Sei sulla pagina 1di 9

Ofidismo Marcelo Araújo

Ofidismo

Marcelo Araújo

INTRODUÇÃO
O acidente ofídico por se só não constitui uma identificação dos principais gêneros de
afecção vascular propriamente dita, mas por serpentes venenosas é mostrado a seguir
ter características comuns a outras (figura 1). Para uma consulta mais ampla sobre
angiopatias (edema, dor , flogose, impotência serpentes sugerimos consulta à publicações
funcional,etc.)1,2 resultar em desfechos especializadas.
comuns à especialidade (isquemia, necrose e Figura 1 - Fluxograma para identificação das
infecção)2,3,4 ou necessitar procedimentos serpentes venenosas da fauna brasileira
cirúrgicos corriqueiros (debridamentos e até
Fosseta Loreal
amputação)5 fazem com que a consulta vascular
seja se não indispensável, ao menos Ausente Presente
prudentemente indicada. Desta forma, a
familiarização com aspectos importantes Cauda Cauda
Cauda
com com
encontrados nestes casos, não deve ser Cauda com
anéis escamas
lisa chocal
arrepiad
abstraídos do aprendizado do cirurgião coloridos ho
as
vascular.
Os acidentes ofídicos são mais comuns do que Micrurus** Bothropus Lachesis Crotalus
aparentam e ocorrem amplamente em muitas
Não
regiões do globo terrestre.6 Dos vários tipos peçonhentas Peçonhentas
de serpente existentes no Brasil, destacam-se
as dos gêneros Bothrops, Lachesis e Crotalus, *As falsas corais podem apresentar o mesmo padrão de
coloração das corais verdadeiras, sendo distinguíveis pela
sendo o primeiro o de maior interesse paraa
ausência de dente inoculador (dentição opistóglifa).
especialidade e sobre as quais daremos maior
**Na Amazônia ocorrem corais verdadeiras desprovidas
atenção. As serpentes deste gênero são as de anéis vermelhos.
responsáveis por 90% dos acidentes no Nota. Extraído dos cadernos técnicos de Medicina
território nacional. Um fluxograma 7 para Veterinária da UFMG.

16/05/2003 Página 1 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Ofidismo Marcelo Araújo

Farmacologia do veneno ofídico A coagulação16-20 pode ser afetada nos


Muita controvérsia tem sido encontrada na acidentes ofídicos. O veneno tem uma ação
literatura sobre os venenos ofídicos. Isto se coagulante que dura alguns minutos. Esta ação
deve em parte, às diversas ações dos múltiplos no local da picada limita a absorção do veneno
componentes destes venenos.8 Corroborando pela coagulação local na lesão. São três os
este fato, observa-se a falta de padronização mecanismos básicos da ação pró-coagulante
nos trabalhos publicados e as diferentes dos venenos: ação sobre a pró-trombina, ação
características das serpentes que habitam sobre o fibrinogênio e ativação do fator X.8 A
locais diversos. Para que possamos entender as ação anticoagulante é mais freqüentemente
ações biológicas dos venenos, devemos encontrada e a monitorização do tempo de
conhecer as suas propriedades mais relevantes coagulação é um dos parâmetros utilizados na
– proteólise, efeitos sobre a coagulação, estimativa da gravidade do acidente ofídico.21
efeitos cardiovasculares e renais, e efeitos O mecanismo envolve três situações: ação
sobre o sistema nervoso.8,9,10 fibrinolítica, ativação enzimática do
plasminogênio e ativação da fosfolipase A2 .
A necrose tecidual é gerada pela atividade de
enzimas proteolíticas sendo responsáveis pelas As plaquetas22 são também afetadas podendo
alterações locais habitualmente encontradas ocorrer tanto adesão, a agregação e a
nos acidentes botrópicos e eventualmente desagregação. Plaquetopenia pode
laquéticos. Outras enzimas descritas são as ocorrer.13,16,19,23
proteinases incluindo a proteinase botrópica Este quadro pleomórfico decorre do fato de
A, 11 hialuronidase, L-aminoácido-oxidase, ófio- que os venenos podem conter diversas frações
L-aminoácido-oxidase, fosfolipase e fosfatse, 8 afetando a coagulação em várias etapas,
A colinesterase é encontrada em casos de variando seus efeitos na dependência da
envenenamento neurotóxico (elapídico). quantidade, local da inoculação (dentro do vaso
Os fenômenos cardiovasculares decorrem de pode ter conseqüência s mais graves). O efeito
alterações endoteliais provocadas pelos sobre a circulação pode ser sinérgico ou
venenos proteolíticos, seqüestro periférico de antagônico.8
líquido, liberação de bradicinina e outros O veneno ofídico provoca também alterações
polipeptídeos levando à inibição das enzimas no sistema imunológico.9
conversoras da angiotensina e outras
12
substância vasoativas podendo chegar ao
DIAGNÓSTICO
choque. Envenenamentos crotálicos e
O quadro clínico varia em função do gênero da
botrópicos produzem efeitos cardiovasculares
semelhantes.7 serpente. Venenos constituídos por diversas
substâncias determinam efeitos distintos.
A insuficiência renal aguda pode ser uma
Podem ser predominantemente de três tipos:7
complicação do envenenamento7,13,em especial
a) coagulante e necrosante – botrópico
crotálico, porém picadas de serpentes do
gênero bothrops, também podem fazê-lo.8 b) hemolítico e neurotóxico – laquésico
Necrose tubular aguda pode ocorrer por ação c) neurotóxico – elapídico e crotálico
direta do veneno associado ou não ao Os acidentes crotálico e elapídico não
vasoespasmo. Rabdomiólise14,15 e necrose provocam habitualmente alterações que
cortical bilateral em grandes envenenamentos necessitem a intervenção do cirurgião
também podem levar à insuficiência renal vascular. Os acidentes botrópico e laquésico
aguda.12 produzem quadro clínico semelhante.7 A
Os efeitos sobre o sistema nervoso podem intensidade dos sintomas e sinais dependem da
variar de parestesias até paralisia muscular e quantidade de veneno. O acidente laquésico é
morte.12 São freqüentes nos acidentes classificado apenas como moderado ou grave.
elapídicos e assim fogem ao escopo deste Muitas vezes, o diagnóstico clínico diferencial
capítulo.
16/05/2003 Página 2 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Ofidismo Marcelo Araújo

é feito apenas pelos sintomas vagais5 e até


choque, mais comuns ao acidente laquésico. A
repercussão poderá ser local e ou sistêmica
caracterizando a gravidade do acidente 7
(quadro 1).
Quadro 1 - Acidente botrópico: classificação
quanto à gravidade e soroterapia recomendada
Manifestações Leve Moderado Grave
Locais (dor, Ausentes ou Evidentes Intensas
edema, discretas
equimose)
Figura 2 – Fotografia mostrando discreto edema do 2º e
Sistêmicas Ausentes Ausentes Presentes 3º quirodáctilos direitos encontrados em um acidente
(hemorragia botrópico leve.
grave, choque,
anúria)
Tempo de Normal ou Normal ou Normal ou
coagulação alterado alterado alterado
TC*
Soroterapia 2a4 4a8 12
(número de
ampolas)
SAB/SABC/S
ABL
Via de intravenosa
administração
Extraído do Manual de Diagnóstico e Tratamento de
Acidentes por Animais Peçonhentos. MS/FNS. TC normal
até 10 min; TC prolongado: de 10 a 30 min.; TC =
incoagulável: maior que 30 min. Manifestações locais
intensas podem ser o único critério para classificação da
gravidade. SAB = soro antibotrópico/ SABC = soro
Figura 3 - Fotografia mostrando edema do e perna
antibotrópico-crotálico/ SABL = soro antibotrópico-
esquerda encontrados em um acidente botrópico
laquético
moderado.
Dor e edema local podem surgir em maior ou
menor grau. Nos casos leves, tais achados
podem ser quase imperceptíveis (figuras 2) ou
mais evidentes (figura 3). Alguns podem vir
acompanhados de lesões cutâneas como
flictenas (figura 4). Outros sinais locais são
equimoses, bolhas, isquemia, necrose e até
gangrena2,5,24 (Quadro 2). Algumas
manifestações sistêmicas encontradas são
náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão
arterial e mais raramente choque. Entretanto, Figura 4 – Fotografia mostrando flictenas em perna
as manifestações sistêmicas mais marcantes encontradas em um acidente ofídico moderado.
estão relacionadas às alterações da Quadro 2 - Sintomatologia e complicações mais
coagulação. Epistaxes, equimoses, freqüentes encontradas em 3.139 casos de
gengivorragias, hematêmese, hematúria e acidente botrópico atendidos no Hospital Vital
hemorragia uterina (em gestantes) podem Brasil.
ocorrer.7 As áreas mais comumente atingidas
Sintomatologia Complicações
pelas picadas são os pés e mãos.5,8
Dor 95,6% Necrose 16,5%
Edema 95,4% Abscesso 11,0%

16/05/2003 Página 3 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Ofidismo Marcelo Araújo

Equimose 56,1% Choque 0,7% parestesias, diminuição da temperatura,


Flictenas 13,8% Amputação 0,7% cianose, os pulsos podem estar ausentes e
défcit motor (figura 8). Numa série de 13
Morte 0,3%
casos de acidentes por B. moojenii, 28 medindo
entre 80 e 147 cm de comprimento, foi
Complicações relatado síndrome compartimental e infecção
Complicações sistêmicas como choque e em mais da metade dos casos. Isto portanto,
insuficiência renal aguda podem ocorrer.15 O só ocorreu com serpentes consideradas de
choque é raro e de patogênese multifatorial. grande tamanho. Sem dúvida é uma entidade
Coexistem mecanismos envolvendo liberação grave que deve ser prontamente identificada e
de substâncias vasoativas, perda de líquido tratada para evitar a perda do membro.
pela depleção volêmica da hemorragia e pela
retenção na área do edema.7,8 A ação direta de
substâncias do veneno nos rins, microtrombose
de capilares, desidratação, hipotensão arterial
ou choque são fatores que levam à
insuficiência renal aguda.25 Coagulação
intravascular disseminada é uma complicação
freqüentemente fatal.26
Complicações locais15,24 podem acompanhar a
evolução das lesões. Abscessos ocorrem em 10
a 20% das picadas (figura 5). Sejam em
decorrência de bactérias da boca da serpente,
da pele do acidentado ou de agentes
contaminantes colocados inadvertidamente
sobre o local da picada.7 As bactérias mais
encontradas são: Morganella morganii,
Providencia rettgeri, Providencia sp.,
Enterobacter sp., Escherichia coli,
Streptococcus do grupo D, Clostridium sp. e
Bacteroides sp.3,4
Trombose venosa e embolia pulmonar são
complicações raras. Quando ocorrem, parecem
decorrer da inoculação do veneno diretamente Figura 5 - Eritema e edema e edema na região medial do
pé direito encontrados em um acidente ofídico moderado.
na veia.26
A necrose é devida principalmente a ação das A gangrena2,5,15 pode ser a mais temida
enzimas proteolíticas e fatores como a complicação para a extremidade, sendo
isquemia provocada por lesão vascular, habitualmente resultante de acidentes graves
trombose arterial, infecção síndrome de com as complicações supramencionadas
compartimento e uso indevido de (figuras 9 e 10). Fatores prognósticos para
torniquetes7,24 que podem agravar a isquemia e amputação em decorrência do acidente
conseqüentemente estender a área de botrópico, foram descritos num estudo
necrose1 (figuras 6 e 7). envolvendo 3.139 pacientes.2 Nesta série
apenas 21 (0,67%) foram submetidos à
A síndrome de compartimento 27,28 é um
amputação. Foi encontrado uma relação
desfecho que pode ocorrer em casos graves,
significativa entre o mês e a hora do acidente,
como conseqüência da compressão neuro-
o tamanho da cobra, a região anatômica
vascular pelo edema e como resultante da
atingida, a ocorrência de sangramento
rabdomiólise.14,15 A extremidade afetada
sistêmico e falência renal. Os fatores de
apresenta edema volumoso, dor intensa,

16/05/2003 Página 4 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Ofidismo Marcelo Araújo

risco29 para amputação identificados foram: O hemograma geralmente revela leucocitose


pacientes picados no dedo entre 00:00 e com neutrofilia e desvio à esquerda. A
12:00h e ou cobras maiores que 60 cm de velocidade de hemossedimentação (VHS) pode
comprimento, que desenvolveram flictenas e estar elevada nas primeiras horas e pode
abscessos no local da picada, sangramento ocorrer plaquetopenia.13,16,19
sistêmico e ou falência renal foram mais O sumário de urina pode revelar hematúria,
comumente levados à amputação. Num outro proteinúria e leucocitúria.7
estudo feito no estado do Amazonas, 5 onde
praticamente metade dos acidentes ofídicos
pertenciam ao grupo laquésico – as maiores TRATAMENTO
serpentes da América – encontrou-se uma taxa O tratamento deve ser instituído o mais rápido
de amputação bem superior (10,5%). possível. Medidas de suporte geral incluem
manter elevado e estendido o membro
afetado, utilizar analgésicos, hidratação
procurando manter o débito urinário entre 30
a 40ml/h no adulto e de 1 a 2 ml/kg/h na
criança.7
Quando houver evidência de infecção,3 deve-se
instituir antibioticoterapia adequada. A
prevalência de bactérias gram-negativa s e
Figura 6 - Necrose extensa da perna esquerda decorrente
anaeróbios, permite a utilização do
de acidente laquético grave, vista lateral.
cloranfenicol como uma opção segura e de
baixo custo. Clindamicina e aminoglicosídeos4
podem ser empregados se houver necessidade
de uma terapia mais potente. Devido a
ocorrência de Streptococcus do grupo D, em
casos mais leves a ampicilina ou penicilina G
podem ser uma alternativa.
Pelo risco de contaminação, deve-se também
Figura 7 – Necrose extensa da perna esquerda decorrente
de acidente laquético grave, vista medial.
verificar o estado da vacinação para tétano.8
Embora alguns profissionais utilizem heparina
sistematicamente no tratamento dos acidentes
Exames complementares botrópicos, isto só se justifica em caso de
Os exames complementares a serem trombose venosa profunda26 comprovada por
solicitados são bastante si mples.7 O tempo de flebografia ou dúplex scan. A ação coagulante
coagulação (TC), que é de grande importância, é rápida, normalmente prevalecendo os efeitos
baixo custo e fácil realização, é útil para a anticoagulantes.7,30 O risco de trombose
elucidação diagnóstica e acompanhamento entretanto é maior quando há inoculação de
destes casos. O valor poderá estar normal (até grande quantidade de veneno diretamente
10 min), prolongado (entre 10 e 30 min) ou dentro da veia.30 O edema,1,18 às vezes
incoagulável (>30 min). Após a terapia com soro acentuado, costuma ser conseqüência da
anti-botrópico deve-se fazer o controle até a intensa atividade inflamatória e proteolítica do
sua normalização. Picadas de bothrops jovens, veneno5,8,27 e não de trombose venosa. Além
menores que 50 cm de comprimento podem disto, estudos revelam que a heparina é
ocasionar sangramento mais graves15 ou ser a incapaz de neutralizar a ação trombínica dos
incoagulabilidade sanguínea o único ponto de venenos ofídicos.31,32
relevância no diagnóstico.7 É interessante Tratamento específico
salientar, que o tempo de sangramento (TS)
A soroterapia específica ou com soro
não se altera.
polivalente é o ponto mais importante da

16/05/2003 Página 5 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Ofidismo Marcelo Araújo

tratamento7,14 (Quadro 1). Entretanto, o soro é


apenas um neutralizador do veneno, não
determinando a regeneração das hemácias, do
endotélio ou dos tecidos em geral, mas evita a
progressão destes fenômenos. Apenas as
alterações neurológicas podem regredir porque
não há lesão anatômica. Atualmente emprega-
se uma dose menor que no passado. Isto
deveu-se a estudos realizados com doses
menores que garantiram resultados Figura 10 – Gangrena do membro superior direito
decorrente de acidente ofídico grave, vista volar.
satisfatórios com doses menores e
conseqüentemente, menos efeitos adversos e
redução dos custos.33,34
Tratamento das complicações locais
A presença de edema maciço, dor intensa,
acentuada à palpação do compartimento
afetado, tensão muscular, cianose e redução ou
ausência de pulsos, podem compor o quadro de
síndrome compartimental.27,28 Deve-se – como
em qualquer quadro similar de origem vascular
– imediatamente proceder a realização da
Figura 11 – Fasciotomia tardia
fasciotomia descompressiva 27 (figura 11) para
evitar a ocorrência de lesões permanentes ou
ameaça à viabilidade da extremidade.
Entretanto, atenção especial deve ser dada às
condições de hemostasia. Transfusão de
sangue, plasma fresco ou crioprecipitado,
podem ser necessários.7

Figura 12 – Faciotomia com necrose superficial em criança.

Figura 8 – Compartimento com flictenas.

Figura 9 – Gangrena do membro superior direito


decorrente de acidente ofídico grave, vista dorsal.
Fugura 13 – Fasciotomia com necrose superficial em
criança.

16/05/2003 Página 6 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Ofidismo Marcelo Araújo

Nos casos de gangrena, deve-se proceder à


amputação de forma clássica. Gangrena
costuma ocorrer mais freqüentemente nas
picadas que atingem os dedos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O acidente ofídico é um desafio para a qual o
cirurgião vascular deve estar habilitado, haja
vista as implicações para o sistema circulatório
Figura 14 - Debridamento extenso no membro inferior e a coagulação. O fato de este evento ter uma
esquerdo, lesão mostrada na figura 7, vista medial. ampla distribuição geográfica no nosso país,
acometer principalmente as camadas sociais
mais baixas, em geral trabalhadores rurais que
nem sempre têm acesso a especialistas, e
habitualmente atingir as extremidades do
corpo, reforçam ainda esta necessidade. O
quadro clínico caracterizado por alterações
freqüentemente encontradas em outras
vasculopatias reveste -se de especial
importância no diagnóstico e terapia adequada.
Limitar o dano biológico com uma abordagem
Figura 15 - Debridamento extenso no membro inferior correta utilizando os conhecimentos já
esquerdo, lesão mostrada na figura 6, vista lateral. dominados pelo cirurgião vascular, depende
Se houver necrose, o tecido desvitalizado deve apenas de uma mínima familiarização com a
ser removido (figuras 14 e 15) da maneira etiopatogenia do acidente ofídico.
tradicional, assim como os abscessos devem
ser amplamente drenados.

REFERÊNCIAS
1. Amaral CF, Da Silva OA, Goody P, Miranda D. Renal 6. Cardoso JL, Fan HW, Franca FO, Jorge MT, Leite
cortical necrosis following Bothrops jararaca and B. RP, Nishioka SA, Avila A, Sano-Martins IS, Tomy
jararacussu snake bite. Toxicon 1985;23(6):877-85. SC, Santoro ML Randomized comparative trial of
2. Barravieira B. Venenos: aspectos clínicos e three antivenoms in the treatment of envenoming by
terapêuticos dos acidentes por animais peçonhentos. lance-headed vipers (Bothrops jararaca) in Sao
Rio de Janeiro: EPUB, 1999, 411p. Paulo, Brazil. Q J Med 1993;86(5):315-25.

3. Bauab FA, Junqueira GR, Corradini MC, Silveira PV, 7. Estrade G, Garnier D, Bernasconi F, Donatien Y.
Nishioka S de A Clinical and epidemiological aspects [Pulmonary embolism and disseminated intravascular
of the 'urutu' lance-headed viper (Bothrops coagulation after being bitten by a Bothrops
alternatus) bite in a Brazilian hospital. Trop Med lanceolatus snake. Apropos of a case]. Arch Mal
Parasitol 1994;45(3):243-5. Coeur Vaiss 1989;82(11):1903-5.

4. Borges CC, Sadahiro M, Santos MC. Aspectos 8. Jorge MT, Cardoso JL, Castro SC, Ribeiro L, Franca
epidemiológicos e clínicos dos acidentes ofídicos FO, de Almeida ME, Kamiguti AS, Santo-Martins IS,
ocorridos nos municípios do Estado do Amazonas / Santoro ML, Mancau JE. A randomized 'blinded'
Epidemiological and clincal aspects of snake comparison of two doses of antivenom in the
accidentes in the municipalities of the State of treatment of Bothrops envenoming in Sao Paulo,
Amazonas, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop Brazil. Trans R Soc Trop Med Hyg 995;89(1):111-4.
1999;32(6):637-46. 9. Jorge MT, Mendonça JS, Ribeiro LA, Silva ML,
5. Bozola AR, Marteleto LFN, Fernandes CD, Mata PF, Kusano EJ, Cordeiro CL. Bacterial flora of the oral
Poliselli C. Fasciotomia em acidente ofídico botrópico cavity, fangs and venom of Bothrops jararaca:
/ Fasciotomy in bothropic ophidic accident. J Bras possible source of infection at the site of bite].Rev
Med 1995; 69(1):158-65. Inst Med Trop Sao Paulo 1990;32(1):6 -10.
10. Jorge MT, Ribeiro LA [Effect of reduction in the
Bothrops antivenin dose administrated in patients

16/05/2003 Página 7 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Versão preliminar Ofidismo Marcelo Araújo

bitten by the Bothrops snake]. Rev Assoc Med Bras following an individual pattern. Comp Biochem Physiol
1994;40(1):59-62. B Biochem Mol Biol 1998;120(4):791-8.
11. Jorge MT, Ribeiro LA, da Silva ML, Kusano EJ, de 22. MVZ – UFMG. Serpentes Venenosas. Diagnóstico e
Mendonca JS. Microbiological studies of abscesses tratamento dos acidentes ofídicos. Cad Tec Med Vet
complicating Bothrops snakebite in humans: a UFMG, FEP-MVZ Editora. 1999;28, 66p.
prospective study. Toxicon 1994;32(6):743-8. 23. Myint-Lwin, Warrel DA, Phillips RE, Tin-Nu Swe,
12. Jorge MT, Ribeiro LA, O'Connell JL. Prognostic Tun-Pe, Maung-Maung-Lay. Bites by Russell's viper
factors for amputation in the case of envenoming by (Vipera russelli siamensis) in Burma: haemostatic,
snakes of the Bothrops genus (Viperidae). Ann Trop vascular, and renal disturbances and response to
Med Parasitol 1999;93(4):401-8. treatment. Lancet 1985;2(8467):1259-64.
13. Kamiguti AS, Cardoso JL, Theakston RD, Sano- 24. Queiroz LS, Santo Neto H, Assakura MT, Reichl AP,
Martins IS, Hutton RA, Rugman FP, Warrel DA, Hay Mandelbaum FR. Pathological changes in muscle
CR. Coagulopathy and haemorrahage in human victims caused by haemorrhagic and proteolytic factors
of Bothrops jararaca envenoming in Brazil. Toxicon from Bothrops jararaca snake venom. Toxicon
1991;29(8):961-72. 1985;23(2):341-5.
14. Kamiguti AS, Matsunaga S, Spir M, Sano-Martins 25. Reichl AP, Assakura MT, Mandelbaum FR. Biophysical
IS, Nahas L. Alterations of the blood coagulation properties and amino acid composition of Bothrops
system after accidental human inoculation by protease A, a proteolytic enzyme isolated from the
Bothrops jararaca venom. Braz J Med Biol Res venom of the snake Bothrops jararaca (jararaca).
1986;19(2):199-204. Toxicon 1983;21(3):421-7.
15. Kamiguti AS, Theakston RD, Desmond H, Hutton RA. 26. Ribeiro LA, Jorge MT, Iversson LB. [Epidemiology of
Systemic haemorrhage in rats induced by a accidents due to bites of poisonous snakes: a study
haemorrhagic fraction from Bothrops jararaca of cases attended in 1988]. Rev Saude Publica
venom. Toxicon 1991;29(9):1097-105. 1995;29(5):380-8.
16. Kouyoumdjian JA, Polizelli C. [Snake bites by 27. Ribeiro LA, Jorge MT. [Bites by snakes in the genus
Bothrops moojeni: correlation of the clinical picture Bothrops: a series of 3,139 cases]. Rev Soc Bras
with the snake size]. Rev Inst Med Trop Sao Paulo Med Trop 1997;30(6):475-80.
1989;31(2):84-90. 28. Ribeiro LA, Jorge MT. [Changes in blood coagulation
17. Magalhäes RA, Ribeiro MMF, Rezende NA, Amaral time in patients bitten by young and adult Bothrops
CFS. Rabdomiólise secundária a acidente ofídico jararaca snakes]. Rev Hosp Clin Fac Med Sao Paulo
crotálica (Crotalus durissus terrificus) / 1989;44(4):143-5.
Rhabdomyolysis following Crotalus durissus 29. Ribeiro LA, Jorge MT. [Epidemiology and clinical
terrificus snake bite. Rev Inst Med Trop Säo Paulo picture of accidents by adult and young snakes
1986;28(4):228-33. Bothrops jararaca]. Rev Inst Med Trop Sao Paulo
18. Manual de Diagnóstico e tratamento de acidentes 1990;32(6):436-42.
por animais peçonhentos. Fundação Nacional de 30. Rugman FP, Warrell DA, Hay CR Coagulopathy and
Saúde. Ed. COMED/ASPLAN/FNS. 1988, 131p. haemorrhage in human victims of Bothrops jararaca
19. Maruyama M, Kamiguti AS, Cardoso JL, Sano- envenoming in Brazil. Toxicon 1991;29(8):961-72.
Martins IS, Chudzinski AM, Santoro ML, Morena P, 31. Sano-Martins IS, Fan HW, Castro SC, Tomy SC,
Tomy SC, Antonio LC, Mihara H. Studies on blood Franca FO, Jorge MT, Kamiguti AS, Warrell DA,
coagulation and fibrinolysis in patients bitten by Theakston RD. Reliability of the simple 20 minute
Bothrops jararaca (jararaca). Thromb Haemost whole blood clotting test (WBCT20) as an indicator
1990;63(3):449-53. of low plasma fibrinogen concentration in patients
20. Milani Junior R, Jorge MT, de Campos FP, Martins envenomed by Bothrops snakes. Butantan Institute
FP, Bousso A, Cardoso JL, Ribeiro LA, Fan HW, Antivenom Study Group. Toxicon 1994
Franca FO, Sano-Martins IS, Cardoso D, Ide Sep;32(9):1045-50.
Fernandez C, Fernandes JC, Aldred VL, Sandoval 32. Sano-Martins IS, Santoro ML, Castro SC, Fan HW,
MP, Puorto G, Theakston RD, Warrell DA. Snake Cardoso JL, Theakston RD. Platelet aggregation in
bites by the jararacucu (Bothrops jararacussu): patients bitten by the Brazilian snake Bothrops
clinicopathological studies of 29 proven cases in Sao jararaca. Thromb Res 1997;87(2):183-95.
Paulo State, Brazil. QJM 1997;90(5):323-34.
33. Silveira PF, Schiripa LN, Carmona E, Picarelli ZP.
21. Monteiro RQ, Dutra DL, Machado OL, Carlini CR, Circulating vasotocin in the snake Bothrops jararaca.
Guimaraes JA, Bon C, Zingali RB. Bothrops jararaca Comp Biochem Physiol Comp Physiol 1992;103(1):59-
snakes produce several bothrojaracin isoforms 64.

Versão prévia publicada:


Nenhuma
Conflito de interesse:
Nenhum declarado.

16/05/2003 Página 8 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro
Versão preliminar Ofidismo Marcelo Araújo

Fontes de fomento:
Nenhuma declarada.
Data da última modificação:
10 de outubro de 2000.
Como citar este capítulo:
Araújo M. Ofidismo. In: Pitta GBB,
Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular:
guia ilustrado. Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003.
Disponivel em: URL: http://www.lava.med.br/livro
Sobre o autor:

Marcelo Araújo
Professor Assistente, Mestre, do Departamento de Saúde da
Universidade Estadual de Santa Cruz,
Ilhéus, Brasil
Endereço para correspondência:
Rua Rui Barbosa 376/801
45600-901 Itabuna, BA
Fone: +73 214 2200
Correio eletrônico: marcelo_araujo_@hotmail.com

16/05/2003 Página 9 de 9
Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: UNCISAL/ECMAL & LAVA; 2003. Disponível em: URL: http://www. lava.med.br/livro

Potrebbero piacerti anche