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Texto-Fonte:
Crtica Literria de Machado de Assis,
Rio de Janeiro: W. M. Jackson, 1938.
Li h muito tempo um livrinho de versos que tinha por ttulo Div, e que estava
assinado por Augusto Soromenho. O ttulo do livro era o mesmo de uma coleo
de poesias de um poeta turco, creio eu. Achei-lhe graa, facilidade, e sobretudo
novidades tais, que tornavam os versos de Soromenho de uma beleza nica no
meio de todos os gneros.
O livro que o Sr. Bruno Seabra acaba de publicar sob o ttulo de Flores e Frutos
veio mostrar-me que o genro e as qualidades do Soromenho podiam aparecer
nestas regies com a mesma riqueza de graa, facilidade de rima e virgindades de
idias. Abrangendo mais espao do que a brochura do Div, os versos do Sr. Dr.
B. Seabra respondem a diversos ecos do corao ou do esprito do poeta. A esta
vantagem do Sr. B. Seabra junte-se a de haver no poeta brasileiro certos toques
garretianos mais pronunciados do que no poeta portuense. Demais, o livrinho de
Soromenho era um desenfado; o livro do Sr. B. Seabra um ensaio, uma prova
mais sria para admisso no lar das musas.
A prpria diviso do livro do Sr. B. Seabra exprime o maior espao que a sua
inspirao abrange.
Na primeira esto compreendidas as impresses frescas da mocidade e as
comoes ingnuas e cndidas do corao do poeta. A sua musa vaga pela
margem dos ribeiros e pelos vergis onde absorve a santa e vivificante aura do
amor.
A ingenuidade dos afetos est traduzida na simplicidade da expresso.
a poesia loura de que fala um crtico eminente.
Essa, quando verdadeira e simples, rara e inestimvel. Poucos a tm simples e
verdadeira; e os que fora de torturarem a imaginao querem alcanar e
produzir aquilo que s da espontaneidade do corao e da natureza do poeta pode
nascer, apenas conseguem arrebicar a inspirao sem outro resultado. o caso do
pintor antigo que buscava enriquecer a sua esttua de Vnus no podendo
imprimir-lhe o cunho da beleza e da graa.
Esta qualidade, quaisquer que sejam as reservas que a crtica possa fazer, um
motivo pelo qual sado com entusiasmo o livro do Sr. B. Seabra.