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PASTAGENS DEGRADADAS
Márcia Vitória Santos
Zootecnista. Doutoranda em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail:
marciavitori@hotmail.com
Edson Alves de Araújo
Agrônomo. Doutor em Solos e Nutrição de Plantas. Secretaria Agropecuária do Acre (SEAP) a serviço da
SEMA/AC. E-mail: earaujo.ac@gmail.com
Edilson Alves de Araújo
Produtor Rural
INTRODUÇÃO
Os pastos são à base da alimentação animal da pecuária nacional, porém estes
vêm apresentando rápido e acentuado declínio em sua capacidade produtiva em razão
dos processos de degradação que tem ocasionado a redução na eficiência dos sistemas de
produção de carne e leite no país.
O manejo inadequado das forrageiras associado à agricultura itinerante agrava os
problemas com a degradação das pastagens na região Amazônica. A maioria das áreas
desmatadas desta região do país é ocupada por pastagens estabelecidas após o desmate e
queima de áreas de floresta nativa e, ou capoeiras. Estima-se que atualmente em torno de
55.298 km2 são ocupados com pastagens e cerca da metade, se encontre em alguma
situação de degradação (Figura 1) e, ou abandonada. Práticas como queimadas, falta de
adubação de manutenção e de controle das plantas daninhas e pragas e, taxas de lotação
incompatíveis com a capacidade de suporte (superpastejo) são ainda comuns em
pastagens na região do Vale do Acre (regionais do Baixo e Alto Acre).
Figura 1 – Desmatamento e queima de novas áreas para formação de pastagem (A), pastagem
degradada sob o ponto de vista agrícola (infestada por invasoras) alguns anos após manejo inadequado
(B) no município de Rio Branco, Acre.
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Uma alternativa para resolução de tais problemas seria desenvolver estratégias
que visem à recuperação de áreas degradadas e a adoção de sistemas integrados de
manejo das pastagens, que possibilitem maior produção de forragem para alimentação
dos animais, sem necessidade de desmatamento de novas áreas.
O desenvolvimento de alternativas para o restabelecimento da capacidade
produtiva das pastagens, bem como o uso de sistemas produtivos mais ecológicos torna-
se fundamental para sustentabilidade da atividade pecuária na Região Amazônica. A
adoção do Sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP), desponta como uma opção viável
na recuperação e renovação de áreas degradada e como alternativa para maior produção
de forragem sem necessidade de novos desmatamentos. Além disso, possibilitam
melhorias nas características químicas, físicas e biológicas do solo. Outro fator
favorável da consorciação é a diversificação da produção na propriedade, aumentando as
chances de sucesso na comercialização dos produtos e da permanência do homem no
campo.
AMOSTRAGEM DE SOLO
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Para implantação do sistema o primeiro passo é a amostragem de solo, que é
fundamental para se conhecer características físicas e químicas do local a ser implantado
o cultivo.
A amostragem deve ser realizada em média com 3 meses de antecedência do
plantio nos perfis de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm de profundidade, perfazendo duas amostras
com cerca de meio quilo de solo em cada local de coleta. È recomendado retirar de 5 a
20 amostras simples de solo de cada profundidade em diferentes pontos da gleba (área
de implantação do sistema), com o objetivo de caracterizar as diferenças que possam
existir na área de cultivo, no entanto, esse valor pode variar dependendo da
heterogeneidade do solo.
As amostras de solo devem ser representativas da área a ser cultivada e mantidas
acondicionadas em sacos devidamente fechados e identificados com os dados da área
coletada, proprietário e profundidade de amostragem. Estas devem ser enviadas a
laboratórios idôneos e no menor espaço de tempo entre coleta e análise (Figura 3).
A B C
D E F
G H I
Figura 3 – Como realizar a amostragem de solo: Retirar material vegetal da superfície (A); Abrir uma
pequena tincheira no solo na medida específica para a coleta (B); Coleta de material e acondicionamento
em balde (C e D); Repetir a operação (número de amostras simples retiradas depende da homogeneidade
e do tamanho da área) até completar a coleta de toda área amostrada e encaminhar todo solo para
destorroamento e mistura até formar mistura mais homogênea possível (E e F); Coleta da amostra com
cerca de 500g, já acondicionada em saco plástico resistente (G); Identificação da amostra (H e I).
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CORREÇÃO DO SOLO
DESSECAÇÃO
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B
Figura 4 – Calibração do pulverizador em área teste (A) e utilização de barra com dois bicos e estaca de
bambu servindo como baliza na aplicação (B).
Espécies Agronômicas
Entre as diversas culturas anuais que têm sido utilizadas nos sistemas integrados,
o feijão é uma cultura promissora, que pode anteceder o pasto em sistema de rotação de
culturas, uma vez que suas palhadas decompõem-se rapidamente, liberando os nutrientes
para a forrageira.
O milho merece destaque devido, principalmente, à sua tradição de cultivo, ao
grande número de cultivares comerciais adaptados a diferentes regiões ecológicas do
Brasil, às suas inúmeras utilidades na propriedade rural, além de sua excelente adaptação
quando cultivado em consórcio, podendo ser destinado à produção de milho-verde, grãos
ou silagem. A reforma de pastagem realizada através da consorciação pasto/milho
permite a utilização de biomassa do pasto em aproximadamente 60 dias após a colheita
do milho, para ensilagem, e imediatamente, no caso de milho para grãos, principalmente
se a colheita for manual.
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Espécies Forrageiras
Algumas forrageiras como braquiarão (Brachiaria brizantha), braquiarinha
(Brachiaria decumbens), tanzânia e mombaça (Panicum maximum), tifton 85 (Cynodon
spp.), entre outras, possuem potencial de uso nesses sistemas. Deve-se procurar
forrageiras de bom crescimento, elevado valor nutricional, grande capacidade de
perfilhamento e, sobretudo adaptadas as condições edafoclimáticas, a fim de obter um
bom estande de plantas no pasto e alta produtividade de carne e leite.
Das espécies utilizadas em consorciação, as do gênero Brachiaria têm boa
adaptação e proporcionam alta produtividade.
Para áreas com menor drenagem, deve-se priorizar a escolha de espécies
tolerantes ao encharcamento do solo. Deve-se evitar a utilização de uma única espécie
em grandes áreas de cultivo. Essas práticas são fundamentais para evitar problemas,
como a morte do braquiarão ou morte do capim-brizantão, bastante comum na Região
Acreana, e cuja causa seria a não adaptação das plantas desta espécie ao encharcamento
do solo, predispondo-as ao ataque de fungos fitopatogênicos de solo.
Em áreas de pastagens degradadas cujo banco de sementes no solo seja alto e
cuja espécie que se deseja substituir seja competitiva, como a Brachiaria decumbens,
recomenda-se a escolha de nova espécie com crescimento rápido, que apresente boa
cobertura do solo, ou ainda a utilização de maior taxa de semeadura, buscando o rápido
fechamento do dossel da forrageira desejada. O mais indicado, nesse caso, é o plantio de
grãos em monocultivo até reduzir o banco de semente da forrageira que se deseja
substituir, para depois implantar o consórcio com a nova espécie.
Nas áreas em estádio avançado de degradação, as leguminosas forrageiras com
capacidade de fixação biológica de N podem ser importantes para a produtividade das
pastagens, por incorporarem N atmosférico ao sistema solo-planta e melhorarem a
qualidade da dieta dos animais em pastejo. As leguminosas podem ser semeadas
juntamente com a espécie agronômica ou na consorciação do pasto com espécies
arbóreas. Das espécies que vêm sendo utilizadas em consorciação, destacam-se Pueraria
phaseoloides, Arachis pintoi e Stylosanthes guianensis.
PLANTIO
O plantio da cultura agronômica e da forrageira em consorciação pode ser
realizado de forma simultânea ou sequêncial, e deve-se favorecer o desenvolvimento
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inicial da cultura para que não haja perda significativa na produtividade de grãos.
Algumas plantadoras de plantio direto apresentam dispositivo próprio para o semeio da
forrageira. Caso não se disponha desse equipamento, a semente de forrageira pode ser
misturada ao adubo ou semeada a lanço com leve incorporação da semente. Neste último
caso a mistura das sementes com o adubo deve ser feita imediatamente antes do semeio,
não podendo ser guardada para ser semeada no dia posterior.
Os arranjos de semeadura da forrageira podem ser a lanço, na linha ou nas
entrelinhas da cultura agronômica. Alguns trabalhos reportam que, para forrageiras do
gênero Brachiaria, o arranjo de duas linhas na entrelinha do milho é o mais indicado,
por possibilitar boa cobertura do solo e rápido estabelecimento da pastagem.
É importante que após a colheita da cultura agronômica exista previsão de chuva
para o crescimento e estabelecimento da forrageira implantada, portanto o quanto antes
for realizado o plantio no período chuvoso, melhor serão as chances de sucesso na
integração.
ADUBAÇÃO DE PLANTIO
As recomendações de adubação são baseadas na análise de solo, na exigência da
cultura, nas condições de fertilidade do solo e na produtividade esperada, para tanto,
deve-se procurar a orientação de um técnico capacitado. A adubação da cultura
agronômica é feita adotando-se como nível tecnológico alto e respeitando a análise do
solo. A alta adubação de plantio com N-P-K no plantio e de N e K em cobertura
utilizada na cultura agronômica servirá para o bom estabelecimento da pastagem.
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ADUBAÇÃO DE COBERTURA
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forrageira e das plantas daninhas. A tolerância da forrageira às sulfoniluréias aumenta
com o desenvolvimento da planta.
O controle das plantas daninhas torna-se mais difícil quando se pretende
substituir a gramínea forrageira. Nesse caso, a forrageira anterior pode se tornar à planta
daninha mais importante no consórcio, pois normalmente ambas têm tolerâncias
semelhantes aos herbicidas. Além disso, algumas espécies forrageiras, como Brachiaria
decumbens, possuem um grande banco de sementes no solo, que, devido à dormência,
germinam em diferentes épocas, dificultando o controle. Recomenda-se, nesses casos, a
rotação de culturas para reduzir o banco de sementes.
COLHEITA DE GRÃOS
A colheita de grãos em sistemas consorciados com forrageiras é dependente do
ciclo da cultura e da sua utilização, como exemplo do milho, para grãos ou silagem. No
entanto, o que se preconiza é que esta seja realizada o mais precocemente possível, uma
vez que o contínuo e intenso crescimento das forrageiras, após a senescência da cultura
agrícola, pode dificultar ou até mesmo inviabilizar a colheita mecanizada. Para pequenas
propriedades, ou áreas declivosas, a colheita manual é a forma mais indicada. Nesse
caso, a pastagem pode ser utilizada imediatamente após a colheita, pois a forrageira não
é danificada pelo trânsito de máquinas. Para as forrageiras quanto mais cedo for colhida
à cultura agronômica em consórcio, mais tempo a pastagem terá para seu pleno
estabelecimento.
Após a colheita da cultura agronômica as forrageiras poderão se desenvolver,
desde que a umidade no solo não seja limitante. Um pastoreio com animais leves e por
curto período de tempo favorece o perfilhamento da forrageira.
Quando a produção é destinada à fenação ou ensilagem, parte da forragem
produzida é colhida juntamente com a cultura, e a restante é danificada pelo trânsito de
máquinas na colheita e transporte para ensilagem. Nessa situação, após a colheita,
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recomenda-se adubação nitrogenada e a não-utilização do pasto até total rebrotação e
recuperação do pasto, o que acontece em média 45 dias após colheita.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária, em suas diversas variações, são
potenciais formas de produção para Região Amazônica, inclusive para o Vale do Acre,
capazes de proporcionar recuperação de pastagens e áreas degradadas e garantir a
sustentabilidade do setor pecuária nesta região do país, sem necessidade de novos
desmatamentos.
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