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14/04/2008
Central Destino de Produção Cap. 32
Inspirada no original de
Janete Clair
Colaboração de
Eduardo Secco
Escrita por
Walter de Azevedo
Likem Queiróz
Direção
Claudio Boeckel e Marco Rodrigo
Direção Geral
Luiz Fernando Carvalho
Núcleo
Luiz Fernando Carvalho
Personagens deste capítulo
Atenção
“ Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações confidenciais, não
poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso
consentimento da mesma.No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em
lei e/ou contrato.”
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 2
LEONOR — Como é?
GILBERTO — (Sem graça) Foi isso mesmo que você ouviu, Leonor. Por favor, passe
no escritório e assine os papéis.
LEONOR — Não! Espera aí! O senhor não pode fazer isso, seu Gilberto! Como,
demitida?
GILBERTO — Leonor, por favor, não torne as coisas mais difíceis do que elas já são.
LEONOR — Tornar as coisas difíceis?! O senhor vem falar isso pra mim? Seu
Gilberto, o senhor sabe o que está acontecendo comigo! Sabe que o meu
filho está no hospital e...
GILBERTO — Então volte para o hospital. Fique com o seu filho. Ele está precisando
de você.
GILBERTO — Eu não posso ficar com uma funcionária que falta, que se atrasa, uma
funcionária com a qual eu não posso contar, ainda mais em um cargo de
confiança.
LEONOR — E desde quando eu falto? Sempre cumpri o meu horário, Tá certo que
hoje eu...
LEONOR — (Irritada) Ficar ao lado dele? E como eu faço pra sustentar o meu
filho? Como eu faço pra colocar comida na mesa?
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 3
GILBERTO — Leonor, seu filho tem um pai. Pelo que eu me lembro, você sempre
disse que ele é fazendeiro, tem dinheiro.
GILBERTO — Eu sinto muito, Leonor. Eu é que não posso ser prejudicado. (p) Passe
no escritório.
CORTA PARA
ARTHUR — Eu...vou ter que desligar. Mas o senhor fica sossegado que vai dar
tudo certo. Até logo.
ARTHUR — Foi trabalhar. Você sabe como a sua mãe é caxias. Eu acho que ela
deveria ficar aqui ao seu lado, mas a vida é dela.
VINÍCIUS — Era só o que me faltava. Ser um estorvo ainda maior pra minha mãe.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 4
ARTHUR — Vai começar com essa besteira de estorvo? Escuta aqui. O que você
acha de passar uma temporada na fazenda?
ARTHUR — A gente pode tentar convencer ela. O que você acha? Nós dois juntos,
enchendo bastante a dona Leonor. Quem sabe a gente não consegue?
VINÍCIUS SORRI.
ARTHUR — Olha que sorriso bonito. Sabe que o primeiro que eu vejo no seu rosto
desde que eu cheguei aqui em Cuiabá?
ARTHUR — Eu sei. Eu sei, mas isso vai passar. Confia no seu pai! (p) E aí?
Vamos tentar convencer a cabeça dura da Leonor?
CORTA PARA
CORTA PARA
CHICA — (Brava) Tô. Tô doida por te jogado só uma xícara! Devia de tê jogado
o bule! Com o café fervendo!
CORTA PARA
PEDRO VEM CORRENDO DA COZINHA COM CHICA ATRÁS. ELA CARREGA O BULE
DE CAFÉ.
CHICA — Doida eu tava quando aceitei ficá noiva com um peão pilantra e
desavergonhado que nem ocê!
CHICA — Quem sabe se eu rachá a sua cabeça com o bule, ocê num lembre?
PEDRO — Chica Martins, ocê nem brinca com uma coisa dessa!
CHICA JOGA O BULE. PEDRO SE ABAIXA E ELE ACERTA ZÉ MARTINS, QUE ESTÁ
ENTRANDO. CORTE PARA O OLHAR ASSUSTADO DE CHICA.
CHICA — Pai!
CORTA PARA
BÁRBARA ESTÁ DORMINDO. O CELULAR TOCA. ELA PROCURA COM AS MÃOS, ATÉ
QUE CONSEGUE ENCONTRAR E ATENDE. A CENA CORRE NOS DOIS CENÁRIOS
BÁRBARA — Alô.
BÁRBARA — A hora eu não sei, mas ainda é cedo demais pra me acordar.
TALITA — Nossa, eu nunca imaginei que esse final de mundo fosse tão animado.
BÁRBARA — Talita, acorda pra vida! A única balada que tem por aqui é a missa de
domingo. Eu fui dormir tarde porque meu pé não parava de doer.
BÁRBARA — Amiga, você precisava ter visto a cena! O cavalo disparou com a
musa aqui em cima. O bicho que nem um doido pelo pasto e a louca aqui
gritando por socorro.
BÁRBARA — Aconteceu que eu fui salva por um príncipe encantado montado num
cavalo.
BÁRBARA — Um príncipe. Tá certo que ele foi meio lento. Chegou depois que eu já
tinha voado do cavalo, mas enfim. O que interessa é que ele me
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 7
TALITA — Bofe?
BÁRBARA — Bofíssimo. Sabe aquele tipo rural, que cheira a madeira. Másculo. Um
sonho. Um pouquinho capiau.
TALITA — Mas isso não é problema. É só pedir pra ele não abrir a boca.
TALITA — Qual?
TALITA — Como é?
BÁRBARA — Pois é. Uma coisa meio tragédia grega. Diz se eu não ia ficar diva
num modelito Sófocles?
AS DUAS RIEM.
BÁRBARA — Pois é, menina! Sempre tive pavor de homem assim, mas esse...ele
tem uma coisa a mais. Quando eu tava lá caída no chão, abri o olho e vi
aquele homem parado, olhando pra minha cara...confesso que eu tremi.
BÁRBARA — Apaixonar é um pouco forte, mas que eu achei ele uma graça, eu
achei.
TALITA — Quem sabe não é esse peão que vai laçar o seu coração...indomável!
AS DUAS RIEM.
CORTA PARA
BALBINA — Seu Saul! Já não era sem tempo. A Zulmira tá aflita lhe esperando.
BALBINA — É. (p) Ah, seu Saul, pelo amor de Deus. O senhor tá achando que
alguém vai lhe atacar lá dentro? Se ainda fosse um rapagão na flor da
idade.
BALBINA — Zulmira prefere que a conversa seja lá dentro. Assim não corre o risco
de ninguém ouvir.
ZORAIDE — O que será que a Madrinha quer falar com o advogado de tão
importante assim? E que não quer que ninguém escute. Ah, mas eu vou
saber o que é!
CORTA PARA
ZULMIRA — Eu quero que você fique, Balbina. Quero que saiba tudo o que vai ser
dito nessa conversa.
BALBINA — Tá certo.
CORTA PARA
CORTA PARA
ZULMIRA — Como eu quero fazer? Da forma mais rápida possível, Dr. Saul.
SAUL — Mas essas coisas não podem ser feitas com pressa.
ZULMIRA — Mas vai ter de ser assim. (p) Eu preciso muito da sua ajuda, Dr. Saul.
(p) Eu estou morrendo.
CORTA PARA
CORTA PARA
SAUL — Mas você não fez tratamento? Não está tomando nenhum remédio,
nada?
ZULMIRA — Não foi pra vocês me passarem sabão que eu chamei os dois aqui. (p)
Eu conversei com o médico. Ele me disse que estava avançado. Não
havia muito o que fazer. Era uma questão de tempo. Eu não vou passar o
pouco que eu ainda tenho de vida jogada em uma cama, dopada com
remédio. Sei que tá errado, que não se deve fazer isso, mas é uma opção
minha! E não quero mais discutir.
ZULMIRA — Dr. Saul, na minha vida eu consegui juntar algum dinheiro. Não é
muita coisa, mas consegui fazer um pé de meia. Além disso, tenho o
clube recreativo. Eu não tenho filhos, não tenho nenhum parente. Quero
deixar no papel tudo o que eu quero que aconteça com o que é meu.
SAUL — Um testamento?
CORTA PARA
ZORAIDE — Testamento? Ué, mas eu não sabia que a madrinha tinha dinheiro. Isso
é coisa de gente rica.
CORTA PARA
HEITOR — Sozinho?
CORTA PARA
BRENO — Eu não sabia que você já estava em Divinéia. Vamos nos sentar.
BRENO — Mas já corriam uns boatos pela cidade dizendo que você passaria uma
temporada por aqui.
HEITOR — Sei. Eu não vim aqui pra ficar falando desse povinho. Nós precisamos
ter uma conversa séria, Breno. Uma conversa sobre a construção da
hidrelétrica aqui em Divinéia.
CORTA PARA
CORTA PARA
CORTA PARA
LEONOR —Por que o senhor fez isso com o meu filho? Por que está fazendo isso
comigo? O que foi que eu fiz pra merecer tudo isso? Um marido canalha,
um casamento fracassado! Por que eu?! Será que o senhor só coloca
sofrimento na minha vida? O meu filho não merece passar por isso! Não
merece! O que mais o senhor quer de mim?! O que mais? (p) Como eu
vou cuidar do meu menino sem trabalho?
CORTA PARA
ARTHUR — O que?
ARTHUR SAI.
CORTA PARA
ARTHUR — Onde que tá a Leonor? A essa hora já era pra ela ter voltado! O
homem lá disse que mandou ela embora. Já devia estar aqui. (p) Será que
ele voltou atrás? Não, não pode ser! (p) Calma, Arthur. Não adianta ficar
assim. O jeito é esperar.
CORTA PARA
ELA PARA
PEDRO — Culpa minha! Sei! Você que é doida, taca o bule na cabeça do infeliz
do velho e a culpa é minha!
CHICA — Eu não joguei no meu pai! Eu joguei nocê! Se ocê tivesse ficado
quieto no lugar, num tinha acertado o pobre do meu pai!
PEDRO — Tá! Você queria que eu ficasse quieto pra tomar com o bule na
cabeça?
CHICA — Queria! Queria porque ocê merece! Meu pai que não merecia,
coitado. Paizinho, fala comigo, pelo amor de Deus.
CHICA — Pai?
CHICA — Ocê cale essa boca antes que eu perca as estribera de novo!
PEDRO — Aconteceu que a maluca da sua filha lhe taco o bule de café no meio
da testa.
CHICA — Não fez nada, paizinho. Não escuta o que esse sonso tá falando não.
Nunca que eu ia tacá o bule na sua cabeça. Eu taquei na cabeça do Pedro,
mas ele abaixou e...pegou no senhor.
ZÉ MARTINS — Num tem mais. Já cai de muito boi brabo pra me preocupa com uma
pancadinha dessa na cabeça. Vô só fica um tempo aqui inté a zonzeira
passá.
ZÉ MARTINS — Prefiro. E agora ocês dois trata de tê uma conversa e botá os pingo
nos i.
PEDRO — Ah, não? Eu venho aqui conversa com ocê, ocê tenta me acerta e
agora ainda faz doce?
CHICA — E eu lá sou mulhé de fazê doce? Eu num quero fala com ocê porque
ocê é um sujeitinho...
PEDRO — Não me interessa! Não quero sabê mais! Vou lhe dizer uma coisa,
Chica Martins: Quem não quer mais falar com você agora, sou eu!
ZÉ MARTINS — Pedro, ocê se acalme. Os dois tão nervoso. Ocês precisa de conversá,
PEDRO — Eu também achava isso, seu Zé. Mudei de idéia. Num quero nem mais
ouvi a voz da sua filha. Eu vou trabalhar.
CHICA — Eu?
CHICA — Pai!
ZÉ MARTINS — Muitas vez, o que a gente vê, num é o que parece! E ocê sabe disso
muito bem!
CHICA — Sei?
ZÉ MARTINS — Sabe! Aquele tranquêra que ocê arranjou e que lhe levou daqui
parecia se todo certinho, todo apaixonado e deu no que deu!
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 16
CHICA — O senhor sabe que eu num gosto de falá nesse assunto. Num gosto de
lembra dessa época.
ZÉ MARTINS — Ocê gosta de aponta os mau feito dos outros, mas não gosta que falem
dos seus. Eu acho que ocê devia lembra de tudo que lhe aconteceu, sim!
Sabe por que? Pra vê se aprendia alguma coisa! E agora ocê vai trata da
sua vida e me deixe aqui em paz!
CHICA, SEM GRAÇA, VAI PARA A COZINHA. PELA EXPRESSÃO DE ZÉ, PERCEBE-SE
QUE ELE SE ARREPENDEU DE TER SIDO TÃO DURO, MAS NÃO VOLTA ATRÁS.
CORTA PARA
CORTA PARA
PEDRO — Ela pensa que é quem pra me trata daquele jeito? Acabou, Chica
Martins! Acabou! Já agüentei muita coisa sua. Essa eu não vou agüentar.
Ela que vá ter os ataques dela pros lados de outro!
CORTA PARA
HEITOR — Claro que está, homem! O deputado do seu partido não lhe avisou?
BRENO — Não.
HEITOR — Estranho. Vai ver é porque estava tudo sendo feito no mais absoluto
sigilo. Bom, o que interessa é que a hidrelétrica foi aprovada e que agora
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 17
nós precisamos nos reunir e resolver alguns pontos. Preciso falar com o
Viriato e com o Arthur. Podemos marcar uma reunião pra hoje.
BRENO — Não sei. O menino dele parece que caiu de uma cachoeira e está no
hospital sem poder andar.
HEITOR — Então eu preciso pensar em um jeito de falar com ele o quanto antes.
Nem que eu tenha de ir até Cuiabá.
HEITOR — Que levar tempo, Breno? Tá louco? Isso tem que começar o quanto
antes. É muito dinheiro envolvido! Não dá pra ficar esperando. (p) O que
me preocupa é a leitura do relatório de impacto ambiental pra população.
HEITOR SE LEVANTA.
HEITOR — Confia em mim que tudo vai dar certo. Vai ser bom pra todos nós.
HEITOR — Eu vou ligar pro Arthur e depois entro em contato com vocês. Até
porque eu não posso ficar muito tempo aqui. Eu...tenho um compromisso
agora.
HEITOR — Avise, mas não adiante nada, afinal de contas ele é da oposição.
BRENO — Até.
CORTA PARA
ZULMIRA — Eu sei que é pouca coisa, mas é tudo que eu consegui na minha vida.
ZULMIRA — Doida eu seria se não lhe deixasse nada depois de tantos anos de
amizade e dedicação.
BALBINA SE EMOCIONA.
ZULMIRA — E não vá começar a chorar. Fazer isso tudo aqui é muito pior do que
eu imaginava.
SAUL — Depois eu preciso dos documentos da dona Balbina. Quem mais var
ser beneficiado no testamento?
CORTA PARA
ZORAIDE — Madalena?! Eu não acredito nisso! Não acredito que essa lambisgóia
vai herdar tudo isso aqui! Não pode ser!
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 19
CORTA PARA
ZORAIDE — Não pode ser! Madalena não pode virar dona do Clube! Ela não
merece! Ainda por cima, essa desgraçada me odeia. Vai me botar pra
fora daqui. (p) Eu não posso deixar isso acontecer. Preciso pensar num
jeito de não deixar a Madalena herdar o clube.
CORTA PARA
MADALENA CONGELA AO VER HEITOR. ELE SORRI PARA ELA E ABRE OS BRAÇOS.
MADALENA — Eu não acredito que você está aqui comigo. Que tá me abraçando, me
beijando.
MADALENA — Eu nunca pensei que saudade pudesse doer, mas dói! Dói muito.
HEITOR — Você acha que eu não sei disso? Cada dia que eu passa longe de você
é um sofrimento.
MADALENA — Então vem matar essa saudade. Vem sentir o meu gosto. Vem sentir o
gosto do meu amor.
CORTA PARA
CORTA PARA
CHRISTIANE — Assim como? De pijama, descabelada? Não vou sair mesmo. Vou
ficar em casa.
JANE — Claro que vai sair. Eu quero comprar umas coisas, ir ao shopping,
almoçar fora. Você pode morar aqui, mas eu não. Sou turista.
CHRISTIANE — Mamãe, eu não estou com a menor vontade de sair de casa hoje.
JANE — Mas vai sair! Não vou deixar você ficar prostrada desse jeito dentro
de casa. Vai levantar, tomar um banho, se arrumar e sair comigo.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 21
JANE — Christiane, para com isso! Você não pode se entregar desse jeito.
JANE — Não é fácil falar e nem fazer, mas você não pode continuar se
comportando desse jeito. Filha, você está transformando a sua vida num
inferno.
JANE — É o Diogo?
JANE — Se é o Diogo quem transforma a sua vida num inferno, então eu tenho
uma solução bem simples. Peça o divórcio!
JANE — Se ele lhe faz mal, não faz o menor sentido vocês continuarem
casados.
JANE — Eu não estou brincando, Christiane. Se você não consegue viver com
o Diogo, então vocês não podem mais ficar casados.
JANE — Então o seu casamento depende do lugar onde vocês estão? Que
casamento é esse, minha filha?
CHRISTIANE — É sim! Esse é o jeito que eu encontrei de ser feliz! No Brasil aquelas
vagabundas viviam cercando o Diogo! Se eu ficasse...
JANE — E o que lhe garante que aqui elas não cercam? Ou você acha que
vagabunda só existe no Brasil?
JANE — Meu amor, o seu casamento não pode existir apenas porque vocês
moram nesse ou em outro lugar. Se o Diogo quiser te trair, vai trair. Vai
trair aqui, nos Estados Unidos, na Inglaterra e até no Brasil.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 22
JANE — Mas precisa. Christiane, já está na hora de você ter uma postura de
adulta diante dessa relação.
JANE — Filha, se você continuar agindo dessa forma, vai perder o Diogo. Ele
não vai agüentar ser sufocado desse jeito por muito tempo. Ninguém
agüenta.
JANE — Eu estou dizendo que ninguém é feliz ao lado de uma pessoa que não
demonstra confiança, de uma pessoa que reage às adversidades de uma
forma tão radical quanto você reage. Eu não queria estar lhe dizendo
essas coisas, filha. Eu sei que estou sendo dura, mas alguém precisa falar.
Você precisa acordar pra realidade.
CHRISTIANE — Eu tô tão cansada, mãe. Cansada de tudo. Às vezes eu acho que não
vou conseguir.
CORTA PARA
DIOGO — Quem será aquela mulher? (p) Diogo, você é um homem casado. Não
deveria ter beijado a moça.
DIOGO — Claro.
EDUARDA — É?
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 32 Pag.: 23
DIOGO — Bom...talvez eu tenha ficado quieto demais mesmo. Tenho que decidir
algumas coisas e...não sei o que fazer.
DIOGO — Eu agradeço, mas acho que não adiantaria muito. Mesmo assim,
obrigado.
DIOGO — Agora?
EDUARDA SAI.
CORTA PARA
EDUARDA SE SENTA.
BÁRBARA — Se pelo menos eu não tivesse com esse gesso, poderia passear pelos
campos, andar a cavalo...
BÁRBARA — Não sei. Não vou dizer que fiquei indiferente. Eu catava, lógico...mas
acho que é só isso.
AS DUAS RIEM.
EDUARDA — Pena que...ele tem esse gênio que todo mundo fala. É uma pessoa
difícil.
BÁRBARA — É estranho falarem essas coisas dele. O Pedro foi tão gentil comigo.
BÁRBARA — Pode ser, mas tem alguma coisa no olho dele, uma ternura, não sei.
EDUARDA — Tá.
EDUARDA — Eu ainda não sei se esse interesse da Bárbara pelo Pedro é bom ou não
pra mim.
CORTA PARA
DIOGO — Também. Se eu aceitar, você sabe o perrengue que vai ser, não sabe.
BÁRBARA — Sei. A Christiane vai fazer um escândalo. Mas Diogo, isso não vai ser
bom pra você, pra sua carreira?
BÁRBARA — Diogo, você sabe que eu não gosto da Christiane. Nunca gostei. Não
acho que ela tenha o direito de te atrapalhar desse jeito. É uma coisa boa
pra você e que eu tenho certeza que você tá querendo.
DIOGO — Eu não digo nem pelo trabalho, mas eu tô louco pra voltar pro Brasil.
Sinto muita falta. Por mais que a vida no Canadá seja boa, não é a minha
terra, não é a minha casa.
BÁRBARA — Meu irmão, você foi embora do Brasil por causa da Christiane. Tá
vivendo no Canadá por causa dela. Você já se sacrificou demais. Será
que não tá na hora de ela retribuir isso? Não tá na hora da Christiane se
sacrificar por você?
DIOGO — Não sei. Sinceramente, eu não sei. Não sei se ainda gosto dela, não sei
se sou feliz, não sei de nada. Tô completamente perdido.
BÁRBARA — Eu acho que só o fato de você ter esse monte de dúvidas já responde
muita coisa.
BÁRBARA — Acho que tá na hora de você dar uma virada na sua vida, e a
Christiane vai ter de aceitar isso, qualquer que seja a sua decisão.
DIOGO — Sabe qual é o meu medo? O de que ela cometa uma loucura.
BÁRBARA — Loucura?
FIM DO CAPÍTULO