Sei sulla pagina 1di 72

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

ALINE DEISE WAPPLER

PRODUTOS INFORMATIVOS AUDIOVISUAIS PARA A WEB: UM ESTUDO DE


ELEMENTOS DE INOVAÇÃO NO ENXAME.TV

SANTA MARIA
2009
ALINE DEISE WAPPLER

PRODUTOS INFORMATIVOS AUDIOVISUAIS PARA A WEB: UM ESTUDO DE


ELEMENTOS DE INOVAÇÃO NO ENXAME.TV

Monografia apresentada junto ao Curso de


Comunicação Social da Universidade Federal de
Santa Maria como requisito parcial à obtenção do
título de Bacharel.

Orientador: Luciana Mielniczuk

Santa Maria
2009
ALINE DEISE WAPPLER

PRODUTOS INFORMATIVOS AUDIOVISUAIS PARA A WEB: UM ESTUDO DE


ELEMENTOS DE INOVAÇÃO NO ENXAME.TV

Monografia apresentada junto ao Curso de


Comunicação Social da Universidade Federal de
Santa Maria como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel.

Orientador: Luciana Mielniczuk

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________________
Mestre Luciano Mattana (UFSM)
Professor Universidade Federal de Santa Maria

_________________________________________
Doutoranda Carine Felkl Prevedello (Unisinos)
Diretora de Programas da TV Campus/ Universidade Federal de Santa Maria

Santa Maria, 04 de dezembro de 2009


RESUMO

Este estudo propõe a observação de dois modelos de produtos audiovisuais na web, o


Terra TV e o enxame.tv, buscando observar a presença de inovações. Inicialmente,
abordamos os principais conceitos utilizados na área, adotando a terminologia webjornalismo
audiovisual para designar o material jornalístico audiovisual feito para a web. A partir disso,
faz-se um paralelo evolutivo entre webjornalismo e telejornalismo, meios cujas similaridades
levam a observar que o dispositivo contribui na produção do conteúdo, seja a televisão ou a
web. Considerando os modelos Terra TV e enxame.tv, temos dois produtos com propostas
diferentes, embora ambos tenham nascido diretamente para a web. O Terra TV, como um
veículo consolidado no mercado de massa, produz conteúdo dentro do considerado
tradicional. O enxame.tv, recente na web, vem conquistando audiência de nichos de mercado
ainda pouco explorados através da produção de videopodcast e se caracteriza como um
produto informativo audiovisual para a web que apresenta inovações relativas a um produto
desenvolvido para este meio.

Palavras-chave: audiovisual; webjornalismo; internet.


ABSTRACT

This study intend the observation of two audiovisual products' models on the web,
Terra TV and enxame.tv, to observe the innovations. At first, we focus the main concepts
used in the area, adopting the terminology audiovisual webjournalism to describe the
journalistic audiovisual material made for the web. From this, it is made a parallel evolution
between webjornalism and television journalism, medias whose similarities lead to note the
device helps in the production of the content, the television or the web. Considering the
models Terra.TV and enxame.tv, we have two products with different proposal, although
both were born directly for the web. The Terra TV, as a consolidated mass market vehicle,
produces content within the considered traditional. The enxame.tv, recently on the web, is
conquering audience in markets niche not yet explored by producing videopodcast and is
characterized as an audiovisual product information to the web presenting innovations in a
product developed for this medium.

Keywords: audiovisual; webjornalismo; internet.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................06

1 WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL.............................................................................09
1.1 WEBJORNALISMO E TELEJORNALISMO: FASES E EVOLUÇÕES.................10
1.2 PAPEL DO DISPOSITIVO.............................................................................................15
1.3 CARACTERÍSTICAS DO WEBJORNALISMO.........................................................18

2 TERRA TV E ENXAME.TV: HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS............................21


2.1 TERRA TV........................................................................................................................21
2.2 EXAME.TV.......................................................................................................................27

3 OBSERVAÇÃO DOS MODELOS TERRA TV E ENXAME.TV..................................36


3.1 AMOSTRAGEM E CRITÉRIOS DE ANÁLISE..........................................................36
3.2 DADOS OBTIDOS DA OBSERVAÇÃO.......................................................................39
3.3 INOVAÇÕES....................................................................................................................43
3.4 O PAPEL DO DISPOSITIVO DA WEB........................................................................44

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................46

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................48

APÊNDICES............................................................................................................................50

ANEXOS..................................................................................................................................68
6

INTRODUÇÃO

A partir da metade da década de 1990, gradualmente os formatos de mídia tradicionais


começam a operar na rede mundial de computadores (World Wide Web), ao mesmo tempo
em que a própria web vai se popularizando entre os usuários no Brasil. Esse processo é lento,
por isso, inicialmente os meios anteriores (rádio, jornal) passam para o ambiente da WWW
como uma mera transposição. Com a televisão não é diferente, pois passa a ser exibida na
internet exatamente com o mesmo formato e conteúdo a que o telespectador tinha acesso na
TV.
Durante o processo de transição da televisão para a web, aos poucos começam a surgir
produtos audiovisuais feitos especificamente para serem veiculados na rede. Esses produtos
podem estar ligados a empresas tradicionais que desejam ganhar espaço em um meio ainda
pouco explorado, mantendo o mesmo padrão da TV e inseridos na lógica dos meios de
referência. Um exemplo é o Terra TV, canal integrante do portal Terra. Trata-se de uma web
TV que surgiu direto na web, com uma equipe exclusiva para produzir o conteúdo que é
postado no portal. O Terra TV não se constitui na extensão de uma mídia televisiva, mas
ainda assim é uma mídia de referência, pois é um meio que possui o modo de funcionamento
e a credibilidade característica de uma grande empresa.
Por outro lado, podem ser produtos desvinculados de qualquer empresa de referência
no mercado, como o site enxame.tv, que tem uma proposta diferente das mídias de referência,
embora também tenha nascido direto e somente na web. Isso porque o enxame.tv é um meio
em que o vídeo na web é pensado sob outra lógica que não a do mercado de massa, o site
explora nichos de audiência, o que faz dele um veículo potencialmente inovador.
Assim, investigaremos como os programas informativos desenvolvidos para um site
de nicho, produzidos para um público segmentado e despreocupado com formatos de
apresentação convencionais, o enxame.tv, se diferenciam de outros programas desenvolvidos
para um portal de massa, com padrão de apresentação de telejornal de televisão, o Terra TV.
O que permite que esses diferentes padrões de web TVs coexistam na WWW é a
facilidade e infinidade de recursos proporcionados pela internet, como a capacidade ilimitada
de armazenamento de dados e a velocidade de banda larga, que facilitam a inserção de
conteúdos audiovisuais variados na web. Os produtos audiovisuais não tradicionais surgem e
ganham espaço independentemente daqueles tradicionais já consolidados no mercado.
Tornou-se viável criar produtos pensados para segmentos pouco numerosos e específicos,
7

algo impensável na lógica dos produtos de massa, o que pode contribuir com novidades
importantes para as produções audiovisuais para a web.
Queremos investigar quais são essas inovações. O enxame.tv intitula-se um site de
programas audiovisuais não convencional para a web, em que cada programa é voltado para
um público específico. A ideia deste trabalho é observar e mostrar as inovações presentes no
enxame.tv que não aparecem em TVs tradicionais na web.
Consideramos que o estudo da produção audiovisual na internet hoje poderá indicar as
evoluções que estão surgindo, o que há de novidade, quais as diferenças entre os modelos
tradicionais e os ditos não tradicionais, as mudanças nas características desses produtos. Por
isso, este estudo faz uma observação de dois formatos diferentes, feitos para públicos
diferentes, no entanto coexistentes na web. Acreditamos que o audiovisual vem ganhando
espaço na web, o que favorece um volume crescente de novos produtos buscando conquistar
audiência. O advento do webjornalismo trouxe oportunidade para o ingresso de produtos
webjornalísticos audiovisuais e, aos poucos, surge mercado para os conteúdos informativos
audiovisuais na web. Com isso, esses novos produtos entram no mercado web na tentativa de
explorar o meio e as potencialidades que oferece, o que é bom para o meio, que se desenvolve
com as inovações trazidas por esses produtos.
Para atingir os objetivos deste trabalho, faremos uma observação de dois sites de conteúdo
informativo audiovisual para a internet. Com o objetivo de apontar inovações trazidas pelo
enxame.tv, um site de conteúdo informativo audiovisual para a web, faremos um paralelo
com o Terra TV, um site de conteúdo jornalístico audiovisual para a web. Salientamos que a
finalidade deste estudo não é realizar um estudo comparativo entre os dois modelos, uma vez
que cada um possui aspectos marcantes em suas propostas (o Terra TV tradicional e feito
para massas de audiência e o enxame.tv desvinculado da ideia que rege os meios
convencionais e feito para nichos). Apenas pretende-se, a partir da observação de dois
modelos característicos, apontar elementos de inovação em um deles, o enxame.tv, já que o
mesmo nasce com o intuito de trazer inovações para as produções audiovisuais na web.
O Terra TV é um site jornalístico de notícias. Já o enxame.tv não se configura como um
site jornalístico, e sim um site de informação. Apesar disso, consideramos que as inovações
trazidas por esse modelo são importantes para a construção de uma modalidade de produção
paralela ao webjornalismo audiovisual, que são os produtos informativos audiovisuais para a
web, uma vez que os produtos jornalísticos também são informativos e podem absorver as
inovações propostas em audiovisuais produzidos para a web de caráter não jornalístico.
8

Com o objetivo de comparar as especificidades e novidades presentes no enxame.tv


enquanto um formato de nicho inovador em conteúdo audiovisual para a web, com o canal
Terra TV , enquanto um modelo de massa que produz conteúdo audiovisual em formato
tradicional para a web, faremos:
1) A descrição dos dois modelos e de seus estágios.
2) Sistematização das características do webjornalismo, pois é ele que nos dá suporte
para falar sobre o conteúdo informativo audiovisual para a web.
3) Apresentação do Terra TV: história e características.
4) Apresentação do enxame.tv: história e características.
5) Uma comparação entre os formatos do Terra TV e do enxame.tv. O formato
tradicional do Terra TV é o parâmetro de comparação para apontar o que o enxame.tv
apresenta de inovações.
6) A identificação dos elementos de inovação no enxame.tv.
Assim, no primeiro capítulo sistematizaremos o conceito de webjornalismo
audiovisual, o conceito de dispositivo e as características do webjornalismo, levantando
similaridades entre etapas evolutivas do webjornalismo e do telejornalismo.
No segundo capítulo, levantaremos o histórico das duas web TVs, primeiramente
falamos sobre o Terra TV para então chegarmos ao enxame.tv, como uma linha evolutiva em
direção de inovações. Neste ponto, apresentamos o conceito de cauda longa, de Anderson
(2006), para compreendermos como é a lógica de funcionamento do enxame.tv.
No terceiro capítulo, explicamos como será feita a observação dos modelos, além da
amostragem escolhida e os critérios de observação. A partir do levantamento dos dados
obtidos da comparação entre Terra TV e enxame.tv, também buscamos levantar as inovações
presentes no enxame.tv e o papel do dispositivo da web nesses mudanças.
Ao final, apresentamos as conclusões deste trabalho, que nos permite observar a
presença de inovações no modelo enxame.tv, conforme a proposta do site. Ainda não
podemos falar em divisor de águas, mas já se pode afirmar que começam a ser delineadas
algumas rupturas dentro da produção audiovisual para a web, apesar de ainda haver muito a
ser potencializado.
9

1 WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL

Desde o surgimento de um novo modelo de jornalismo feito para a internet, há mais de


dez anos, os autores discutem sobre a nomenclatura ideal para designá-lo, sem chegar a um
consenso. Mielniczuk (2003) observa que a maior parte dos autores brasileiros adota os
termos jornalismo online ou jornalismo digital, seguindo a linha dos norte-americanos.
A autora faz um resumo definindo as quatro principais terminologias utilizadas para
remeter ao jornalismo na internet. São usados termos como o jornalismo online que “é
desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo real”,
jornalismo digital ou jornalismo multimídia que “emprega tecnologia digital, todo e qualquer
procedimento que implica no tratamento de dados em forma de bits”, jornalismo eletrônico
que se “utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos” e ciberjornalismo que “envolve
tecnologias que utilizam o ciberespaço” (MIELNICZUK, 2003, p. 27). No entanto,
Mielniczuk considera apropriada a expressão webjornalismo, pois “refere-se a uma parte
específica da internet, que disponibiliza interfaces gráficas de uma forma bastante amigável”
(2003, p. 26).
Ao trazermos conteúdos audiovisuais para o webjornalismo, também surgem
divergências em torno da nomenclatura. Para designar o jornalismo audiovisual feito para a
internet, Brasil (2002), criador da TV UERJ, primeira TV Universitária online do Brasil,
escolheu a terminologia telejornalismo online por acreditar que a menção à televisão facilita a
compreensão da maioria das pessoas que cresceram tendo a TV como meio de referência.

Ainda trabalhamos de forma isolada, e nossas referências são os meios de


comunicação de massa já existentes, como o jornal, o rádio e a televisão. Logo,
adaptamos ‘termos’ como webjornalismo, webcasting, em contraposição ao
broadcasting da TV ou jornalismo na web. Por enquanto, já que estamos num
período de transição, prefiro trabalhar com ‘telejornalismo online’ (BRASIL, 2002,
p. 333).

Já Leila Nogueira (2005) pondera que o termo telejornalismo online não seria
adequado para designar o conteúdo jornalístico audiovisual feito para a internet já que, ao
10

mencionar a palavra telejornalismo, remete-se ao conteúdo feito para a televisão, e não para a
web. Por isso, a autora considera adequado adicionar ao termo webjornalismo a palavra
audiovisual para designar o jornalismo audiovisual praticado na web, chegando assim à
terminologia webjornalismo audiovisual

para identificar a atividade que utiliza formatos de notícias com imagem em


movimento e som enquanto elementos constitutivos do produto disponibilizado nos
bancos de dados da web. O conceito envolve ainda a atividade jornalística que é
veiculada apenas através deste suporte. É importante lembrar, também, que o
webjornalismo incorpora os usuários na produção dos conteúdos e é, por natureza,
multimidiático (NOGUEIRA, 2005, p.13).

Assim, acreditando que a nomenclatura webjornalismo audiovisual remete de forma


clara ao conteúdo jornalístico audiovisual feito para a web, adotaremos aqui a referida
nomenclatura utilizada por Nogueira (2005).

1.1 WEBJORNALISMO E TELEJORNALISMO: FASES E EVOLUÇÕES

Nogueira (2005) acredita que há correspondência entre o webjornalismo audiovisual e o


telejornalismo. Para entendermos, devemos observar as três principais características do
telejornalismo apontadas por Mattos (1990), que são: periodicidade, simultaneidade e
instantaneidade. Para Nogueira (2005), o que muda é apenas a forma como cada uma das
características vai se relacionar com o meio, seja a televisão, seja a web.
Conforme Mattos (1990), a primeira fase do telejornalismo é a fase da periodicidade e
é marcada

No início da década de 60 a televisão recebeu um grande impulso com a


chegada do videotape. O uso do VT possibilitou não somente as novelas diárias
como também a implantação de uma estratégia de programação horizontal. A
veiculação de um mesmo programa em vários dias da semana criou o hábito de
assistir televisão, rotineiramente prendendo a atenção do telespectador e
substituindo o tipo de programação em voga até então, de caráter vertical, com
programas diferentes todos os dias (MATTOS, 1990, p.12-13).

Com a segunda fase do telejornalismo, soma-se periodicidade e simultaneidade

O período de 1964 a 1975, que corresponde à segunda etapa de


desenvolvimento da televisão, caracteriza-se como sendo a fase em que esta,
deixando de lado o clima de improvisação dos anos cinquenta, adota os padrões de
administração norte-americanos e torna-se cada vez mais profissional. A
implantação, na primeira metade da década de setenta, de um esquema empresarial
11

industrial melhor estruturado, facilitou o surgimento dos grandes ídolos, adorados


por milhares de telespectadores. [...] A terceira fase caracteriza-se [...] pela
padronização da programação televisiva em todo o país e pela solidificação do
conceito de rede de televisão no Brasil (MATTOS, 1990, p. 14-15).

E então, chega a terceira fase do telejornalismo brasileiro, marcada pela soma entre
periodicidade, simultaneidade e instantaneidade

Nesta fase a televisão vem alcançando uma maior maturidade técnica e


empresarial e tem lançado mão de sua própria produção anterior, reprisando seus
sucessos para preencher horários, antes ocupados por ‘enlatados’ estrangeiros. (...)
Em resumo, pode-se afirmar que na última década do século passado a nossa
televisão sofreu novas transformações, com a TV por assinatura exercendo um
papel decisivo na mudança do perfil deste veículo. (...) A convergência entre
Internet e televisão está aos poucos se tornando uma realidade. Em pouco tempo, a
telinha que estamos acostumados a ver todas as noites terá um formato diferente:
ela será de plasma, pendurada na parede como se fosse um quadro. Será totalmente
digital, sujeita à nossa edição de transmissões e ângulos de filmagem. A televisão
será cada vez mais segmentada, com programações voltadas a grupos étnicos,
associações, jovens, velhos (MATTOS, 1990, p. 20-21).

Quando a televisão ingressa em um novo suporte, ou seja, quando passa a ser


transmitida também através da web, surge um novo modelo de jornalismo na internet.
Nogueira considera que, “quando o jornalismo audiovisual chega à internet, a tendência é a de
que, com o tempo, passe a se estruturar de forma diferente da que apresentava na televisão”
(NOGUEIRA, 2005, p. 25). No entanto, é um processo lento e gradual, por isso os primeiros
passos do jornalismo audiovisual na internet replicam o jornalismo praticado na televisão, ou
seja, o telejornalismo foi servindo de base para a construção do jornalismo audiovisual da
web, até que novos formatos possam surgir inteiramente para a WWW.
Para compreender esse processo, Fidler (1997) observa que as mudanças sofridas pelo
antigo meio vão moldando o novo meio que surge. Quando o novo meio forma uma
identidade própria, o antigo meio geralmente não morre, mas continua a se desenvolver e
adaptar, fenômeno que o autor define como midiamorfose.
O processo de midiamorfose é uma “transformação dos meios de comunicação,
geralmente provocada por uma complexa interação entre necessidades percebidas, pressões
1
políticas e da própria concorrência, com as inovações sociais e tecnológicas” (FIDLER,
1997, p. 22-23, tradução nossa). A competição entre os meios por si só gera uma necessidade
de adaptação para a permanência no mercado. Cada vez que surge uma nova tecnologia
oferecendo novidades ao usuário, tanto os meios antigos como o novo meio precisam moldar-

1
The transformation of communication media, usually brought about by the complex interplay of perceived
needs, competitive and political pressures, and social and technological innovations.
12

se, os antigos precisam sobreviver e o novo meio precisa conquistar o seu espaço. O autor
observa ainda que

Mediamorfose é mais uma maneira unificada de refletir sobre a evolução


tecnológica dos meios de comunicação do que uma teoria. Em vez de estudar
separadamente cada forma, a midiamorfose nos incentiva a examinar todas as
formas como membros de um sistema interdependente, e observar as semelhanças e
relações que existem entre o passado, o presente e as formas emergentes. Ao
estudarmos o sistema comunicacional como um todo, veremos que os novos meio
não surgem espontânea e independentemente – eles emergem gradualmente a partir
da metamorfose do antigo meio (FIDLER, 1997, p. 23, tradução nossa).2

O princípio-chave da midiamorfose está em adaptar-se ou morrer. O autor explica que,


quando a televisão surge, rapidamente a audiência do rádio declina, o que leva os analistas a
preverem a morte do meio. Mas o rádio não morreu, e sim se adaptou adotando novas
tecnologias e estratégias de marketing para sobreviver. Da mesma forma, a televisão não
morre quando surge a internet. Esse processo de transformação surge a partir de três
conceitos, como explica Fidler:

Isso também ilustra um importante corolário para o princípio da


metamorfose: meios de comunicação estabelecidos devem mudar em resposta à
emergência de um novo meio – a outra opção é morrer. O princípio da
metamorfose, assim como diversos outros princípios-chave da midiamorfose,
deriva de três conceitos: co-evolução, convergência e complexidade (FIDLER,
1997, p. 23, tradução nossa). 3

Esse processo de transição da televisão para a web pode ser analisado


comparativamente. Ao mapearmos as gerações que delimitam a evolução do webjornalismo e
compará-las com as fases do telejornalismo, podemos inferir que o webjornalismo audiovisual
segue a mesma lógica evolutiva da televisão, desenvolvendo-se gradualmente.
Conforme a divisão de Mielniczuk (2003), o webjornalismo apresenta três gerações,
são elas: a mera transposição de conteúdo, a fase da metáfora e a produção de conteúdo
específico para o meio.

2
Mediamorphosis is not so much a theory as it is a unified way of thinking about the technological evolution of
communication media. Instead of studying each form separately, it encourages us to examine all forms as
members of an interdependent system, and to note the similarities and relationships that exist among past,
present, and emerging forms. By studying the communication system as a whole, we will see that new media do
not arise spontaneously and independently – they emerge gradually from the metamorphosis of old media.
3
This also illustrates an important corollary to the metamorphosis principie: Established forms of
Communications media must change in response to the emergence of a new medium – their only other key
principles of mediamorphosis, derive from three Concepts – coevolotion, convergence, and complexity.
13

A primeira geração é uma fase de mera transposição do jornal impresso para a


internet, “simplesmente cópias do conteúdo de jornais existentes no papel, só que para a web
[...] o que era chamado então de ‘jornal online’, na web, não passava da transposição de uma
ou duas das principais matérias de algumas editorias” (MIELNICZUK, 2003, p. 32-33). Nessa
fase, não há interesse em apresentar o conteúdo de forma diferenciada, mas apenas é feita a
ocupação do espaço na web, sem explorar as suas características.
Na segunda geração, o webjornalismo ainda apresenta-se atrelado ao jornal impresso,
no entanto, começando a explorar as potencialidades específicas da web, como a utilização
dos links, hipertexto e do e-mail para contato entre leitores e jornalista. Também surge a seção
de ‘últimas notícias’. Essa geração ficou conhecida como a ‘fase da metáfora’.
Já a terceira geração do webjornalismo apresenta produtos jornalísticos que buscam,
efetivamente, explorar as potencialidades da web. Surgem recursos em multimídia para
enriquecer a narrativa, como sons e imagens. Interatividade, com chats, enquetes e fóruns de
discussão. Opções para configurar o produto de acordo o interesse do leitor. Uso do hipertexto
na narrativa dos fatos, e não simplesmente para organizar as informações.
É na terceira geração do webjornalismo, portanto, que surgem produtos jornalísticos
feitos diretamente para a web, e é nesta fase que se abre espaço para a produção de conteúdo
webjornalístico audiovisual. O mesmo aconteceu com o telejornalismo, conforme as três fases
evolutivas apontadas por Mattos (1990): a primeira fase do telejornalismo é marcada pela
periodicidade, a segunda é caracterizada pelo somatório de duas características, a
periodicidade e a simultaneidade e, por fim, a terceira fase do telejornalismo brasileiro é
marcada pela soma da periodicidade, simultaneidade e instantaneidade, período em que a
produção televisiva atinge seu auge com a convergência das três principais características do
meio.
Na terceira fase evolutiva do webjornalismo, portanto, é que vai desenvolver-se o
webjornalismo audiovisual, uma fase da convergência entre a internet e a televisão, o que
permitiu que o dispositivo da web pudesse imprimir marcas na produção de conteúdo feito
especificamente para este meio. Esses novos conteúdos audiovisuais exclusivos para a
internet foram chamados de web TVs. No quadro a seguir, veja a correspondência entre as
fases evolutivas do telejornalismo e do webjornalismo:
14

Modalidade Telejornalismo Webjornalismo

Fases
1ª fase Periodicidade Transposição do conteúdo.
2ª fase Periodicidade + Fase da metáfora (primeiras
Simultaneidade manifestações de explorar as
características do meio, aparece
a interatividade).
3ª fase Periodicidade + Material exclusivo para a web.
Simultaneidade + Fase do webjornalismo e do
Instantaneidade surgimento do webjornalismo
audiovisual.
Quadro 1: Correspondência entre as fases evolutivas do telejornalismo e do webjornalismo.

Mapeadas as fases do webjornalismo e do telejornalismo é facilmente observável a


relação entre o processo de desenvolvimento dos dois meios. Conforme o processo de
midiamorfose, hoje televisão e webjornalismo audiovisual podem conviver sem prejuízos para
um ou outro. Basta que cada meio pense seus produtos para o público que deseja atingir,
buscando alternativas para sobreviver.
O telejornalismo e o webjornalismo audiovisual evoluíram gradativamente, conforme
a época em que surgem. O período evolutivo até a terceira fase do webjornalismo não leva
mais de dez anos, quando se torna possível produzir conteúdo webjornalístico audiovisual
específico para a web e pensado para públicos variados e limitado a pequenos grupos.
Já o processo de transformação da televisão levou quase cinquenta anos até a terceira
fase (processo que, na realidade, não cessa), pois o meio continua a se transformar. Décadas
antes da explosão do uso do jornalismo na internet, em 1950, juntamente com a TV Tupi de
São Paulo, era veiculado o primeiro telejornal brasileiro, como lembra Paternostro (2006). Era
o Imagens do Dia, que “tinha narração em off e um texto em estilo radiofônico”, e em cujo
15

formato o locutor “lia algumas notas com imagens em filme preto e branco e sem som”
(PATERNOSTRO, 2006, p.36). Entretanto, é no ano de 1953, com o Repórter Esso, também
na rede Tupi, que pela primeira vez um telejornal faz sucesso no país, ficando no ar por quase
vinte anos. Apresentado por “conhecidos locutores de rádio, mas já começavam a esboçar
uma linguagem e uma narrativa mais televisiva, o texto era objetivo, o apresentador
enquadrado no plano americano e tinha horário fixo para entrar no ar, às 20h”
(PATERNOSTRO, 2006, p.36-37).

1.2 PAPEL DO DISPOSITIVO

Os produtos audiovisuais para a web têm buscado públicos segmentados, os chamados


nichos de mercado. Durante a construção do conteúdo pensado exclusivamente para a web,
qual seria o papel do dispositivo da web nesta construção? Quer dizer, quando um material é
produzido especificamente para ser veiculado na internet, ele seria pensado de outra forma
como se fosse feito para a televisão? Acreditamos que sim. Nesse caso, o dispositivo da web
ocasionaria algum tipo de alteração no formato, na linguagem, na apresentação final do
produto.
Para entender o papel do dispositivo, Mouillaud (2002) explica esse conceito [de
dispositivo] quando inserido no contexto do jornalismo:

1) Os dispositivos são os lugares materiais ou imateriais nos quais se inscrevem


(necessariamente) os textos (despachos de agências, jornal, livro, rádio, televisão
etc...).
2) Chamamos de ‘texto’ qualquer forma (de linguagem, icônica, sonora, gestual
etc...) de inscrição.
3) O dispositivo tem uma forma que é sua especificidade, em particular, um modo
de estruturação do espaço e do tempo.
4) O dispositivo não é um ‘suporte’, mas uma ‘matriz’ que impõe suas formas aos
textos (uma conversação ‘informal’ se inscreve nas formas da conversação, como
variante de um paradigma).
5) Os dispositivos se encaixam uns nos outros. O jornal se inscreve no dispositivo
geral da informação e contém, ele próprio, dispositivos que lhe são subordinados (o
sistema dos títulos, por exemplo).
6) Os próprios dispositivos pertencem a lugares institucionais: um anfiteatro de
universidade não é apenas uma cena espacial, mas um subconjunto da instituição
universitária. Os dispositivos e as instituições têm uma relativa autonomia entre si
(um lugar institucional pode ser o mesmo com dispositivos diferentes, e um
dispositivo pode funcionar em diferentes lugares). Entretanto, o dispositivo e o
lugar são indissociáveis do sentido no qual só se atualizam um pelo outro.
7) Considerados do ponto de vista genético, o dispositivo e o texto se precedem e
determinam-se de maneira alternada (o dispositivo pode aparecer como uma
sedimentação do texto, e o texto, com uma variante do dispositivo, por exemplo,
um número do jornal diário e sua coleção) (MOUILLAUD, 2002, p.34-35).
16

Para entendermos o conceito de dispositivo, observemos a televisão. Machado (2000),


contrariando o senso comum que indica o quanto a televisão seria banal, considera que este
meio pode ser abordado “como um dispositivo audiovisual através do qual uma civilização
pode exprimir a seus contemporâneos os seus próprios anseios e dúvidas, as suas crenças e
descrenças, as suas inquietações, as suas descobertas e os vôos de sua imaginação”
(MACHADO, 2000, p. 11). O dispositivo da televisão é visto pelo autor como um meio com
múltiplas formas de apresentação de conteúdo, com qualidade de intervenção.
Para o autor, o dispositivo da televisão imprime marcas na produção do conteúdo, e o
melhor exemplo seria o telejornal, pois “talvez não exista na televisão um gênero tão
rigidamente codificado como o telejornal” (MACHADO, 2000, p.104). Quer dizer, em
qualquer parte do mundo, independente de dominar o código para compreender o que está
sendo dito, mesmo assim qualquer pessoa é capaz de reconhecer um telejornal. Há um padrão
que identifica o telejornal, pois, segundo Machado,

o telejornal consiste de tomadas em primeiro plano enfocando pessoas que falam


diretamente para a câmera (posição stand-up), sejam elas jornalistas ou
protagonistas: apresentadores, âncoras, correspondentes, repórteres, entrevistados,
etc. De fato, o quadro básico do telejornal consiste no seguinte: o repórter, em
primeiro plano, dirigindo-se à câmera, tendo ao fundo um cenário do próprio
acontecimento a que ele se refere em sua fala, enquanto gráficos e textos inseridos
na imagem datam, situam e contextualizam o evento; (...)outra maneira de resolver
a fusão no mesmo quadro de todos os elementos do telejornal é mostrar, em
primeiro plano, o âncora lendo a notícia no teleprompter, enquanto a imagem
correspondente ao que ele anuncia aparece ao fundo, inserida por Chroma key ou
projetada em monitores presentes no cenário. A descrição é banal, já que banal é
também o quadro elementar de todo e qualquer telejornal (MACHADO, 2000,
p.104).

Para ilustrar, Machado (2000) cita o vídeo de 1987 chamado Cross-cultural


Television, de autoria dos videoartistas Antonio Muntadas e Hank Bull. Os autores
escolheram imagens de telejornais de diversas partes do mundo e editaram conforme as
semelhanças que apresentavam. De acordo com Machado (2000), o vídeo mostra que, salvo
algumas variações devido a especificidades locais,

o telejornal se constrói da mesma maneira, se endereça de forma semelhante ao


telespectador, fala sempre no mesmo tom de voz e utiliza o mesmo repertório de
imagens sob qualquer regime político, sob qualquer modelo de tutela institucional
(privado ou público), sob qualquer patamar de progresso cultural ou econômico
(MACHADO, 2000, p.104).
17

Outro exemplo abordado por Machado (2000) levanta que o dispositivo pode
comportar diversos formatos de produtos e tem responsabilidade na produção do conteúdo.
Trata-se da minissérie brasileira Auto da Compadecida, veiculada em 1998. Para o autor,
“essa minissérie em três capítulos é o melhor exemplo de adaptação do teatro para a televisão
e, ao mesmo tempo, uma das mais eloquentes demonstrações do que se pode fazer em termos
de dramaturgia na televisão” (MACHADO, 2000, p.42).

Figura 1 - Minissérie brasileira Auto da Compadecida, 1998, dirigido por Guel Arraes,
adaptação da peça teatral de Ariano Suassuna.

No exemplo citado, a peça teatral de Ariano Suassuna é adaptada para ser veiculada na
televisão, o que mostra que o dispositivo interfere no conteúdo. Um produto no formato de
peça teatral não cabe no dispositivo televisivo, mas uma adaptação tornou possível remontar a
apresentação de teatro para ser veiculada na TV.
O mesmo acontece com os produtos informativos audiovisuais que emergem na web.
Muitos deles estão apostando em formatos que fogem ao padrão convencional, com produtos
que buscam inovar em critérios como formato de apresentação, conteúdo segmentado, edição
do material, indicando assim que o dispositivo da web influencia no modo de pensar o
conteúdo para este meio. Inovações estas possibilitadas pelas características da web, que
começam a ser exploradas na construção de materiais inovadores neste meio.
18

Tendo em vista que nosso estudo é sobre produções informativas audiovisuais para a
web e, considerando que este trabalho perpassa os conceitos em webjornalismo, nos
apropriaremos dos estudos levantados nessa área. Portanto, a partir dos conceitos levantados
neste trabalho, utilizaremos o que traz a literatura em webjornalismo e telejornalismo para
estudar uma modalidade similar (ou mais ampla), que são os produtos informativos
audiovisuais para a web. Os estudos em webjornalismo audiovisual servem de base para a
análise destes produtos, pois tratam-se de produtos feitos para a mesma plataforma, a web,
com o interesse de trazer informação para os públicos de interesse.

1.3 CARACTERÍSTICAS DO WEBJORNALISMO

Para entendermos o produto webjornalístico que surge com a terceira geração,


Mielniczuk (2003) levanta seis características que “refletem as potencialidades oferecidas
pela internet ao jornalismo desenvolvido para a web” (2003, p.40). São características do
webjornalismo, segundo a autora: Interatividade, Customização do conteúdo ou
Personalização, Hipertextualidade, Multimidialidade ou Convergência, Memória e
Instantaneidade ou Atualização Contínua.
Interatividade: Mielniczuk (2003) considera que a relação entre o leitor e um jornal na
web é multi-interativa, pois o usuário mantém relação com a máquina, com a publicação
através do hipertexto e com outras pessoas, autor ou outros leitores. A interatividade acontece
através da troca de e-mails entre leitores e jornalista, fóruns de discussão e chats. A navegação
pelo hipertexto também é considerada uma situação interativa.
Customização do conteúdo ou Personalização: É a possibilidade de configurar o
produto jornalístico de acordo as necessidades pessoais do usuário. Por exemplo, alguns sites
oferecem ao usuário a opção de pré-seleção dos assuntos de seu interesse, assim, ao página a
página, ela já é carregada conforme a demanda do usuário. Outro recurso é o newsletter, em
que o usuário faz um cadastro para receber via e-mail as manchetes dos assuntos de interesse.
Hipertextualidade: Refere-se à interconexão de textos por meio de links, que podem
levar para textos internos ou para textos de outros sites.
Multimidialidade ou convergência: É “a convergência dos formatos das mídias
tradicionais (imagem, texto e som) na narração do fato jornalístico em um mesmo suporte”
(MIELNICZUK, 2003, p. 48). É a utilização de vídeos, fotos, infografias, áudios, como forma
de complementação da informação.
19

Memória: Com espaço infinito, não há mais limitações físicas como em um jornal
impresso onde o espaço do texto é determinado. Além disso, é possível acessar conteúdos
antigos por meio da manutenção de arquivos. Tudo isso muda as formas de produção e de
recepção do conteúdo.

Instantaneidade ou atualização contínua: Esta característica está exemplificada na


seção ‘últimas notícias’. Com a facilidade e rapidez de atualização, o usuário tem acesso às
notícias em tempo real.

Palacios (2003) afirma que as características do webjornalismo não surgem juntamente


com o jornalismo praticado na web, mas já existiam em formatos midiáticos anteriores. Por
isso, o autor considera o surgimento de continuidades e potencializações das características do
jornalismo praticado na web. Para Palacios (2003), essas características foram potencializadas
na web, pois são uma forma de continuidade de meios anteriores, veja o caso da televisão que
já era multimídia antes do surgimento da web, pois já conjugava imagem, som e texto.
Portanto, por não ser um elemento completamente novo ou desconhecido, o autor considera
que não são, necessariamente, rupturas.
Mas com o desenvolvimento do webjornalismo e de produtos audiovisuais na web
começam a aparecer alguns produtos com ideias inovadoras, mostrando o surgimento de
algumas rupturas. Produtos audiovisuais com ideias inovadoras nascem com a proposta de
apresentar uma produção de qualidade, conforme apontam Becker e Teixeira (2008), “uma
produção televisiva de qualidade pode quebrar determinadas regras discursivas e temáticas,
transformando e mesclando gêneros, inserindo diferentes pontos de vista na construção da
narrativa” (BECKER E TEIXEIRA, 2008, p.101).
Para tal, as autoras consideram que a relação entre produção e audiência deve ser
simétrica, estabelecendo quatro critérios, sendo que dois deles contribuem para a reflexão
sobre a “promoção de um jornalismo audiovisual de qualidade na internet”:

Criatividade no Uso da Linguagem Audiovisual: Novas elaborações e outros modos


de construir sentidos sobre o mundo cotidiano na tela da TV, buscando
enquadramentos e pontos de vista diferenciados e movimentos de câmera e planos
singulares e inusitados na captação de imagens.
Interatividade: Ampliar a efetiva participação da audiência no processo produtivo,
valorizando a comunicação comunitária. Essas experiências podem agregar imenso
valor simbólico às narrativas e enriquecer as representações das identidades locais e
nacionais e constituídas pelos telejornais (BECKER, B; TEIXEIRA, J, 2008, p.102-
103).
20

Essa relação de simetria entre produção e audiência apontada pelas autoras indica que,
nos produtos audiovisuais para a web, a participação da audiência passa a ter caráter decisivo
na construção e apresentação final do produto, pois cada vez mais os materiais são pensados
para os públicos de forma mais específica. Basta observarmos uma das principais
características do webjornalismo audiovisual, ou, conforme a terminologia usada por Brasil
(2002), telejornalismo online - a interatividade. Segundo o autor, “[...] creio que o mais
importante é a interatividade. O público participa muito mais através de e-mails, ICQ e
contatos ao vivo durante as transmissões” (BRASIL, 2002, p.335).
Brasil (2002) ainda aponta outras características que considera marcantes no
telejornalismo online e que são similares às características da própria web, como

o custo mais baixo também viabiliza novas experiências e cria possibilidades mais
democráticas. A acessibilidade universal numa linguagem local e universal também
são características que têm tudo para se tornarem ainda mais preciosas. (...) O
telejornalismo online possui as mesmas características e o potencial de
comunicação da própria internet. A diferença não está restrita ao meio mas, sim, às
possibilidades de um novo conteúdo (BRASIL, 2002, p. 335-336).

Essas possibilidades começaram a ser observadas recentemente e, ainda são poucos os


produtos informativos na web a apresentarem características efetivamente inovadoras. Como
apontavam Becker e Teixeira (2008) em relação à televisão, criatividade é um requisito para
obter um produto diferenciado na web, mas ainda há muito para descobrir e explorar a partir
dos recursos já disponíveis.
21

2 TERRA TV E ENXAME.TV: HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS

Dois sites que nascem diretamente para a web, mas direcionados para públicos
diferentes. Assim funcionam o Terra TV e o enxame.tv, o primeiro voltado para audiências
massivas, com o crédito de uma empresa consolidada no mercado (o portal Terra) e com
modo de funcionamento similar aos produtos televisivos e, o segundo, feito para públicos
específicos a partir da ideia de veicular produtos despreocupados com a lógica de mercado
vigente, apenas buscando transmitir informação.
Para evitar confusão com a nomenclatura utilizada para os dois modelos, adotaremos
neste trabalho a seguinte terminologia:
Terra TV: o portal Terra (site) comporta diversos canais, entre eles o canal Terra TV.
O canal Terra TV comporta quatro grandes temas de interesse, que são subcanais dentro do
canal maior da TV do Terra, são eles, Diversão, Esportes, Notícias e Tudo no Terra TV. Por
isso, também serão chamados de canais e, dentro deles, temos o que poderíamos chamar de
editorias e que iremos denominar como programas (por exemplo, programa Brasil, programa
Mundo, programa Economia, etc). Então, o site Terra comporta o canal Terra TV que é
formado de outros quatro canais (Diversão, Esportes, Notícias e Tudo no Terra TV) que
possuem programas diários.
enxame.tv: o site enxame.tv comporta produtos audiovisuais que seus criadores
chamam de videopodcasts. Para melhor entendimento, chamaremos aqui esses produtos de
canais (por exemplo, canal 3.8, canal Massaroca, canal OmeleTV, etc). E as postagens desses
canais chamaremos de videopodcasts ou simplesmente pods. Então, o site enxame.tv
comporta o canal OmeleTV (por exemplo) que possui videopodcasts semanais.

2.1 TERRA TV

Em 1995, foi veiculado pela primeira vez um programa de televisão na internet, o


Computer Chronicles (GOSCIOLA, 2003, p.73). Hoje, a web comporta um número
22

incontável de programas audiovisuais, de todos os formatos e para os diversos públicos, feitos


para massas ou para nichos específicos. Desde produtos diversos que podem atingir uma
audiência mais ampla, como produtos voltados para públicos extremamente específicos, como
um programa sobre maquiagem para mulheres negras, quadrinhos da década de 1950 ou outra
particularidade qualquer que interesse a um grupo pouco numeroso.
O Portal Terra, dentro dessa diversidade de webjornais audiovisuais, é referência no
mercado de massa. Surge a partir da NUTEC, empresa de software de Porto Alegre, com
filiais em São Paulo e nos Estados Unidos, criada em 1988 por Marcelo Lacerda e Sérgio
Pretto. Em 1995, época em que a internet começava a ganhar espaço como dispositivo para os
meios de comunicação, foi criada a Nutecnet, com o objetivo de oferecer serviços de web para
os brasileiros. O primeiro serviço oferecido pela Nutecnet foi um sistema de correio
eletrônico.
Em 1º de dezembro de 1996, através da união entre a Nutecnet e a companhia de mídia
regional do Rio Grande do Sul, a Rede Brasil Sul (RBS), surge o portal e provedor de internet
ZAZ, com o objetivo de disponibilizar um canal interativo na web.
Em julho de 1999, a Telefônica Interativa, empresa do grupo Telefônica, da Espanha,
escolhe o ZAZ para começar a operar na América Latina. “Inicialmente, foi formada uma
joint-venture com a RBS e com Marcelo Lacerda e Sérgio Pretto, a Terra Networks e, em
dezembro de 1999, o Zaz virou Terra” (PORTAL..., 2009, página da web4).
Conforme Pollyana Ferrari (2006), após ser nomeado de Terra, o portal evoluiu na
produção de conteúdo, embora sempre tenha tido por objetivo maior investir em tecnologia de
ponta,

tanto do ponto de vista de infraestrutura técnica como também na produção de


programas exclusivos para essa nova mídia como, por exemplo, os noticiários da
TV Terra. Em 2000, foi inaugurado um estúdio para transmissões de notícias e
entrevistas via internet, ancoradas por Lílian Witte Fibe, um nome muito conhecido
do jornalismo televisivo (FERRARI, 2006, p.84).

Assim, nasce o Terra TV, um canal do portal Terra, diretamente na internet e sob a
lógica de mercado tradicional. A TV do portal Terra inclui sessões temáticas ou editorias que
chamaremos aqui de programas, ao todo são dez canais de interesse5, entre eles o canal

4
A reportagem pode ser consultada no endereço eletrônico
http://tecnologia.terra.com.br/internet10anos/interna/0,,OI542329-EI5029,00.html.
5
Sâo eles: diversão, documentários, esportes, filmes, futebol, infantil, séries, trailers, videoclipes e notícias.
23

Notícias, que comporta reportagens e webjornais no padrão tradicional do telejornalismo, e o


canal Diversão, com reportagens temáticas. Veja na figura a seguir:
24

Figura 2 – Tela inicial do Terra TV, canal do portal Terra.


25

Na tela inicial do Terra TV é apresentado o último vídeo postado no canal. O


apresentador e os repórteres usam roupas formais (camisa, camisete, terno, gravata),
apresentam postura ereta atrás da bancada (A) e a estrutura da reportagem também é a mesma
produzida na televisão. Logo abaixo (B), são apresentadas diversas opções de vídeos e o
internauta pode escolher uma temática entre os quatro principais canais que fazem parte do
Terra TV, como Diversão, Esportes, Notícias ou Tudo no Terra TV. Também são
apresentadas miniaturas dos vídeos que são destaques, as postagens mais recentes, os mais
vistos, os mais votados (C).
Dentro dos canais, o usuário tem acesso a variados programas temáticos (constituídos
de reportagens). Neste trabalho, observaremos dois canais do Terra TV, o canal de Notícias,
com onze programas: Brasil, Mundo, Ciência, Economia, Especiais, Você Repórter, Jornal do
Terra, Terra Magazine, O Dia, MediaOn e Órbita 2009. E o canal Diversão, no qual
analisaremos quatro programas: Música, Carnaval, Chat e Publicitário Interativo.
No quadro a seguir, listamos os 15 programas do Terra TV que serão observados neste
trabalho (os critérios de escolha da amostra de observação serão explicados no Capítulo 3),
com breve descrição do que é encontrado em cada um deles:
26

Programa Descrição

Canal Diversão – Programa Música Reportagens sobre o Festival Planeta Terra


2009.

Canal Diversão – Programa Carnaval Reportagens sobre (e no) carnaval 2009.

Canal Diversão – Programa Chat Entrevista em que aparece somente a figura


do entrevistado na tela.

Canal Diversão – Programa Publicitário Apresentado na bancada. Traz informações


do mercado publicitário digital
Interativo
Canal Notícias – Programa Brasil Reportagens de temas variados sobre
assuntos do Brasil.

Canal Notícias – Programa Mundo Reportagens de temas variados do mundo.

Canal Notícias – Programa Economia Apresentador em bancada de telejornal faz


entrevista via telefone com economista.

Canal Notícias – Programa Ciência Reportagens temáticas sobre ciência.

Canal Notícias – Programa Jornal do Terra Apresentador em bancada de telejornal


chama entrevista via telefone.

Canal Notícias – Programa Vc repórter Reportagem usa vídeos amadores enviados


por internautas.

Canal Notícias – Programa Terra Magazine Reportagens variadas em áudio sem


preocupação com imagens.

Canal Notícias – Programa Especiais Reportagens temáticas (Michel Jackson, caso


Isabela Nardoni, etc)

Canal Notícias – Programa MediaOn Reportagens e entrevistas da cobertura de


seminário de jornalismo online.

Canal Notícias – Programa O Dia Reportagens gerais.

Canal Notícias – Programa Órbita 2009 Palestras sobre o próprio Portal Terra.

Quadro 2 : Lista dos programas do Terra TV observados neste trabalho.

O canal é alimentado constantemente, são diversos novos vídeos diariamente, sem


haver uma periodicidade pré-estabelecida. Por exemplo, pode acontecer de dois vídeos serem
postados juntos, um minuto depois outro arquivo é disponibilizado, mais cinco minutos se
27

passam até entrar mais um, podendo levar meia hora até a próxima novidade aparecer no
canal. Todos os vídeos ficam arquivados e postagens antigas podem ser acessadas no próprio
site. Ao lado dos vídeos aparece uma frase resumindo ou explicando do que se trata o arquivo,
como pode ser observado na marcação da figura a seguir:

Figura 3: Sistema de arquivo do Terra TV. Vídeos são acompanhados de um texto resumo.

O portal Terra “possui o mais moderno estúdio de internet na América Latina,


pioneiro, lançado em setembro de 2000, com transmissão 24 horas na TV Terra com uma
média de oito horas diárias de programação ao vivo e acervo de 100 mil vídeos e áudio”
(PORTAL..., 2009, página da web).
O Jornal do Terra, programa jornalístico multimídia lançado em outubro de 2002, era
inicialmente exibido ao vivo em três boletins diários, às 11 horas, às 15 horas e às 17 horas e
30 minutos. Hoje, tem edições dispersas.
Com relação à apresentação do conteúdo, as reportagens do Terra TV obedecem ao
convencionado no telejornalismo. Como observa Curado (2002), tal padrão é repetido
incansavelmente nos noticiários de televisão conforme uma fórmula, salvo eventuais
mudanças na ordem dos itens a seguir: texto do locutor + texto do repórter em off + sonora do
entrevistado + passagem do repórter no vídeo + sonora de outro entrevistado + narração final
do repórter em off.
No geral, os vídeos do Terra TV não apresentam essa estrutura completa, por
exemplo, o canal usa frequentemente o recurso do telefone para realizar entrevistas. É comum
28

o apresentador conduzir uma entrevista por telefone da própria bancada, ou chamar outro
repórter por telefone de algum local onde acontece o fato noticiado. As reportagens
geralmente são constituídas de texto do repórter em off cobrindo imagens, ou ainda incluindo
uma passagem do repórter no vídeo.
Quando falamos em padrão de telejornalismo brasileiro, o Terra TV segue alguns
elementos que, segundo Curado (2002), fazem a diferença no conjunto do telejornal. A
empatia do apresentador ou repórter com a audiência, por exemplo, se dá com a presença de
vídeo do mesmo, que deve inspirar confiança. Outras preocupações do repórter, conforme
Curado, devem ser com relação à leitura do texto, pois “a voz é um importante canal de
expressão” que “faz parte da identidade do indivíduo” (2002, p. 96), por isso deve-se buscar
melhorar a locução do repórter respeitando sua individualidade. A interpretação do texto
também é fundamental, pois “deve transmitir segurança, autoconfiança e determinação. Isso
contribui para que tenha credibilidade” (2002, p. 96). A aparência é primordial, pois “o
jornalista, ao comunicar a notícia, quer a adesão do ouvinte (...). Para ser visto e escutado, a
sua imagem não pode interferir na atenção que deve ser dada à informação, desviando o
público para a sua aparência” (CURADO, 2002, p. 96). Portanto, alguns cuidados com a
aparência são fundamentais, como optar por peças discretas, bom senso ao escolher a roupa,
primar pela elegância, evitar modismos, aparentar saúde e higiene, com unhas, cabelos e
roupas limpas e bem cuidadas, maquiagem aparentando naturalidade. São cuidados simples
como os levantados por Curado (2002) que fazem a diferença na apresentação do produto
telejornalístico final.

2.2 ENXAME.TV

O site enxame.tv foi criado em setembro de 2007 por integrantes da colmeia6, empresa
de conteúdo e entretenimento digital que faz parte do grupo de produção audiovisual Ink7.
O enxame.tv é um meio pensado para a internet e que surge diretamente neste suporte.
Trata-se de uma plataforma que comporta programas audiovisuais chamados videopodcasts
ou simplesmente pods. Esses pods são produtos feitos para nichos de mercado, ou seja,
voltados para públicos interessados em temáticas específicas. Com isso, tem-se um site
6
Empresa formada por 20 profissionais, entre os quais os sócios Eduardo Camargo, André Passamani e José
Mauro Kazi, além do Ink.
7
Holding controladora de produtoras como Margarida Flores e Filmes, Academia de Filmes, Academia de
Cultura e Base7 Projetos Culturais, comandado por Paulo Schmidt.
29

desvinculado da lógica de consumo do mercado de massa, que é como funcionam mídias de


referência como o Terra TV. Veja a figura a seguir:

Figura 4 – Página inicial do enxame.tv.


30

Na página inicial do enxame.tv, está em destaque o último pod publicado no site (A),
com o número da edição ou do episódio e um resumo do que vai aparecer no vídeo. Logo
abaixo (B), aparecem em miniaturas os pod postados recentemente e, ao lado, uma lista de
links para cada um dos pods (C).
O enxame.tv conta com 20 canais. Dois deles funcionam de forma periódica, com
postagens semanais, o OmeleTV e o Massaroca. Outros seis pods possuem postagens
frequentes, mas não periódicas, entre eles o VideoCast Colmeia, o primeiro pod feito para o
enxame.tv e pela própria equipe do site. Os outros 12 canais têm postagens ocasionais e
pouco numerosas, contando um total de, no máximo, seis postagens cada um. O site também
tem um sistema de arquivo em que o usuário pode acessar desde a primeira edição publicada
até a última de todos os programas. Veja a figura a seguir:

Figura 5: Sistema de arquivo dos canais do enxame.tv.


31

Em cada canal do enxame.tv, o usuário pode acessar todos os videopodcasts já


postados, eles são encontrados em miniaturas com um resumo em texto do conteúdo (A). No
final da página, o usuário pode migrar para páginas antigas, tendo acesso a todo o material já
publicado naquele canal (B).
No quadro a seguir, listamos os oito canais do enxame.tv que serão observados neste
trabalho, com breve descrição do que é encontrado nos videopodcasts:

Canais (comportam os videopodcasts) Descrição

3.8: 3.8 é o percentual que cabe à publicidade


brasileira no orçamento para a internet, uma
crítica para mudar esses números. Um pod
sobre cases de publicidade.

BrainCast TV: Uma conversa com personalidades da cena


publicitária.

Massaroca: Nasce do programa Metrópolis, da TV


Cultura. É uma encenação.

Na sala do Tatá: Sobre música popular brasileira.

OmeleTV: Pod sobre entretenimento, debatem cinema,


games, quadrinhos, etc.

Rraurl TV: Sobre música pop e eletrônica brasileira.


Entrevistam celebridades ou não.

Smelly Cast: Neste pod os apresentadores conversam


sobre animações.

VideoCast Colméia: Sobre as novidades na Colmeia e discutem


publicidade.

Quadro 3: Lista dos vídeopodcasts do enxame.tv observados neste trabalho.

Há uma aparente despreocupação com o padrão de apresentação desses conteúdos: há


sim um padrão estético nos programas, mas cuja preocupação é levar a informação ao seu
público de interesse sem formalidades. Por isso, os apresentadores dos pods aparecem no
vídeo de forma descontraída, vestindo roupas comuns em vez de terno, camisa e gravata,
32

sentados à vontade no lugar de estarem eretos atrás de uma bancada, portanto, desvinculados
da ideia formal conhecida do telejornalismo.
A equipe da colmeia cria o enxame.tv com o objetivo de inovar em relação aos meios
tradicionais. Tal pode ser observado em um texto disponibilizado no site do enxame.tv, um
arquivo8 explicativo em formato PDF, em que a equipe cita a colmeia como protagonista no
mercado publicitário brasileiro. Entre as inovações estão “a adoção do vídeo interativo como
plataforma de relacionamento e interação entre marcas e consumidores, e todos os seus
desdobramentos, como games, curtas interativos, e a construção, no Brasil, com agências
brasileiras, de projetos de nível internacional, consagrados em festivais de publicidade e
internet como Cannes, El Ojo, Gunn Report, entre outros” (SUMÁRIO EXECUTIVO…,
2008, p.3).
Ainda neste texto de apresentação do site, o enxame.tv intitula-se “uma webTV que
segue a lógica das redes sociais” (2008, p. 2). Segmentos que não tinham espaço passam a tê-
lo com o “rompimento das barreiras físicas”, tornando “possível a criação de modelos de
negócios de cauda longa” (2008, p. 2), pois o custo de armazenamento e distribuição é
reduzido.
O site possui um lema que diz ‘enxame não é um lugar, é um movimento’. Com o
objetivo de mostrar intenções inovadoras, os criadores do enxame.tv afirmam que o usuário
do site tem a liberdade de consumir os videopodcasts em outras plataformas que não o site
enxame.tv. Caso desejem, os programas audiovisuais podem ser visualizados em outras
plataformas consolidadas como Bittorrent, DiVx, Youtube, Vimeo, Blip.tv, Revver e outras.
Isso mostra que, para o enxame.tv, o trânsito dentro do site é irrelevante, o que importante é
que as pessoas interessadas nos pods tenham acesso a eles. O que já indica uma tendência do
site fora da lógica de mercado vigente.
Além da forma de consumo, o enxame apresenta uma proposta de produção
audiovisual para a web, possibilitando atingir os nichos específicos de cada canal (os
videopodcasts ou pods) comportado no site.
A linha editorial do enxame.tv é norteada pelo conceito de cauda longa, de Chris
Anderson, pois comporta conteúdos para “nichos de interesse específicos” (SUMÁRIO
EXECUTIVO…, 2008, p. 2). Por isso, para entendermos como surge o site é fundamental
aprofundarmo-nos neste conceito.

8 O arquivo pode ser consultado no endereço http://enxame.tv, no link “anunciando no enxame.tv”, localizado
no canto superior directo da tela. O texto contém sete páginas e foi produzido em 2008.
33

Para compreendermos cauda longa, observemos o gráfico traçado por Chris Anderson
(2006). A partir de um estudo sobre preferências musicais, o autor traça um gráfico mostrando
que a cauda é infinita.

Figura 6: Gráfico aponta para crescimento no mercado de nichos.

O autor estudou as preferências dos clientes da empresa de músicas on-line Rhapsody,


que “é um serviço de música digital que permite que você ouça o que quiser e onde você
estiver – sem o pagar por faixa. E os planos de adesão do Rhapsody podem começar com
menos que o custo de um CD por mês, assim você pode escutar músicas quantas vezes quiser
sem limites (ANDERSON, 2006, p.23, tradução nossa) 9. Anderson observou o site durante
um mês e concluiu que [a curva do gráfico traçado para as trilhas baixadas]

Ela começava como qualquer outra curva de demanda, classificada por


popularidade. Alguns grandes sucessos, baixados com enorme frequência,
formavam o cocuruto da curva, que logo despencava num precipício, com as faixas
menos populares. Porém, o mais interessante, é que ela nunca chegava a zero. (...)
Em estatística, curvas como essa são denominadas ‘distribuições de cauda longa’,
pois seu prolongamento inferior é muito comprido em relação à cabeça. Assim,
tudo que fiz foi concentrar-me na cauda em si, batizar o conceito com um nome
adequado, dando à luz ‘A Cauda Longa’ (ANDERSON, 2006, p.10).

9
Rhapsody is a digital music service that lets you listen to whatever you want, wherever you are — without
paying per track. And Rhapsody membership plans start at less than the cost of a CD a month, so you can listen
to as much music as you want without limits. [Apresentação do Rhapsody, disponível no site
<http://www.rhapsody.com>]
34

Cauda longa refere-se a como o mercado de massa está migrando para o mercado de
nichos, possibilitado pela internet, que comporta uma infinidade de conteúdos. No caso do
enxame.tv, os pods publicados fazem parte da cauda longa, pois são produtos feitos para um
público segmentado, ou seja, não é um produto de consumo de massa. O enxame.tv, então, é
um ‘lugar’ em que há espaço para conteúdos de temáticas do interesse de pequenos grupos, o
que não seria possível em outras plataformas, como a televisão. A cauda longa, então, inclui
esses pequenos nichos de mercado. Conforme é explicado em vídeo10 de apresentação, a
produção do enxame é horizontal, quer dizer, produzem diversos pods sobre diversos
assuntos, em vez de uma produção vertical, oferecendo um número limitado de grandes hits,
como na televisão.
Cada canal comportado no enxame.tv é pensado para atingir um grupo específico de
usuários que realmente tem interesse no assunto. Em entrevista fornecida via e-mail, que pode
ser consultada no Anexo A, um dos integrantes do enxame.tv, José Mauro Kazi, explica que
existem três tipos de videopodcasts no site. “Aquele produzido totalmente em casa
(Videopodcast da colmeia, X-Totó); o produzido aqui, cujo conteúdo vem de pessoas que já
produziam seu conteúdo em outro suporte que não audiovisual (OmeleTV, Braincast); e o
produzido totalmente fora (ou co-produzido), como é o caso do Flying Kebab”.
O segundo caso é o mais comum, ou seja, os pods que surgem de ideias pré-existentes
e são suportados por outro produto já consolidado em outro formato na web. Como o
OmeleTV, que surge como uma espécie de extensão do Omelete (www.omelete.com.br), um
site sobre entretenimento, quadrinhos, cinema, games, etc, que decidiu complementar seu
conteúdo com um formato audiovisual, e assim é criado o pod do OmeleTV. Geralmente, são
sites e blogs já consolidados de conteúdos específicos que criam uma forma de continuar
disseminando seu conteúdo em outro formato (dos textos publicados no site/ blog para o
vídeo dos pods postados no enxame.tv) e em outras plataformas.
Portanto, o enxame.tv é um modelo de negócio em que pessoas ou grupos anunciam
um produto para um nicho de mercado, e tudo isso só é possível graças à internet, um banco
de dados infinito que comporta qualquer tipo e tamanho de conteúdo, basta velocidade de
banda para poder transmitir qualquer conteúdo para a WWW. Hoje, conforme afirma
Gosciola (2003), “as histórias [narrativas na web] (...) são contadas de maneira complexa, isto

10
O vídeo pode ser consultado no endereço http://enxame.tv, no link “anunciando no enxame.tv”, localizado no
canto superior direito da tela.
35

é, graças aos recursos das novas mídias11, podem ser apresentadas por diversos pontos de
vista, com histórias paralelas, com possibilidades de interferência na narrativa, com opções de
continuidade ou descontinuidade da narrativa e muito mais” (GOSCIOLA, 2003, p.17). Quer
dizer, há recursos para se explorar as potencialidades da web e, sites como o enxame.tv, que
se denominam inovadores, propõem fazê-lo.
Chris Anderson (2006) afirma que a internet possibilita “acesso ilimitado e sem
restrições a culturas e a conteúdos de todas as espécies, desde a tendência dominante até os
veios mais remotos dos movimentos subterrâneos” (ANDERSON, 2006, p.3). Segundo o
autor, essa geração nascida na era de nichos já cresce com infinitas possibilidades no mesmo
patamar de importância, seja um conteúdo amador ou uma produção renomada, porque o
espaço ilimitado permite essa distribuição. Isso não é possível na televisão, dificilmente
encontraremos um programa com espaço para comentar desenhos animados durante dez
minutos ou para que um grupo de aficionados em publicidade discuta as produções que mais
gosta ou acha ruins. Mas graças à internet isso é viável, com velocidade de banda larga para a
transmissão dos arquivos para a web, e existe nicho de interesse para essas e outras temáticas
específicas. Se há pessoas interessadas no assunto, e essas pessoas não são numerosas, elas
fazem parte da chamada cauda longa.
Portanto, vivemos a era de modelos de cauda longa. A evolução da web aponta que
estamos em uma nova fase de produção de conteúdos específicos para este meio. É o que
afirma Rosental Calmon Alves (2001), quando falou na necessidade de reinventar o
jornalismo na internet. O autor questiona o que poderia ser feito na web em benefício do
leitor, que não se pode fazer no jornal impresso? O autor considera que se deve considerar a
internet como um meio de comunicação convergente que, por aceitar o uso de textos, bases de
dados, fotos, áudio e vídeo, é capaz de absorver características provenientes de outros meios.
Pois a convergência das mídias é característica marcante no enxame.tv, os próprios
criadores do site avaliam que, ao estimular a produção ‘de qualidade’ em nichos de interesse e
consumo, as características do meio são alteradas, a forma de consumo é outra e o próprio
comportamento do consumidor muda. Uma vez que, ao produzir conteúdo direcionado, os

11
Assumem “o conceito de novas mídias os vídeos e cinemas digitais, os sites da Web, os ambientes e mundos
virtuais, os games de computador e de consoles computadorizados, as instalações interativas por computador, as
animações com imagens reais e sintéticas por computador, multimídias e demais interfaces humano-computador
em concordância com a concepção de Lev Manovich” (GOSCIOLA, 2003, p.18, apud LEV MANOVICH, 2001,
p. 8-9).
36

produtores desejam uma participação ativa da audiência, por meio de ideias e co-produção de
conteúdo adicional aos propostos pelos canais comportados no site.
O potencial da convergência midiática, portanto, encontra nos produtos áudio para a
web a oportunidade de ser melhor explorado. No enxame.tv, o usuário pode interagir dentro
do próprio videopodcast. Há um sistema de postagem de comentários em texto sobre o vídeo.
É simples, o usuário pode incluir um balão de texto, como os balões de texto de histórias em
quadrinhos, em qualquer parte do vídeo, o que ficará disponível para qualquer pessoa que o
assista. Esse balão de texto pode ser incluído em qualquer parte da tela, sobre o rosto dos
apresentadores, apontando para algum item do cenário, etc, com o comentário que o usuário
desejar. Além disso, em alguns canais, como o OmeleTV, o usuário interage mais diretamente
com os apresentadores via e-mail, uma vez que há retorno, pois os apresentadores lêem e-
mails dos internautas no interior dos programas. Esse canal oferece brindes aos usuários em
troca do envio de materiais produzidos por eles, como o envio de um vídeo em que o usuário
faz uma música para o enxame.tv, por exemplo.
O enxame.tv é um meio de convergência em que pessoas interessadas em determinado
tema dedicam tempo para produzir conteúdo audiovisual específico e compartilhar com um
público que também se interessa pelo mesmo assunto. O termo convergência, segundo
Jenkins (2008), remete a uma

palavra que define mudanças tecnológicas, industriais, culturais e sociais no modo


como as mídias circulam em nossa cultura. Algumas das ideias comuns expressas
por esse termo incluem o fluxo de conteúdos através de vários suportes midiáticos,
a cooperação entre as múltiplas indústrias midiáticas, a busca de novas estruturas
de financiamento das mídias que recaiam sobre os interstícios entre antigas e novas
mídias, e o comportamento migratório da audiência, que vai a quase qualquer lugar
em busca das experiências de entretenimento que deseja. Talvez, num conceito
mais amplo, a convergência se refira a uma situação em que múltiplos sistemas
midiáticos coexistem e em que o conteúdo passa por eles fluidamente.
Convergência é entendida aqui como um processo contínuo ou uma série contínua
de interstícios entre diferentes sistemas midiáticos, não uma relação fixa
(JENKINS, 2008, p.332, 333).

Para o autor, as possibilidades que o meio oferece levam o usuário a interagir, pois “a
convergência representa uma transformação cultural à medida que consumidores são
incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos
dispersos” (JENKINS, 2008, p. 27-28). A internet é um meio de convergência que possibilita
a interação entre pessoas de qualquer parte do mundo, sobre qualquer tema, basta dominar a
mesma linguagem.
37

3 OBSERVAÇÃO DOS MODELOS TERRA TV E ENXAME.TV

Para atingir os objetivos deste trabalho, analisamos dois modelos de conteúdo


audiovisual informativo para a web e que, aparentemente, apresentam propostas diferentes,
com lógicas de funcionamento diferentes. Um é um meio voltado para nichos de mercado, e o
outro, uma mídia de referência no mercado.
A escolha do enxame.tv deveu-se ao fato de que este oferece um serviço de postagem
de conteúdo audiovisual na internet ainda pouco explorado, com postagem de vídeos
pensados para uma audiência que pode ser pouco numerosa. Trata-se de um modelo de
negócios voltado para nichos de audiência, que comporta diversos programas (pods) que
podem ser periódicos ou não. O site é recente (tem apenas dois anos desde a sua criação) e se
intitula como um veículo inovador, contando com um modelo de apresentação de conteúdo
diferenciado em relação ao modelo tradicional de apresentação de vídeos na web conhecido
do público nos sites de referência jornalísticos.
Por outro lado, observamos um meio já consolidado no mercado há quase 10 anos, o
Terra TV, integrante do portal Terra. Trata-se de um meio de referência que produz conteúdo
para audiências massivas, exatamente o oposto do que faz o enxame.tv.
A escolha do Terra TV partiu da proposta do site que, além de consolidado no
mercado, produz vídeos em formato tradicional, como se fosse uma mera transposição da
televisão para a web (mas é um meio que nasce direto na web). Assim, acreditamos que o
Terra TV possui uma proposta diferente daquela trazida pelo enxame.tv, e que poderia servir
de referência para observar esse outro modelo que se diz inovador em relação ao mesmo
produto, que são os vídeos feitos para a web. O Terra TV foi pioneiro ao lançar, em setembro
de 2000, um estúdio de internet com transmissão 24 horas.

3.1 AMOSTRAGEM E CRITÉRIOS DE ANÁLISE

Observamos os canais do modelo enxame.tv que possuíam postagens regulares e


numerosas, ou seja, os canais mais antigos, deixando de fora da observação os canais que
possuíam número reduzido de videopodcasts, por acreditar que os canais com mais postagens
já estariam mais consolidados em relação aos recentes. No Terra TV, observamos somente as
postagens de produções audiovisuais feitas por uma equipe própria do Terra, já que neste
38

meio há um número grande de postagens provenientes de outros meios, funcionando o Terra


TV apenas como uma plataforma para comportar conteúdo, sem relação com a produção.
O enxame.tv conta com um total de 20 canais, dos quais 12 possuem menos de seis
postagens. Por isso, optamos por observar os oito canais com postagens mais numerosas e
frequentes, todos com mais de seis postagens, são eles: 3.8, BrainCastTV, Massaroca, Na sala
do Tatá, OmeleTV, Rraurl TV, Smelly Cast e VídeioCast Colmeia.
O enxame.tv possui um sistema de arquivo em que o usuário pode acessar desde a
primeira edição publicada até a última de todos os pods. Além disso, o site oferece um
sistema de comentários em todos os pods. Funciona da seguinte forma: o usuário pode incluir
um ‘balão’ de texto (como os balões de texto nas histórias em quadrinhos) a qualquer
momento do vídeo e em qualquer parte da tela. Esta função pode ser desabilitada ao assistir os
vídeos, caso o usuário não deseje ver os comentários que ‘pipocam’ na tela frequentemente.
Já o Terra TV, na tela de abertura, oferece quatro canais de vídeos ao usuário, são
eles: Diversão, Esportes, Notícias e Tudo no Terra TV, como mostra a figura:

Figura 7: No destaque, os três principais canais de vídeos do Terra TV.

Optamos por observar apenas os canais que apresentassem conteúdo produzido


diretamente por uma equipe do Terra TV.
Assim, no canal Diversão, apenas quatro programas se enquadram neste critério, são
eles: Música, Carnaval, Chat e Publicitário Interativo. O Notícias é um canal de informações
composto de reportagens com dez temáticas, são elas: Brasil, Mundo, Ciência, Economia,
39

Especiais, TVs ao vivo, Você Repórter, Terra Magazine, O Dia e Cidades. Uma observação
preliminar das editorias do Canal Esportes mostrou que as reportagens produzidas pelo Terra
TV eram muito semelhantes àquelas produzidas para o Canal Notícias, por isso, não foi
observado. E o Canal Tudo no Terra TV, como o próprio nome diz, é a reunião de todos os
programas dos três canais (Diversão, Esportes e Notícias).

Diversão Notícias
Música, Carnaval, Chat e Publicitário Brasil, Mundo, Ciência, Economia,
Especiais, TVs ao vivo, Você Repórter, Terra
Interativo.
Magazine, O Dia e Cidades.

Quadro 4: Programas produzidos pelo Terra TV nos canais observados.

O Terra TV é alimentado constantemente, sem haver uma periodicidade rígida. A


qualquer momento um novo vídeo pode ser postado, pois o site comporta um grande número
de canais com materiais independentes do Terra TV, ou seja, apenas são comportados no site,
não são produzidos por uma equipe do Terra.
Observaremos os dois meios a partir de seis categorias de análise, conforme o quadro:

Catego- Periodici- Cenário Postura do Lingua- Efeitos Presença


ria de dade apresentador/ gem gráficos/ ou não de
análise roupa edição vinheta
Descri- Com que Como é o Se os Se o Uso de Os
ção frequência local de programas têm padrão de recursos programas
das são apresentação preocupação linguagem gráficos apresentam
catego- postados dos com a é formal nos vinheta ou
rias de novos programas aparência dos ou casual, programas não, e se
análise. programas. (bancada, apresentadores, uso de ou não, há
cena se eles gírias. presença presença
externa, apresentam os de de recursos
etc). programas recursos gráficos
com roupas de edição nas
formais ou ou ape- vinhetas.
não, postura nas plano
ereta ou des- aberto e
contraída, etc. fechado,
etc.
Quadro 5: Categorias de análise dos programas.

Conforme o quadro anterior, a observação dos programas pode ser consultada na


íntegra no apêndice A. Os programas estão listados em ordem alfabética e dispostos em
40

quadros individualmente (para facilitar a leitura, a observação de cada programa, com as


referidas categorias de análise, está em páginas separadas).

3.2 DADOS OBTIDOS DA OBSERVAÇÃO DO TERRA TV E ENXAME.TV

A partir da observação dos dados, podemos sistematizar algumas informações com


relação ao que foi analisado. A seguir, iremos discorrer sobre as observações que foram feitas
em cada uma das categorias analisadas.
Assim, com relação às categorias de análise, observamos:
3.2.1 Periodicidade: Neste critério, a maior parte dos produtos não possui
periodicidade rígida, mas nos dois meios há postagens diárias. No enxame.tv todos os dias
costuma haver uma nova postagem, de algum dos canais. No Terra TV, em geral há diversas
postagens diariamente, inclusive mais de um novo vídeo no mesmo programa. O volume de
novos conteúdos é maior no Terra TV, mas deve-se considerar o maior número de programas
deste meio em relação ao outro.
No enxame.tv, dois canais apresentaram postagens semanais, sempre no mesmo dia da
semana, são eles o Massaroca e o OmeleTV. No Terra TV, em cada programa (ou editoria)
são postados mais de um produto diariamente, ou, em alguns casos, passam alguns dias sem
apresentar postagem alguma. No quadro abaixo listamos o número de postagens nos meses de
setembro e outubro. Para o Terra TV, pegamos um programa do Notícias e um do Diversão e
observamos o volume de postagens em dez dias, pois consideramos que este período já
amostra o total de postagens do mês inteiro.

enxame.tv Massaroca Datas das postagens


Mês
Setembro Dias 02, 09, 16, 23 e 30 (às quartas-feiras)
Outubro Dias 07, 14, 21 e 28 (às quartas-feiras)
Quadro 6: Dados da observação das postagens de dois meses do Massaroca.
41

enxame.tv OmeleTV Datas das postagens


Mês
Setembro Dias 04, 11, 18 e 25 (às sextas-feiras)
Outubro Dias 02, 09, 16, 23 e 30 (às sextas-feiras)
Quadro 7: Dados da observação das postagens de dois meses do OmeleTV.

Terra TV Brasil Datas das postagens na observação de dez


Mês dias de cada mês
Setembro Entre os dias 21 e 30 de setembro foram
postados, diariamente, entre quatro e nove
vídeos, sem interrupções.
Outubro Entre os dias 22 e 31 de outubro foram
postados, diariamente, entre um e 10 vídeos,
sem interrupções.
Quadro 8: Dados da observação das postagens de dois meses da editoria Brasil.

Terra TV Publicitário Datas das postagens na observação de dez


Interativo dias de cada mês
Mês
Setembro Não houve postagens.
Outubro Houve postagens nos dias 08 (quatro vídeos),
15 ( três vídeos) e 28 (quatro vídeos).
Quadro 9: Dados da observação das postagens de dois meses da editoria Publicitário Interativo.

3.2.2 Cenário: Cada canal do enxame.tv tem o seu cenário fixo. Em todos, tem-se um
local informal, que geralmente é uma sala com decoração que faz alusão à temática do pod.
Fora desta locação fixa, os videopodcasts podem ser gravados em outros locais, isso acontece
quando os apresentadores saem do estúdio em busca de seus entrevistados. Veja a figura:
42

Figura 8: À esquerda, cenário interno fixo do pod Rraurl TV. À direita, locação externa.

No Terra TV, somente dois programas possuem cenário fixo, o Jornal do Terra e o
Publicitário Interativo, cujas locações são uma bancada de telejornal convencional. Na
maioria dos programas, os cenários variam conforme a notícia, ou seja, são cenas externas,
pois as reportagens são compostas de imagens gravadas no local do acontecimento noticiado.
Além disso, há alguns casos em que não existem imagens para cobrir a locução do repórter,
sendo utilizadas fotografias, não é raro que uma única foto cubra mais de um minuto de
locução.

Figura 9: No Terra TV, o Jornal do Terra e o Publicitário Interativo apresentam formato de telejornal
apresentado em bancada.

3.2.3 Postura do apresentador/ roupa: Em todos os canais do enxame.tv os


apresentadores aparecem no vídeo de forma descontraída, usando roupas casuais do dia-a-dia
(jeans e camiseta) e até aparecem fantasiados eventualmente. No Terra TV, ocorre o
contrário, sempre que aparece um repórter ou apresentador ele está em postura ereta, formal,
vestindo camisa ou terno, embora na maioria não apareça passagem do repórter na tela.
43

Figura 10: À esquerda, apresentadores do enxame.tv aparecem descontraídos, vestindo fantasias. À direita,
repórter do Terra TV em passagem formal no vídeo.

3.2.4 Linguagem: No enxame.tv a linguagem sempre é informal, lembrando um bate-


papo entre amigos, com uso de gírias frequentes. O Rraurl é o único canal com formato mais
parecido com o de uma reportagem, pois tem passagem do repórter no vídeo, sonoras
estruturadas, mas a linguagem continua a ser informal. Já o Terra TV apresenta linguagem
formal em todos os programas. Apenas o Jornal do Terra e o Publicitário Interativo buscam
uma interação com o usuário, como por exemplo, “você, internauta, participe com a gente!”,
ou “olá amigo, como você sabe...”.
3.2.5 Efeitos gráficos/ edição: O enxame.tv é rico em recursos visuais, textos em
movimento na tela, imagens animadas, como bichinhos andando pela tela, vinhetas e créditos
dos apresentadores são bem elaboradas, com muitos recursos gráficos, uso de imagens de
filmes, partes de trailers pra ilustrar o comentário, mas as edições são mais tradicionais,
basicamente com uso de plano aberto e plano fechado, eventualmente aparecem alguns closes
ou planos fechados em detalhes do entrevistado (rosto, mãos, dedos). No Terra TV, em geral
há poucos recursos gráficos. A edição é tradicional, plano fechado no apresentador, edição de
imagens cobrindo locução do repórter, muitas vezes com pobreza de imagens (uma mesma
fotografia pode cobrir mais de um minuto de locução), palestras gravadas na íntegra (sem
edição, apenas variando plano aberto e fechado). O programa sobre Música é o único com
mais recursos de edição, rica em imagens, uso de telas de internet, trailers de músicas, textos
em movimento.
44

Figura 11: No Terra TV, os créditos são tradicionais. No enxame.tv, são elaborados, possuem movimento e
formatos animados.

3.2.6 Vinheta: Todos os canais do enxame.tv apresentam vinheta. As vinhetas


geralmente são bem elaboradas, com uso de recursos gráficos e movimento. No Terra TV,
somente três dos 15 programas observados apresentam vinheta, Música, Jornal do Terra e O
Dia. A vinheta do Música é mais elaborada, com recursos gráficos e movimento, as outras
duas lembram muito uma vinheta de telejornal, com movimento e poucas cores.

3.3 INOVAÇÕES

A observação nos permitiu perceber que o Terra TV mantém o perfil de telejornalismo


na internet, com cenário, roupas e linguagem formais. No entanto, a maioria dos programas
não apresenta vinheta, característica dos programas telejornalísticos, o que mostra uma
inversão entre os dois modelos, pois as vinhetas são presença constante nos canais do
enxame.tv.
Já o enxame.tv mostra um perfil despreocupado com a aparência dos apresentadores,
dando-lhes liberdade para falar o que e como pensam, com uso liberado de gírias. Pode-se
dizer que os canais do enxame são programas de informação sobre entretenimento com muita
opinião dos apresentadores. Diversos elementos indicam a busca da fidelidade do usuário,
como os cenários que remetem à temática dos pods e a presença de vinheta de identificação
em todos os canais. Mas é nos efeitos gráficos que o enxame.tv mostra diversos recursos,
explorando o uso de imagens e bichinhos animados na tela, nas vinhetas, nos créditos dos
apresentadores. No entanto, a edição é convencional, com poucas demonstrações de
novidades, eventualmente aparecendo imagens feitas com a câmera na mão passando a
45

imagem de uma pessoa para outra, ou nos closes de detalhes dos entrevistados, como mãos,
dedos, expressão do rosto.
O enxame.tv tem um modelo de negócios cujo objetivo é que o usuário acesse o
produto, despreocupado se vai gerar trânsito para o próprio site ou para outra plataforma.
Conforme explica Kazi (2009) em entrevista via e-mail, “o site em si não tem publicidade, ele
é só um agregador do conteúdo, que é distribuído em outros lugares como download para
computadores e celulares, no YouTube, os sites dos colaboradores e qualquer outro lugar que
queira pegar o código e ‘embedar’ os pods do Enxame. Os produtores de conteúdo são
parceiros do Enxame nos pods, ou seja, o que quer que entre de dinheiro é dividido”. Em
geral, os sites buscam gerar trânsito para si, e o enxame.tv mostra indiferença com relação ao
ato do usuário assistir os pods no próprio site.

3.4 O PAPEL DO DISPOSITIVO DA WEB

Quando um produto audiovisual é feito para ser veiculado na web, a produção já pode
ser planejada para este meio, pensando em explorar as suas potencialidades. No jornalismo
audiovisual na web estabelecem-se continuidades e rupturas, conforme afirma Palacios
(2003). As continuidades aparecem quando conteúdos que já existiam antes da web, como o
telejornal, são reformulados para que sejam veiculados no suporte digital, potencializando
esse uso. No momento atual da web, essas potencialidades começam, relativamente, a ser
exploradas por meios que pensam seus produtos especificamente para a web. Assim,
começam a surgir rupturas por meio de veículos que se potencializam a ponto de explorar o
suporte e alcançar um produto diferenciado.
O enxame.tv explora os recursos da interatividade por meio da linguagem, do convite
à participação do internauta que pode colocar comentários escritos em balões a qualquer
momento sobre os pods, de modo que todas as pessoas que assistirem àquele vídeo poderão
ler o que ele pensa, possibilitando a intervenção por parte do usuário na narrativa. É o que
Mielniczuk (2003) chamou de relação multi-interativa entre o usuário e o produto web.
46

Figura 12: Os balões de texto com a opinião dos usuários “pipocam” na tela
dos pods do enxame.tv.

Os pods também não possuem a preocupação com o tempo, geralmente duram cerca
de 15 ou 20 minutos cada, abordando um mesmo tema, e muitas vezes o mesmo assunto é
dividido em três blocos de 20 minutos cada, explorando o tema em profundidade. Ou seja,
quem tem interesse naquela temática pode acompanhar um grande volume de conteúdo
específico, algo que não acontece nos modelos tradicionais de televisão ou mesmo da web.
Aqui, fica evidente a exploração da capacidade de memória da web, outra característica do
meio apontada por Mielniczuk (2003).
A produção postada no enxame.tv traz iniciativas criativas, com tentativas de prender
a atenção do usuário para o produto, e não para o site. Como apontam Becker e Teixeira
(2008), a criatividade é essencial para chegar a um produto diferenciado na web. Muito da
criatividade dos pods do enxame.tv está nos apresentadores, que demonstram naturalidade e
empatia com o vídeo, como se estivessem debatendo entre amigos.
Por fim, o dispositivo da web afeta a produção do conteúdo, uma vez que os canais do
enxame.tv nascem como uma iniciativa de atrair nichos de mercado só possíveis de se atingir
na web, esse meio amplo e de acesso universal. Conforme afirma Mouillaud (2002), o
dispositivo é mais que apenas um suporte, mas uma matriz que impõe suas formas aos textos,
no caso, qualquer forma de linguagem, seja sonora, gestual, icônica, etc.
47

CONCLUSÃO

Com a sistematização dos dados da observação dos videopodcasts do enxame.tv e dos


programas do Terra TV e a partir das categorias de análise empregadas, pudemos observar
que o enxame.tv apresenta algumas peculiaridades que indicam características próprias de um
meio que, ao ser pensado para a web, busca aproveitar as potencialidades deste meio. O Terra
TV, mesmo tendo nascido direto na web, funciona muito mais como mera plataforma de
conteúdo audiovisual na internet, enquanto o enxame.tv inova em certos aspectos, como
veremos a seguir.
A partir do que aponta a literatura explorada neste trabalho e do estudo observatório
dos modelos enxame.tv e Terra TV, confirma-se a ideia de que os produtos audiovisuais para
a web começam a tomar formas de produções inovadoras, e que produtos novos no mercado,
como o enxame.tv, começam a explorar as potencialidades do meio, aproveitando os recursos
que a web oferece. Com o intuito de atingir um público segmentado, o enxame.tv busca
fidelizar esse público sem a preocupação em manter trânsito no próprio site, pois os pods
podem ser assistido em outras plataformas.
O audiovisual na web é originário dos produtos antes conhecidos do público na
televisão. Como menciona Nogueira (2005), o vídeo na internet nada mais é que o conceito de
webjornalismo audiovisual, chamado de telejornalismo online por Brasil (2002).
Em se tratando de audiovisual, tanto o webjornalismo como o telejornalismo foram
evoluindo gradualmente. O webjornalismo mais rapidamente, considerando as
potencialidades do meio, mas podemos dizer que possuem correspondência, como afirma
Nogueira (2005). Ambos chegam a uma fase de produção singular em relação aos meios
anteriores, em um processo que Fidler (1997) chamou de midiamorfose, quando o novo meio
e o antigo meio adaptam-se como condição para permanecer no mercado ou então morrer. Os
dois meios passam por um processo inicial de mera transposição de conteúdo para, mais tarde,
passarem a produzir conteúdo exclusivo.
Quanto ao dispositivo, percebemos que este tem papel determinante na produção do
conteúdo. Conforme Machado (2000), no caso da televisão, o dispositivo é marcante no
resultado a ser veiculado. O que é perceptível através do telejornal, um dos gêneros mais
fortemente codificados segundo o autor, que avalia que, em qualquer parte do mundo,
qualquer que seja a língua, mesmo que não domine aquele código, o usuário irá perceber que
se trata de um telejornal a partir do formato característico, fortemente marcado pela postura e
48

roupas do apresentador olhando para a câmera e dizendo a notícia atrás da bancada. O mesmo
ocorre na web, cujos produtos não precisam ter preocupação com o tempo de duração ou com
temáticas de interesse de poucos, pois o conceito de cauda longa, levantado por Anderson
(2006), mostra que há mercado mesmo para pequenos nichos. Conforme Anderson (2006), a
internet possibilita uma migração do mercado de massa para o mercado de nicho, no caso do
modelo enxame.tv observado neste estudo, trata-se de um meio integrante da cauda longa
composto de videopodcasts pensados para nichos de audiência.
A partir das características do webjornalismo levantadas por Mielniczuk (2003) temos
muitas delas presentes nos modelos observados, o que aponta para as potencializações
proporcionadas pelo meio e o surgimento de veículos como o enxame.tv, que traz novidades
na produção de audiovisual neste meio.
A observação permitiu concluir que, conforme a proposta de cada site, o enxame.tv
começa a delinear as inovações a que se propõe. A partir das reflexões feitas neste trabalho e
dos conceitos sistematizados a fim de ilustrar este estudo, não desejamos afirmar que o
enxame.tv é um divisor de águas na produção de conteúdo audiovisual na web, pois ainda há
muito a potencializar, mas aponta que já começam a surgir veículos capazes de explorar as
potencialidades da web.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
49

ALVES, Rosental Calmon. Reinventando o Jornal da Internet. Sala de Prensa,


Fortaleza, mar. 2001. Reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa. Disponível em:
<http://www.saladeprensa.org/art236.htm>. Acesso em: 22 set. 2008.

ANDERSON, Chris. A Cauda Longa: do mercado de massa para o mercado de


nicho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

BECKER, B.; TEIXEIRA, J. Revista do NP de Comunicação Audiovisual da Intercom,


Webjornalismo audiovisual: perspectivas para um
jornalismo de qualidade no ciberespaço, São Paulo, v.1, n.2, p.102 e 103, ago/dez 2008.

BRASIL, Antônio Cláudio. Telejornalismo, Internet e guerrilha tecnológica. Rio


de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2002.

CURADO, Olga. A notícia na TV: O dia-a-dia de quem faz telejornalismo. São Paulo:
Alegro, 2002.

FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Contexto, 2006.

FIDLER. Roger. Mediamorphosis. Understanding new media. California: Pine Forge


Press, 1997.

GOSCIOLA, Vicente. Roteiro para as Novas Mídias – do cinema às mídias interativas.


São Paulo: Editora Senac, 2003.

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Adeph, 2008.

NOGUEIRA, Leila. O webjornalismo audiovisual: uma análise de notícias do


UOL News e na TV UERJ Online. (Dissertação de Mestrado). UFBA/ FACOM,
Salvador, 2005.

MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: Editora SENAC, 2001.
50

MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação, in Jairo Ferreira, 2002.


Disponível em:
<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2002/Congresso2002_Anais/2002_NP11FERR

EIRA.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2009.

MATTOS, Sérgio. Um Perfil da TV Brasileira: 40 anos de história (1950-1990).


Salvador: Associação Brasileira de Agências de Propaganda/Capítulo Bahia: A
TARDE, 1990. Disponível em: <www.sergiomattos.com.br>. Acesso em 11 out. 2009.

MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do formato


da notícia na escrita hipertextual. (Tese de doutorado). UFBA/ FACOM, Salvador, 2003.

MOUILLAUD, Maurice; PORTO, Sérgio Dayrell (org.). O Jornal: da forma ao sentido.


Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002.

PALACIOS, Marcos. Ruptura, continuidade e potencialização no jornalismo online: o


lugar da memória, in
<http://www.facom.ufba.br/jol/pdf/2003_palacios_olugardamemoria.pdf>. Acesso em: 23
jun. 2009.

PATERNOSTRO, Vera Isis. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro:


Elsevier , 2006.

PORTAL TERRA e como tudo começou. Reportagem disponível no Portal Terra, in


<http://tecnologia.terra.com.br/internet10anos/interna/0,,OI542329-EI5029,00.html>. Acesso
em : 11 out. 2009.
51

APÊNDICES
52

APÊNDICE A – Quadro de observação a partir da amostra escolhida neste trabalho.

O enxame.tv é um site que comporta conteúdos audiovisuais, chamados videopodcasts. Escolhemos os oito pods com maior número de
postagens para observação. Os pods estão listados abaixo em ordem alfabética.

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
roupa
Pods do
enxame.tv

3.8: Postagens disper- O cenário fixo é Roupas casuais, Linguagem Usa como recurso Vinheta de
Sérgio Mugnaini, sas e não periódi- uma mesa de camiseta e jeans. informal, bate- textos/ perguntas abertura.
Andre Matarazzo, cas. Existe desde discussão. Com Sentados papo ou um escritas na tela, A imagem que
Ricardo Figueira e 08 de outubro de eventuais outras descontraídos. debate com vários esse texto pode acompanha a
Dudu falam sobre 2008 (com 14 locações. convidados. estar em vinheta é uma
cases da propa- postagens). É Uso de gírias. movimento. pizza em que um
ganda digital no comum que dois Uso de imagens ponteiro vai
mundo. Chama-se ou três pods sejam animadas. girando até deixar
3.8 porque essa é sequência um do As tomadas são colorido uma fatia
a porcentagem outro, por exem- mais amadores, o de 3.8%. Com
que cabe no orça- plo, uma mesa câmera está com a música.
mento para a redonda com câmera na mão e
internet na publi- convidados é vai de um
cidade brasileira. dividida em três apresentador para
Uma crítica para pods de 15 minu- o outro, tem mais
aumentar esse tos cada um (mês- movimento.
percentual dos mo assim, os pods
orçamentos são postados em
publicitários. datas diferentes).
53

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
roupa
BrainCast
TV:

Carlos Merigo, do Não periódico. Há O cenário é um Roupas casuais. É uma espécie de Depois da vinheta Apresenta vinheta
blog períodos de local que eles Camiseta e jeans. debate, pode ser de abertura de abertura em
Brainstorm#9 e postagens “invadem” ou Apresentação é entrevista ou uma aparece em que aparece a
Cris Dias frequentes e visitam (por descontraída, eles conversa. movimento o palavra fixa
conversam com outros com exemplo, ficam sentados à Geralmente assunto do pod. “BRAIN” e vai
personalidades da nenhuma entrevista na vontade. dividido em dois Não apresenta alternando com
cena publicitária. postagem. Por MTV, em ou três blocos. No muitos recursos de diversas outras
Abordam teorias exemplo, em um agências de começo do bloco edição. Usa plano palavras animadas
da comunicação e único mês chega a publicidade como são apresentados aberto e plano grudadas nela, até
cases do mundo ter dez postagens. JWT e Africa, os entrevistados e fechado. aparecer um
da propaganda. Existe desde 11 de etc). Esse lugar o local onde estão. Créditos dos “CAST” para
junho de 2008. tem relação com É uma entrevista apresentadores formar o
as pessoas que com caráter com a logomarca “BRAINCAST”.
eles entrevistam. informal, do BrainCast. Com música.
Os dois lembrando um
apresentadores bate-papo.
improvisam com Uso de gírias.
cadeiras ou
poltronas e
conversam com os
convidados
sentados em semi-
círculo, de forma
descontraída.
54

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
roupa
Massaroca
O Massaroca Semanal, toda Geralmente os A apresentação Há duas vozes, A edição está Há uma espécie
começa a ser quarta-feira (com cenários são deste pod é um narrador em dentro do de logomarca de
exibido com o pod pequenos períodos diferentes a cada temática e off cobrindo convencional, o abertura, com o
de número 65, de interrupção). edição, variando encenada. Por imagens, e os narrador em off nome do pod em
surge do programa Existe desde 28 de conforme o tema isso, os personagens que cobre imagens letras grandes e os
Metrópolis, da TV maio de 2009. abordado/ personagens/ podem ser fixos como em uma quatro
Cultura. encenado. atores aparecem ou atores reportagem, com componentes
Assuntos diversos Pode aparecer com roupas convidados. inserções de fixos do pod.
e humor. mais de uma normais do dia-a- O narrador pode personagens entre Sempre há um
Este pod é uma locação no mesmo dia ou vestidos de conversar com o os offs. elemento se
encenação sobre pod, uma interna e acordo o que o ator. Assemelha-se a movimentando
algum tema, conta outra na rua, por personagem É uma espécie de um curta- entre eles, por
com atores exemplo. mandar (alguma encenação com metragem. exemplo, um
convidados. fantasia, por temáticas Uso de imagens chapéu que surge
exemplo). diferentes a cada de filmes para na cabeça de um
edição. O narrador ilustrar a narração. deles, a seguir
tem uma voz Fazem desaparece e surge
imponente e é brincadeiras, na cabeça de
sarcástico, usando como dublar sobre outro. Pode ser
palavras a fala de um ator. um nariz de
rebuscadas e, às Usam recursos palhaço, etc.
vezes, é informal gráficos, como Não tem som,
(exemplo, “olhem desenhos não chega a ser
só vocês”). coloridos em uma vinheta, mas
movimento sobre é um elemento
algum ator. identificador.
Outros recursos,
como um vídeo de
55

fundo mostrando
uma imagem, um
personagem
aparece recortado
dentro de uma
cena.
56

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
roupa
Na sala
do Tatá:

Sentados na “sala Postagens O cenário é uma Roupas casuais. Uma entrevista Dividido em três Vinheta de
do Tatá”, Tatá dispersas, com sala casual (a sala Os entrevistados descontraída, blocos, cada bloco abertura.
Aeroplano e alguns momentos do Tatá), com são pessoas que bate-papo. é uma nova Uma linha vai
Ronaldo de periodicidade sofás, ou bancos, trabalham com Linguagem postagem. desenhando um
Evangelista (não periódico). ou mesmo música, podem se informal. O As imagens focam violão, um
recebem Existe desde 20 de sentados no chão. conhecidos ou entrevistado conta detalhes do pássaro, e aparece
convidados que outubro de 2008. Eles também não, e eles se sobre músicas de entrevistado, o nome do pod,
mostram o som Os pods são em visitam e gravam vestem de acordo trabalho, carreira, como as mãos do com a música de
que tocam e falam sequência de dois os pods de outros o próprio estilo. etc. E também entrevistado. fundo.
da “nova música ou três, uma locais (eles vão Postura canta, mostrando
popular mesma entrevista em busca dos descontraída. sua música.
brasileira”. é dividida em dois entrevistados e
ou três pods. improvisam a
Tem 13 postagens locação da
no total. A maior entrevista onde
parte feita em estiverem).
2009. Em 2008,
foram apenas
quatro pods.
57

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Omele.tv roupa
Érico Borgo, Semanal, toda O cenário é uma A apresentação Linguagem Quando Sim. Vinheta logo
Marcelo Forlani e sexta-feira, desde sala com três pufs deste pod é feita informal. Os comentam um após a abertura e
Marcelo Hessel, 02 de setembro de onde sentam os de forma apresentadores filme ou game entre os blocos.
do site Omelete, 2008. apresentadores, descontraída. Os conversam entre geralmente Vinheta contém
trazem com duas apresentadores si. Os comentários aparece uma parte música e recursos
informações sobre mesinhas de aparecem podem se do trailler com a gráficos. São três
o mundo do centro em frente, sentados transformar em voz do ovos como feições
entretenimento. uma com um note conversando entre discussões ou apresentador ao humanas (pernas e
De forma book e outra com si e com o brincadeiras. fundo. Ao falar de braços) que
descontraída e objetos, como público, parece Podem imitar uma pessoa, representam os
divertida, CDs. Ao fundo, um “bate-papo” personagens e colocam uma foto três
comentam e pôsteres de filmes entre amigos. zombam um do pra mostrar quem apresentadores do
discutem sobre e bonecos Também podem outro. Usam gírias é. Uso de imagens pod. Os ovos
cinema, DVD’s, espalhados pelo aparecer sentados (cara, pô, tal). animadas. Tudo aparecem usando
quadrinhos, chão. no chão. aparece dentro de roupas de
games, etc. Esporadicamente, Vestem roupas do uma imagem de personagens do
o pod é gravado dia-a-dia, um TV antiga que cinema. No final,
em outra locação, camiseta e calça parece um ovo. aparece uma
por exemplo, para ou bermuda, ou Enquadramento televisão com a
ir ao local onde então aparecem em plano aberto gema do ovo
está alguma fantasiados com ou fechado, com dentro dela, em
personalidade que roupas que poucas variações. que a gema é a
irão entrevistar. remetem ao filme Apresenta o uso letra “O”, inicial
Também pode que será de créditos de OmeleteTV.
haver inserções de comentado. quando os
algum material Fazem caretas, apresentadores
gravado em imitam pessoas e aparecem. Os
viagem, por comem durante a créditos
exemplo, um apresentação. apresentam
58

representante do recursos gráficos.


Omelete costuma Surge um ovo que
ir à pré-estreia dos é um boneco de
grandes filmes, super-herói
inclusive fora do esticando uma
Brasil, ocasião em capa amarela. É
que entrevista na capa amarela
algum ator e faz que aparece o
um seu nome do
comentário tendo apresentador. A
ao fundo uma seguir, o boneco
paisagem que recolhe a capa
caracteriza o amarela e
local. desaparece. Cada
apresentador tem
um boneco
característico.
59

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Rraurl TV roupa
Gaia Passarelli e Postagens A locação A roupa é casual, Linguagem Mais parecido Vinheta de
Jade Gola dispersas, não geralmente é conforme o estilo informal. Mas em com o modelo de abertura.
entrevistam periódicas. variável, os dos um formato mais reportagem. Simples, aparece
celebridades da Nos primeiros apresentadores apresentadores. sério, pois o O repórter pode o logo (estático)
música pop e dois meses de vão ao local onde A apresentadora repórter anuncia aparecer abrindo o do pod e uma
eletrônica ciração teve acontece algum está descontraída, quem é o bloco, microfone música eletrônica.
brasileira, postagens evento ou onde aparece descalça entrevistado em na mão olhando
participam de frequentes, tendo está o sentada no sofá passagem olhando para a câmera.
eventos e um período de entrevistado. Pode em uma para a câmera. A partir daí, passa
conversam sobre pausa seguido de ser um show. determinada Ou no modelo de a palavra para o
tendências. novaspostagens Pode ser uma sala entrevista, usa entrevista, entrevistado, que
frequentes. Não com sofá. diversas sentados em um tem liberdade,
Esse pod nasceu teve postagens tatuagens, percing sofá, por exemplo. pois fica
do site recentecemte. no nariz. segurando o
Rraurl.com, que Existe desde 09 de microfone.
aborda esse outubro de 2008. Responde
mesmo assunto. perguntas que
aparecem escritas
na tela para o
público que
assiste.
Edição com
imagens e trilha.
Uso de closes no
rosto das pessoas.
Modelo de
entrevista.
60

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Smelly Cast roupa
Apresentado pela Apresenta Os cenários Roupas casuais. Os apresentadores Uso de inserções Vinheta de
Baunilha, a Bruna postagens variam, mas Ás vezes falam com o de imagens e abertura.
Calheiros, e por frequentes, teve sempre possuem aparecem público. É vídeos. Por É um gatinho
Vitor Baumgratz, apenas um motivos que fantasiados. informal. exemplo, mostra animado com
esse pod fala período de remetem às Note book na A apresentadora um vídeo no canto música de fundo,
sobre animações interrupção (nos animações, mesinha em frente Baunilha já é da tela e o gatinho cenário cor de
em geral, desde meses de junho e cenários composto à Baunilha. Os personagem da logo do Smelly rosa, e no final
animações agosto). por brinquedos, dois conhecido do blog Cast na tela cheia aparece o nome
recentes em 3D, Existe desde 27 de ursos, miniaturas apresentadores Smelly Cat. em movimento. do pod.
até famosos abril de 2009. e bonecos. interagem, Eles sempre
desenhos conversam entre abrem o pod
animados em 2D si. apresentando o
que marcaram programa.
gerações.
Surge do blog
Smelly Cat.
61

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Vídeocast roupa
Colmeia:
É o primeiro pod É o primeiro pod Cenário com Roupas casuais. Linguagem No estúdio mostra Vinheta após a
do enxame. A do enxame e fundo verde e dois Camiseta e jeans. extremamente apenas plano abertura.
equipe da colmeia aquele com o sofás de cor Note book no informal. Uso de aberto e plano Aparece a logo da
é a mesma equipe maior número de berinjela. colo, pernas gírias. fechado. Em colmeia dentro de
do enxame (a postagens. No Também cruzadas, outras locações uma TV com o
colmeia criou o entanto, as aparecem outras descontraídos e à tem uma edição assunto que será
enxame). postagens foram locações, são vontade. com outros abordado no pod
Kazi, Dudu e todas em 2007 e lugares visitados Aparecem recursos, uso de escrito ao lado,
Passamani 2008, pois em por eles. fumando, com imagens. com trilha.
conversam sobre 2009 houve bebidas, copo de
as novidades que apenas um pod cerveja, tem outro
acontecem na incluído. pod que um
colmeia. Existe desde 27 de garçom traz uma
Discutem o que setembro de 2007. tekila pra eles
acontece no beberem.
mundo da
publicidade.
62

Terra TV
O Terra TV é um canal de vídeos com temáticas variadas dentro do Portal Terra. Esses vídeos podem ser produzidos pelo próprio Terra ou
produções independentes do portal Terra e vinculadas a outros veículos. Aqui, observaremos apenas conteúdo produzido pelo Terra nos canais
Diversão e Notícias do Terra TV.

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Diversão
Música A partir de 26 de Imagens do artista Não aparece Formal. Edição rica em A vinheta abre
Reportagens sobre outubro de 2009 em shows e apresentador, Reportagens com efeitos e com a logomarca
o Festival Planeta até começo de retiradas de clipes, apenas voz em off. voz do repórter movimentos, mas do “Planeta Terra
Terra 2009. novembro foram CD’s, etc. As em off cobrindo são imagens Festival 2009”, a
O Terra TV vai postadas reportagens são imagens. retiradas da seguir aparecem
exibir o festival ao reportagens sobre anteriores ao internet, por placas de
vivo em três as bandas que festival exemplo, quando sinalização de
canais. O festival iriam tocar no falam de um trânsito contendo
acontece sábado, festival no dia 07 cantor que informações sobre
dia 07 de de novembro de participa do o a banda que será
novembro. 2009. festival colocam abordada na
Durante o sábado, imagens de clipes, reportagem, as
07/11, a CD, texto escrito placas vão se
madrugada e a sobre a tela em movendo, entra
manhã de movimento, etc. uma, sai outra,
domingo, prome- com trilha.
tem 10 horas de
cobertura ao vivo.
Além dos shows,
o Terra vai exibir
entrevistas.
63

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Diversão
Carnaval Entre 10 e 26 de O carnaval Quando há Formal. Logomarca do Não apresenta.
Reportagens sobre fevereiro de 2009, carioca, pistas de passagem do Offs cobrem Terra TV aparece
o carnaval 2009. postagens diárias. samba. repórter no vídeo, imagens e repórter no canto superior
A reportagem usa roupas pode ter passagem direito da tela.
pode iniciar com o formais. no vídeo.
crédito do
repórter, tem
sonoras com
celebridades ou
pessoas
envolvidas no
carnaval, offs
cobrindo imagens.
Chat Frequente. No Entrevistado atrás Não aparece a Entrevista, A entrevista Não apresenta.
É uma entrevista mesmo dia podem da bancada figura di repórter, praticamente começa direto
em que aparece ser postados responde apenas os aparece somente a com a imagem do
somente o vários vídeos, perguntas feitas entrevistados voz do entrevistado no
entrevistado. depois pode ficar por alguém que sentados entrevistado estúdio, atrás da
alguns dias sem não aparece. As respondendo. respondendo. bancada, e
postagens. perguntas são termina assim
enviadas por também.
internautas.
64

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Diversão
Publicitário Não é periódico, Cenário padrão, Angelo Franzão Não é tão formal, Plano fechado no Não tem vinheta,
Interativo mas tem bancada com abre o programa pois o apresentador. mas ao fundo
Um informativo postagens logomarca do na bancada. Conta apresentador aparece a
do Terra, com praticamente toda programa ao com a presença de inicia o programa logomarca com o
informações do semana (em fundo. um entrevistado dizendo “olá nome do
mercado média, no mesmo na bancada. amigo, como você programa.
publicitário dia são postados sabe, nós falamos
digital. três vídeos). aqui sobre ...”.
Postura formal do
apresentador na
bancada, vestindo
camisa e terno, no
entanto, ele
gesticula e parece
conversar com o
espectador,
indicando
informalidade.
65

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Notícias
Brasil Em média, o Terra O cenário é o Geralmente não Formal. Estilo Edição de Não apresenta.
Reportagens sobre posta cerca de sete local do aparece. Voz do jornalístico. imagens ou
assuntos variados vídeos diários. acontecimento locutor em off. Quando há a fotografias
que são notícia no noticiado, ou Quando aparece, o figura do cobertas pela
Brasil fotografias, apresentador está apresentador, ele locução do
Reportagens em quando a notícia é sentado atrás da entrevista um repórter.
off ou o sobre celebridades bancada, vestindo especialista sobre Reportagens
apresentador na brasileiras. roupas formais, o assunto pelo curtas e sem
bancada faz com camisa ou telefone. muitos efeitos.
entrevista por terno. Nas entrevistas
telefone. por telefone,
aparece na tela
uma fotografia do
entrevistado, e um
texto explicando
quem é a pessoa.
Mundo Em média, três ou As imagens Voz do locutor em Formal. Estilo Uso de imagens Não.
Reportagens de quatro postagens ilustrativas da off. jornalístico. cedidas,
temáticas varadas diárias. notícia. fotografias,
do mundo todo. recursos de
Voz em off páginas da web,
cobrem imagens. trilha.
66

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Notícias
Economia Postagens Bancada de Apresentador está Formal. Estilo Plano fechado no Não.
É o Jornal do dispersas e telejornal com sentado atrás da jornalístico. apresentador e
Terra com eventuais. Não redação ao fundo bancada, vestindo Postura ereta. aparece imagens
entrevista sobre são diárias, mas e entrevistado por roupas formais, Repórter fala a de uma fotografia
economia. são vídeos mais telefone. com camisa ou notícia e chama o do entrevistado
longos. terno. entrevistado por enquanto ele fala.
telefone.

Ciência Postagens Imagens Voz do locutor em Formal. Estilo Imagens e Não.


Notícias sobre eventuais. ilustrativas da off. jornalístico. fotografias
ciências, locução notícia cobrem cedidas.
em off cobre locução do
imagens. repórter.

Jornal do Terra Já teve edições Bancada de Apresentador em Linguagem Entrevistado Vinheta de


Apresentador semanais. Hoje, telejornal. postura ereta na formal, mas pessoalmente na abertura com
narra a notícia na não é mais bancada. procura interagir bancada com o imagens em
bancada e chama periódico. com o público apresentador. Em movimento,
entrevista com (exemplo, “boa plano fechado. trazendo a ideia
especialista para tarde internauta”, de interatividade.
explicar mais “faça suas Imagens em azul e
sobre o que foi perguntas no branco formam a
noticiado. chat”, etc). logomarca do
Não chama VTs. jornal, com trilha.
67

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Notícias
Vc Repórter Postagens Local do fato Voz do locutor em Formal. Estilo Imagens amadoras Não.
Vídeos de eventuais. flagrado por off cobre as jornalístico. com narração do
amadores internauta. imagens. repórter.
enviados por
internautas.

Terra Magazine Postagens Entrevista mais Voz do repórter e Entrevista formal. Não há imagens Não.
É o rádio na TV. eventuais. descontraída. Ou entrevistado em em vídeo.
Ausência de então, ausência off. Edição de locução
imagens. Uma completa de cobrindo uma
única fotografia imagens (uma fotografia.
pode cobrir dez fotografia ilustra
minutos de diversos minutos
locução. de entrevista,
como se fosse
uma entrevista
para rádio).
Especiais Postagens Imagens Repórter ausente. Locução do Locução cobre Não.
Reportagens eventuais. ilustrativas sobre Locução em off. repórter. Formal. imagens. Presença
temáticas (sobre o o tema. de trilha.
Michel Jackson, Temático.
caso Isabela
Nardoni, etc)
68

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Notícias
MediaOn Cobertura do Itaú Cultural de Roupas Formal. Boletim de Não.
Seminário de seminário em São Paulo, local formais e Alguns vídeos são abertura ou
jornalismo online junho e julho de que recebeu o postura ereta. mera reprodução de passagem do
discute impacto 2007 e nos dias seminário. palestras no repórter com
das tecnologias 09,10,11e 12 de Entrevistas com seminário. entrevistas e offs
digitais nos setembro de 2008. um fundo com a cobrindo imagens.
veículos de logomarca do Aqui aparece uma
comunicação. MediaOn. reportagem
completa, com
todos os
elementos.
O Dia Não tem O local de algum Reportagens Quando aparece Apenas imagens Sim, a vinheta
Reportagens postagens diárias fato. em off. Pode locução, é formal. corridas, com aparece na
gerais, pode ser (fica um ou dois aparecer um eventuais abertura e no
texto em off com dias sem postar entrevistado. interrupções de encerramento.
sonoras, ou nada e no mesmo textos escritos na É formada por
ausência completa dia pode postar tela explicando. diversas letras
de locução, mais de um Ou texto em off coloridas que
apenas as imagens vídeo); cobre imagens formam a imagem
corridas. contendo sonoras de uma TV,
de entrevistado. montando a
logomarca da TV
O Dia.
69

Critérios a) Periodicidade b) Cenário c) Postura do d) Linguagem e) Efeitos f) vinheta


apresentador/ gráficos/ edição
Terra TV roupa
Canal Notícias
Órbida 2009 Todas as Acontece em um Paulo Castro veste Formal. É uma gravação Não.
É metalinguístico. postagens foram palco com uma terno e gravata. sem cortes.
Paulo Castro fala feitas no dia 14 de projeção de uma Formato de
sobre o Terra. julho de 2009. tela com o site do palestra.
Terra ao fundo.
70

ANEXOS
71

ANEXO A – Entrevista fornecida via e-mail por José Mauro Kazi, integrante do site
enxame.tv. Resposta recebida no dia 21 de outubro de 2009. A seguir, a transcrição do e-mail:

Quais são os critérios para incluir um pod no enxame.tv (qualquer pessoa pode incluir o seu
pod no site)? E com relação à edição dos pods, são produções independentes (o enxame
apenas publica o material) ou passam pelo crivo do enxame (precisam ter relação com a
colmeia)?
Kazi - Existem três tipos de videopodcasts no Enxame. Aquele produzido totalmente em casa
(Videopodcast da colmeia, X-Totó), o produzido aqui, cujo conteúdo vem de pessoas que já
produziam seu conteúdo em outro suporte que não audiovisual (OmeleTV, Braincast) e o
produzido totalmente fora (ou co-produzido) como é o caso do Flying Kebab.
Para entrar no Enxame, sim, tem de passar no crivo de qualidade da editoria do enxame.

É relevante para o enxame que os pods sejam periódicos?


Kazi - Cada vpc determina sua própria periodicidade, mas não há como negar que uma certa
constância é benéfica para a consolidação do público. Mas a flexibilidade é quase total.

Qual é a principal característica do material audiovisual feito para o enxame? Como é


pensado o formato de apresentação do conteúdo para a web?
Kazi - Em geral o conteúdo é original para a web, uma vez que os geradores do conteúdo já o
faziam para web (blogs, sites). No entanto, o Enxame foi um grande laboratório no que tange
a periodicidade, a temas e a duração dos pods. A cada novo pod nós revemos tudo o que já foi
feito e procuramos aplicar as coisas que já se provaram durante esse ano e pouco de enxame,
mas sempre ficamos abertos a mudar.

Como funciona o modelo de negócios do enxame.tv?


Kazi - O modelo de negócios do enxame é baseado em venda de anúncio em formatos
tradicionais (ao menos para a internet) como pre-roll, post-roll e "brought to you by",
merchandising (desde que adequado e não ofensico à audiência) e conteúdo patrocinado
(como o da Levi's).

Como é o processo para ter um pod no enxame?


Kazi - O processo para ter um pod no Enxame é variado. Se alguém tem um conteúdo
interessante e gostaria de entrar no enxame, o melhor caminho é enviar o conteúdo pra gente,
seja ele um blog, uma revista, um podcast, um videopodcast... E daí a conversa acontece.

E a publicidade, como aparece no site?


Kazi - O site em si não tem publicidade, ele é só um agregador do conteúdo, que é distribuído
em outros lugares como download para computadores e celulares, no YouTube, os sites dos
colaboradores e qualquer outro lugar que queira pegar o código e "embedar" os pods do
Enxame.
Os produtores de conteúdo são parceiros do Enxame nos pods, ou seja, o que quer que entre
de dinheiro é dividido.

Como é a relação entre enxame e colmeia?


Kazi - O Enxame pertence à colmeia. É uma das iniciativas que tivemos e apostamos. As
mesmas pessoas trabalham nas produções de ambos.

Potrebbero piacerti anche