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Folha de S.Paulo - Francisco Batista Júnior: A agonia do SUS<br> - 13... http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1301201009.

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São Paulo, quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

FRANCISCO BATISTA JÚNIOR

Essas são propostas que têm sintonia


com os princípios do SUS e que, se
implementadas, podem fortalecê-lo e
consolidá-lo

O SISTEMA Único de Saúde e as suas mazelas estão nas


manchetes como nunca antes em sua curta história neste
país. As filas, as mortes, as carências, os choros, as greves.
Mas em nenhuma das manchetes seus grandes feitos são
realçados: os milhões de procedimentos, desde os mais
simples até os mais especializados, nada chega ao
conhecimento da imensa legião de usuários e adeptos e que
fazem a inveja de praticamente todos os países do mundo.
Para um país marcado pela ação patrimonialista, pelo
autoritarismo, pela concentração de renda e pelo uso da
doença como forma de enriquecimento, foi muita ousadia a
aprovação de uma proposta política universal, integral,
democrática e humanista.
Com subfinanciamento crônico, deflagrou-se um dos mais
violentos ataques jamais praticados contra aquela que
consideramos a maior conquista da história recente do povo
brasileiro. O SUS foi colocado à disposição dos grupos
hegemônicos políticos e econômicos, que se apoderaram da
sua gestão e dos seus destinos, promovendo um saque sem
precedentes. Nomeações clientelistas e oportunistas fizeram
o trabalho. Desmontaram o que havia de rede pública e de
componentes estratégicos da atenção primária e
especializada.
Num segundo momento, promoveram um processo de
privatização jamais visto no Estado brasileiro, por meio da
sistemática compra de serviços, concomitante à

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desestruturação do setor público.


Em seguida, avançaram na privatização também da gestão do
trabalho, por meio dos processos de terceirização de
trabalhadores em todos os níveis de formação e qualificação.
Mas os inimigos do SUS não estavam satisfeitos. Partiram
para o último, definitivo e mortal golpe: o processo de
privatização da gerência dos serviços que compõem o
patrimônio público, sob a alcunha de "parceria" e
"colaboração" com o setor privado.
Sempre tivemos claro que uma proposta abrangente,
transformadora, ambiciosa e democrática como o SUS só
seria viabilizada se ele fosse predominantemente público, por
meio de um financiamento adequado, com a prioridade
absoluta para a promoção da saúde, com carreira única,
gestão profissionalizada e, por fim, democrática por
excelência, conceitos que fazem parte do seu arcabouço
jurídico.
Os adversários do SUS fizeram tudo exatamente ao contrário.
Daí os graves problemas que o sistema enfrenta e que são
utilizados como argumentos para o golpe definitivo.
Vivemos, em consequência de tudo isso, uma grande crise de
financiamento, modelo de atenção, relação público-privada,
gestão do sistema e de trabalho e controle social, tendo como
crise maior e de sustentação geral a de impunidade.
O discurso do momento é a necessidade de flexibilizar e
tornar mais eficiente e moderna a gestão. E isso só seria
possível com a realização de "parcerias" e "colaborações"
com o setor privado. Nunca havíamos visto tantos editoriais,
entrevistas e discursos nem tanta gente, inclusive alguns que
fizeram a reforma sanitária, defendendo com tanta
veemência as "parcerias", as "colaborações" e a
"modernização do SUS".
À revelia da lei, entregam de maneira criminosa a grupos
privados o sistema em toda a sua estrutura, num processo
que, além de burlar a Constituição Federal, institucionaliza,
aperfeiçoa e aprofunda a privatização do Estado brasileiro
naquilo que há de mais sagrado: a vida das pessoas.
O Conselho Nacional de Saúde cumpre o seu papel de defesa
do SUS e da população brasileira e apresenta ao governo e ao
Legislativo as propostas: regulamentação da emenda
constitucional 29; regulamentação do parágrafo 8º do artigo
37 da Constituição, que trata da autonomia administrativa e
financeira dos serviços; regulamentação do inciso V do artigo
37 da Constituição, que trata da profissionalização da gestão;
flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal para a
saúde; criação da carreira única da saúde com
responsabilidade tripartite; gestão participativa, humanizada
e democrática; serviço civil em saúde durante dois anos para
todos os profissionais graduados na área; um projeto nacional
de cooperação das três esferas para estruturar as redes de
atenção primária e de serviços especializados nos municípios
em todo o país.
Essas são propostas que têm sintonia com os princípios do
SUS e que, se implementadas, podem fortalecê-lo e

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consolidá-lo plenamente.

FRANCISCO BATISTA JÚNIOR, farmacêutico, pós-graduado em


farmácia pela UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), é
presidente do Conselho Nacional de Saúde e servidor do hospital Giselda
Trigueiro, da rede do Sistema Único de Saúde do Rio Grande do Norte.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal.


Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos
problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do
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