os 60º de
latitude no hemisfério norte. Não obstante, seu crescimento
lugar de origem tem marcado fortemente a prefe- vegetativo
rência agroecológica da espécie, que por ter evo- bulbificação
bulbificaç
luído como tal em uma região árida e de latitudes
médias, necessita encontrar ambientes com con-
trastes térmicos bem marcados entre as estações pré
pré dormência
do ano, caracterizadas por invernos não muito ri- ç ão Primavera
gorosos e verões excessivamente quentes e secos. brota
Outono
É por esta razão que os cultivos que se pós dormência
desenvolvem nas latitudes baixas necessitam ser
cultivados em locais altos (vales elevados, onde dormência
o ambiente é mais fresco que junto ao mar). E é
Nosso Alho
“
com frio. supervivência, que “crê” no perigo por falta de água, ao
que se começa a
O cultivo de alho ocupar exclusi-
nobre no Cerra-
do e desafios Atender estes vamente de for-
mar sua estrutu-
tecnológicos
para o Brasil desafios permitirá ra de resistência
ao ambiente ad-
propor um controle
verso: o bulbo.
A região do Cerra- Uma vez supe-
do tem crescido ampla- rado o período
mente no cultivo de alhos
nobres nos últimos anos,
mais fino e ajustado crítico para o su-
perbrotamento,
e constitui um caso mui-
to interessante a se anali-
das práticas de culti- a planta já não
pode voltar a se
sar pelo êxito alcançado
na produção. Trata-se de vo (indução artificial, manifestar e o
plano de irriga-
uma região localizada em
latitudes baixas e a uma al- déficit hídrico) e do ção poderá ser
reiniciado sem
titude não muito grande,
pelo que exige a indução monitoramento do que o estresse
aplicado chegue
com frio artificial antes
da plantação para assegu- ambiente por parte a comprometer
seriamente o
dos técnicos e
rar que os alhos cheguem rendimento.
a formar o bulbo. Este mo-
Felizmente, desde delo de pro-
a emergência as plantas
pré-induzidas encontram
produtores. dução de alhos
nobres no Cer-
ali condições ideais para rado representa,
o crescimento vegetativo, a meu critério,
porque durante os últimos meses do outono e todos os um excelente exemplo do que a ecofisiologia vegetal e
do inverno as características do ambiente nessa região se a tecnologia agronômica podem alcançar em conjunto,
assemelham muito as da primavera de latitudes médias. transformando um ambiente completamente hostil para
Esta combinação de requisitos de frio feitos arti- este cultivo em uma das principais zonas produtoras do
ficialmente e temperaturas naturais ótimas para o cres- país, capaz de oferecer um produto de ótima qualidade ao
cimento vegetativo durante vários meses, resulta então, mercado. No entanto, muito do conhecimento por trás
muito favorável para a produção de alhos nobres. Contu- deste modelo de produção é só de base empírica e pode-
do, não deixam de ser condições estranhas, não naturais ria ser melhorado e formalizado.
Nosso Alho
para estas plantas, pelo que indefectivelmente elas res- Concretamente, surgem várias perguntas impor-
pondem disparando o superbrotamento. tantes, que poderiam ser respondidas para os produtores
Aqui aparece outro aspecto muito interessan- brasileiros tirarem o máximo possível de aproveito do
te deste modelo de produção no Cerrado, porque com modelo de produção do Cerrado. Estas perguntas pen-
excelente critério ecofisiológico os produtores obser- dentes apresentam uma série de desafios tecnológicos
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Nosso Alho 13
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PERÍODO CRÍTICO
O período crítico é a etapa do cultivo onde a com-
petitividade com as plantas daninhas causa a maior redução
dos rendimentos. Normalmente essa etapa coincide com o
período onde o alho requer maior quantidade de nutrien-
tes, água e luz para o seu desenvolvimento vegetativo e
reprodutivo.
A competitividade por água é muito importante e
ocasiona severas perdas. A competição de plantas daninhas
com o alho em relação aos nutrientes também é importan-
te, pois são capazes de extrair quantidades maiores que as
exigidas pela cultura. As plantas daninhas competem por
luz, obstaculizando a passagem dela até as plantas de alho
que a necessitam para a sua atividade fotossintética.
O período crítico, em geral, vai dos 25 até os 120
Foto 1 - desenvolvimento inicial lento dias para as variedades cultivadas em Santa Catarina. Nesse
período é imprescindível o controle de plantas daninhas,
DANOS CAUSADOS permitindo assim o bom desenvolvimento da cultura.
As plantas daninhas competem com o alho em Após os 120 dias, mesmo não trazendo mais prejuízos à
nutrientes, água e luz. Podem hospedar algumas pragas produção, a presença de plantas invasoras afeta significati-
e doenças e podem liberar toxinas que inibem o cresci- vamente a colheita. A dificuldade de laminação, a perda de
mento da cultura. As capinas mecânicas podem danifi- bulbos no arranquio, o maior uso de mão de obra obrigam
car as raízes, bulbos, trazendo prejuízos à produção. A o produtor a manter a lavoura livre de plantas daninhas até
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M ilhã, Picão preto, Leiteiro, Papuã, picão branco
carrapicho, Caruru, Capim arroz
Foto 3 - presença de plantas daninhas na colheita
========================>
OCORRÊNCIA DE GEADAS
Monocotiledôneas Monocotiledôneas
Azevém - Lolium multiflorum Lam., pastinho de inverno - Poa
annua L. a) Azevém (Lolium multiflorum)
Essa planta daninha ocorre em lavouras de alho que
Dicotiledôneas foram cultivadas com pastagens em anos anteriores. O aze-
Mentruz - Coronopus didymus (L) Smith, nabo, nabiça - Ra- vém vegeta muito bem no inverno e resiste as mais fortes
phanus sativus L., Raphanus raphanistrum L., erva de passa- geadas.
rinho - Stellaria media (L.) Vill., língua de vaca - Rumex Em áreas com pouca infestação o controle pode ser
sp., serralha - Sonchus oleraceus L., urtiga mansa - Stachys feito com a catação manual em cima do canteiro e a capina
arvensis L. com enxada nos entre canteiros.
O uso de herbicidas é recomendado em áreas com
PRIMAVERA / COLHEITA severa infestação de azevém, tanto em pré como em pós-
Monocotiledôneas emergência. Os produtos mais usados e que possuem re-
Milhã - Digitaria sanguinalis (L.) Scop, papuã - Brachiaria gistros para a cultura são o Oxadiazona (Ronstar 250BR),
plantaginea (Link) Hitchc., capim arroz - Echinocloa sp. pendimetalina (Herbadox 500g/l) em pré e o graminicida
Cletodim (Select 240EC) em pós. Há outros graminicidas
Dicotiledôneas que são usados pelos produtores, porém não possuem regis-
Picão preto - Bidens pilosa L., leiteiro - Euphorbia heterophylla tro para a cultura no Ministério da Agricultura.
L., guanxuma - Sida sp, carrapicho rasteiro - Acontospermun
australe (Loefl.) Kuntze, picão branco - Galinsoga
parviflora Cav., caruru - Amaranthus sp.
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Dicotiledôneas
Monocotiledôneas
Foto 12 - língua de
vaca no início do a) Milhã (Digitaria sanguinalis)
ciclo, no ponto É a planta daninha mais comum na cultura do alho
ideal de aplicação em Santa Catarina. Apresenta grande capacidade reprodu-
de herbicida pós. tiva, chegando produzir até 150.000 sementes por planta
adulta. O milhã começa a germinar bem e vegetar após o
período das geadas, já que é muito sensível as mesmas. É
uma planta daninha com raízes fasciculadas que se aprofun-
dam muito no solo que é fértil. A partir da quarta folha co-
e) Outras dicotiledôneas de inverno / primavera meça o perfilhamento. É uma planta altamente competitiva
A serralha (Sonchus oleraceus), ocorre em algumas e causa sérios prejuízos à produção.
áreas de cultivo de alho. Ela vegeta no período de inverno A presença do milhã por ocasião da colheita difi-
e é facilmente disseminada via semente. Uma planta pode culta a passagem da lâmina de colher, havendo perdas de
produzir até 100.000 sementes que permanecem viáveis até bulbos, com redução na produtividade e qualidade.
8 anos. Normalmente ocorre em manchas e seu controle O método de controle do milhã depende do grau
é feito manualmente e com capinas. O herbicida Totril em de infestação da lavoura. Em áreas pouco infestadas pode-
pós precoce é recomendado. se controlar mecanicamente e em áreas muito infestadas
podem-se usar herbicidas. Normalmente
usa-se graminicida em pós-emergência do
milhã a partir de meados de setembro até
a colheita, dependendo de cada caso. Em
início de setembro pode-se usar também
o herbicida de pré-emergência do mi-
lhã, pós do alho, o pendimentalina
Foto 13 - (Herbadox 500).
serralha após
a aplicação do
herbicidal.
Foto 14 - presença
do milhã a partir
de meados de
setembro é intensa
Foto 11 - erva em Santa Catarina.
passarinho
após uso totril
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Controle Mecânico
No controle mecânico, além das práticas
culturais de pré-plantio, faz-se a catação manual em
f) Caruru (Amaranthus sp) cima do canteiro, entre as plantas do alho. No entre
O caruru ocorre da primavera até a colheita. A canteiro faz-se a capina com enxada. Normalmente
reprodução é via semente, uma planta pode produzir até não se faz a capina com enxada em cima do can-
5.000, possuindo longa viabilidade no solo ( até 5 anos ). teiro, para evitar danos nas raízes, bulbos. Evita-se
O controle pode ser mecânico ou químico, confor- também revolver muito o solo.
me a infestação da área.
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Venda, locação e
instalação de
câmaras frias
Fone: (11) 2142-7373
TEcNOLOGIA
UNESP- Campus de Ilha Solteira-SP.
No ano de 2007, a produção nacional atingiu perto tou em média 62,25% do que foi consumido. Os principais
de 100 mil toneladas, que foi a maior do período. O auge fornecedores de alho para o Brasil são a Argentina e a China,
das importações foi no ano de 2008. A produção esperada que praticamente dividem o mercado nacional.
em 2009 significa um decréscimo de 3,67% em relação a Os preços do alho no Brasil comportaram-se da for-
2008. Nota-se também nesta tabela que as exportações são ma tabulada a seguir.
residuais, sendo o país importador líquido de alho. As im-
portações aumentaram durante o período, de 137 mil tone-
tabela 2: evolução dos preços médios reais do alho (r$/kg)
ladas em 2005 para 145 mil toneladas estimadas em 2009,
o que significa um aumento de 5,77%. O ano de 2008 foi Ceagesp
o de maior consumo aparente. Deve ser notado que não Anos Produtor
Nacional Argentino Chinês
se está trabalhando com estoques de passagem, apesar de
o alho poder ser armazenado para consumo posterior. Um 2005 4.84 5.76 6.10 5.46
aumento da produção e das importações além do que os 2006 4.27 5.98 6.77 5.29
consumidores possam absorver tem reflexos baixista nos 2007 3.61 5.11 6.51 4.84
preços – foi o que aconteceu no ano de 2008. Importante 2008 2.57 4.53 5.21 3.69
observar que o consumo per capita mantém-se estável, com
2009 2.58 4.67 4.88 3.68
a média de 1,156 kg por habitante/ano. Esta estabilidade
suscita a dúvida: estaria o consumidor no seu ponto de satu- Votalidade
Nosso Alho
ração? Se assim o for, o consumo aparente iria aumentar de 2005 32.1% 9.6% 17.0% 21.6%
acordo com o crescimento vegetativo da população. 2006 32.1% 19.7% 23.5% 31.7%
Na última coluna da tabela tem-se a relação percen- 2007 17.7% 17.3% 15.9% 19.8%
tual entre o consumo aparente e a importação: o país im-
2008 49.5% 33.1% 28.3% 18.7%
porta mais da metade do que consome. No período, impor-
2009 22.1% 6.0% 7.9% 6.3%
30
Gráfico : Evolução dos preços reais do alho na Ceagesp e recebidos pelo produtor Neste gráfico fica mais clara a tendência de
(R$/kg)
baixa geral nos preços do alho no Brasil e as dife-
9.00
renças de patamares de preços. Os picos e vales
8.00 das cotações do alho refletem-se na volatilidade de
7.00 preços. É de se esperar que os produtores tenham
9
6.00
5.00
mercado atacadista. De fato, sua volatilidade é mui-
4.00
to superior, conforme se nota na Tabela 2. A volati-
lidade média do período foi de 30,69%, enquanto a
do alho nacional na Ceagesp foi de 17,15%, do alho
3.00
2.00
argentino de 18,53% e do alho chinês de 19,63%,
1.00
isto é, próximas entre si.
A rentabilidade do produtor durante o perío-
5
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O alho no Sudeste é plantado em março, abril e cente do Sudeste, e já temos o alho do Sul no merca-
maio, com colheita em julho, agosto, setembro e ou- do.
tubro. Quando o Sul termina, em junho, há uma entre-
A venda dá-se da seguinte forma: a partir de ju- safra, já que a oferta de alho do sudeste em julho é mui-
lho com 5% do volume, passando para 15% em agosto, to pequena.
20% em setembro. Por isso sempre os picos de preços nessa época.
O Sul planta em final de maio, junho e julho com A medida que vamos em direção ao final de ano
colheita em novembro e dezembro. aumentam as ofertas do Cerrado (especialmente set/
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Agricultura e
um eq
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Agricultura Sustentável
A agricultura sustentável é
a agricultura que permite termos
o resultado do empreendimento
agrícola e ao mesmo tempo ga-
rantir que a safra e as gerações se-
guintes não sejam comprometidas
com as práticas atuais e isso pas-
sa pela conservação dos recursos
naturais. Ela oferece os resultados
que você precisa sem comprome- Impactos Ambientais
ter as relações com o meio. Essa é a agricultura que O ideal seria produzir orgânicos, pois não usam
buscamos fazer. Como toda atividade causa impacto agrotóxicos nem adubos químicos e é o que mais se
nós temos que estudar esses impactos e procurar as aproxima de uma harmonia perfeita entre a produção
formas de mitigá-los. e o bem estar, não só do meio-ambiente como também
da saúde humana. A questão aí é que o aparato tecno-
lógico atual ainda não permite resultados nas mesmas
proporções que a agricultura convencional. Por isso
mesmo a produção orgânica só é acessível a uma parte
da população, uma vez que não permite preços mais
Nosso Alho
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40
“
do meio ambiente a ser trabalhado”, entretanto
Rafael crê que esse limite é diferente do que crêem os
ambientalistas. O limite para ele seria “uma conjunção Uma conjunção de fatores,
de fatores, entre eles, capacidade de desenvolvimento entre eles, capacidade de desen-
e potencialidade de danos. Assim, ao passo que não se
pode desmatar a esmo, não se pode penalizar todo e
volvimento e potencialidade de
qualquer desmatamento, já que a produção agrícola, danos. Assim, ao passo que não
em si e por si só, não é fator de dano ambiental”. Verni se pode desmatar a esmo, não se
Wehrmann acredita que “exploração” é um termo ge-
nérico e que o assunto deve ser tratado do ponto de
pode penalizar todo e qualquer
vista da semântica. Ele entende que a gricultura corre- desmatamento, já que a produ-
ta não explora o meio ambiente, e ilustra: o Cerrado ção agrícola, em si e por si só, não
brasileiro é nutricionalmente pobre para as culturas,
e o uso da técnica agronômica correta permite que o é fator de dano ambiental.
solo se torne fértil de forma progressiva. Ele chama
isso de “exploração ao inverso”.
Rafael Corsino
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