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O documento discute as mudanças estruturais feitas na adaptação do livro "O Hobbit" para a trilogia de filmes, como a adição de um vilão central e de um romance, para alongar a história em três filmes. Essas mudanças não respeitaram completamente a estrutura e o espírito do material original de Tolkien.
O documento discute as mudanças estruturais feitas na adaptação do livro "O Hobbit" para a trilogia de filmes, como a adição de um vilão central e de um romance, para alongar a história em três filmes. Essas mudanças não respeitaram completamente a estrutura e o espírito do material original de Tolkien.
O documento discute as mudanças estruturais feitas na adaptação do livro "O Hobbit" para a trilogia de filmes, como a adição de um vilão central e de um romance, para alongar a história em três filmes. Essas mudanças não respeitaram completamente a estrutura e o espírito do material original de Tolkien.
O Hobbit A Batalha dos Cinco Exrcitos e um pouco de narratologia.
Narratologia o campo de conhecimento que estuda os elementos
que estruturam as histrias. Conhecimento mais besta,pensou algum de mente prtica e utilitarista. Considerando que h milnios contar histrias parte cotidiana da vida humana, besta quem ignora o valor que elas contm. A narratologia estruturalista, ento, reconhece funes para personagens, para os trs atos, pontos de virada, catarse, romance, tenso, comdia, exposio, final feliz. Cada vez que George R. R. Martin pensa essa histria precisa de mais choque, vou criar um personagem marcante para mat-lo em seguida, ele est avaliando a estrutura da histria, mais que a prpria histria em si. Quando se adapta de uma mdia para outra, como de um livro para um filme, mudanas so sempre necessrias, pois so linguagens diferentes. s vezes preciso mudar/retirar/acrescentar COMO algo acontece, alterar o curso de eventos para que fique mais claro, ou mais dinmico, ou para fazer um livro singelo de 400 pginas durar trs filmes de 2h40min. Na trilogia cinematogrfica O Hobbit essas horas extras foram conseguidas no apenas ao custo de mudanas na histria, mas na prpria estrutura, e isso o que causa estranhamento para quem conhece o material original. Ressalto dois elementos, duas estruturas realizadas por meio de personagens novos que conseguiram dar a O Hobbit o tempo de fita que o estdio queria para poder fazer o pblico ir trs vezes ao cinema quando duas dariam conta da tarefa sem dificuldades.
1) A primeira um vilo central. O livro O Hobbit no possui um vilo
que conduza a histria. Certamente h muitos perigos, como os trolls, Gollum, o rei dos goblins, as aranhas, o lder orc Bolg que lidera na batalha final. O que chega mais prximo de ser o grande vilo o drago Smaug, pois desde o comeo o objetivo dos anes retomar o reino que ele roubou. Mas Smaug no ocupa muito do livro, tem cenas marcantes, mas nem sequer est no clmax da histria (clmax, aquela estrutura que diz que o final deve ser o pice e conter as resolues, as cenas mais emocionantes e surpreendentes). Smaug o ponto de virada que abre as portas ao verdadeiro clmax, a defesa da montanha. O Hobbit, o filme, usou o orc Azog como o fio maligno que conduz a trama. Originalmente Azog matou Thror, av de Thurin, mas foi morto h muitos anos pelo ano Din P de Ferro. Azog pai de Bolg, que no filme virou seu subordinado. O filme tambm deslocou Azog cronologicamente e transferiu sua desavena com Thror para Thurin. Essa mudana significativa e atrapalha a histria? No, de forma
alguma. Mas no foi s isso. A mudana foi mais profunda, estrutural.
Azog foi transformado em um vilo que teve que aparecer por toda a histria, desde o incio da viagem, perseguindo os anes e de vez em quando dando um pulinho em Dol Guldur para ver se Sauron quer um cafezinho. Ele foi transformado no tipo de vilo pessoal que s pode ser derrotado em uma cena climtica longa e elaborada, em duelo pessoal com o lder dos heris. O pblico no ficaria satisfeito se ele simplesmente fosse morto em batalha, sem trocar olhares ameaadores, frases feitas e quase matar o heri vrias vezes.
2) Ah, o romance! Uma estrutura inexistente no livro que o filme achou
necessria incluir Hollywood precisa de romances, mesmo quando a histria no pede um. A elfa Tauriel foi criada para o filme especialmente e apenas para isso. Se pelo menos dessem a ela uma atitude mais lfica e menos humana, pois elfos realmente SO COMPLETAMENTE DIFERENTES dos homens, e tambm um papel decente com falas tolkenianas a desempenhar... Mas no. Se esforaram tanto em tentar faz-la parecer natural que acabaram tentando demais. Tauriel curando com Athelas em A Desolao de Smaug se esforou tanto que estragou. Mas veja que isso um ponto da histria, no da estrutura. O que a estrutura interferiu que a mera existncia de um romance requer um mnimo de elaborao. Se o contedo bom, ele legitima a estrutura. Se no ... ento tempo de filme jogado fora e, lembrando novamente C. S. Lewis, todo excesso um peso morto. Se acham que a Terra-Mdia precisa de romances impossveis, que faam a histria de Beren e Lthien.
O pblico geral quer reconhecer as velhas estruturas, os clichs
estveis, andar em terreno seguro, sentir novamente aqueles mesmos sentimentos aos quais est acostumado. No h problema em histrias feitas para um pblico genrico, o mais acessvel possvel. O crime est em querer que todas as histrias sejam assim, mesmo aquelas que existem em suas prprias condies particulares, transformar aquelas que no tm apelo geral para se encaixarem nas frmulas bsicas de maneira que possam ser vendidas a todos e qualquer um. Isso agredir a suficincia de uma narrativa e de sua criao. negar a natureza da obra para que ela seja apenas mercadoria. Isso so apenas reclamaes de f chato? Basta lembrar do lacaio do Mestre da Cidade do Lago, Alfrid, e d para ver que a culpa no minha. Alvio cmico caricatural, ele feio e faz careta, pode ser digno de programas de comdia baratos de sbado noite. No mximo.
No mais, no resta muito a acrescentar que no tenha sido dito dos
filmes anteriores da trilogia. Bilbo continua incrivelmente carismtico, Thorin imponente, Legolas uma mquina de combate, Thranduil majestoso, Gandalf o cara. Alguns antigos conhecidos aparecem para marcar presena. um filme bonito de se ver e com cenas de ao bem criativas. A trilha sonora infelizmente apenas msica de fundo, s chama a ateno quando revisita os temas de O Senhor dos Anis. A Batalha dos Cinco Exrcitos inteiro um terceiro ato, uma concluso para a histria, mas que estranhamente no abraa seu eplogo, como O Retorno do Rei. Ao final da guerra o filme parece um pouco apressado em terminar, deixando certas pontas parcialmente de lado. O que aconteceu aos anes depois de tudo? E aos homens do lago? E os elfos conseguiram o que foram buscar? E ningum se preocupou mais com Sauron at comear O Senhor dos Anis? comum que histrias terminem em aberto, sem ter um fim de verdade. No o caso dos livros de Tolkien. O Hobbit no me moveu s lgrimas como O Senhor dos Anis fez em vrios momentos (Avante eorlingas!!!), mas essa nunca foi a inteno. O Hobbit sobre a menor das pessoas envolvida numa jornada inesperada, at o fim do mundo e de volta para casa. Bilbo nunca mais foi o mesmo. Tornou-se um excntrico, recebia visitas dos velhos amigos anes e saa para encontrar os elfos na estrada, sempre ansiando por sair pelo mundo mais uma vez. At que o fez.