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O documento discute as circunstâncias em que um servidor público precisa ou não devolver valores recebidos indevidamente pela administração pública, especificamente em casos de má interpretação da lei ou erro administrativo. Geralmente o servidor deve devolver valores indevidos, mas há exceções quando há boa-fé do servidor em razão de equívoco na interpretação da lei pela administração. Já em casos de mero erro administrativo, tribunais entendem ser necessária a devolução mesmo com boa-fé do servidor.
Descrizione originale:
Valores pagos indevidamente a servidor público
Titolo originale
Zênite - Devolução de Valores Indevidamente Recebidos Pelo Servidor Em Razão de Má Interpretação Da Lei e Erro Da Administração
O documento discute as circunstâncias em que um servidor público precisa ou não devolver valores recebidos indevidamente pela administração pública, especificamente em casos de má interpretação da lei ou erro administrativo. Geralmente o servidor deve devolver valores indevidos, mas há exceções quando há boa-fé do servidor em razão de equívoco na interpretação da lei pela administração. Já em casos de mero erro administrativo, tribunais entendem ser necessária a devolução mesmo com boa-fé do servidor.
O documento discute as circunstâncias em que um servidor público precisa ou não devolver valores recebidos indevidamente pela administração pública, especificamente em casos de má interpretação da lei ou erro administrativo. Geralmente o servidor deve devolver valores indevidos, mas há exceções quando há boa-fé do servidor em razão de equívoco na interpretação da lei pela administração. Já em casos de mero erro administrativo, tribunais entendem ser necessária a devolução mesmo com boa-fé do servidor.
Devoluo de valores indevidamente recebidos pelo servidor em
razo de m interpretao da lei e erro da Administrao
Autor: Gabriela Lira Borges
Categoria: Regime de Pessoal
Tags: erro da Administrao, m interpretao da lei, ressarcimento
Conforme se sabe, a devoluo de valores recebidos indevidamente pelos
servidores encontra fundamento no art. 46 da Lei n 8.112/90 previso esta que decorre do princpio geral de direito que veda o enriquecimento sem causa. Nesse contexto, de forma geral, o servidor dever restituir ao errio quantias indevidamente percebidas, independentemente de deciso judicial prvia determinando a devoluo, sendo suficiente a observncia do devido processo legal, com contraditrio e ampla defesa, na prpria esfera administrativa. Nesse sentido, a orientao do TCU, a exemplo do que decidido no Acrdo n 1547-23/12-Plenrio. Conquanto encontre respaldo em um princpio geral de direito, o dever de ressarcimento no tem carter absoluto, pois, como se sabe, at mesmo os princpios admitem flexibilizao em face de outros princpios, de modo a assegurar que efetivamente se promova a justia no caso concreto. Nesse sentido, os Tribunais vm entendendo ser possvel dispensar o servidor de devolver valores indevidamente percebidos, em razo de equvoco na interpretao da lei pela Administrao, desde que presente boa-f por parte do servidor. A matria, inclusive, foi pacificada no mbito do STJ (ver: RESp 1.244.182/PB, Primeira Seo, Rel. Min. Benedito Gonalves, , Data do Julgamento 10/10/2012, DJe 19/10/2012.) O elemento que evidenciaria a boa-f do servidor, segundo o STJ, a legtima confiana ou justificada expectativa, que o beneficirio adquire, de que valores recebidos so legais e de que integraram em definitivo o seu patrimnio (AgRg no REsp 1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011.) O TCU, na mesma linha do STJ, tem entendimento uniforme sobre o assunto, de acordo com o que infere de sua Smula de n 249: dispensada a reposio de importncias indevidamente percebidas, de boa-f, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro escusvel de interpretao de lei por parte do rgo/entidade, ou por parte de autoridade legalmente investida em funo de orientao e
superviso, vista da presuno de legalidade do ato administrativo e do
carter alimentar das parcelas salariais. Assim, parece haver consenso quanto aos pagamentos indevidos decorrentes de interpretao equivocada da lei pela Administrao, sendo possvel dispensar a restituio dos valores indevidamente recebidos, desde que verificada boa-f do servidor. Com relao aos pagamentos indevidos decorrentes de erro de fato da Administrao, todavia, parece ainda remanescer controvrsia quanto ao dever de ressarcir. Sobre o assunto, recentemente, foi editada a Smula AGU n 71, de 09.09.2013 que tambm elencava o erro da Administrao como causa excludente da obrigao de devolver valores indevidamente recebidos, desde que, da mesma forma, houvesse boa f por parte do servidor. Entretanto, poucos dias depois da sua publicao, em 26.09.2013, foi editada a Smula AGU n 72 para CANCELAR a Smula n 71, da AdvocaciaGeral da Unio, publicada no DOU, Seo 1, de 10/09; 11/09 e 12/09/2013, restabelecendo os efeitos da Smula n 34 com a seguinte redao: No esto sujeitos repetio os valores recebidos de boa-f pelo servidor pblico, em decorrncia de errnea ou inadequada interpretao da lei por parte da Administrao Pblica. Analisando a jurisprudncia do STJ, quer nos parecer que o erro da Administrao, aqui entendido como erro operacional, diversamente do erro na interpretao da lei, no liberaria o servidor do dever de restituir o que haja recebido indevidamente. Veja-se, exemplificativamente, a seguinte deciso: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PBLICO. RESSARCIMENTO AO ERRIO. POSSIBILIDADE. 1. O STJ firmou o entendimento de que quando a Administrao Pblica interpreta erroneamente uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, criase uma falsa expectativa de que os valores recebidos so legais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-f do servidor pblico.(Resp 1.244.182/PB, submetido a regime do artigo 543-C do CPC e da Resoluo 8/STJ). 2. Todavia, in casu, o que aconteceu foi simplesmente erro no Sistema de Pagamentos do Ministrio da Fazenda, e no interpretao errnea do texto legal. O Tribunal a quo expressamente registrou: () o que houve, na verdade, foi um equvoco do Sistema de Pagamentos, do Ministrio da Fazenda que, uma vez constatado, obriga a Administrao Pblica a san-lo e a buscar a restituio da situao dos envolvidos ao seu status quo
Min. Herman Benjamin, DJe 15.02.2013.) O tratamento diverso dado hiptese de interpretao equivocada da lei e ao erro operacional (ou erro de fato) parece ser justificvel. que quando a Administrao interpreta de forma equivocada uma lei e com base nisso efetiva pagamento indevido, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos so legais e definitivos situao que no se verifica na hiptese de erro material. De toda forma, at o momento, o entendimento que prevalece para a Administrao Pblica Federal, com amparo tanto na jurisprudncia do STJ, quanto na Smula 249 do TCU e, novamente, na Smula n 34 da AGU no sentido de dispensar o ressarcimento apenas no caso de errnea ou inadequada interpretao da lei, desde que configurada boa-f do servidor.