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FOTOGRAFIAS DE NUNO FERREIRA SANTOS

“Em
excesso
produz
o obs
A nova “História de
os 900 anos do país,
tão fundadores como a
ou a Revolução Liberal
construção desses 900 anos:

O que muda na imagem que fazemos


de Portugal e da sua história com es-
os agiram à luz da forma como pen-
savam e não seguindo quadros de
políticos que visavam criar Estados
que correspondessem a nações. Ora
“O poder político A passagem
do Condado
ta nova “História de Portugal” que Rui pensamento contemporâneos”. não foi esse o processo de criação do foi produzindo Portucalense
Ramos coordenou e escreveu em con- Porque decidiram começar logo país que somos. a Reino de
junto com Bernardo de Vasconcelos com o Condado Portucalense, Foi até quase o contrário… a nação mas durante Portugal, com
e Sousa (época medieval) e Nuno Gon- e não com os romanos ou os Com os contornos que tem na Penín- D. Afonso
çalo Monteiro (época moderna)? Não lusitanos? sula, Portugal é um Estado-Nação muito tempo não Henriques, é
muito para quem tenha acompanha- Porque esta é uma História de Portu- perfeito mas que foi criado pelo po- onde
do a historiografia recente, imenso gal, não uma história dos aconteci- der político ao longo de séculos. A
se identificou verdadeira-
para quem apenas se recorda dos li-
vros escolares ou das “lições” de José
mentos, das culturas e dos processos
que existiram no território português
nossa identidade nacional foi sendo
criada em articulação com o poder
com ela” mente começa
o país
Hermano Saraiva. antes da origem de um poder político político. O poder político antecede a
Na verdade, como referiu Rui Ra- determinado – o que existe desde D. Nação ao ponto de a passagem do
mos durante a longa conversa que Afonso Henriques –, poder esse que Condado Portucalense a Reino de
tivemos no seu acanhado gabinete do daria origem ao que hoje chamamos Portugal ter sido protagonizada por
Instituto de Ciências Sociais, a ideia Portugal. Não quisemos fazer uma uma família vinda da Borgonha, que
de escrever esta História de Portugal história deste território desde os tem- nem raízes tinha no território.
num só volume nasceu de os autores pos primordiais, mas de Portugal en- Mesmo assim estamos perante
terem tido “a percepção de que havia quanto identidade colectiva criada uma situação única: há
um grande desfasamento entre aqui- por um processo político que come- quase 700 anos que as nossas
lo que os historiadores foram desco- çou com a fundação do Estado. Claro fronteiras não sofrem alterações
brindo nos últimos 20 anos e aquilo que a nação se construiu sobre uma e, ao mesmo tempo, o país tem
que passou para o grande público, base pré-existente, só que não existia uma só língua e a esmagadora
Livros

mesmo o público culto”. A História qualquer elemento que pudesse de- maioria da população assume
tornara-se uma disciplina muito uni- terminar o que viria a ser o Reino de pertencer a uma só religião. Essa
versitária e a relação entre os especia- Portugal. Nesta obra não projectamos não era a situação de partida…
listas e o mundo não académico des- na história portuguesa o tipo de mo- Não, de todo. A única divisão política
laçara-se. Daí a ambição, assumida delo oitocentista e novecentista de imediatamente anterior era o Conda-
por Rui Ramos, de escrever uma “His- nação que antecede e exige a forma- do Portucalense. E ao rectângulo que
tória de Portugal” que, embora inte- ção dos Estados. se formou no século XIII nunca tinha
grando o saber da nova historiografia, Refere-se ao modelo inspirador correspondido antes, nem no tempo
procura “seguir as linhas de raciocínio dos movimentos nacionalistas dos romanos nem no dos reinos visi-
das diferentes épocas históricas e en- pós-Revolução Francesa? góticos, qualquer área que se lhe so-
tender como os grupos e os indivídu- Sim. Foram movimentos culturais e brepusesse. Por outro lado, não en-

22 • Sexta-feira 22 Janeiro 2010 • Ípsilon

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