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Niklas Luhmann A improbabilidade / dacom unicacgao ‘Fauwen (re), Sociocyberetic paradoxes, London Gat Pola theory inthe Welfare Sate, N. York, Wal al try ork, Walter de SHE eLoxke desea, en et prado te see olin, Hermes n°, Pes cA PARSONS, Taleo 1963 «On theconceponofpowen, Proceedings othe me Phiolosophical Society,» 107 (3) ys ea! an \ BATZLAWICK, Paul; BEAVIN, J Helmick 21ACKSON, Don ‘Sem comunicagao nfo existem. relagdes huma- mas nem vida humana propriamente dita, Por eon- , uma feoria da comunicagao nao pode imitar-se a analisar aspectos parciais da convivén- it } nem contentar-se em examinar as diver- Ss técnicas de. ‘Comunicagao, embora estas e suas isequencias despertem, pela sua novidade, par- ticular interesse na sociedade actual. Da mesma no € suficiente comegar por discutir 0 Conseito', coisa que s6 conduziria a algum resulta. 82 se soubesse de antemao onde se pretende ‘chegar ¢ em que contexto tesrico esse conceito & aplicdvel. Mas sobre esta questdo nao hi forma de _estabelecer acordo prévio algum. Comepsremos, _ Pois, por distinguir duas correntestebricas de signo __ diferente, apartir das quais ¢ possivel elaborar uma teoria cientifica. ‘Uma destas correntesestabelecea possibilidade _ de melhorar as condigdes. As suas ideias motoras io a perfeigdo, a Side, ou, num sentido mais 1967 Unelogiqe del comminicaton Pas Eu Sei, 1982 ‘Niklas Labmenn amplo, as melhores condigdes possiveis. Este & 0 osicionamento de Bacon e de toda a tendéncia Cientifica que com ele se inicia. Conhecer cientifi- camente os principios da.natureza e evitar 0s juizos erroneos nao & requisito indispensdvel para que o mundo continue a existir. Como também nao se precisa de ter conhecimento de éptica para ver Correctamente, Nao obstante, este conhecimento serve para a eliminago dos defeites e para a melhoria progressiva das condigdes de vida da humanidade. A segunda teoria parte datese da improbabilida- de. Tao alheia como a primeira ameraperpetuagao das situagées tal qual ‘So, dissipa as expectativas ‘Comuns ¢ as segurancas da vida quotidian e em- Preende a tarefa de demonstrar como é de esperar que se realizem, com uma grande margem de Seguranca, processos em si improvaveis, ainda que ‘nao impossiveis. Diferentemente de Bacon, Hob Des baseou a sua teoria Politica nesta hipétese da improbabilidade;c, dferentemente de Galileu, Kant ndo confiava na possibilidade de aprender de modo espontaneo a fatureza, antes questionava o ‘conhecimento sintético como tal e interrogava-se acerca das condi¢dcs que o possibilitam. A questo primordial ja nto se resume as melhorias prticas; € uma questao tedrica prévin a todas elas: como & ossivel estabelecer uma ordem que transforme 0 impossivel em possivel ¢ o improvavel em prové- vel? impobabiidade da communicagto a1 ida, 0 conjunto de circunstancias sobre © qual ‘assenta toda a sociedade. HA também, contudo, outras razdes de ordem pritica, que cada vez sto _ mais imperiosas numa sociedade desenvolvida e _ opulenta. Nao se pode jé continuar a pensar inge- ‘Ao coneeber a natureza como uma improbabi- _ lidade superada acede-se a uma nova dimensao a partir da qual se pode valorizar 0 que ja se conse- Suite o que falta melhorar; orna-se ento patente, pelo menos, que toda a destruigfo de uma ordem mete para a improbabilidade de uma reconstru- ‘A comunteagao como problema ‘Uma teoria da comunicagao.como a que aqui se retende esbogar implica pois, antes demais, quea _ comunicagao é improvavel. E-o, apesar de diaria- g 42 Niklas Lubmann Prévia e, além disso, um esforgo que se poderia ¢lassificar como «contra-fenomenolégico». Isso 6 factivel se se aborda a comunicagao, nao ja como: fenémeno, mas como problema, deixando de pro- curar um conceito que. ‘Se ajuste ao maximo a todos 08 dados e camecando por perguntar-se se a.comu- nicasio ¢ possivel, Imediatamente surge uma série de problemas ¢ de dificuldades que a comunicagio deve superar para poder chegar a produzir-se, Em/primeiro lugar, é improvavel que alguem compreenda o-que.o outro quer dizer, tendo conta 0 isolamento e a individualizagao da sua consciéncia, O sentido sé se pode entender em fung&o do contexto, e para cada um o contexto & basicamente, o que a sua meméria the faculta, A segunda improbabilidade ¢ a de aceder 203 Teceptores, E improvavel que uma comunic chegue a mais pessoas do que as que se encontram ‘Presentes numa situagao dada. O problema assenta ‘na_extensdo espacial e temporal, O sistema de Interacgio dos individuos que se encontram pre- Sentes em cada caso garante a atencdo suficiente ura que se produza a comunicagto, desinteyran- do-se quando se comunica de modo perceptivel que ‘lo se deseja comunicar. Uma vezultrapassados os limites deste sistema de interacgdio no podem ‘impor-se (pela forga) as regras que dentro dele sido. vilidas. Mesmo ‘quando a comunicagao conta com ‘transmissoresméveis c permanentes, éimprovavel ‘que possa encontrar a atengdo devida, jé que os individuos tém diferentes interesses em situagdes distintas, A terceira improbabilidade é a de obter o resul- ado desejado, Nem sequer o facto de que uma ‘comunicagao tenha sido entendida garante que _tenha sido também aceite. Por z ivo da comunicagdo (a informagao) | como premissa do seu préprio comportamento, incorporando a seleccdo novas selecgdes ¢ elevan- do assim o grau de selectividade. A aceitagdo como. remissa do préprio comportamento pode signifi- _ car actuar em virtude das directrizes corresponden- _ tes, bem como experimentar, pensar e assimilar | hovos conhecimentos, supondo que uma determi- _ nada informagdo seja correcta, Estas improbabilidades nao sao somente obsté- culos para que uma comunicago chegue ao desti- natério, actuam ao mesmo tempo como «factores dissuasio», que induzem a abster-se de uma iunicag que se considera ut6pica. A regra se- undo a qual nao é possivel no comunicar’ 56.6 aplicavel nos sistemas de interacgao em que os ___individuos se encontram presentes e, mesmo em tal caso, 86 é valida para aquilo que nao se comunica, Ossujeitos abster-se-4o de comunicar no momento em que no tenharn garantias suficientes de que a sua mensagem vai chegar a outras pessoas, de que vai ser compreendida e de que vai cumprir os seus __objectivos. Ora, sem comunicagaio nao podem for- ‘Nits Laban ‘mar-se sistemas sociais. Por conseguinte, as impro- babilidades do processo de comunicagao ¢ forma em que asmesmas se superam e setransformam em probabilidades regulam a formagdo dos sistemas sociais. Assim, deve entender-se 0 processo de evolugio sociocultural como 2 transformagio € ampliagio das possibilidades de estabelecer uma _ ‘comunicagiio com probabilidades de éxito, gracas ‘ qual a sociedade cria as suas estruturas sociais; € Gevidente que ndo se trata de um mero provesso de crescimento, mas de um proceso selectivo que determina que tipos de sistemas sociais so vidveis © 0 que terd de excluir-se devido a sua improbabi- Tidade. {As trés formas de improbabilidade menciona- das reforgam-se reciprocamente. Nao ha possibil dade de suprimi-las consecutivamente e converté- las em probabilidades. A solugio de um problema isolado equivale a dificultar na mesma medida a os outros. Quando uma comunicacao foicomrecta- mente entendida dispée-se de maior nimero de ‘motivos para arejeitar. Sea comunicagio transbor- da 0 circulo dos presentes, a sua compreensio ‘toma-se mais dificil e¢ mais facil, por sua vez, que se produza a rejeicfio. Ao que parece filosofia tem a sta origem nesta lei dos problemas que se agra- vam mutuamente.‘ A partir do momento em que a escrita permite levar a comunicagdo para além do circulo — espacial ¢ temporalmente limitado — ‘dos presentes, nao é possivel continuara confiar no 45 ‘feito rapsédico do ritmo da versificaglo, que s6 ‘podia arrastar os presentes; é preciso argumentar com 0 contetido em si.* ata lei, segundo a qual as improbabilidades se _ reforgam mutuamente¢ as solugdes dos problemas "mum aspecto reduzem as possibilidades de solugo “outros, implica que no existe nenhum meio que i te um progresso constante do itendimento entre os homens. Ao empreender-se tsi rea, desoabrese que se tata mais de um __ problema de crescimento, com exigenciascada vez ‘mais contraditorias, No sistema dos meios moder- nos de comunicacaio de massas actua-se, sob 2 sugestdo do funcionamento, como se todos estes "problemas estivessem resolvidos. De facto, deixa- ‘ram de ser perceptiveis de a partir de cada um dos diferentes postos de trabatho nas redacg6es dos Jjornais ou nas emissoras de radio. Haveria que __perguntar-se seas estruturas da sociedade moderna, nfo sero constituidas de tal forma que em si ‘mesmas dificultem reciprocamente as solugdes dos problemas ¢ originem constantemente novos pro- ‘Acerca dos Meios Esta teoria requer um conceito que designe a -totalidade dos mecanismos que servem para trans~ formar a comunicagao improvével em provavel, © que abarque os trés problemas bisicos. A deno- ‘Niklas Lubmana ‘minago que proponho para estes mecanismos é a ‘de «meios». Em geral, fla-se unicamente de meios de comunicagto de massas, entenden Se talas ‘écnicas que permitem estender a comunieayao a sujeitos que nao se encontram presentes, sobretudo fazendo referéncia & imprensa e & ridio. Parsons criow oconceito de meios de intercAmbio (media of interchange), simbolicamente generalizados, ¢ ¢s- bogou uma teoria relativa ao caso prototipico do dinheiro®. Desde entio, o conceito de meios empre- £ga-se nas ciéncias sociais com duas acepodes dife- rrentes, cujo sentido é dado pelo contexto ou clari- ficado por uma série de explicagdes adicionais. A roposta de aplicar © conceito ao problema da improbabilidade no processo da comunicagao, de- finindo-o, por conseguinte, anivel de funcionalida- de, poderia sanar essa confusdo ¢ contribuir a0 ‘mesmo tempo para esclarecer 0 significado € 0 alcance dos trés tipos diferentes de meios. ‘Omeio que eleva compreensto das comunica- ‘Ges muito acima da percepeto prévia & a lingua- ‘gem, que emprega generalizagdes simbélicas para substitu, representar e combinar as percepgdes € solucionar os problemas correspondentes que um entendimento univoco coloca. Dito de outra forma, a linguagem especializa-se em converter a impres- sto causada pelo entendimento univoco numa base Util de comunicagdes wlteriores, por muito frégil que tal impressio possa ser. O§ mei de difusdondo ficam suficientemente 1m a denominagao de meios de ‘comunicagao de massas. Antes de mais, ainvengio _ da escrita cumpre ja funcao de transcender os - jimites do sistema dos sujeitos directamente pre- __sentes ¢ da comunicagdo cara a cara. Os meios de y - difusdo podem. fazer uso da escrita, mas também de ‘outras formas de transmissdo de informagdes. O efeito selectivo que exercem sobre a cultura é praticamente incalculdvel, jé que ampliam enor- ‘qmemente a memoria, ainda que pela sua selectivi- ~ dade limitem os dados disponiveis para comunica~ __ gies ulteriores. ‘A teoria da comunicagao centrou-se em geral nestes dois tipos de meios, o que da lugar a uma - situacdo de profundo desequilibrio, S6 se pode | laborar uma teoria que reiina a totalidade dos problemas de comuunicagio que se dio em socieda- dese seincluiraquestdo de quais s40.0s meios pelos quais as comunicagdes podem ter éxito. Pode-se designar o terceito tipo de meios como «aneios de comunicacio simbolicamente generalizados», } que neles precisamente se atinge por antonomésia ‘0 objectivo da comunicacdo.’ No plano dos siste- ‘mas sociais, Parsons refere, como meios deste tipo, cifncia e o amor no das relagses intimas.! Os _- diversos meios abarcam os principais sectores civi- lizadores do sistema social e as suas subestruturas Pprimériasna sociedade actual. E claramente visivel até que ponto o aumento das Possibilidades de comunicagdo no processo da evolugao conduz a formagao de sistemas e como deu lugar & diferen- ciagdo de sistemas proprios para a economia, a politica, a religiao, a ciéncia, etc, Os meios de comunicacgo simbolicamente ge- neralizados $6 surgem no momento em quea técni- a de difusio permite ultrapassar os limites da interacgao entre os presentes eprogramar informa: es para um niimero desconhecido de sujeit ausentes ¢ situacdes que no se conhecem ainda ‘com exactidio. Requerem, por outras palavras, a Criagdio de uma escrita de uso universal °Devido 20 ‘enorme auge que atingiram as possibilidades de comunicago, as garantias de éxito proprias do sistema de interacgo, derivadas da presenca pes: ‘soal, so ja insuficientes, sendo preciso substitui |as por meios mais abstractose, simultaneamente, mais especificos ‘ou, em todo o caso, complementé- clas. Na Grécia classica ‘surgem, por este motivo, ovas palavras de codifivayto (ndmos, aletheia, Philia) ¢ sistemas correspondentes de normas dife- renciadas conformes a elas, que designem as con- digdes em que é de esperar que se produzam proba- bilidades hipotéticas, inclusive no caso das /comu- nicagées mais improvaveis, Desde entio nao se voltou a conseguir incluir todas as condigdes que garantam o éxito da comunicagao numa semantica ‘homogénea, valida para todas as situagbes e, apos a improbebilidade da cemmunicasao 49 a invengdo da imprensa, as diferengas entre estes __ meios de comunicagio acentuam-se até ao ponto fem que chegam a quebrar as premissas de um fundamento tinico de caricter natural, moral € juridico: a razio de Estado e 0 amor-paixio, a verdade cientifica obtida metodicamente, o dinhei- 10 € 0 direito tomam direogdes distintas, especia- lizando-se em diversas improbabitidades decomu- iso eficaz. Servem-se de vias de comunicagao diferentes —porexemplo, arazio de Estado serve- -se do exército e da hierarquia administrativa, 0 ‘amor-paixdo do saldo, das cartas (publicaveis) ¢ da novela — e dio lugar diferenciagio de sistemas funcionais de tipo distinto, que acabam por possi- bilitara rentincia a uma organizacdo constitucional da sociedade e, com isso, a transigaio para a socie- dade moderna. Esta sucinta exposigdo mostra 0 duplo aspecto danossa concepea0te6rica. A ordem surge porque, apesarde tudo, acomunicagao improvavel torna-se possivel e normaliza-se nos sistemas sociais. Ao niesmo tempo, 2 improbabilidade da difusto, se a técnica permitir venc®-ta, faz aumentar 0 grau de improbabilidade de éxito. As transformagdes que se produzem no ambito da técnica de comunicagao colocam novas exigéncias & cultura. A forma em que esta tinha organizado os seus meios de persua- sio fica submetida a presso das novas pautas de plausabitidade, de modo que algumas coisas desa- parecem — por exemplo, 0 culto ao pasado —e i ikls Lebnna Primérias na sociedade actual. & claramente visivel até que ponto o aumento das Possibilidades de comunicagdo no processo da evolugao conduz a formagdo de sistemas e como deu lugar a diferen- ciagdo de sistemas Proprios para a economia, a Politica, a religido, a ciéncia, etc. Os meios de comunicacao simbolicamente ge- neralizados 36 surgem no momento em que a téc cade difusto permite ultrapassar os limites da interacgdo entre os presentes e programar informa- Ges para um mimero desconhecido de sujeitos ausentes € situaedes que ndo se conhecem ainda com exactid&o, Requerem, por outras palavras, a ‘criagdo de uma. ‘escrita de uso universal.’Devido ao enorme auge que atingiram as possibilidades de comunicacao, as garantias de éxito proprias do sistema de interaccdo, derivadas da Presenga pes- Soal, sto jé insuficientes, sendo preciso substitui- Jas por meios mais abstractos ¢, simultaneamente, ais especificos ou, em todo 0 caso, complementé- las. Na Grécia clssica Surgem, por este motivo, novas palavras de codificagio (ndmus, alésheia, Philia) e sistemas correspondentes de normas dif. Tenciadas conformes a elas, que designem as con- digdes em que é de esperar que se produzam proba- bilidades hipotéticas, inclusive no caso das comu- ‘hicagdes mais improvaveis. Desde ent&o ndo se Voltou a conseguir incluir todas as condigdes que gatantam 0 éxito da comunicagdo numa semantica homogénea, vélida para todas as situagdes e, apés _a invenco da imprensa, as diferengas entre estes _ meios de comunicagdo acentuam-se até a0 ponto fem que chegam a quebrar as premissas de um fundamento tinico de carcter natural, moral € _ juridico: a razdo de Estado ¢ © amor-paixto, a verdade cientifica obtida metodicamente, odinhei- 10 € 0 dieito tomam direocBes distintas, especia- lizando-se em diversas improbabilidades de comu- _ nicagdo eficaz. Servem-se de vias de comunicagao diferentes —porexemplo, arazio de Estado serve- se do exército ¢ da hierarquia administrativa, 0 amor-paixio do saldio, das cartas (publicdveis) eda novela —e do lugar a diferenciacao de sistemas, funcionais de tipo distinto, que acabam por possi- bilitara remincia a uma organizacdo constitucional da sociedade e, com isso, a transi¢&o para a socie- dade moderna. Esta sucinta exposigdo mostra o duplo aspecto danossa concepgio teérica. A ordem surge porque, apesarde tudo, a comunicagao improvavel tortia- possivel ¢ normaliza-se nos sistemas sociais. Ao Prades Gorgoy'a improbablidasde cihistspaoe técnica permitir vencé-la, faz aumentar 0 grau de improbabilidade de éxito, As transformagdes que se produzem no ambito da técnica de comunicagao. colocam novas exigéncias & cultura, A forma em {que esta tinha organizado os seus meios de persua- sio fica submetida & pressio das novas pautas de plausabilidade, de modo que algumas coisas desa- parecem — por exemplo, 0 culto ao pasado —e 50 ‘iksLahmano Surgem outras — por exemplo, o culto ao novo, Destaca-se, em conjunto, a tendéncia para uma diferenciacdo eespecificagdo crescentes, bemcomo a necessidade de institucionalizar cada vez mais a arbitrariedade. Simultaneamente, como na evolu- #0 da vida em geral", aumenta a celeridade com ‘que se produzem as mudangas, de. Maneira que se fora necessirio vencer improbabilidades. ‘cada vez, ‘maiores a partir do que j4 existe numa sucessto Progressivamente mais ripida, com o que tal su- Peragdo aparece como mais ‘improvavel por razdes de tempo e acaba por seleccionar as vias mais répidas, Acessibilidade aos Meios de Comunicagio Modernos As consideragdes em tomo das repercussoes dos novos meios de comunicagao de massas de- ‘monstram. que os problemas se definem de uma forma demasiado limitada, Centrando-se no con- Ceitode canassaisy, passam 20$.efeitos que os meios de_comunicagdo tém no comportamento indivi. tual. Nesta perspectiva, as consequéncias sociais explicam-se pelo facto de que o comportamento individual & deformado pela imprensa, cinema ¢ radio, Até as mudangas neste sector, como a aces. sibilidade cada vez maior as emissdes ou mesmo simplesmente a comunicagto na propria casa, se st __ investigar desta forma. Mas, ao restringir assim a __perspectiva passam despercebidas transformagdes importantes, jé que a sociedade é sempre um siste- ‘ma diferenciado; nfo ¢ apenas constituido poruma ‘grande pluralidade de factos separados, antes em _ principio configura subsistemas e, dentro destes, outros subsistemas parciais. Sé gragas a coordena- ‘sao desses subsistemas — por exemplo, as fami- lias, a politica, a economia, 0 direito, 0 sistema sanitério, a educagiio — pode a actividade social adquirir importancia, isto ¢, ter efeitos que trans- __cendam a situagao. Portanto, se se deseja ter uma visto panoramica ‘das mudangas que se produzemna sociedade actual ‘como consequéncia da estrutura das suas possibili- dades de comunicagao, épreciso adoptar uma pers- Pectiva muito ampla. O problema da improbabili- dade da comunicagto em si e 0 conceito de socie- dade como sistema diferenc vez.que todo o sistem ‘Gaamprobabilidacie a comunicapto'en dade, Assim, tanto as miudaneas que se produzem na técnica de difusdo, como as diferentes possibili- dades de éxito da comunicagao e as suas modifica- ges tém que ser vistos no contexto da sua métua inter-relagao. A isto vem somar-se a questio da existéncia, independentemente da intervengdo da diferenciagao de sistemas, de outras Tepercussdes directas sobre as atitudes e motivagdes individuais, 32 ‘Niklas Luhmion que a nivel teérico de sistemas fazem parte do ambiente que é a sociedade e sobre o qual, por ‘conseguinte, repercutem. Este problema de uma efectividade latente e, por assim dizer, demogrifi- a, surgiu também recentemente em algumas and- lises do sistema educacional, soba denominagdo de plano docente encoberto (hidden curriculum)!'. Igualmente pode supor-se enestesentidopode- -se estabelecer uma comparagaio entre os meios de ‘comunicagao de massas ea educagdo demassasnas escolas) que-também os meios de comunicagao de ‘nem sequer de forma mais ou menos aproximada, lum programa de investigacao de tal envergadura, ‘Temos de contentar-nos, pois, com a ilustrago ‘mediante exemplos de algumas das perspectivas Possiveis. 1, Se se quer determinar quais sto 0s requisitos neoessirios a partir de um ponto de vista funcional ara.a manutengio ou evolugao de uma sociedade, lo se pode partirda hipétese de queo aumento das possibilidades de éxito da comunicagao se dé em igual medida em todas as esferas funcionais. A sociedacle moderna, que tem a sua origem na Euro- pa, veio-se apoiando fundamentalmente até agora emescassos meios de comunicagao simbolicamen- te generalizados que se mostraram sumamente improbbilidade da comunicagto 3 eficazes, sobretudoa verdade cientificacom garan- tiag tedricas e metodolégicas, 0 dinheiro eo poder Politico exercido conformemente 0 direito. Isto reflectiu-se na preponderincia da ciéncia, da eco- Pa ¢ da politica no entendimento global da sociedade. Também a teoria de Parsons do sistema versal de aceo parte da suposicdo que todas os __Sectores funcionais, pela logica da sua diferencia- ‘so, dispdem em idéntica medida de um meio de ‘comunicagdo. Isto supbe converter os desejos em __ teoria.'*Contudo, nio ha outro remédio sendio acei- tar que nao ha garantias, nem materiais nem teéri- cas, de que exista tal congruéncia entre as necessi- dades funcionais e as possibilidades de comunica- ao. ‘Neste sentidoreveste-se de particularimportan- cia o facto de que ndo se pode criar um meio de comunicag&o simbolicamente generalizado, apli- clivel a todas as actividades destinadas a modificar 08 seres humanos, desde a educagio até ao trata- ‘mento terapéutico ereabilitago, apesar da estrei- tissima relagdio que ha entre este mbito funcional cacomunicagao. Nestes casos, a interagio entre os resentes continua a ser a tinica possibilidade de convencer os individuos da necessidade de muda- ‘em para o que nto existe, stricto sensu, nenhuma ‘técnica cientificamente avalizada,!? Nem a verda- de, nemo dinheiro, nemo direito, nemo poder, nem ‘amor, so meios dotados de suficientes garantias de éxito. Cada vez sdomaioresosesforgos, tantono ‘Niklas Lubmann que se referes pessoas comods interacges, que se realizam com vista a solucionar estes problemas, sem saber se tais esforeos podem compensar — nem de que maneira —aineficiéncia téenica: ‘Neste exemplo, toma-se manifesto 0 grande esequilibrio do progresso. Nalguns sectores,.a ‘transformagao.do improvavel no que ¢ de esperar, e acordo com a experiéncia, afeta.tamibém as ossibilidades de estabelecer um/controlo técnico as comp Me nos seus. processos cos dependem, contudo, de decisdes livres. 0 progresso paralisa-se, jé que ao aumentar as exigéncias de rendimento surgem va- sgasdesanimadoras de improbabilidade mesmonos sistemas de interac¢&o mais simples. 2. Os exemplos que referimos a partir daqui procedem da observaciio das repercussies das téc- nicas de difuso nos sectores funcionais da socie- dade e nos seus meios de comunicagao de massas. Nilo ha divida de que a invengdo da imprensa provocou uma rapidissima transformagio das cir cunstincias em que tém lugar fungées importantes do sistema social. Grande parte do radicalismo religioso, que finalmente desembocou nos cismas, ¢imputavel a imprensa, ja que esta reafirma publi- camente posturas que, quando alguém se identifica com elas, custa voltar atras.'* No quedizrespeito a politica, a imprensa admi- tiv a possibilidade de exercer influéncia politica e de fazer carreira sem estar ao servigo do soberano; renunciara aceitar um cargona cortendo implicava -necessariamente a reniincia a influéncia politica’s, -€.a politica teve de acomodar-se a esta nova situa- go. Na esfera da vida social na das relagdes _intimas, a imprensa trouxe, por um lado, possibili- dades de formacio e, por outro, aspiragdes frustra~ 3s, 20 introduzir a imitagdo, sendo que ao mesmo tempo a ultrapassavam as possibilidades de a levar a cabo. Recomenda regras €, a0 mesmo tempo, recomenda ater-se a elas somente em fungao do livre arbitrio."” Assim a imprensa, em termos ge- ais, modifica os repertérios nos quais os sistemas fincionais seleccionam as suas operagdes; tem a faculdade de ampliar as possibilidades, mas pode _ também dificultar a selecco. Isto continuard.a ser assim mesmo depois deter tomado os meios de comunicagao de massas inde- ‘pendentes da educagao c ter incrementado conside- ravelmente as suas possibilidades. Ora bem, & possivel detectar a existéncia de directrizes? Sé se pode fazer conjecturas. Pode surgir um tipo de ‘cultura bascado nos meios de comunicagdo, acredi- tada unicamente pelo factode quesea pressupdena ‘base das transmissdes desses meios. Mas por acaso "Unidos da América?!*Nao é igualmente evidenteo “contririo, isto €, que ao poder é facil corromper a "moral, alterando os pressupostos subjacentes nas _ transmissdes dos meios de comunicagio? 56 ‘Niklas Liban Os efeitos de cardcter mais formal stio mais evidentes que estas teses segundo as quais os meios de comunicagio de massas modificam os princi- pios que a politica toma como ponto de partida. As mudangas mais importantes so as que sofre a estrutura temporal de uma politica que se reflecte continuamente nos meios de comunicago de mas- a8; este reflexo acelera-a, jd que 08 politicos se véem obrigados a reagir constantemente ante 0 facto de que se informa e como se informa sobre as suas acgdes. Os jogos de espelhos que necessaria~ ‘mente intervém aqui tornam invidvel uma orienta- do baseada numa teoria politica; os requisitos para participar em politica, que, em certos aspectos, experimentam uma imensa expansio nas democra- cias, véem-se de novo reduzidos pela necessidade de estar constantemente informado da ultima ac- tualidade, Qualquer que seja o conteiido de realidade de tais andlises, o seu critério dominante é a tese geral de selectividade de todas as aquisicdes humanas gragas as quais o improvavel se transforma em provivel. Em cada novo nivel de comunicagio improvavel-provvel, superior a0 anterior em vir- tude denovas técnicas, 6 preciso voltara equilibrar as solugdes institucionais. E de novo surge a per- ‘gunta de como garantirapossibilidade de encontrar sempre solugdes satisfat6rias para todos 0s dmbitos funcionais. 37 3, De todos estes problemas que acabimos de _ enunciar em relag&o as repercussdes imediatas da ‘técnica de difusto nos sistemas funcionais hé que " destacar uma interrogagdo. Trata-se de saber se 0 sistema organizado dos meios de comunicagao de ‘massas influi nas atitudes disposicdes pessoais s quais a sociedade se pode dirigir como recursos para motivar'® selectivamente um comportamento social solidario, o que, evidentemente, tem por sua vez repercussées indirectas nas possibilidades da politica, da ciéncia, da constituigao da familia, da religido, etc, Mas estes sistemas funcionais reagem também directamente aos meios de comunica¢ao de massas, sem que as motivagdes dos individuos ‘que os integrem os forvema isso. Basta recordar, a titulo de exemplo, 2 problemética politico-ecle- sidstica do caso do te6logo Kiing, no qual intervém, em relagdo aos meios de comunicacao de massas, provocacio ¢ reacgdo, audacia e hesitagdes, vonta- de de reforma e dogmatismo. Deixando agora esta questo de lado, é possivel que exista também a efectividade «demogritfica» dos meios de comunicagio de massas a que nos _. referimos antes, mediante a qual se formam menta~ - lidades colectivas que do lugar a condigdes que todos os sistemas sociais hio-de ter em conta, Ora, & ébvio que isto no deve entender-se no sentido de | que a televistio, por exemplo, pode criar atitudes ‘massivas uniformes no seio da populago. Mas supde-se que em tudo 0 que se imprime ¢ se ‘Nikas Laban {ransmite estdo incluidas certas premissas, em vir- ‘tude das quais se realizam as publicagdes e trans- issbes, que sto as que fazem com que algo seja ‘considerado informacao, ® Talvez. a mais impor- tante destas premissas seja a de que & necessério ‘que algo seja novo ou excepcional para que merega Ser comunicado, Isto nao exclui, antes pelo contré- tio, @ repetigto monétona (futebol, acidentes, co- ‘muunicados do governo, eriminalidade). Um crité- rio semelhante de selecedo é 0 do conflito. 2! Ha Revessariamente que admitir que tais premissas, que fazem sempre finca-pé na descontinuidade face continuidade, provocam inseguranca. Blogi- 0 que as exigéncias de seguranga face as mudan- gas ¢ de participagtio nas mesmas fomentam a0 mesmo tempo temores ¢ exigéncias. E possivel que 40 sistema politico e ao sistema econdmico da sociedade seja cada vez mais dif fazer frente as expectativas da populagdo, tanto nas estruturas capitalistas que se baseiam na iniciativa privada como nas estatais. Numa conferéncia da Unesco sobre meios de Comunicacdo de massas alguém perguntou: «Esta- mos a fazer as perguntas que realmente se deveme fazer?» Nos também no estamos seguros, a0 chegarao final da nossa exposig20, deter tratadoas uestdes «pertinentesy; até mesmo os filésofos se erguntaram se acaso existem questées «pertinen- te». Em todo 0 caso, deveria ser possivel enfrentar com maior rigor ¢ desenvolver de maneira mais A improbabilidade da comunicagto sistematica do que até agora a questo dos proble- _ mas proprios dainvestigacao sobre comunicago, _ A relacdo entre improbabilidade ¢ formagio de sistemas ¢ uma das concepgdes que trouxe a teoria dos sistemas. Se se toma como ponto de partida 0 problema da improbabilidade acede-se esponta- _ Reamentea questdes que, se nfo correctas, so pelo _ Menos mais profundas ¢ que, em relago a comuni- ‘cagiio ea sociedade, ndo se limitam a considerarum ‘tema da investigagdo especifica da comunicagio, antes um tema capital da teoria social. Stina monet ssn wen

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