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7. O FUNDAMENTO DA UNIDADE
– O primado de Pedro prolonga-se na Igreja através dos séculos na pessoa do Romano
Pontífice.
– O Vigário de Cristo.
– O Primado, garantia da unidade dos cristãos e caminho para o verdadeiro ecumenismo. Amor
e veneração pelo Papa.
Cefas é a transcrição grega de uma palavra aramaica que quer dizer pedra,
rocha, fundamento. Por isso o Evangelista, que escreve em grego, explica o
significado do termo empregado por Jesus. Cefas não era nome próprio, mas o
Senhor chama assim o Apóstolo para aludir à missão que Ele mesmo lhe
revelaria mais adiante. Atribuir um nome equivalia a tomar posse da coisa ou
da pessoa nomeada. Assim, por exemplo, Deus constituiu Adão como dono da
criação e, em sinal desse domínio, mandou-lhe pôr um nome a todas as
coisas2. O nome de Noé foi-lhe posto como sinal de uma nova esperança
depois do Dilúvio3. Deus mudou o nome de Abrão para Abraão para lhe dar a
entender que seria pai de muitas gerações4.
Vigário de Cristo, isto é, aquele que o supre e faz as suas vezes. É também
a razão pela qual Santa Catarina de Sena dará ao Papa o tocante título de
doce Cristo na terra19. O Senhor vem a dizer a Pedro: “Ainda que Eu seja o
fundamento e fora de Mim não possa haver outro, no entanto também tu,
Pedro, és pedra, porque Eu mesmo te constituo como alicerce e porque te
comunico as minhas prerrogativas, que agora passam a ser comuns aos
dois”20.
Naqueles tempos de cidades amuralhadas, o ato de entregar as chaves a
alguém significava simbolicamente conferir-lhe a autoridade e o cuidado da
cidade. Cristo deposita em Pedro a responsabilidade de guardar a Igreja e de
velar por ela, quer dizer, confere-lhe a autoridade suprema sobre ela. Por sua
vez, ligar e desligar, na linguagem semita da época, significava “proibir e
permitir”. Além de fundamento, Pedro e os seus sucessores serão, portanto, os
encarregados de orientar, mandar, proibir, dirigir... E este poder, como tal, será
ratificado no Céu. Além disso, o Vigário de Cristo, apesar da sua debilidade
pessoal, terá por missão fortalecer os outros Apóstolos e todos os cristãos. Na
Última Ceia, Jesus dir-lhe-á: Simão, Simão, eis que Satanás vos buscou para
vos joeirar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça, e
tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos21. Agora, no momento em que
recorda as verdades supremas, em que institui a Eucaristia e em que a sua
morte está próxima, Jesus renova a promessa do Primado: a fé de Pedro não
pode desfalecer porque se apoia na eficácia da oração de Cristo.
Pela oração de Jesus, Pedro não desfaleceu na sua fé, apesar de ter caído.
Levantou-se, confirmou os seus irmãos e foi a pedra angular da Igreja. “Onde
está Pedro, aí está a Igreja; onde está a Igreja, não há morte, mas vida” 22,
comenta Santo Ambrósio. Aquela oração de Jesus, a que hoje unimos a nossa,
conserva a sua eficácia através dos séculos23.
Pedro é proclamado por Cristo seu continuador, seu vigário, com essa
missão pastoral que o próprio Cristo definira como sua missão mais
característica e preferida: Eu sou o Bom Pastor.
“O carisma de São Pedro passou aos seus sucessores”25. Ele morreria uns
anos mais tarde, mas era preciso que o seu ofício de Pastor supremo durasse
eternamente, pois a Igreja – fundada sobre rocha firme – deve permanecer até
a consumação dos séculos26.
(1) Jo 1, 42; (2) Gen 2, 20; (3) Gen 5, 20; (4) Gen 17, 5; (5) cfr. Gal 2, 9; 11; 14; (6) Lc 4, 38-41;
(7) Mt 17, 27; (8) Lc 24, 34; (9) Lc 9, 32; (10) Lc 8, 45; (11) Mc 16, 7; (12) Lc 12, 41; (13) Mt 17,
24; (14) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 23; (15) Mt 16, 16-20; (16) cfr. J. Auer e J.
Ratzinger, Curso de Teología dogmática, vol. VIII: La Iglesia, Herder, Barcelona, 1986, pág.
267 e segs.; (17) Jo 1, 41; (18) cfr. 1 Pe 2, 6-8; (19) Santa Catarina de Sena, Carta 207; (20)
São Leão Magno, Sermão 4; (21) Lc 22, 31-32; (22) Santo Ambrósio, Comentário sobre o
Salmo 12; (23) cfr. Conc. Vat. I, Const. Pastor aeternus, 3; (24) Jo 21, 15-17; (25) João Paulo
II, Alocução, 30-XII-1980; (26) Conc. Vat. II, ib., 2; (27) Conc. Vat. II, ib., 21.