O termo Currículo surge como um conceito polissémico, com vários significados e
acepções. A concepção deste conceito segue uma tendência anglófona e encontra-se inserido no âmbito da Pedagogia. O seu conceito varia desde a ideia de programa de uma disciplina, objectivos e competências, métodos e técnicas de ensino/aprendizagem, até aos procedimentos de avaliação. Como plano de estudos surge como o conjunto de disciplinas e respectiva organização em cada nível de ensino e relativamente a cada curso. Como programa entende-se como norma oficial, quadro geral das matérias e conteúdos e, por processo educativo real, o que é verificado na realidade. O currículo como planificação e programação do processo ensino/aprendizagem, que contempla a organização e desenvolvimento de programas em função de uma situação concreta, é a abordagem que será focada neste trabalho. Nesta perspectiva o currículo engloba e especifica o que se pretende fazer numa determinada situação de ensino/aprendizagem, deliberadamente formativa. Neste caso, não se trata de metas gerais, mas sim de processos concretos, referidos a situações concretas. As palavras-chave são planificar, projectar, a partir de determinados pressupostos, as metas que se desejam alcançar e os passos que se vão dar para os alcançar. Aspectos curriculares como a determinação dos objectivos de aprendizagem, a selecção e organização dos conteúdos, a previsão das actividades a realizar ou experiências a oferecer aos alunos, a concepção e manuseamento de materiais didácticos, a avaliação dos resultados, formam as linhas fundamentais da organização do currículo. Trata-se então de um conceito de currículo baseado na planificação e programação do processo de ensino e aprendizagem. A elaboração de um Portefólio como estratégia para evidenciar as aprendizagens subjacentes à planificação e implementação de um Projecto apresentam-se ao serviço de um modelo de desenvolvimento curricular aberto, flexível e que vai ao encontro dos interesses e necessidades individuais. O modelo curricular de Stenhouse não assenta em qualquer base racional, centra-se nos processos cognitivos, na aprendizagem. Este é um Currículo aberto, centrado no projecto e na investigação, é portanto, flexível. A educação e aprendizagem são consideradas como uma alteração do comportamento cognitivo. Esta transformação acontece durante o contacto com o conhecimento e, através da tentativa e erro. Desta forma, ambas as partes estão em contacto com o conhecimento e ambas as partes ensinam e aprendem simultaneamente, sendo característica constante deste modelo, o isomorfismo. Os objectivos são estabelecidos previamente conduzindo as práticas, não as determinando, estes podem ser alterados sempre que o professor (investigador) detecte alguma questão particular. O papel do professor possui um carácter dinâmico, complexo e desenvolve-se de acordo os diferentes contextos, desta forma, torna-se um processo de interacção contínua com o formando. Desempenha a função de guia/supervisor do processo de ensino- aprendizagem. O professor ensina e aprende, pois não é detentor do saber absoluto. O aluno é encarado individualmente, cujos processos cognitivos são únicos e, desta forma, tem formas e tempos de aprendizagem individuais. As necessidades surgem do contexto, da situação particular ou problema e, todo o processo se desenrola em seu torno, sendo que o objectivo central é resolver esse mesmo problema. Desta forma, este modelo de desenvolvimento curricular requer um vasto leque de técnicas, de uma perspectiva inovadora, visando encontrar uma solução adequada ao problema em questão. Stenhouse reconhece que para atingir tal situação o professor terá a necessidade de se comprometer a trabalhar activamente no processo de mudança, pois o seu papel é central na renovação pedagógica. É neste contexto que a elaboração de um portefólio como estratégia de ensino aprendizagem ganha especial interesse, bem como, a metodologia de projecto.