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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIRETORIA DE ENSINO E INSTRUÇÃO


ESCOLA SUPERIOR DE POLÍCIA MILITAR
CURSO SUPERIOR DE POLÍCIA INTEGRADO

O SISTEMA DE FORMAÇÃO DA PMERJ: UMA AVALIAÇÃO


CRÍTICA DA FORMAÇÃO E TREINAMENTO POLICIAL MILITAR

MARCIO PEREIRA BASILIO – Major PM


MARCOS VINICIUS DE OLIVEIRA MENDONÇA – Major PM
NELSON NUNES MARTINS TAVARES – Major PM

Trabalho Técnico Profissional


apresentado à Escola Superior de Polícia
Militar, como requisito para o término do
Curso Superior de Polícia Integrado.

ORIENTADOR METODOLÓGICO
RONALDO TEIXEIRA DO COUTO – CEL PM REF

Niterói, 2007
2

MARCIO PEREIRA BASILIO – Major PM


MARCOS VINICIUS DE OLIVEIRA MENDONÇA – Major PM
NELSON NUNES MARTINS TAVARES – Major PM

O SISTEMA DE FORMAÇÃO DA PMERJ: UMA AVALIAÇÃO


CRÍTICA DA FORMAÇÃO E TREINAMENTO POLICIAL MILITAR

APROVADA EM 30 DE NOVEMBRO DE 2007


PELA COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________________
Renato Fialho Esteves - Cel PM
Diretor Geral de Apoio Logístico – DGAL

____________________________________________
Ronaldo Teixeira do Couto – Cel PM Ref
Prof. de Metodologia da Pesquisa

____________________________________________
Marcilio Faria da Costa – Cel PM Ref
Prof. de Inteligência Estratégica e sua Aplicabilidade
3

Dedicamos este trabalho a todos os


pesquisadores que diuturnamente dedicam suas
vidas procurando compreender os fenômenos
sociais na intenção de tornar nossa sociedade
mais justa e igualitária.
4

“A função do treinamento policial é capacitar o


policial para o trabalho diário.”

J.J. Ness
5

RESUMO

Este trabalho de pesquisa trata da formação policial militar no Estado do


Rio de Janeiro. A abordagem acadêmica adotada foi no sentido de verificar
ações estaduais para a adaptação do curso de formação de soldados à Matriz
Curricular Nacional (MCN) para o ensino policial, apresentada pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública no ano de 2000. A MCN faz parte de um
conjunto de ações do governo federal para formatar o ensino policial em todo
país. A meta dessa ação é de formar policiais que atuem de maneira adequada
em uma sociedade democrática. O resultado da pesquisa revelou que a Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro não efetivou ações para a adoção da Matriz
Curricular Nacional no período de 2000 a 2005, assim como não está
capacitando os policiais militares a atuarem como base nos valores de uma
sociedade democrática. O material empírico nos mostra a visão do policial
militar em relação ao ensino na Polícia Militar, bem como sua atuação no dia-a-
dia na resolução dos conflitos sociais.

Palavras-chave: Segurança pública; Polícia; Educação policial; Democracia;


Direitos humanos.
6

ABSTRACT

This work of research treats of the police military formation in the state of
the Rio de Janeiro. The academic approach to be adopted in respect to verify the
state actions for the adaptation of the course of the soldier’s formation to the
national curriculum mould (NCM) for the police education, proposed by the
National General Office of Public Security in the year of 2000. It’s part of a
group of actions of the federal government to format the police education in all
country. The aim of this action is to form policemen to act in an appropriate way
in a democratic society. The result of the research revealed that the Military
Police of the state of the Rio de Janeiro, did not effect actions for the adoption
the of NCM in the period of 2000-2005, as well as it’s not preparing the
militaries polices to act with base in the values of a democratic society. The
empirical material show us the view the of the military police in relation to the
education in the Military Police, as well as its performance day by day in the
resolution of the social conflicts.

Key-words: Public security; Police; Police education; Democracy; Humans


rights.
7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Tipologia de atribuições, situações e resultados............................... 23

Figura 2 – Um modelo completo do trabalho policial.........................................24

Figura 3 – Policiamento dominante.................................................................... 31

Quadro 1 – Análise comparativa entre os programas de treinamento


existentes x a MCN proposta pela Senasp........................................ 72

Gráfico 1 – Comparativo da implementação da MCN nos Estados


pesquisados....................................................................................... 73

Quadro 2 – Distribuição da carga-horária entre UF versus áreas de estudo da


MCN................................................................................................. 75

Gráfico 2 – Distribuição da carga-horária entre UF versus áreas de estudo da


MCN................................................................................................. 76

Gráfico 3 - Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de


estudo relativa a missão policial implementada pelas polícias
militares no CFSd...........................................................................77

Gráfico 4 - Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de


estudo relativa a técnica policial implementada pelas polícias
militares no CFSd...........................................................................78

Gráfico 5 - Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de


estudo relativa a cultura jurídica aplicada implementada pelas
polícias militares no CFSd.............................................................79

Gráfico 6 - Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de


estudo relativa a saúde do policial implementada pelas polícias
militares no CFSd..........................................................................80
8

Gráfico 7 - Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de


estudo relativa a eficácia pessoal implementada pelas polícias
militares no CFSd...........................................................................81

Gráfico 8 - Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de


estudo relativa a linguagem e informação implementada pelas
polícias militares no CFSd..............................................................82
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação entre o currículo do programa de formação do CFSd


da PMERJ,com a Matriz Curricular Nacional............................ 68-69

Tabela 2 – Evolução do tempo de duração do CFSd na PMERJ...................... 70

Tabela 2 – Evolução da duração, correlação à MCN e inclusão de soldados no


CFSd na PMERJ.............................................................................. 70
10

LISTA DE SIGLAS

AISP Áreas Integradas de Segurança Pública


BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BOPE Batalhão de Operações Especiais
BPCHOQUE Batalhão de Polícia de Choque
BPM Batalhão de Polícia Militar
CAO Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais
CFAP31VOL Centro de Formação de Praças 31 de Voluntários
CFO Curso de Formação de Oficiais
CFSd Curso de Formação de Soldado
CH Carga Horária
CSPM Curso Superior de Polícia Militar
CTB Código de Trânsito Brasileiro
CTSP Curso Técnico de Segurança Pública
DGEI Diretriz Geral de Ensino e Instrução
DGO Diretriz Geral de Operações
EBP Educação Básica Profissional
ESP Educação Superior Profissional
GRP Guarda Real de Polícia
HAZMAT Hazardous Materials
IGP Intendência Geral da Polícia
IGPM Inspetoria Geral das Polícias Militares
ISP Instituto de Segurança Pública
LDB Lei de Diretrizes Básicas
MCN Matriz Curricular Nacional
MJ Ministério da Justiça
11

MP Ministério do Planejamento
ONU Organizações das Nações Unidas
PC Polícia Civil
PM Polícia Militar
PMERJ Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro
PMTO Polícia Militar do Tocantins
PSNI Police Service of Northern Irlands
SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública
SEPLANSEG Secretaria de Planejamento de Ações Nacionais de Segurança
Pública
SSP Secretaria de Segurança Pública
UNDCP Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de
Drogas
12

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................... 05
ABSTRACT...................................................................................................... 06
LISTA DE ILUSTRAÇÃO.............................................................................. 07
LISTA DE TABELA........................................................................................ 09
LISTA DE SIGLAS.......................................................................................... 10

1.0 INTRODUÇÃO......................................................................................... 14

2.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................20

2.1 NATUREZA DO TRABALHO POLICIAL – PROBLEMAS E


CONTRADIÇÕES.........................................................................................20

2.2 TRABALHO POLICIAL EM UMA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA.......32

2.3 A FORMAÇÃO DO POLICIAL: AMPLIANDO A DISCUSSÃO.............36


.
2.4 A FORMAÇÃO DO POLICIAL NO BRASIL NA ÓTICA DO GOVERNO
FEDERAL......................................................................................................47

3.0 METODOLOGIA......................................................................................53

4.0 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS..........................59

4.1 A ESTRUTURA DO PROGRAMA DE TREINAMENTO


PARA SOLDADO POLICIAL MILITAR.................................................59

4.2 AS IMPRESSÕES DOS POLICIAIS MILITARES EM RELAÇÃO


À FORMAÇÃO NA PMERJ........................................................................82

4.2.1 Categoria “A”: Democracia e o papel do profissional de segurança


pública..................................................................................................83
4.2.2 Categoria “B”: A visão distorcida em relação á finalidade dos direitos
humanos...............................................................................................85
4.2.3 Categoria “C”: A percepção do policiamento comunitário como uma
forma de agir e não uma filosofia de trabalho.....................................87
4.2.4 Categoria “D”: O hiato entre o planejamento e a execução................88
13

4.2.5 Categoria “E”: O ensino,os instrutores e o investimento em


formação...............................................................................................91
4.2.6 Categoria “F”: A qualificação do policial............................................94
4.2.7 Categoria “G”: O day after ao CFSd: a percepção do policial
militar em relação a sua formação e os desafios diários de sua
profissão...............................................................................................97
4.2.8 Categoria “H”: O Que melhorar no CFSd na visão dos soldados
policiais militares................................................................................99

5.0 CONSIDERAÇÃO FINAL E SUGESTÕES..........................................104

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................111

APÊNDICES....................................................................................................116

APÊNDICE A – ROTEIRO DE ENTREVISTAS COM OS SOLDADOS


PM.........................................................................................117
APÊNDICE B – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO ENVIADO ÀS
POLÍCIAS MILITARES....................................................119
APÊNDICE C - GRADE CURRICULAR DO CURSO TÉCNICO DE
SEGURANÇA PÚBLICA..................................................120
APÊNDICE D - EMENTAS DAS DISCIPLINAS DO CURSO TÉCNICO
DE SEGURANÇA PÚBLICA............................................122

ANEXOS..........................................................................................................241

ANEXO A – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMAL.......................242


ANEXO B – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMES........................243
ANEXO C – GRADE CURRICULAR DO CTSP DA PMMG .....................246
ANEXO D – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMPR........................248
ANEXO E – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMPB........................250
ANEXO F – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMSP.........................252
ANEXO G – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMRR......................255
ANEXO H – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMDF.......................257
ANEXO I – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMRJ..........................258
14

1.0 INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é o de avaliar o sistema de ensino da Polícia

Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Neste sentido, partiu-se para a

escolha de parâmetros que pudessem basilar este estudo. Com isso o grupo

definiu como parâmetro a Matriz Curricular Nacional, proposta em 2000 pela

Secretaria de Segurança Pública Nacional (SENASP). Tal escolha deu-se em

virtude, do Estado do Rio de Janeiro constar em relatórios da SENASP com

sendo um das Unidades da Federação que haviam se adequado a política do

governo federal. Sendo assim, passou-se a identificar as mudanças ocorridas no

programa de formação de soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de

Janeiro, em função da proposição da Matriz Curricular Nacional.

A mudança de foco na atuação dos organismos policiais depende, em boa

medida, de um treinamento eficaz. O processo de formação também é

importante, pois visa a transmitir informação, desenvolver habilidades, atitudes

e conceitos. Em uma política de segurança repressiva, os policiais são formados

para atuarem de forma reativa. Todavia, em uma política baseada em gestão e

prevenção, os policiais são treinados para agirem de forma pró-ativa na

resolução de problemas que emirjam no cotidiano.

O processo de formação policial deve disponibilizar ao aluno os

conhecimentos necessários para o desempenho de sua atividade cotidiana.


15

Contudo, a natureza do trabalho policial é complexa. Em uma sociedade

democrática, o policial deve ser pró-ativo e buscar atuar na resolução de

problemas. Assim, as possibilidades de emprego do policial se ampliam

emergindo neste contexto sua complexidade. Dessa forma, o processo de

formação deve abranger conhecimentos de ordem jurídica, social, psicológica, e

de expertises inerentes à atividade policial.

Com base nisso, a Matriz Curricular Nacional (MCN) foi elaborada

visando a atender às necessidades da atividade policial cotidiana. A proposta

das Bases Curriculares é descrever um modelo de perfil desejado, abrangendo

as competências básicas a todas as categorias de profissionais da área de

segurança do cidadão que deverão ser acrescidas das competências específicas à

atividade de cada ramo profissional mediante o perfil profissiográfico a ser

estabelecido por cada organização. As Bases Curriculares servem de orientação

às instituições policiais militares na formulação de seus respectivos programas

de formação profissional.

A proposta de currículo para a formação dos profissionais da área de

segurança do cidadão divide-se em dois segmentos: uma base comum e uma

parte diversificada. A primeira é o cerne da proposta, sendo constituída de seis

áreas de estudos que são: missão do policial, técnica policial, cultura jurídica,

saúde do policial, eficácia pessoal, linguagem e informação. Tais áreas de estudo

são interligadas por seis temáticas centrais a saber: cultura, sociedade, ética,
16

cidadania, direitos humanos e controle das drogas. A parte diversificada, visa a

atender às peculiaridades vivenciadas pelas corporações em cada recanto do

país.

Sendo assim, esta pesquisa busca responder à seguinte pergunta: Quais os

efeitos na política de ensino da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

originados da proposição da matriz curricular em 2000 pela Secretaria Nacional

de Segurança Pública em relação à formação do policial militar?

Para a elucidação do problema, tem como objetivo final: Identificar os

efeitos na política de ensino da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

originados da proposição da matriz curricular em 2000 pela Secretaria Nacional

de Segurança Pública em relação à formação do policial militar.

Para se atingir o objetivo final, se faz necessário: identificar as políticas de

ensino implementadas no âmbito da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

no período de 2000-2005 em relação à formação profissional do policial militar,

bem como as mudanças ocorridas na sua formação profissional em igual

período que tenham correlação com as bases curriculares.

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como as demais

corporações estaduais, possui um modelo organizacional, guardada as devidas

proporções, semelhante aos das Forças Armadas. . O ingresso em seus quadros

de efetivo ocorre de duas formas: a primeira se dá no nível gerencial da

corporação pelo qual ingressam cidadãos que, após uma formação específica ,
17

tornam-se oficiais. Esses, por sua vez, podem alcançar os postos máximos de

direção na Corporação. A segunda via de entrada se dá no nível de execução,

no qual os candidatos egressos da sociedade civil, após a conclusão do programa

de treinamento, tornam-se soldados policiais militares que atuarão no

policiamento ostensivo cotidiano.

Quando se fala em formação policial, pode-se perceber que é um termo

genérico no qual estão inclusos os diversos programas de treinamento tanto no

nível gerencial, quanto no de execução. Neste sentido, a pesquisa será

delimitada ao programa de formação policial para o nível de execução.

No tocante à metodologia utilizada, inicialmente, buscou-se conhecer

como corporações estrangeiras estão tratando a temática inerente à formação

policial em seus países, ampliando a discussão. Nesse caso, utilizou-se a

pesquisa bibliográfica a qual coletou informações contidas em artigos científicos

publicados em revistas internacionais de grande circulação.

A pesquisa bibliográfica também foi utilizada para a coleta de dados

referentes à atuação dos policiais em uma sociedade democrática obtidos em

teses, dissertações, monografias e livros.

Em seguida, buscaram-se as informações a respeito do curso de formação

de soldado policial militar. Momento em que foram solicitados documentos

relativos ao processo de seleção, grade curricular, plano de matérias. Essa


18

pesquisa documental estendeu-se à Polícia Militar dos vinte e sete Estados

membros da Federação.

A terceira parte ocorreu com a realização de uma pesquisa de campo,

momento no qual foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com vinte e

quatro policiais militares com o intuito de coletar as percepções a respeito da

sua formação na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. As entrevistas

foram transcritas e tratadas por meio de análise de conteúdo a qual se encontra

detalhada no corpo do trabalho. Deu-se a essa pesquisa um caráter

predominantemente qualitativo, mas ela também contou com dados

quantitativos expressados ao longo da mesma.

Após a introdução, o segundo capítulo destinou-se a construção de um

referencial teórico que fornece a sustentação adequada á pesquisa. Sendo assim,

o capítulo se subdivide em quatro seções. A primeira procura conhecer a

natureza do trabalho policial. Compreender o que o policial realiza diariamente

é o primeiro passo para a construção de um programa de formação adequado. O

treinamento deve estar intimamente relacionado com o serviço a ser

desempenhado na sociedade. Em seguida, procurou-se contextualizar o trabalho

policial em uma sociedade democrática. A terceira trata especificamente da

formação policial. Inicia-se abordando a temática do ensino policial em outros

países onde são conhecidas questões inerentes ao processo de formação, grade


19

curricular, carga horária, critério de escolaridade. Finalizando, discute-se a

proposta da matriz curricular apresentada pela Senasp em 2000.

O terceiro capítulo é destinado a descrição da metodologia adotada.

Quanto aos fins, considerou-se este estudo exploratório, por buscar entender o

processo do ensino policial na PMERJ sob a perspectiva do policial, campo no

qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado no Brasil. Quanto aos

meios de investigação, optou-se pela pesquisa de campo, documental e

bibliográfica. Há também características de pesquisa participante, uma vez que

os autores são Oficiais Superiores da instituição.

O quarto capítulo é destinado à apresentação dos resultados. Este

capítulo se subdivide em duas seções. A primeira é apresentada o resultado

referente à parte quantitativa da pesquisa. O curso de formação de soldado

policial militar da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro apresenta em sua

grade curricular alguma similitude com a Matriz Curricular Nacional. Contudo,

pode-se perceber que as semelhanças não foram, em sua origem, o resultado de

um processo de adequação a política do governo federal. Na segunda seção são

dispostos os resultados da análise qualitativa da pesquisa, com a apresentação

da percepção do policial militar em relação ao processo de formação na PMERJ.

De uma forma geral os entrevistados apresentaram posicionamentos pertinentes

às disciplinas do curso, ao emprego dos alunos em funções incompatíveis com a

função de policial militar, a valorização do homem dentro da PMERJ.


20

2.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo propõe-se a construir um referencial teórico que de

sustentação as argumentações apresentadas nesta pesquisa. Sendo assim,

inicialmente procurou-se conhecer a natureza do trabalho policial e suas

interações com a sociedade. Este ponto é relevante para a discussão inerente ao

treinamento policial, senão se conhece o que o homem faz em seu dia-a-dia

como formá-lo adequadamente. Em seguida será tratado o desempenho das

tarefas policiais dentro de um macro ambiente democrático. A polícia é fruto da

sociedade em que atua. Desta maneira, o cenário onde se darão as interações,

influencia sobremaneira o processo de formação policial. Após a discussão

inicial, será apresentada alguns aspectos que estão na agenda de instituições

internacionais relacionadas a formação policial. Neste momento, serão relatadas

algumas experiências de países que estão aperfeiçoando seus processos de

formação policial. Finalizando este capítulo serão discutidas algumas questões

relacionadas a Matriz Curricular Nacional.

2.1 NATUREZA DO TRABALHO POLICIAL – PROBLEMAS E


CONTRADIÇÕES

Para se obter a compreensão que permitirá inferir a respeito de toda

temática que envolve a formação do policial militar no Estado do Rio de Janeiro


21

é necessário identificar que atribuições, situações e ações são inerentes ao

serviço policial. A formação do policial não se resume tão somente em analisar

conteúdos programáticos, discutir cargas horárias, e ou metodologias

empregadas, mas tangencia aspectos relacionados à sociedade em que o policial

está inserido. A formação deve preparar o policial para interagir com o meio no

qual foi recrutado. Esta seção apresenta, portanto, subsídios para a compreensão

das variáveis que permeiam o serviço policial.

De acordo com Bayley, “definir o que a polícia faz não é uma questão

simples, não só porque é difícil assegurar o acesso permanente a ela, mas

também por motivos intelectuais” (2002:118). A taxonomia utilizada pelo autor

identifica três maneiras bem distintas de descrever a atividade policial, cada uma

a partir de diferentes fontes de informação. O trabalho policial pode se referir,

primeiro, ao que a polícia é designada para fazer; segundo, às situações com as

quais ela tem que lidar; terceiro, às ações que ela deve tomar ao lidar com as

situações.

Atribuições são as descrições organizacionais do que os policiais estão

fazendo – patrulhando, investigando, controlando o tráfego, aconselhando e

administrando. Uma vez que padrões de staff normalmente são arquivados,

podemos determinar facilmente a proporção de pessoal designada para

diferentes atividades. Quanto maior a quantidade de especialização formal no

interior das organizações policiais, mais fácil essa análise se torna. Ao mesmo

tempo, atribuição é um indicador muito cru do que a polícia está fazendo.


22

Assevera Bayley que a atribuição designada para a maior parte dos policiais em

todo o mundo é o patrulhamento. Contudo, patrulhamento é uma atividade

multifacetada. Oficiais de patrulha são “pau-pra-toda-obra”. Os ingleses se

referem a eles com sensibilidade como “oficiais para deveres gerais”. Isso se

deve em grande parte pelo fato de oficiais com qualquer atribuição, não só

patrulhamento, poderem fazer coisas associadas a outras atribuições, como:

“A polícia do trânsito também patrulha, oficiais de patrulha


controlam o trânsito, detetives aconselham os jovens, oficiais de
delinqüência juvenil recolhem evidências sobre crimes, a policia de
controle de tumultos também guarda edifícios públicos, e todos fazem
um bocado de trabalho administrativo” (MARTIN E WILSON,
1969:122-123) .

O trabalho policial também é comumente descrito em termos de situações

com as quais a polícia se envolve: crimes em andamento, brigas domésticas,

crianças perdidas, acidentes de automóvel, pessoas suspeitas, supostos

arrombamentos, distúrbios públicos e mortes não naturais. Nesse caso, a

natureza do trabalho policial é revelada por aquilo com o que ela tem de lidar.

Bayley assegura que “o trabalho pode ser descrito em termos de ações

executadas pela polícia durante as situações, tais como prender, relatar,

tranqüilizar, advertir, prestar primeiros socorros, aconselhar, mediar,

interromper, ameaçar, citar e assim por diante”(2002:121). Nesse caso, o

trabalho dos policiais é o que eles fazem nas situações que encontram.
23

Apesar da distinção conceitual entre atribuições, situações e resultados, os

mesmos são interdependentes. Ou seja, a estrutura das atribuições afeta os tipos

de situação com os quais a polícia se envolve; as situações influenciam o

espectro de resultados prováveis; os resultados dão forma às situações que o

público é encorajado a levar até a polícia; e as situações ajudam a determinar as

atribuições formais dentro da organização policial. Com respeito aos três

aspectos do trabalho policial, a figura 1 os apresenta no diagrama a seguir.

1 2 3 4 5
Termo básico Medidas Relações empíricas Determinantes Determinantes
alternativas Entre medidas Comuns únicos
alternativas (exemplo) (exemplos)

Atribuições Atribuições Tradição legal

Situações

Situações Caráter nacional Confiança pública

Resultados

Resultados Distância social

Figura 1 - Tipologia de atribuições, situações e resultados.


Fonte: adaptado de Bayley(2002:121)

Bayley (2002) salienta que as situações que a polícia enfrenta em seu

cotidiano são influenciadas por dois fatores: o volume de demandas da

população e as prioridades organizacionais. As demandas de prestação de

serviço e as relacionadas à criminalidade aumentam à proporção que aumenta a

disposição da população em procurar os serviços policiais. Contudo, se a


24

polícia não for capaz de atender às demandas agregadas, irá tender a favor das

solicitações relacionadas à criminalidade1. No tocante às prioridades

organizacionais, o autor afirma que quando expressas como atribuições afetam a

seleção das decisões tomadas com relação à demanda pública, bem como o

volume de pedidos de serviço afeta as atribuições organizacionais. A direção

que a organização adotará está intrinsecamente ligada à natureza do governo2.

Na figura 2 é demonstrado o modelo completo do trabalho policial, segundo a

descrição de Bayley.

Situações

Seleção de decisões Percepções sobre as situações


selecionadas

Capacidade da polícia Volume Natureza da demanda pública

Prioridades organizacionais Natureza das relações


como atribuições interpessoais

Quantidade de participação Cultura


Política

Facilidades de comunicação

Riqueza Mudança
macrossocial

Figura 2 - Um Modelo Completo do Trabalho Policial


Fonte: adaptado de Bayley(2002:158).

1
“Quanto maior for a quantidade de solicitações em relação à capacidade da polícia, maior será a probabilidade
de a polícia ignorar os pedidos de prestação de serviços.” (BAYLEY, 2002:153)
2
“a polícia em países democráticos lidará com uma proporção maior de chamadas relacionadas com serviço do
que os países não-democráticos.” (BAYLEY, 2002:157)
25

Para compreender a natureza do trabalho policial, deve-se primeiro fazer

uma inferência no sistema social no qual está inserido. Kant de Lima (2002)

apresenta dois modelos de sociedade os quais denominou de “paralelepípedo” e

“piramidal”. No primeiro, as regras que regulam os conflitos sociais têm um

aspecto genérico, ou seja, seus efeitos são distribuídos de forma eqüitativa em

toda sociedade. Não importa a que classe social o indivíduo pertença, a lei vale

para ele também. No segundo modelo, as regras de utilização do espaço público

são universais, mas não gerais. Ou seja, embora sejam as mesmas para todos,

não se aplicam a todos da mesma forma, mas de maneira particular a cada um.

Conseqüentemente, a atuação da polícia nesses modelos também é diferenciada.

Kant de Lima (2002) assegura que a polícia é, em princípio, a

instituição designada, tanto em um modelo quanto em outro, para fazer cumprir,

em última instância, empiricamente, as regras de utilização dos espaços

públicos. Referenciando o primeiro modelo, a polícia se constituirá na força

legítima para o que os autores denominam to enforce the law3. Ressalta-se, no

entanto, que a regra que está fazendo cumprir ampara-se na concepção de que

foi consensual e legitimamente elaborada para preservar a utilização por uma

determinada coletividade de certo espaço público. Desse modo, a legitimidade

da ação policial não repousa no Estado, mas no governo da coletividade. Nessa

concepção, “ a polícia tem autonomia – e a respectiva responsabilidade – para

negociar a utilização dos espaços, até certo ponto: se o espaço público é um

3
Por enforce the law se entende como sendo uma atribuição de fazer cumprir a lei.
26

espaço negociado coletivamente, cabe a ela reproduzir, em sua administração, os

processos de negociação de interesses divergentes.” (2002:205) A polícia,

portanto, não é neutra nem imparcial.

No tocante ao modelo piramidal, Kant de Lima (2002) salienta que a

atuação da polícia é bem diferente do modelo anterior. A apropriação do espaço

público de forma particularizada pelo Estado, por definição, se dá de forma

excludente. Nesse modelo, os conflitos devem ser minimizados ou, quando sua

conciliação for impossível, fortemente reprimidos e extintos.

No modelo piramidal, a polícia não incumbe o explícito enforcement of

the law. Nesse caso, “a função da polícia se caracteriza, assim, por ser

eminentemente interpretativa partindo não só dos fatos, mas, principalmente, da

decifração do lugar de cada uma das partes em conflito na estrutura social para

proceder à correta aplicação das regras de tratamento desigual aos

estruturalmente desiguais.” (2002:206-207)

Nessa concepção, conforme a visão do autor, tanto o Estado quanto a

polícia são definidos como instituições separadas e externas ao conjunto de

cidadãos que precisam não apenas controlar, mas manter em seu devido lugar e

reprimir. A ação da polícia é caracterizada pela suspeição de se descumprir as

regras. A atuação da polícia não se dá como mediadora de conflitos, todavia,

como autoridade intermediária em sua interpretação para promover sua extinção

e punição, não sua resolução.


27

A natureza do trabalho policial se relaciona com as tensões geradas nas

relações sociais. Os organismos policiais atuam de forma a intervir e regular as

interações em uma sociedade. A forma como a ação ocorrerá está diretamente

relacionada com o regime de governo sob o qual a instituição prestará contas.

Bittner afirma que “o papel da polícia é enfrentar todos os tipos de problemas

humanos quando suas soluções tenham a possibilidade de exigir uso da força no

momento em que estejam ocorrendo” (2003:136). Em sua análise, o autor

compreende o trabalho policial como tendo um direcionamento ao risco, ao

perigo, à violência, ao domínio do caos, à incerteza, ao desespero. O autor

amplia a discussão a respeito do trabalho policial afirmando que o policiamento

é uma ocupação complexa que enfrenta problemas sérios. Exige, portanto,

conhecimento e habilidade. Entretanto, o mais importante é que aqueles que o

praticam são imbuídos de um poder bastante considerável para utilizar a força

quando for necessário. Na visão de Bittner (2003), o policiamento não constitui

uma técnica. Ao contrário, faz grandes exigências em termos de experiência e

julgamento4. A experiência é um conhecimento acumulado em que a

4
Lipsky (1983) ao tratar da street-level bureaucrats percebeu que o estabelecimento de regras, guia de
conduta ou instruções relativas à atividade que se enquadram nesta categoria, seriam incapazes de
formatar o comportamento que os funcionários deveriam apresentar na interação com o cidadão,
reduzindo com isso a discricionariedade de suas decisões. Isto ocorre em virtude da impossibilidade de
se identificar as ocorrências possíveis dessas atividades. O autor apresenta três razões que justificam o
argumento acima: em primeiro lugar, o street-level bureaucrts freqüentemente depara-se com
situações complicadas que reduzem a possibilidade de formatação dessas situações. Em segundo lugar,
esse tipo de funcionário trabalha em situações que freqüentemente requer uma sensibilidade maior em
sua análise e julgamento. Nesse sentido, o policial avalia o evento no qual esteja atuando e decide em
deter ou não alguém. A terceira razão apresentada pelo autor para a não eliminação da
discricionariedade dessa atividade relaciona-se ao fato de o street-level bereaucrats interagir mais com
o cidadão do que com a natureza do trabalho. Nesse sentido, a discricionariedade aumenta o status do
28

compreensão das necessidades e das possibilidades práticas se baseia. Bittner

assevera que:

“em seu trabalho do dia-a-dia, os policiais freqüentemente lidam com


assuntos em relação aos quais outras pessoas respondem com medo,
raiva ou repugnância. Poder-se-ia dizer que o trabalho policial consiste
em proceder metodicamente nas ocasiões em que a norma seria ter uma
reação impulsiva” (2003:270).

O autor observou que a maior parte do trabalho policial é realizada por

policiais individuais ou por equipes formadas por pares de policiais. Desse

modo, os policiais dependem principalmente de seus próprios conhecimentos,

habilidades e julgamentos, e devem estar preparados para terminar o que

começaram por si mesmos.

Em uma sociedade moderna, Bittner identifica três expectativas que

definem a função da polícia: “Primeiro, espera-se que a polícia vá fazer algo a

respeito de qualquer problema que seja solicitada a tratar; segundo, espera-se

que vá atacar os problemas em qualquer lugar e hora em que ocorram; e terceiro,

espera-se que prevaleçam em qualquer coisa que façam e que não recuem ao

enfrentar oposição” (2003:314-315).

Em seu trabalho de pesquisa, Bittner (2003) identificou dois problemas de

adequação em relação ao trabalho policial: o primeiro está relacionado ao

problema da legalidade, que diz respeito à aquiescência aos esquemas de

regulamentação formulados. Essa questão relaciona-se com a evolução da

trabalhador e encoraja o cliente (cidadão) a acreditar que o funcionário detém as chaves para o seu
bem-estar.
29

dinâmica social, alguns comportamentos podem ser regulados, contudo algumas

situações não podem, ou ainda não foram reguladas5. O segundo problema

identificado por Bittner (2003) relaciona-se com a capacitação da mão-de-obra,

envolve a manutenção de níveis minimamente aceitáveis de desempenho sábio,

hábil e judicioso.

Monjardet (2003) questiona a idéia de Bittner, segundo a qual a polícia

nada mais é que um mecanismo de distribuição na sociedade de uma força

justificada por uma situação. Assim, Monjardet faz uma analogia entendendo

que “a polícia é um martelo”(idem:21-22), enquanto instrumento, o martelo não

tem finalidade própria, ele serve às finalidades daquele que o maneja. Segundo

Monjardet, com a polícia acontece da mesma forma: instrumento de aplicação

de uma força sobre o objeto que lhe é designado por quem a comanda. A polícia

é totalmente para servir [ancillaire] e recebe sua definição – no sentido de seu

papel nas relações sociais – daquele que a instrumentaliza. Dessa forma, pode

5
Como um exemplo pode ser citado os crimes praticados pela internet. No Brasil, a legislação penal
data de 1940, época que ainda não existiam computadores. Contudo, o crime de furto já estava
previsto. Mas, como obter provas e identificar os criminosos?. Há dez anos os crimes eram cometidos,
mas os criminosos raramente eram detidos., nos dias atuais, a legislação está avançando, e os
organismos policiais estão obtendo um grande êxito na identificação e detenção desse tipo de
criminosos. Um outro problema enfrentado no trabalho policial, no caso brasileiro, diz respeito à
busca pessoal. No parágrafo 2, do artigo 240 do Código de Processo Penal Brasileiro assinala o
seguinte: ‘Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte
consigo arma proibida ou objetos que constituam prova de crime ou tenham sido obtidos de forma
delituosa”. Talvez esse seja o calcanhar de Aquiles das ações de busca realizadas diariamente no
Brasil. As políticas públicas em segurança pública no Estado do Rio de Janeiro priorizam a apreensão
de armas e drogas. Para alcançar os objetivos propostos, a Polícia Militar realiza diariamente.
inúmeras operações de revistas em veículos e pessoas de forma aleatória, sem respeitar o principio da
fundada suspeita. Em tese, essas ações só poderiam ocorrer com o consentimento das pessoas. A
legislação brasileira somente autoriza aos agentes da lei revistarem veículos conforme previsto no
Código de Trânsito Brasileiro - CTB.
30

servir a objetivos os mais diversos, à opressão num regime totalitário ou

ditatorial, à proteção das liberdades num regime democrático. Pode acontecer

que a mesma polícia sirva sucessivamente a finalidades opostas.

Monjardet (2003) contesta Bittner por sua definição, pelo fato da mesma

introduzir idéias de necessidade e/ou legitimidade que nada têm a ver com o

instrumento, mas são matéria de julgamento em relação ao uso social feito desse

instrumento. Na concepção de Monjardet, “a polícia não é esse instrumento que

intervém quando a força deve ser utilizada, mas sim quando lhe é ordenado fazê-

lo, seja por uma instância que tem autoridade sobre ela ou pelo sistema de

valores partilhado aqui e agora” (idem :23)

Monjardet (2003), em sua pesquisa a respeito das atividades

desempenhadas pelas polícias, identificou três perspectivas para o exercício da

função policial em uma sociedade: primeiramente há uma polícia da ordem ou

polícia de soberania, que, segundo o autor, trata-se de um braço armado do

Estado na ordem interna. Essa polícia está inteiramente nas mãos e sob a

autoridade exclusiva do poder. Como o poder que ela exprime e de que depende,

está em desnível com a sociedade. Pode-se representar sua relação com a

sociedade através de exterioridade, de enquadramento e de vigilância. Há em

seguida uma polícia criminal que instrumentaliza a força e os meios de ação não

contratuais para reprimir os segmentos da sociedade que recusam suas leis. A

instituição reintegra a sociedade no sentido em que exprime o fato de que essa


31

designa em seu seio, esta ou aquela categoria de atores ou de comportamentos

como alvo, é o objeto dos códigos penais. A polícia criminal é, assim, polícia da

sociedade e não só sobre a sociedade, mas especializada num segmento social.

Sua organização e sua profissão se desenvolvem numa lógica técnica muito

autônoma. Enfim, há uma polícia urbana cujo papel é a proteção do sono, o que

supõe rondas de guardas. Ela não é equipada para vigiar o criminoso nem para

conter o tumulto; ela é a expressão da autoridade, esse intermediário entre a

força possuída e a coerção exercida. Pelo fato de extrair sua força apenas do

desarmamento consentido do cidadão, antes de tudo ela é função social: fazer

respeitar a paz pública, interpor-se nos conflitos interpessoais, devolver à razão

o desnorteado, regular os fluxos de trânsito. Em suma, impor o respeito a uma

ordem pública que não é a ordem da dominação, mas da tranqüilidade. Essa

polícia se representa no seio da sociedade de que é parte recebedora, no seio da

qual só pode agir com eficácia por sua integridade: presença, permanência e

troca. A seguir, a Figura 3 ilustra a tipologia de polícia identificada por

Monjardet.
Polícia de Ordem Polícia Criminal Polícia de Segurança

Sociedade Totalitária Sociedade Dividida Sociedade Cidadã

Figura 3 - Policiamento Dominante


Fonte: conforme Monjardet (2003:286)
32

Nessa instância, argumentou-se a respeito da natureza do trabalho policial,

apontando as variáveis que permeiam as atividades desenvolvidas pelos policiais

no seu dia-a-dia. Frisou-se também a influência que o contexto social exerce

sobre o modo em que a polícia atua em determinadas sociedades. A seguir, será

tratado o trabalho policial dentro de uma sociedade democrática. Todas estas

abordagens são de profunda importância para a discussão da formação do

policial, sem saber o que ele faz e em que macro ambiente atua, é bastante

temerário tratar de formação pura e simplesmente.

2.2 TRABALHO POLICIAL EM UMA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

Neste momento será feita uma abordagem da atuação da polícia em uma

sociedade democrática cujas origens estão relacionadas às próprias necessidades

da sociedade. Segundo Sung (2006), as normas democráticas, instituições e

práticas, incluindo aquelas relatadas pela polícia, têm evoluído dramaticamente

nos estados democráticos. Em função dessa onda de democratização, o

policiamento é concebido como um serviço de integração com a sociedade, de

maneira a permitir uma aplicação da força mais qualificada. Em virtude das

mudanças de proporções colossais e pela sofisticação do crime na recente

década (BRYETT, 1999), a polícia tem passado por um exame rigoroso e tem

alcançado o topo das listas de políticas institucionais para ser reformada.


33

Como agência governamental em constante contato com o público e

também como uma arma coercitiva do Estado, a polícia tem sido criticada e

reinventada não somente em países em processo de democratização, como em

países de tradição liberal e governo democrático. O processo de democratização

é um esforço institucional interminável em direção dos ideais-chaves da

democracia: liberdade, eqüidade e fraternidade. Portanto, há uma expectativa

que as derivações desses valores poderiam integrar as políticas dos governos

democráticos. Participação, eqüidade, consentimento para policiar,

responsabilidade, entrega de serviços e mecanismos de revisão têm sido

identificados como procedimentos requeridos para a polícia em uma sociedade

democrática, conforme Sung (2006).

Segundo Rico (1992), a polícia sempre foi um órgão estatal com

características próprias que a distinguem dos demais setores cujo conjunto

denomina-se comumente “administração de justiça”, cuja missão

tradicionalmente circundava a aplicação das leis e da manutenção da ordem

pública. Para o autor:

“a polícia é, no entanto, uma instituição social cujas origens remontam


às primeiras aglomerações urbanas, motivo pelo qual ela apresenta a
dupla originalidade de ser uma das formas mais antigas de proteção
social, assim como a principal forma de expressão da autoridade.
Encontra-se, portanto, intimamente ligada à sociedade pela qual foi
criada, e seus objetivos, a sua forma de organização e as suas funções
devem adaptar-se às características sócio-políticas e culturais (sic) da
comunidade em que ela deverá atuar” (1992:73).
34

Os estudos referentes à polícia, comumente, têm seguido, dentre outros,

os enfoques jurídicos e sociológicos. O primeiro permite situar essa instituição

no seu marco constitucional, legal e regulamentar, descrever e analisar a sua

organização e as suas funções por meio dos textos jurídicos e estudar o

significado das disposições, outorgando certos poderes aos seus integrantes,

impondo-lhes certas obrigações e regulamentando o conjunto de suas atividades.

Os principais problemas em matéria policial referem-se aos objetivos do serviço,

a sua organização, as suas relações com a comunidade, a profissão, as funções, o

poder discricionário e o controle sobre as suas atividades.

A determinação das grandes diretrizes ou princípios fundamentais de

qualquer serviço policial é uma tarefa prioritária, tanto para o seu adequado

funcionamento quanto para as reformas que nele devam ser realizadas.

Considerando as relações entre polícia, sociedade e o sistema de justiça faz-se

necessário primeiramente considerar uma série de aspectos que determinarão a

elaboração de tais diretrizes e princípios que são: o tipo ou modelo de sociedade

em que a polícia irá atuar; o modelo policial que irá ser adotado; as tendências

da criminalidade e de suas principais manifestações.

Corroborando com o tema em questão, Cerqueira (1998) salienta que a

Polícia em um regime democrático deve ser representativa, corresponder às

necessidades e expectativas públicas e deve ser responsável. Ser representativa

significa que a polícia precisa certificar-se de que os seus policiais sejam


35

suficientemente representativos da comunidade a que servem. As minorias

devem ser representadas adequadamente dentro das instituições policiais – por

meio de políticas de recrutamento justas e não-discriminatórias e por intermédio

de políticas feitas para permitir aos membros desses grupos desenvolverem suas

carreiras dentro das instituições. O segundo item diz respeito às necessidades e

expectativas da população Nesta perspectiva, a polícia deve ser consciente das

necessidades e expectativas da população e corresponder a elas. O terceiro ponto

elencado foi a questão da responsabilidade, nesse sentido um policiamento

responsável é exercido de três maneiras principais:

“Legalmente – assim como todos os indivíduos e todas as instituições


nos Estados Democráticos de Direito, onde prevalece a ordem
constitucional, a polícia tem que prestar contas à lei.
Politicamente – a polícia deve prestar contas à população à qual
serve, através das instituições políticas e democráticas de governo.
Desta forma, suas políticas e práticas de fazer cumprir a lei e manter a
ordem submetem-se ao escrutínio público.
Economicamente – a polícia é responsável pelo modo pelo qual
utiliza os recursos que lhes são alocados. Isto vai além do exame
minucioso de suas principais funções policiais, e é uma outra forma
de controle democrático sobre o comando, a gerência e a
administração de uma instituição policial.” (CERQUEIRA, 1998:27)

Goldstein (2003) analisa em profundidade questões fundamentais que

estão na base de processos de reforma e de aperfeiçoamento da polícia e de seus

métodos em sociedades democráticas contemporâneas: a função da polícia na

sociedade e o poder discricionário das polícias, o compromisso destes com os

valores democráticos, as expectativas da sociedade em relação a eles, a

autoridade e os recursos à disposição da polícia, os sistemas de justiça criminal e


36

de avaliação do serviço prestado pela polícia à sociedade – que necessita dela

não apenas na luta contra o crime, mas também, e principalmente, na luta pela

consolidação e aperfeiçoamento da democracia e do Estado de direito.

Nesta seção procurou-se interligar o serviço policial a uma sociedade

democrática, onde as diversas interações do macro ambiente interferem no

desenvolvimento da ação policial. Neste sentido pode-se perceber que a polícia é

uma instituição social, que deve ser representativa da sociedade ao qual serve.

Um aspecto importante é que a polícia deve conhecer as necessidades da

sociedade, sendo assim em uma sociedade democrática a polícia deve interagir

proativamente para desempenhar adequadamente seu papel. Um ponto que

também foi abordado diz respeito a responsabilidade com que a polícia age, esta

responsabilidade possuí três aspectos: legal, político e o econômico. Após a

abordagem conceitual apresentada, a seção seguinte tratará de aspectos ligados a

formação policial. O que se pretende é conhecer as experiências de outros países

em relação a formação de seus policiais.

2.3 A FORMAÇÃO DO POLICIAL: AMPLIANDO A DISCUSSÃO

A formação do policial é um processo pelo qual as organizações preparam

o homem para lidar com diversos conflitos sociais. Como dito anteriormente, o

trabalho policial é complexo e para tanto, necessita de uma capacitação


37

adequada e própria. Nesse sentido, esta seção buscará discutir a experiência de

outros países em lidar com a questão da formação policial.

Segundo Ness (1991), a função do treinamento policial é capacitar o

policial para o trabalho diário. Nos EUA, entre os anos de 1980 e 1990, foram

realizadas inúmeras pesquisas a respeito da educação policial, muitas foram

focadas no nível de educação que o iniciante (recruta) deveria ter para exercer a

função de policial. Alguns especialistas acreditavam que os contratados

deveriam ter quatro anos de um curso universitário, outros defendiam dois anos.

Atualmente, segundo Lord (1998), o requisito mínimo para contratação é o

segundo grau completo, embora muitos departamentos contratem principalmente

profissionais com nível superior6. Todavia, a pesquisa que Nancy Marion, do

Department of Political Sciense, University of Akron, Ohio, USA, desenvolveu

tinha o objetivo de verificar se o que as academias policiais estavam ensinando

era realmente o que os alunos necessitavam conhecer para o exercício de suas

funções como policial.

No desenvolvimento da pesquisa, Marion (1998) constatou que a duração

do treinamento policial é diferente de um Estado para o outro, sendo assim, foi

constatado que alguns cursos são realizados com uma carga horária de 650

6
Há de se fazer uma distinção entre o sistema policial americano e o brasileiro. Nos Estados
Unidos, a ação policial ocorre nos três níveis de governo. No Brasil, a ação policial somente
ocorre no nível federal e estadual. Não há previsão legal para que os municípios no Brasil
desenvolvam atividades de polícia. A atividade de polícia ostensiva e de investigação nos
Estados Unidos é realizada no nível municipal, o que no Brasil ocorre sob a responsabilidade
dos Estados.
38

horas/aulas, sendo que muitos cadetes policiais completam o treinamento básico

com 400 horas/aulas e, excepcionalmente, nos melhores treinamentos os cadetes

concluem o treinamento básico com 850 horas/aulas.

Na University Academy7, do Estado de Ohio, onde a pesquisa foi

desenvolvida, os estudantes recebem um treinamento básico com 543

horas/aulas. Um dos pontos importantes identificados por Nancy Marion foi o

tocante ao ambiente das academias. Muitas têm um ambiente semimilitar,

caracterizado com uso de exercícios físicos, trabalhos adicionais e assédio

verbal, como mecanismos de punição para o comportamento inadequado dos

alunos8.

No entanto, a University Academy não segue as práticas mencionadas,

“não é requerido o uso de títulos para os instruendos se comunicarem com seus

instrutores, pois é esperado um tratamento respeitoso por parte dos alunos”, e o

uso de trabalhos extraclasses são raros. Marion (1998) também identificou que

os instrutores são escolhidos com base em seus conhecimentos, em suas

habilidades para lecionar, qualidades pessoais como camaradagem, maturidade,

7
A university Academy é reconhecida pelo Ohio Peace Officer Training Academy (OPOTA),
essa entidade atua como se fosse um órgão regulador das academias, realizando inspeções nos
cursos realizados. -- “On many occasions during my term at the academy, the OPOTA
regional officer would visit and sit in on a class for short periods of time to determine the
appropriateness of the course content, the quality of instruction and the appropriatenses of the
course content, the quality of instruction and the accuracy of attendance records.”(Marion,
1998, p. 56);
8
“Many academies have a semi-military environment, using physical discipline, addtional
work assignment, or verbal harassment as punishment for unacceptable behavior.”
(Satterfield, 1985; Berg, 1994; Harris,1973 apud Marion, 1998, p. 58);
39

entusiasmo, confiança e alta auto-estima são privilegiadas. Isso se reflete na

adoção do planejamento de suas técnicas de instrução. Outro fator importante é

o aspecto interativo das instruções, onde há a participação dos alunos e adoção

do método de estudo de casos por meio dos quais são demonstrados como os

conhecimentos teóricos são aplicados na prática.

Trautman (1986) identificou três tipos de aprendizados que ele considerou

essencial para serem usados pelas academias de formação que desejem realizar

um treinamento efetivo rumo á formação adequada e própria dos futuros

policiais que são: aquisição de conhecimentos (Knowledge learning),

desenvolvimento de habilidades (skill learning) e aprendizagem comportamental

(attitude learning).

A aquisição de conhecimento , segundo Marion (1998), corresponde à

maior parte do conteúdo do curso de formação. Nessa fase, os alunos recebem o

conteúdo teórico necessário para o desempenho adequado de suas funções como

policial. Na University Academy essa fase corresponde a 345 horas/aula do curso

total, e são lecionadas disciplinas como responsabilidade civil, ética, história da

polícia, leis, violência doméstica, relacionamento com o público, vitimologia.

Desenvolvimento de habilidades é o segundo tipo de aprendizado identificado

por Trautman. Os alunos aprendem pela repetição dos movimentos, até que

essas novas habilidades tornem-se naturais. Freqüentemente são realizados

exercícios práticos em campo ou por meio de simulações. Nesse momento os


40

alunos têm contato com disciplinas eminentemente práticas relacionadas com as

atividades diárias do serviço policial, como: tiro policial, defesa pessoal,

educação física, comunicação, materiais perigosos (HAZMAT)9, controle de

trafego, técnicas de direção, emprego de armas químicas (OC10 spray, PR-2411,

ASP12), investigação e primeiro socorros. O terceiro tipo de aprendizagem é

comportamental. Essa fase do treinamento, segundo Marion, é o momento no

qual os alunos recebem informações de como devem se portar face às diversas

situações do dia-a-dia de um policial, bem como seu comportamento na

sociedade de uma forma geral. Por fim, cabe destacar que o resultado do estudo

indicou que, em particular, o programa de treinamento desenvolvido pela UA

fornece aos alunos os conhecimentos básicos e necessários para o desempenho

inicial da carreira de policial. Todavia, necessita ainda sofrer algumas mudanças

para sua melhoria contínua.

Lord (1998) realizou um estudo comparando o recrutamento e seleção da

polícia na Suécia com o EUA verificando que o atual treinamento dos recrutas

da Suécia é feito em dois períodos formais na Academia de Polícia da Suécia

com 18 meses de treinamento de campo. O objetivo é oferecer tanto o

fundamento teórico como o prático. O treinamento é baseado fundamentalmente

9
HAZMAT é uma sigla originária da língua inglesa que significa material perigoso,
hazardous materials.
10
OC, sigla em inglês para oleoresin capsicum, que é um tipo de arma química como o gás
lacrimogênio utilizado pelos nossos policiais.
11
PR-24 (side-handled baton) é um tipo de OC;
12
ASP é um tipo de OC;
41

em uma perspectiva democrática e cria um entendimento dos direitos humanos,

valores democráticos e da importância de se ter uma atitude positiva com as

pessoas. O treinamento é organizado de uma forma que o aluno adquira

conhecimento e habilidade e desenvolva sua capacidade crítica para avaliar

fenômenos de diferentes tipos; o treinamento fornece um aumento no

conhecimento de condições internacionais e no entendimento de outras culturas.

Lord (1998) relata que nas primeiras 40 semanas de treinamento os

recrutas são habilitados a operarem como policiais sob supervisão. O currículo

inclui jurisprudências civis, criminais e lei penal, psicologia, psiquiatria,

sociologia, política criminal, língua estrangeira, ciência forense13, treinamento

físico, direção e regras de trânsito, ordem pública e investigação criminal.

Em relação à capacidade dos instrutores, Lord (1998) relata que são

bem treinados e possuem uma grande experiência na aplicação da lei. Durante o

treinamento são elaborados inúmeros exercícios práticos baseados em fatos reais

a respeito de incidentes criminais ou situação de emergência. Lord (1998) afirma

que tais exercícios proporcionam aos alunos a oportunidade de inferirem e

analisarem as ocorrências sem estarem sob a pressão do momento.

Ao final das 40 semanas, Lord (1998) descreve que os recrutas são

alocados nos departamentos de polícia onde são designados por oficiais

superiores que avaliarão suas habilidades. Além do treinamento de campo no

13
Este tipo de conhecimento é inerente às práticas periciais, e auxilia os policiais na
preservação de locais de crime e coleta de evidências.
42

departamento de polícia, os recrutas são designados para trabalharem,

desarmados e sem uniforme, em agências de serviço social e agências judiciais.

O propósito dessa atividade, segundo Lord (1998), é o de familiarizar os novos

policiais com as funções e limitações de outras agências públicas. A exposição

dos problemas sociais e o auxílio ao público proporcionam ao recruta o

desenvolvimento de um outro nível de entendimento e tipo de solução de

problemas. Depois de 18 meses praticando os conhecimentos e habilidades no

campo, os recrutas retornam à Academia.

Lord (1998) afirma que as últimas 20 semanas são as mais desafiantes

tanto para os recrutas como para os instrutores. Essa segunda fase permite aos

instrutores discutirem com os recrutas a aplicação dos conhecimentos iniciais e

da continuação ao treinamento. Os instrutores têm a oportunidade de tentar

erradicar algum comportamento desviante que possa ter emergido durante a fase

do treinamento em serviço. Em sua pesquisa, Lord (1998) observou que muitos

recrutas deixam essa etapa acreditando que conhecem tudo e que necessitam

perceber a função efetivamente na prática, eles se queixam que a segunda fase é

redundante.

Em contraposição ao treinamento na Suécia, Lord (1998) analisou o

treinamento nos EUA. E constatou que o treinamento dos policiais varia de

Estado para Estado. Uma das diferenças identificadas é que a aprendizagem é

baseada na análise das tarefas da atividade do policial. O treinamento é baseado


43

em estudos sistemáticos das tarefas desempenhadas. Tal tipo de treinamento não

privilegia instruções como ética e comunicação. Observou-se também que

muitos programas de treinamento são orientados para aprendizagem de fatos e

procedimentos, em vez de resolução de problemas e argumentação analítica. O

treinamento nos EUA varia de 14 a 25 semanas de treinamento de um Estado

para o outro.

Após o término do treinamento básico, os recrutas são alocados nos

departamentos de polícia. Verificou-se que 64% dos departamentos pesquisados

oferecem treinamento de campo para os recrutas. Ao contrário da Suécia, onde o

treinamento é feito em 18 meses, nos EUA o treinamento de campo, quando

ocorre, é feito em até 14 semanas. Depois os polícias exercem as funções de

patrulhamento como estágio probatório por um ano e, em seguida ,são

efetivados. (LORD, 1998)

A partir das descrições de Lord, pode-se verificar que o treinamento na

Suécia, apesar das críticas dos recrutas, está direcionado a uma filosofia na qual

o policial é um servidor público e que dentre as suas atividades também está

inserida a repressão criminal. O objetivo claro é formar servidores que irão

compreender a realidade em que estão inseridos a fim de tomar suas decisões.

Ao contrário, nos EUA o treinamento visa a preparar o policial aos

procedimentos rotineiros, o que não oferece ao servidor o exercício de uma

análise crítica da situação, pois estão presos aos insulamentos dos


44

procedimentos. Outro ponto que deve ser destacado é o do retorno aos bancos

escolares após o treinamento de campo. Essa fase possibilita um retorno para a

instituição no sentido de avaliar como a teoria está se comportando na prática,

com isso a instituição pode corrigir e atualizar o currículo do treinamento. Para

os recrutas e instrutores é o momento para identificar possíveis falhas e buscar a

correção.

Engel e Burruss (2004), ao estudarem a reforma na polícia da Irlanda do

Norte na transição para um modelo de política democrática, enfocaram a

importância da inclusão da cadeira de direitos humanos no programa de

treinamento para a formação da nova polícia. O treinamento na Police Service

of Northern Irland – (PSNI) é realizado em quatro estágios antes dos recrutas

iniciarem o efetivo serviço na força. O primeiro estágio é de 10 semanas, o

recruta é treinado em operações – primeiramente em tráfego e armas; o segundo

estágio, também de 10 semanas, ocorre em unidades sob a orientação de um

tutor; no terceiro estágio o aluno serve sob a direção de um policial experiente

por um período de 44 semanas; o quarto estágio consiste em um período de 44

semanas e os alunos são avaliados antes de entrarem no serviço ativo da

corporação. O currículo do programa de treinamento possui nove temas centrais

que são: 1) direitos humanos: teoria e prática; 2) diversidade e incorporação de

oportunidades iguais para comunidades e etnias; 3) policiamento comunitário; 4)

segurança comunitária; 5) resolução de problemas; 6) ética profissional; 7)

valores; 8) melhores práticas; e 9) saúde e segurança.


45

Em sua pesquisa, Roberg e Bonn (2004) abordaram uma questão

pertinente à formação do policial, o nível de escolaridade. Segundo os autores,

o debate sobre a exigência de nível universitário para o exercício do serviço

policial não é novo. Contudo, entre 1950 e 1960 o requisito mínimo para o

ingresso nas forças policiais era o Ensino Médio (high school) ou um diploma

equivalente. Nessa época, os policiais que possuíam uma graduação ou que

estavam em uma universidade eram freqüentemente visto com suspeição e

desconfiança pelo seus pares e supervisores. Dois eventos significantes e inter-

relacionados contribuíram para o crescimento dos programas de treinamento de

dois e quatro anos de escolaridade nos anos 60: o primeiro evento foi um

enorme aumento das taxas criminais que se iniciou por volta de 1960, e o

segundo evento foi o aumento dos distúrbios nos guetos.

Em 1954 tinha-se um total de 22 programas nos Estados; em 1975 o

número de programas já havia aumentado para 700, sendo cerca de 400 com

curso de 4 anos. Entre 1999 e 2000, o total de programas de justiça criminal era

de 408 com 4 anos de duração. Em 1967, foi publicado um relatório da

Comissão Presidente sobre Aplicação da Lei e Administração de Justiça,

intitulado “O desafio do crime em uma sociedade livre”, o qual identificava a

necessidade do pessoal encarregado de aplicação da lei possuir nível

universitário (college-educated) para lidarem com o aumento da complexidade

da sociedade, como foi relatado pelos autores.


46

Dentre outros aspectos, Roberg e Bonn (2004) pesquisaram o impacto da

alta educação no desempenho e atitudes dos policiais. Os autores focalizaram a

pesquisa no nível de autoritarismo relacionado com o nível de escolaridade. Eles

identificaram que os policiais que possuíam uma graduação eram muito menos

autoritários em relação aos policiais que não possuíam uma graduação. Um

outro ponto observado foi que tais policiais eram mais flexíveis em suas crenças.

Outras evidências indicaram que os policiais que possuíam nível universitário

não são somente conscientes dos problemas sociais e éticos/culturais em suas

comunidades, mas também têm uma grande aceitação das minorias. Além disso,

são mais profissionais em suas atitudes e éticos em seus comportamentos.

Em relação ao nível de escolaridade, Vickers(2000) pesquisou o serviço

policial no contexto australiano e constatou que a complexidade do trabalho

policial tem aumentado, sendo um fenômeno mundial. Em contra partida, as

mudanças ocorridas requerem que os policiais evoluam em suas práticas

operacionais. Nesse novo contexto, os policiais devem compreender e

interpretar os fatos sociais, políticos e históricos da nova realidade, tais

habilidades são provenientes de uma educação mais elevada. Para Vickers, a

função da alta educação é de liberar a mente, levando as pessoas a dependerem

da razão. Contudo, há resistência no interior das corporações australianas em

relação a esse tipo de mudança, como relatado por Fitzgerald (1989). Assim,

uma educação mais elevada dos policiais é um fator que permite uma ação mais

tolerante e menos autoritária.


47

Nesta seção foram vistos alguns aspectos da formação policial que são

alvo das preocupações de outros países, como: o nível de escolaridade do

policial, o tipo de conhecimento relacionado com a complexidade da função, o

tempo de duração e a formatação dos programas. Na seção seguinte abordar-se-á

a formação do policial no Brasil sob a perspectiva do governo federal brasileiro.

2.4 A FORMAÇÃO DO POLICIAL NO BRASIL NA ÓTICA DO GOVERNO


FEDERAL

O governo federal brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, em 4 de

setembro de 1997, com a promulgação do Decreto nº 2.315, criou a Secretaria

Nacional de Segurança Pública (SENASP)14. No ano 2000, a SENASP lança as

Bases Curriculares para o ensino policial com o objetivo de padronizar o ensino

policial nas polícias militares das diversas unidades da federação. Assim, como

viabilização de ações coerentes com o cenário atual, a SENASP idealizou o

projeto treinamento para profissionais da área de segurança do cidadão.15 O

projeto16, que está sendo implementado pelo Ministério da Justiça (MJ), apoiado

14
A SENASP foi decorrente da transformação da antiga Secretaria de Planejamento de Ações
Nacionais de Segurança Pública (SEPLANSEG).
15
O termo profissional de segurança do cidadão está sendo utilizado em substituição a
profissional de segurança pública, pelo primeiro estar contextualizado na necessidade de
mudança do foco dos serviços prestados pelo Estado. Os princípios de cidadania e os valores
coletivos são premissas básicas para as políticas públicas a serem perseguidas por quem presta
serviço público.
16
Tal projeto integra o Subprograma de Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos no
Programa de Modernização do Poder Executivo Federal, negociado entre o Ministério do
48

pelo Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas

(UNDCP), prevê em suas especificações: identificação das necessidades de

formação, aperfeiçoamento e especialização de pessoal das polícias federais e

estaduais; proposta de compatibilização dos currículos visando a garantir o

princípio de eqüidade dos conhecimentos e a modernização do ensino policial.

Como primeiro passo, foi realizado um diagnóstico no primeiro semestre

de 1998 e retomado em 1999 que consistiu na análise externa e interna das

organizações policiais apontando para a necessidade de mudança na formação

desses profissionais, mediante os seguintes norteadores para ação:

1. Redefinição de um perfil desejado para orientar a formação do

profissional da área de segurança do cidadão e, conseqüentemente,

o delineamento dos cursos, bem como a composição das grades

curriculares, dos conteúdos disciplinares e de instrumentos e

técnicas de ensino e avaliação;

2. Elaboração de novos currículos para os cursos de formação dos

profissionais da área de segurança do cidadão que compatibilizem

as necessidades das polícias da União e dos Estados, abrangendo:

necessidade de integração, técnicas mais eficazes de repressão e

prevenção, policiamento voltado para a relação polícia/comunidade,

Planejamento, Orçamento e Gestão (MP) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento


(BID).
49

exercício de valores morais e éticos e fortalecimento dos Direitos

Humanos;

3. Implantação de uma estrutura de ensino que valorize o aprendiz e

os processos de aprendizagem, dando ênfase à dimensão

comportamental por meio de atividades coletivas e técnicas de

ensino que dinamizem o ato de aprender;

4. Utilização de novas tecnologias como ferramentas para

treinamento.

Assim, diante dos pontos norteadores enumerados no diagnóstico, o

objetivo da proposta das Bases Curriculares apresentada pela SENASP é o de

ser uma ferramenta de trabalho que auxilie a homogeneização dos cursos de

formação e o planejamento curricular. Como tal, tem o propósito de assegurar o

princípio de eqüidade no processo de formação, garantindo unidade de

pensamento e ações adequadas às necessidades sociais vigentes. A finalidade em

se atender tem por base a perspectiva de que o ensino policial autônomo nas

unidades federativas deve-se pautar na garantia dos direitos do cidadão como

foco de ação. Contudo, há de se considerar a autonomia dos Estados membros

da Federação, no tocante às políticas de segurança pública. Isso se justifica em

função dos programas de formação policial estarem diretamente interligados às

políticas estaduais. Pautar a formação do policial na base dos direitos humanos


50

tem sido um esforço de muitos países. Entretanto, quanto mais fragmentado é o

sistema policial, mais complexo se torna a unificação da formação. No caso do

Estado do Rio de Janeiro, a atual política de segurança pública implantada é de

cunho prevencionista, englobando a política de direitos humanos, mas, nos

últimos cinco governos, ela tem se alternado em um modelo dicotômico de

repressão e prevenção, influenciando,com isso, os programas de formação de

soldado policial militar. Cabe ressaltar que apesar do discurso atual ser de

enfoque prevencionista, mais à frente, quando forem abordados as impressões

dos policiais, verificar-se-á o desnível entre o discurso e a prática.

Um outro ponto a ser considerado é a Lei de Diretrizes Básicas da

Educação (LDB) que, em relação ao ensino militar, restringe-se apenas em dizer

que o mesmo será regulamentado por legislação própria. No caso do ensino

policial, alguns Estados regulam a formação do policial por leis estaduais. Na

ausência de lei estadual, o sistema de ensino policial é regulamentado por

portarias no âmbito das Polícias Militares. Nesse último caso, a adesão à

proposta do governo federal se torna mais fácil.

A proposta das Bases Curriculares procura descrever um modelo de perfil

desejado, abrangendo as competências básicas a todas as categorias de

profissionais da área de segurança do cidadão, as quais deverão ser acrescidas

das competências específicas à atividade de cada ramo profissional, mediante o

perfil profissiográfico a ser estabelecido por cada organização. Define, em


51

seguida, os princípios pedagógicos e as dimensões do conhecimento que

servirão de pressupostos teóricos para o desempenho do currículo, as matrizes

pedagógicas das disciplinas que o compõem, as temáticas centrais que

perpassam os conteúdos a serem trabalhados e outros pontos a serem

considerados na continuidade do projeto.

As bases curriculares orientam as instituições policiais militares na

formulação de seus respectivos programas de formação profissional. Contudo,

para não incorrer no fatídico erro de estruturar um programa de

desenvolvimento de competências incompatíveis com a realidade do dia-a-dia, é

de inegável relevância a formulação de um perfil profissional. O perfil

profissional é o referencial básico que norteia as atividades envolvidas na

capitação e desenvolvimento de competências de recursos humanos de uma

determinada instituição.

Para se estabelecer um modelo de formação profissional, antes de

qualquer coisa, é necessário saber que competências devem ser desenvolvidas

nesse profissional. Quais são suas tarefas diárias? Isso é o que os especialistas

em recursos humanos denominam descrição de cargos, outros, perfil

profissiográfico, que é específico de cada profissão. No caso dos profissionais

de segurança pública, ele varia de acordo com as peculiaridades de cada região

da nação. A observação a ser feita é que o perfil deve estar interligado com o

processo de recrutamento e seleção. Na realidade, a competência que se pretende


52

desenvolver no profissional de segurança pública é um somatório de atributos

intelectuais, físicos, morais e sociais, além do conhecimento e metodologia

empregados no programa de treinamento. É inócuo almejar que ao final do

programa de treinamento o policial seja capaz de inferir a respeito dos conflitos

sociais, psicológicos, culturais, legais se não possuir um conjunto de

características que permitam a ele compreender, analisar e decidir a respeito da

complexidade de sua função na sociedade. Em gestão de pessoas, ser eficiente e

eficaz é aplicar um conjunto de testes próprios e selecionar a pessoa certa para o

local certo.

Neste capítulo foram abordados os aspectos inerentes ao trabalho policial

e sua interface com uma sociedade democrática, bem como a experiência de

formação de policiais em outros países, como aspectos da formação policial no

Brasil e a participação do governo federal neste campo. No próximo capítulo

será descrita a metodologia empregada nesta pesquisa.


53

3.0 - METODOLOGIA

Quanto aos fins, considerou-se este estudo exploratório (VERGARA,

2005), por buscar entender o processo do ensino policial na PMERJ sob a

perspectiva do policial, campo no qual há pouco conhecimento acumulado e

sistematizado no Brasil. Quanto aos meios de investigação, optou-se pela

pesquisa de campo, documental e bibliográfica. Há também características de

pesquisa participante, uma vez que os autores são Oficiais Superiores da

instituição.

A coleta de dados, realizada de abril a agosto de 2007, foi composta por

pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas com policiais militares. Foram

acessados documentos inerentes ao processo de seleção e formação de policiais

militares na PMERJ. Foram pesquisados livros, teses, dissertações, artigos

científicos nacionais e internacionais que tratassem da formação de policiais.

Em seu aspecto quantitativo, os dados foram tratados com a utilização de

estatística descritiva, e agrupados em tabelas e quadros que expressam a

comparação do CFSd da PMERJ, com a MCN e os CFSd de Co-irmãs. Em

relação ao aspecto qualitativo, para a realização das entrevistas, utilizou-se um

roteiro com questões semi-estruturadas, compreendendo tópicos referentes à

visão e sentimentos dos policiais militares em relação ao processo de ensino, e

seus desdobramentos na atividade fim da instituição.


54

Foram realizadas 24 entrevistas cuja duração variou de 20 a 45min,

resultando em 13 horas de gravação e mais de 250 páginas de transcrição. Todos

os depoimentos foram mantidos na íntegra, respeitando-se os “desvios”

cometidos em relação à norma culta da língua portuguesa. Os nomes dos

entrevistados, as funções por eles ocupadas ou quaisquer outras informações que

pudessem vir a identificá-los não serão divulgadas. As entrevistas se deram

segundo um roteiro previamente estabelecido, definido de acordo com os

objetivos da pesquisa. Os entrevistados tinham entre 22 e 36 anos de idade, de 1

a 5 anos de serviços na PMERJ, sendo quatro mulheres e 20 homens, 56,7 %

possuía o ensino médio, 10% o ensino superior completo e 33,3% o ensino

superior incompleto, 43,3 % casados, 73,3% com renda familiar na faixa de R$

801,00 a R$ 1200,00, todos no cargo de soldado policial militar.

Os entrevistados foram selecionados e divididos em estratificações

referentes ao tempo de serviço prestado como policial militar. O primeiro grupo

refere-se aos policiais militares que se encontravam em formação; o segundo

estrato, aos soldados que possuíam entre um e três anos de conclusão do curso;

e o último segmento trata dos policiais entre três e cinco anos de atividade. Essa

estratificação se deu em virtude dos objetivos da pesquisa e está compreendido

entre o período de 2000 a 2005.

A seleção deu-se também de forma geográfica, tendo sido eleita a região

metropolitana do Rio de Janeiro, a qual compreende, dentre outros, o município


55

de Niterói. O policiamento nessa região é de responsabilidade do 12º Batalhão

de Polícia Militar. A escolha dessa unidade operacional para seleção dos

entrevistados ocorreu pelo fato de possuir características operacionais comuns às

unidades que atuam tanto na capital, como em municípios do interior do Estado.

A escolha dos policiais ocorreu de forma aleatória dentro do universo do

12º BPM, respeitando-se o critério de tempo de serviço para composição da

amostra. No período da realização das entrevistas, os policiais em formação

encontravam-se estagiando nas unidades operacionais, tendo sido inseridos

nesse universo. As entrevistas foram concedidas voluntariamente por parte dos

entrevistados. A realização das entrevistas respeitou um cronograma

estabelecido pelo pesquisador e negociado junto ao comando do 12º BPM para

que não houvesse nenhum transtorno de ordem administrativa e operacional.

Para análise das referidas entrevistas, recorreu-se à técnica de análise de

conteúdo. “A análise de conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento

de dados que visa identificar o que está sendo dito a respeito de determinado

tema” (VERGARA, 2005:15). Bardin a define como sendo “um conjunto de

técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores

(quantitativos ou não) que permitem a inferência de conhecimentos relativos às

condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”

(2004:37). A análise de conteúdo se presta tanto à análise de documentos quanto


56

à de entrevistas. Isso porque ela consiste em um instrumento de análise do que

está sendo comunicado por meio de diferentes suportes: “A análise de conteúdo

procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se

debruça.” ( 2004:38)

Segundo Bauer, pode-se:

“distinguir dois objetivos básicos da análise de conteúdo ao refletir


sobre a natureza tríplice da mediação simbólica: um símbolo representa
o mundo; esta representação remete a uma fonte e faz apelo a um
público. Através da reconstrução de representações, os analistas de
conteúdo inferem a expressão dos contextos, e o apelo através desses
contextos.” (2004:192)

Quando a técnica da análise de conteúdo é utilizada, objetiva-se realizar a

correspondência entre as estruturas semânticas, lingüísticas, psicológicas ou

sociológicas dos enunciados analisados.

Os dados coletados, tanto em documentos como em entrevistas, são

analisados de acordo com categorias preestabelecidas, ou não, dependendo do

tipo de grade com a qual se opta por trabalhar e pelo recorte estabelecido pelo

pesquisador. Após a categorização do material e de sua inserção na grade,

procedeu-se à análise, sistematizando os temas mais recorrentes no relato dos

entrevistados.

Nesse estudo, o recorte dado no corpus do texto foi o temático. Pois,

segundo Bardin(2004:99), “[...] o tema é a unidade de significação que se liberta

naturalmente de um texto analisado segundo certos critérios relativos à teoria

que serve de guia à leitura.” O tema é geralmente utilizado como unidade de


57

registro para estudar motivações de opiniões, de atitudes, de valores, de crenças

e de tendências. A escolha desse tipo de recorte foi a moldura adequada para a

captação das impressões dos policiais militares no tocante ao ensino na PMERJ.

Segundo Bardin (2004), a categorização é uma operação de classificação

de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente,

por reagrupamento segundo o gênero, com os critérios previamente definidos.

“As categorias são rubricas ou classes que reúnem um grupo de elementos sob

títulos genéricos, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns

destes elementos. O critério de categorização pode ser semântico, sintático e

expressivo.” (BARDIN, 2004:111) A escolha do critério deve ser o que mais se

adapta à realidade que se apresenta.

Neste estudo, o critério adotado foi o semântico, pois nele cada

categoria consiste em um tema que agrupa elementos de análise a partir das

perguntas presentes no roteiro inicial das entrevistas.

A unidade de análise foi o parágrafo. Nesse caso, foram utilizados os

parágrafos significativos das entrevistas. Neles buscou-se identificar os

elementos de cada categoria e sua inferência segundo os objetivos estabelecidos

para realização do estudo.

A partir das respostas dadas pelos policiais militares entrevistados, foram

elaboradas oito categorias:

1. Categoria A: Democracia e o papel do profissional de segurança pública;


58

2. Categoria B: A visão distorcida em relação à finalidade dos direitos


humanos;

3. Categoria C: A percepção do policiamento comunitário como uma forma


de agir e não uma filosofia de trabalho;

4. Categoria D: O hiato entre o planejamento e a execução;

5. Categoria E: O ensino, os instrutores e o investimento em formação;

6. Categoria F: A qualificação do policial;

7. Categoria G: O day after ao CFSd: a percepção do policial militar em


relação a sua formação e os desafios diários de sua profissão;

8. Categoria H: O que melhorar no CFSd na visão dos soldados policiais


militares;

Finalmente, os dados coletados e categorizados foram interpretados por


meio de procedimentos qualitativos. Os seus resultados estão dispostos no
capítulo seguinte.
59

4.0 – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão relatados os resultados obtidos com a pesquisa. A

análise dos resultados será realizada em duas seções. A primeira descreverá o

atual curso de formação de soldados policiais militares, abordando os aspectos

inerentes ao processo de recrutamento e seleção, a estrutura do curso, a

comparação com a matriz curricular nacional e com programas de formação de

soldados de outras Co-irmãs. A segunda seção tratará de analisar as entrevistas

realizadas com os policiais militares para conhecer as impressões a respeito da

formação na PMERJ.

4.1 A ESTRUTURA DO PROGRAMA DE TREINAMENTO PARA


SOLDADO POLICIAL MILITAR

Esta seção abordará a estruturação do programa de treinamento do

soldado policial militar do Estado do Rio de Janeiro, tendo como parâmetros de

comparação os programas de treinamento dos outros Estados da Federação,

mantendo-se a correlação com a MCN. Para alcançar o objetivo pretendido

nesta seção, foram solicitadas informações à Polícia Militar de cada um dos 27

Estados-Membros da Federação a respeito das grades curriculares, carga-

horária, plano de matérias, recrutamento e seleção dos candidatos e instrutores,

avaliação das políticas de ensino. Dos 27 Estados pesquisados, somente 13


60

atenderam à solicitação: Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas

Gerais, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,

Roraima, Rondônia, São Paulo e Tocantins.

Antes de falar sobre o programa de formação, será abordado o processo

de ingresso17 na PMERJ. O ingresso se dá mediante concurso público. O

requisito de escolaridade exigido em todos os Estados pesquisados é o ensino

médio completo. O processo de seleção na PMERJ é composto por prova

escrita, exame médico, exame psicotécnico, exame físico e pesquisa social. No

exame escrito são exigidos conhecimentos de matemática, português e redação.

Em outros Estados, além desses conhecimentos mencionados, são exigidos

domínio em geografia, no Rio Grande do Norte e Tocantins; conhecimentos

gerais, noções de direito e informática, em Alagoas; história, direito

constitucional, direito penal e direitos humanos, em Tocantins. Quanto a esse

aspecto, há de se fazer algumas considerações. Segundo Milkovich e Boudreau

(2006), o processo seletivo visa a solucionar dois óbices básicos em uma

organização. O primeiro é o da adequação do homem ao cargo, e o segundo é o

da eficiência e eficácia do homem no cargo. Nesse sentido, a seleção é um

processo de comparação entre duas variáveis: de um lado, os requisitos do cargo

a ser preenchido e do outro, o perfil das características dos candidatos que se

apresentam. No tocante a analise de cargos, Carrell et alli (2006) salienta que a

17
O processo de recrutamento e seleção da PMERJ é regulado pelo art. 37 e seus incisos da
Constituição Federal de 1988; pelo art. 77 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro; pelas
leis estaduais nº 1.032, de 08 de agosto de 86, e nº 1.223, de 10 de novembro de 1987.
61

mesma concentra-se em quatro áreas de requisitos quase sempre aplicadas a

qualquer tipo ou nível de cargo: requisitos mentais, requisitos físicos,

responsabilidades e condições de trabalho.

Dessa forma, pode-se analisar o processo seletivo para o provimento de

cargo de soldado policial militar com sua descrição de cargo e interligar essas

informações com o programa de treinamento. Em primeiro lugar, a pesquisa

documental revelou que não há uma descrição minuciosa de que o soldado PM

deve realizar. No Estatuto dos Policiais Militares, há somente duas referências

às atribuições dos soldados PM´s:

“Art. 37 – Os Cabos e Soldados são, essencialmente, os


elementos de execução.
Art. 39 – Cabe ao policial-militar a responsabilidade integral
pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos
que praticar.”18

Com essa descrição, não há parâmetros que subsidiem o processo seletivo

para resolução dos problemas básicos citados anteriormente. Contudo, ao

responderem ao quesito que investigava quais seriam as funções típicas de um

soldado recém-formado, os Estados pesquisados afirmaram que o mesmo exerce

o policiamento ostensivo. Novamente, uma definição genérica que não expressa

o que realmente um policial executa diariamente. Dentro do policiamento

ostensivo estão inclusas inúmeras modalidades de policiamento. A Diretriz

18
Cf. Estatuto dos Policiais Militares – Lei nº 443, de 1º de julho de 1981, alterada pela Lei nº
467, de 23 de outubro de 1981.
62

Geral de Operações – DGO19- conceitua o termo policiamento como sendo a

ação de polícia visando ao cumprimento da lei, à manutenção da ordem pública

e ao exercício dos poderes constituídos, executada pela polícia de manutenção

da ordem pública. A DGO categoriza os tipos de policiamento que são

executados para o cumprimento da missão organizacional da PMERJ:

Policiamento Ostensivo Geral20, Policiamento de Radiopatrulha21, Policiamento

de Trânsito22, Policiamento Rodoviário23, Policiamento Ferroviário24,

Policiamento Portuário25, Policiamento Fluvial e Lacustre26, Policiamento

Florestal e de Mananciais27 e Policiamento de Guarda28.

19
Diretriz Geral de Operações. Estado Maior da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro,
publicada em Boletim Reservado nº 74, de 05 de Nov de 1982.
20
Cf. DGO, o policiamento ostensivo geral é definido como sendo a ação do patrulheiro a pé,
isolado ou em duplas, postado em determinados locais escolhidos, ou percorrendo
determinados itinerários, em área urbana.
21
Cf. DGO, o policiamento de radiopatrulha é a ação de policiamento ostensivo em viaturas
de radiopatrulha, em permanente ligação com os centros de comunicações da Corporação e
sob seu controle. Exerce ação preventiva de presença e repressiva por ordem dos centros ou
em atendimentos a pedido de socorro do público.
22
Cf DGO, o policiamento de trânsito é definido como sendo a ação de policiamento
ostensivo visando a disciplinar o público no cumprimento e respeito às regras e normas de
trânsito estabelecidas pelos órgãos nacional e estadual de trânsito ou congênere municipal e
de acordo com o código nacional de trânsito.
23
Cf. DGO, o policiamento Rodoviário é a ação de policiamento ostensivo visando a
disciplinar o público no cumprimento e respeito às regras e normas de tráfego rodoviário
estabelecidas pelos órgãos nacional e estadual de estradas de rodagem e de acordo com o
código nacional de trânsito. É exercida nas rodovias estaduais e, eventualmente, mediante
convenio com o DNER, nas federais.
24
Cf. DGO, o policiamento ferroviário é a ação de policiamento ostensivo no interior das
estações e eventualmente das composições ferroviárias dos trens de pequeno percurso das
ferrovias estaduais.
25
Cf. DGO é a ação de policiamento ostensivo no interior das instalações portuárias
estaduais.
26
Cf. DGO é a ação de policiamento ostensivo utilizando embarcações motorizadas realizadas
nos lagos, lagoas, baias, enseadas e rios, mediante entendimento prévio com as autoridades do
Ministério da Marinha.
27
Cf. DGO é a ação de policiamento ostensivo visando a preservar os recursos florestais e os
mananciais, contra a caça e a pesca ilegais, a derrubada indevida ou a poluição.
63

Para compreender o que um policial faz em seu dia-a-dia, faz-se

necessário recorrer ao que alguns autores apontam como sendo algumas tarefas

próprias dos policiais: prender, relatar, tranqüilizar, advertir, prestar primeiros

socorros, aconselhar, mediar, interromper, ameaçar, citar, prevenir, reprimir

crime, buscar e capturar delinqüentes, controlar o trânsito, manter a ordem.

(RICO:1992; BAYLEY:2002)

Tais tarefas denotam a necessidade de conhecimentos específicos, como

por exemplo: o ato de prender um criminoso envolve conhecimentos de direito

penal, processo penal, direito constitucional, administrativo; ao ato de reprimir

um tumulto faz-se necessário conhecer direitos humanos, sociologia, psicologia,

gerenciamento de crises. Dessa maneira, pode-se inferir que o exame escrito do

processo seletivo na PMERJ não seleciona os candidatos de forma adequada

para o treinamento que constitui outra etapa do processo de capitação de

recursos humanos para uma organização. A prova de matemática visa a medir o

raciocínio quantitativo. A prova de língua portuguesa objetiva medir a

compreensão e interpretação do candidato. Quanto aos conhecimentos jurídicos

necessários ao desempenho da função, alguns Estados estão evoluindo nessa

direção. Para satisfazer a primeira variável do processo seletivo que visa a

adequar o homem ao cargo, faz-se necessário a satisfação plena do requisito

mental. O exame escrito deveria compreender também noções de direito penal,

28
Cf. DGO é a ação de policiamento ostensivo visando à guarda e à segurança de
estabelecimentos penais, de estabelecimentos públicos e das sedes dos poderes estaduais.
64

administrativo, constitucional, legislação de trânsito, legislação ambiental,

legislação especial. Todavia, o curso de formação de soldados na PMERJ é

realizado em oito meses, tempo insuficiente para o aprofundamento nesses tipos

de conhecimento. Fato que não ocorre no curso de formação de oficiais, no qual

tais conhecimentos são exauridos em tempo satisfatório, pois o curso é de nível

superior, não sendo necessária a exigência de conhecimentos prévios na área

jurídica.

Após o processo de seleção, os candidatos aprovados são submetidos a

um treinamento de 1160 horas/aulas. Esse treinamento é realizado no Centro de

Formação de Praças 31 de Voluntários (CFAP31VOL). Atualmente, algumas

unidades operacionais também estão realizando tal treinamento, como é o caso

das unidades localizadas nos municípios de Campos e Nova Friburgo. A

justificativa para a autorização desses treinamentos é o fator da distância e a

possibilidades de aumentar a captação de candidatos que residam na região. Em

67% dos Estados que responderam à pesquisa, o programa de treinamento é

realizado de forma descentralizada.

O Curso de Formação de Soldado Policial Militar – CFSd, atualmente,29

possui uma carga horária de 1160 horas / aulas, com uma duração de 32

semanas. O programa está dividido em três módulos. Sendo o módulo I, teórico;

29
O atual programa foi adotado em agosto de 2006 para o CFSd I-2006. As modificações
ocorridas foram provenientes da Resolução SSP nº 846, de 30 de março de 2006, publicada
no Diário Oficial do Estado, em 3 de abril de 2006. A resolução instituiu o currículo integrado
de formação policial no âmbito da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Estado do
Rio de Janeiro.
65

o módulo II, teórico e prático e o último, prático onde os alunos realizam um

estágio supervisionado nas unidades operacionais da PMERJ, perfazendo um

total de 288 horas / aula.

O programa possui as seguintes disciplinas: Módulo I - ética e direitos

humanos (10h/a)30; psicologia e stress policial (08h/a); biossegurança e

abordagem em urgência (primeiros socorros) (20h/a)31; português instrumental

(25h/a); educação física (112h/a)32; informática (20h/a); policiamento ostensivo

(18h/a); legislação aplicada a PMERJ (18h/a); história e organização policial

(10h/a); armamento (19h/a); ordem unida (20h/a); tiro policial (20h/a); noções

de telecomunicações (16h/a); defesa pessoal no uso comedido da força (30h/a);

legislação de trânsito (12h/a); fundamentos da abordagem (15h/a); fundamentos

de conhecimento jurídico (24 h/a);33 imagem institucional da polícia (10 h/a);34

segurança pública, social e humana (06 h/a);35 condições do trabalho do policial

(06 h/a);36 modelos de polícia comunitária e policiamento preventivo (10 h/a);37

criminalística aplicada e criminologia (08 h/a);38 legislações especiais (08 h/a);39

sociologia jurídica (08 h/a). Módulo II – prática policial cidadã – viva rio

(20h/a); tiro policial (48h/a); educação física (34h/a); defesa pessoal e o uso

30
Carga horária reduzida de 12 para 10 horas, com a implantação da Resolução SSP nº 846.
31
Carga horária reduzida de 25 para 20 horas, com a implantação da Resolução SSP nº 846.
32
Carga horária ampliada de 78 para 112 horas, com a implantação da Resolução SSP nº 846.
33
Disciplina inclusa em conseqüência da Resolução SSP nº 846.
34
Idem.
35
Idem.
36
Idem.
37
Idem.
38
Idem.
39
Idem.
66

comedido da força (32h/a); instrução tática individual (40h/a); oficina de

práticas operacionais (10 h/a).40 Módulo III – estágio prático operacional

(288h/a); outras atividades inerentes ao curso – palestras (10h/a); serviços

internos (146h/a); feriados (54h/a); treinamento para formatura (28h/a);

solenidades (16h/a); providências administrativas (16h/a), conforme ementas em

anexo.

Antes de tecer algumas considerações a respeito do treinamento realizado

pela PMERJ para o preenchimento do cargo de soldado policial militar, faz-se

necessário compreender quais são os objetivos de um treinamento. Recorrendo a

Milkovich e Boudreau, o autor dentre outras definições, considera o treinamento

como sendo “o processo sistemático para promover a aquisição de habilidade,

regras, conceitos ou atitudes que resultem em uma melhoria da adequação entre

as características dos empregados e as exigências dos papéis funcionais“

(2006:338). O treinamento está relacionado com as atuais habilidades e

capacidades exigidas pelo cargo. O treinamento objetiva atingir uma mudança

comportamental.

Como foi analisado anteriormente, o treinamento também tem uma

ligação estreita com a descrição de cargo. No caso em questão, não foi detectada

uma descrição precisa e detalhada do que o soldado PM faz no seu dia-dia na

qual pudesse ser visualizada suas atribuições, responsabilidades, conhecimentos

necessários que balizariam a modelagem do treinamento. Nesse sentido, a MCN


40
Idem.
67

tenta suprir em parte essa lacuna quando propõe em linhas gerais o

estabelecimento de um perfil profissiográfico. Percebe-se que o treinamento na

PMERJ não está ancorado em descrição de cargos, nem em um perfil

profissiográfico . A MCN proposta pelo SENASP foi construída baseada em um

perfil profissiográfico destinado à atuação das polícias em uma sociedade

democrática.

A análise das grades curriculares dos programas de formação para soldado

policial militar, no período de 1997 a 2006, revela que há uma correlação entre

o programa de treinamento do CFSd e a MCN. Contudo, não se pode afirmar

que tal correlação é proveniente de uma ação estatal de conformidade à MCN.

Isso pode ser observado no currículo do CFSd de 1997, no qual a correlação era

de 34%. Pode-se inferir, portanto, que tal correlação se deve ao fato de tanto as

polícias militares quanto a SENASP tratarem da mesma questão em proporções

distintas. A MCN propõe a visão de um treinamento com um conteúdo que

proporcionará aos policiais terem os conhecimentos necessários para o

desempenho da sua atividade focada em uma sociedade democrática. Essa

análise mostra que, do ano de 2000 até 2004, o percentual de correlação foi

reduzido ao patamar de 31%. Nos anos seguintes, 2005 e 2006, houve um

aumento nessa correlação. Em 2005, o percentual de correlação foi de 41% e em

2006 chegou a 52%. Isso se deve ao fato de uma ação estatal41, na qual foi

41
Resolução SSP nº 846, de 30 de março de 2006, publicada no Diário Oficial do Estado do
Rio de Janeiro, de 3 de abril de 2006.
68

determinado que se adequasse o currículo do CFSd á MCN. A Tabela 1 reflete

exatamente o que se tratou aqui.

Tabela 1 - Comparação entre o currículo do programa de formação do


CFSd da PMERJ com a matriz curricular nacional.

Nº Matriz Curricular Nacional Programa de formação


de soldado da PMERJ
1997 2000 2002 2005 2006
Missão policial 0 0 0 0 0
1 Fundamentos políticos da atividade do 0 0 0 0 0
profissional de segurança do cidadão
2 Sociologia do crime e da violência 0 0 0 0 1
3 Sistema de segurança pública no Brasil 0 0 0 0 1
4 Fundamentos de polícia comunitária 0 0 0 1 1
5 Abordagem sócio-psicológica da 0 0 0 0 0
violência
6 Qualidade em serviço 0 0 0 0 0
7 Ética e cidadania 1 1 1 1 1
Técnica policial 0 0 0 0 0
8 Criminalística aplicada 1 0 0 0 1
9 Arma de fogo 1 1 1 1 1
10 Defesa pessoal 0 1 1 1 1
11 Medicina legal aplicada 0 0 0 0 0
12 Pronto socorrismo 1 1 1 1 1
Cultura jurídica aplicada 0 0 0 0 0
13 Introdução ao estudo do Direito 0 0 0 0 0
14 Direito Civil 0 0 0 0 0
15 Direito Constitucional 0 0 0 0 0
16 Direito Penal 0 0 0 1 1
17 Direito Processual Penal 0 0 0 0 0
18 Direito Ambiental 0 0 0 0 0
19 Direitos Humanos 1 1 1 1 1
20 Direito Administrativo 0 0 0 0 0
21 Legislação especial 1 1 1 1 1
Saúde do policial 0 0 0 0 0
22 Saúde física 1 1 1 1 1
23 Saúde psicológica 1 1 1 1 1
69

Nº Matriz Curricular Nacional Programa de formação


de soldado da PMERJ
1997 2000 2002 2005 2006
Eficácia pessoal 0 0 0 0 0
24 Processo de tomada de decisão aplicado 0 0 0 0 0
25 Relações interpessoais 0 0 0 0 0
26 Gerenciamento de crises 0 0 0 0 0
Linguagem e informação 0 0 0 0 0
27 Português instrumental 1 0 0 1 1
28 Telecomunicações 1 1 1 1 1
29 Técnica da informação 0 0 0 0 0
Total de disciplinas adotadas 10 9 9 12 15
% de implementação da MCN 34% 31% 31% 41% 52%
Legenda: 1 – contempla a disciplina; 0 – não contempla a disciplina
Fonte: Adaptado de Riccio e Basílio (2006:19)

Em relação à carga horária e ao tempo de duração do CFSd, observou-se

que, no período entre os anos de 2000 a 2004, houve uma redução de 244

horas/aulas, ou seja, de um mês de duração do curso em relação ao período de

1997-1999. Nos anos de 2005 e 2006, o CFSd teve um aumento de dois meses

de duração, passando para oito meses o tempo de formação dos soldados

policiais militares no Estado do Rio de Janeiro, conforme ilustrado na Tabela 2.

Pode-se inferir que o Estado, reduzindo o tempo de formação dos soldados

policiais militares, priorizou o aumento de efetivo, em detrimento da qualidade

do ensino policial realizado na PMERJ. A Tabela 3 reforça esse argumento, pois

se pode perceber que acoplado à redução do tempo de duração do CFSd, houve

um acréscimo no efetivo da PMERJ. Somente no período de 2000-2002 foram

inclusos 9.332 novos soldados. A política de segurança realizada nesse período


70

priorizou o aumento do efetivo de policiais. A conseqüência foi a

descentralização da formação de soldados do CFAP31VOL para as unidades

operacionais e a redução do tempo de formação do CFSd. Esses dados reforçam

o argumento de que a correlação existente entre o CFSd e a MCN não foi

resultado de um esforço do Estado de melhorar a formação dos soldados

policiais militares no período estudado.

Tabela 2 – Evolução do tempo de duração do CFSd na PMERJ42

Duração/ano 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Horas/aula 1108 1108 1108 864 864 864 864 864 1140 1160
Meses 7 7 7 6 6 6 6 6 8 8

Tabela 3 – Evolução da duração, correlação à MCN e inclusão de soldados no


CFSd na PMERJ
CFSd\ANO 1997 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Duração 1108 864 864 864 864 864 1140
(h/a)
% 34 % 31% 31% 31% 31% 41% 41%
correlação
com a
MCN
Inclusão de 595 3263 2912 3157 742 628 444
soldados na
PMERJ43
42
A tabela foi construída a partir de informações obtidas junto ao CFAP 31VOL
71

No Quadro 1 foram estabelecidas algumas comparações entre a grade

curricular apresentada pelo SENASP e os programas de treinamento de treze

polícias militares, tendo sido calculado o percentual de disciplinas

implementadas, bem como o percentual que a carga horária das disciplinas

correspondentes a MCN representam em relação a carga horária total do

treinamento.

No Quadro 1 foi realizada uma comparação entre as grades curriculares

dos programas de formação de soldados pertencentes às polícias militares que

compõem a amostra e a MCN. Verificou-se que as mesmas apresentam

correlação com a MCN, conforme ilustrado no Quadro 1. O menor índice de

correlação foi o do Estado do Rio Grande do Norte, com 37,93% de correlação;

Rio de Janeiro, com 51,72%; Roraima, com 51,72%44; Paraíba, com 55,17%;

Alagoas, com 55,17%; Distrito Federal, com 62,07%; Espírito Santo, com

62,07%; Rondônia, com 68,97%; Minas Gerais, com 75,86%; Pernambuco, com

79,31%; Paraná, com 79,31%. Já com o maior índice de correlação, temos o

Estado do Tocantins, com 93,10%. Em relação ao universo de matérias que

compõem as grades curriculares dos programas de formação de soldados

43
A tabela foi construída a partir de informações obtidas junto ao Centro de Recrutamento e
Seleção de Praças.
44
O critério de desempate foi o percentual obtido entre (carga horária/carga total), que significa a representação
da MCN na composição total do curso de formação.
72

Quadro1 - Análise comparativa entre os programas de treinamentos existentes X a MCN proposta pela SENASP

UF RJ AL SP DF PB PE PR MG ES RO RN RR TO
CARGA HORÁRIA (CH) CH CH CH CH CH CH CH CH CH CH CH CH CH CH MÉDIA % DISCIPLINAS
CURRICULO SENASP IMPLANTADAS
Missão policial
1 Fundamentos políticos da 0 0 0 0 0 16 0 0 0 10 0 0 14 13
atividade do profissional de
segurança do cidadão 25,00%
2 Sociologia do crime e da violência 8 0 20 10 0 16 0 20 40 0 15 30 26 21 66,67%
3 Sistema de segurança pública no 6 0 0 0 30 30 20 14 20 0 0 20 20 20
Brasil 66,67%
4 Fundamentos de polícia 10 0 11 15 0 30 40 30 0 20 0 25 16 23
comunitária 66,67%
5 Abordagem sócio-psicológica da 0 0 0 0 0 20 20 0 0 0 0 0 20 20
violência 25,00%
6 Qualidade em serviço 0 0 15 0 0 16 0 0 0 0 0 0 22 19 16,67%
7 Ética e cidadania 10 15 0 15 15 16 20 14 20 20 15 0 24 17 91,67%
Técnica policial
8 Criminalística aplicada 8 0 40 20 30 16 10 20 40 20 0 15 16 20 83,33%
9 Arma de fogo 117 60 80 80 45 90 90 120 90 50 90 80 90 84 100,00%
10 Defesa pessoal 40 0 50 60 30 46 50 70 60 40 30 40 40 46 91,67%
11 Medicina legal aplicada 0 0 10 0 0 20 10 0 0 20 0 0 16 17 33,33%
12 Pronto socorrismo 20 20 50 25 30 16 40 30 40 20 30 20 32 27 100,00%
Cultura jurídica aplicada
13 Introdução ao estudo do Direito 0 30 0 15 0 60 0 0 20 0 0 0 35 32 41,67%
14 Direito Civil 0 30 10 0 0 0 15 30 0 0 0 0 0 25 25,00%
15 Direito Constitucional 0 60 0 15 0 0 30 30 30 20 0 0 26 30 58,33%
16 Direito Penal 24 60 50 80 30 0 60 74 60 60 30 80 40 54 91,67%
17 Direito Processual Penal 0 30 15 20 30 0 20 20 30 20 0 0 40 26 66,67%
18 Direito Ambiental 0 20 0 0 0 0 20 30 0 0 8 0 22 20 41,67%
19 Direitos Humanos 20 15 75 15 15 30 20 40 40 20 30 30 30 25 100,00%
20 Direito Administrativo 0 50 15 0 0 0 15 30 30 20 0 0 25 28 50,00%
21 Legislação especial 8 0 20 15 0 16 40 44 0 20 0 0 40 26 58,33%
Saúde do policial
22 Saúde física 92 60 100 80 90 16 120 74 50 110 60 60 90 75 100,00%
23 Saúde psicológica 8 30 20 20 30 16 20 0 40 20 0 0 18 22 75,00%
Eficácia pessoal
24 Processo de tomada de decisão 0 0 0 0 0 16 0 0 0 0 0 20 0 18
aplicado 16,67%
25 Relações interpessoais 0 20 0 20 30 16 0 14 0 20 15 0 35 21 66,67%
26 Gerenciamento de crises 0 0 8 0 30 16 20 10 20 20 0 25 14 19 66,67%
Linguagem e informação
27 Português instrumental 25 30 40 0 30 10 30 60 0 20 5 40 80 33 83,33%
28 Telecomunicações 16 0 30 10 30 16 20 20 20 20 0 30 18 20 83,33%
29 Técnica da informação 0 30 10 15 30 20 20 14 30 0 0 15 22 22 75,00%
412 560 669 530 525 564 750 808 680 570 328 530 871 824,02
% da carga horária / carga total 35,52% 53,33% 56,84 52,37% 40,38% 45,26% 57,69% 55,65% 53,13% 46,34% 45,56% 48,62% 59,94%
% das disciplinas implementadas 51,72% 55,17% 68,97 62,07% 55,17% 79,31% 79,31% 75,86% 62,07% 68,97% 37,93% 51,72% 93,10%
73

policiais militares da amostra em questão, verificou-se que o somatório das

cargas horárias das disciplinas correlatas à MCN correspondem no Rio de

Janeiro a 35,52% do total da carga horária do CFSd; na Paraíba, a 40,38%; em

Pernambuco, a 45,26%; seguido por Rio Grande do Norte, com 45,56%; em

Rondônia, o percentual é de 46,34%; em Roraima, corresponde a 48,62%; no

Distrito Federal, 52,37%; no Espírito Santo, 53,13%; em Alagoas, 53,33%; em

Minas Gerais, 55,65%n e no Paraná, 57,59%. O Estado com o maior percentual

é o Tocantins, com 59,94%. O gráfico 1 ilustra de forma clara essa relação.

100

90

80
70

60
50

40

30
20

10

0
TO PR SP MG AL ES DF RR RO RN PE PB RJ

% carga horária/carga total % disciplinas implementadas

Gráfico 1 - Comparativo da implementação da MCN nos estados


pesquisados

O que se constata é que a MCN não é o curso de formação. Ela compõe

em cada Estado uma parcela da grade curricular dos programas de treinamento.

Isso confirma que os Estados são autônomos para implementarem disciplinas

afetas a sua realidade. Contudo, as disciplinas que compõem a MCN visam a

fornecer as informações necessárias para a atuação do policial em uma


74

sociedade democrática. No caso específico do Rio de Janeiro, o percentual de

correlação é o penúltimo da amostra e o último em relação ao (%) de carga

horária que as disciplinas correlatas à MCN correspondem à carga total do

curso. O oposto dessa situação é verificado no Estado de Tocantins, onde a

correlação com a MCN é 93,10%, o que corresponde a quase 60% de todo o

curso. Isso quer dizer que, nesse Estado, o CFSd além de oferecer uma grade

curricular compatível com a idéia de formar o policial com foco de atuação em

uma sociedade democrática, ainda complementa a formação com informações

inerentes à realidade do Estado.

Na última coluna do Quadro 1, pode-se observar o percentual de

implementação de cada disciplina da MCN na amostra em questão. Com 100%

de implantação temos as seguintes disciplinas: arma de fogo, pronto socorrismo,

direitos humanos e saúde física. E com o menor índice de implantação, 16,67%,

verificam-se as seguintes disciplinas: qualidade em serviço e processo de

tomada de decisão aplicado.

No Quadro 2 pode ser observado, de forma mais precisa, a distribuição

das cargas-horárias, que as Polícias Militares dos Estados estão implementando

em seus CFSd´s por área de estudo considerada pela MCN. Desta forma, podem

ser identificadas as áreas que as corporações estão priorizando na formação do

soldado policial militar.


75

Quadro 2 – Distribuição da carga-horária entre UF versus áreas de estudo da


MCN
ÁREAS DE ESTUDO DA MATRIZ CURRICULAR
UF NACIONAL
Missão Técnica Cultura Saúde Eficácia Linguagem e
Policial Policial Jurídica do Pessoal Informação
Aplicada Policial
RJ 34 185 52 100 0 41
AL 15 80 295 90 20 60
SP 56 230 185 120 8 70
DF 40 185 160 100 20 25
PB 45 135 75 120 60 90
PE 144 188 106 32 48 46
PR 100 200 220 140 20 70
MG 78 240 298 74 24 94
ES 80 230 210 90 20 50
RO 50 150 160 130 40 40
RN 30 150 68 60 15 5
RR 75 155 90 60 45 85
TO 142 194 258 108 49 120

O Quadro 2 não proporciona uma visão clara a respeito da ênfase que é

dada por cada Corporação, em relação as áreas de estudo nos Cursos de

Formação de Soldados Policiais Militares. Sendo assim, os dados foram

agrupados por categorias e dispostos em ordem crescente. Desta forma, pode-se

fazer uma comparação entre os Estados que compõem a amostra.


76

1000
900
800 120
94
C argas H o rárias

70 49
700 20
24
70 74 50 108
20
600 8 140
90
60 120 46 40
25 40
500 20 20 90 48
298 85 258
90 100 32
220 210 130
400 41
0 185
60 106 45
60
100 120 5
15
300 160
160 60 90
52 295 188 194
75 68
200 230
200 240 230
185 155
185 135 150
100 144
150
142
80 100 78 80 75
34 15 56 40 45 50 30
0
RJ AL SP DF PB PE PR MG ES RO RN RR TO

Polícias Militares

Missão Policial Técnica Policial Cultura Jurídica Aplicada Saúde do Policial Eficácia Pessoal Linguagem e Informação

Gráfico 2: Distribuição da carga-horária entre UF versus áreas de estudo da MCN

O gráfico 2 ilustra a distribuição da carga-horária implementada pelas

Polícias Militares, dos Estados membros da nação brasileira que responderam a

pesquisa, nos cursos de formação de soldados policiais militares. Inicialmente,

pode-se inferir que as áreas de estudo que são mais priorizadas nesta amostra

são a cultura jurídica aplicada, técnica policial, e saúde policial. Das três áreas

citadas, a PMERJ apresenta o menor índice na áreas de cultura jurídica aplicada.

Por sua vez, como veremos a diante, as entrevistas revelam um necessidade dos

soldados policiais militares nesta área de estudo.


77

Os dados que compõem o Gráfico 3 apresentam os seguintes valores:

média de 68,38 h/a; mediana de 56 h/a e desvio padrão de 40,47 h/a. Inferindo a

respeito destas informações, pode-se dizer que o valor do desvio padrão aponta

para uma grande dispersão dos dados. Nesta categoria, a PMERJ apresenta um

valor abaixo da média da amostra, indicando um interesse por esta área de

estudo pequeno.

Área de Estudo: Missão Policial

160
140 142 144
Carga Horária

120
100 100
80 75 78 80
60 56
45 50
40 34 40
30
20 15
0
AL RN RJ DF PB RO SP RR MG ES PR TO PE
Polícias Militares

Missão Policial

Gráfico 3: Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de estudo


relativa a missão policial implementada pelas polícias militares no CFSd.

Os dados que compõem o Gráfico 4 apresentam os seguintes valores:

média de 178,61 h/a; mediana de 185 h/a e desvio padrão de 44,47 h/a. Inferindo

a respeito destas informações, pode-se dizer que o valor do desvio padrão aponta

para uma pequena dispersão dos dados. Nesta categoria, a PMERJ apresenta um
78

valor acima da média da amostra, indicando um interesse por esta área de estudo

médio.

Área de Estudo: Técnica Policial

300
250 240
230 230
Carga Horária

200 188 194 200


185 185
150 150 150 155
135
100
80
50
0
AL PB RN RO RR DF RJ PE TO PR ES SP MG
Polícias Militares

Técnica Policial

Gráfico 4: Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de estudo


relativa a técnica policial implementada pelas polícias militares no CFSd.

Os dados que compõem o Gráfico 5 apresentam os seguintes valores:

média de 167,46 h/a; mediana de 160 h/a e desvio padrão de 85,65 h/a. Inferindo

a respeito destas informações, pode-se dizer que o valor do desvio padrão aponta

para uma grande dispersão dos dados. Nesta categoria, a PMERJ apresenta um

valor inferior a média da amostra. O valor praticado pela PMERJ é o menor da

amostra, indicando um interesse por esta área de estudo muito fraco.


79

Área de Estudo: Cultura Jurídica Aplicada

350
300 295 298
Carga Horária

250 258
210 220
200 185
150 160 160
100 90 106
68 75
50 52
0
RJ RN PB RR PE DF RO SP ES PR TO AL MG
Polícias Militares

Cultura Jurídica Aplicada

Gráfico 5: Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de estudo


relativa a cultura jurídica aplicada implementada pelas polícias militares no CFSd.

Os dados que compõem o Gráfico 6 apresentam os seguintes valores:

média de 94,15 h/a; mediana de 100 h/a e desvio padrão de 31,11 h/a. Inferindo

a respeito destas informações, pode-se dizer que o valor do desvio padrão aponta

para uma pequena dispersão dos dados. Nesta categoria, a PMERJ apresenta um

valor acima da média da amostra, indicando um interesse por esta área de estudo

adequado.
80

Área de Estudo: Saúde do Policial

160
140 140
130
Carga Horária

120 120 120


108
100 100 100
90 90
80 74
60 60 60
40
32
20
0
PE RN RR MG AL ES DF RJ TO PB SP RO PR
Polícias Militares

Saúde do Policial

Gráfico 6: Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de estudo


relativa a saúde do policial implementada pelas polícias militares no CFSd.

Os dados que compõem o Gráfico 7 apresentam os seguintes valores:

média de 28,38 h/a; mediana de 20 h/a e desvio padrão de 18,07 h/a. Inferindo a

respeito destas informações, pode-se dizer que o valor do desvio padrão aponta

para uma alta dispersão dos dados. Nesta categoria, a PMERJ não apresenta

nenhum interesse por esta área de estudo, tendo em vista que não implementou

nenhuma disciplina que compõem está área.


81

Área de Estudo: Eficácia Pessoal

70
60 60
Carga Horária

50 48 49
45
40 40
30
24
20 20 20 20 20
15
10 8
0 0
RJ SP RN AL DF ES PR MG RO RR PE TO PB
Polícias Militares

Eficácia Pessoal

Gráfico 7: Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de estudo


relativa a eficácia pessoal implementada pelas polícias militares no CFSd.

Os dados que compõem o Gráfico 8 apresentam os seguintes valores:

média de 61,23 h/a; mediana de 60 h/a e desvio padrão de 31,31 h/a. Inferindo a

respeito destas informações, pode-se dizer que o valor do desvio padrão aponta

para uma grande dispersão dos dados. Nesta categoria, a PMERJ apresenta um

valor abaixo da média da amostra, indicando um interesse por esta área de

estudo relativo.
82

Área de Estudo: Linguagem e Informação

140
120 120
Carga Horária

100 94
85 90
80
70 70
60 60
46 50
40 40 41
20 25
0 5
RN DF RO RJ PE ES AL PR SP RR PB MG TO
Polícias Militares

Linguagem e Informação

Gráfico 8: Análise comparativa da distribuição de carga horária na área de estudo


relativa a linguagem e informação implementada pelas polícias militares no CFSd.

A análise das informações sistematizadas neste estudo, revelam que a

PMERJ prioriza as áreas de técnica policial e saúde do policial no CFSd. Dando

pouca ênfase a cultura jurídica, eficácia pessoal, missão policial e linguagem e

informação, em comparação com outras Co-irmãs que compuseram a amostra.

4.2 AS IMPRESSÕES DOS POLICIAIS MILITARES EM RELAÇÃO À


FORMAÇÃO NA PMERJ

Nesta seção serão apresentadas as percepções dos policiais militares em

relação a formação na PMERJ no período de 2000-2005, de acordo com a

metodologia empregada. Esta seção está dividida em oito subseções, que

correspondem as categorias identificadas na análise de conteúdo realizada.


83

4.2.1. Categoria A: Democracia e o papel do profissional de segurança pública

Os policiais que estão em formação polarizam o ambiente democrático em

direitos e deveres. As pessoas possuem direitos, mas também devem cumprir as

normas vigentes em uma sociedade. Nesse sentido, pode-se inferir que os

policiais compreendem seu papel dentro da sociedade, ou seja, interagir na

sociedade como um profissional que não só mantém a ordem, mas acima de

tudo garante os diretos dos cidadãos. Contudo, um outro lado da polícia

também foi exposto, o lado real com que muitos dos entrevistados convivem

diariamente, o da discriminação sociogeográfica do cidadão, se assim pode ser

denominado, ou seja, a forma de agir do policial é diferenciada em função de

onde esteja atuando. Nas comunidades mais carentes, as ações são mais

repressivas do que em outras regiões da cidade.

“O policial nada mais é do que um servidor público, ta ali pra servir a


sociedade [...] o policial tem que entender isso, que ele ta ali pra servir a
sociedade e não pra reprimir de forma grosseira [...]” (Soldado PM
Elwilton, em formação)

No trecho acima, o entrevistado apresenta uma percepção correta de como

deve agir um policial. O policial é um servidor público que presta serviço à

sociedade. Em países da Europa, conforme visto anteriormente, os policiais são

formados sobre o enfoque da resolução de problemas, na qual a repressão é um

item dessa visão. Aqui, o entrevistado denota que o serviço policial não é
84

somente para reprimir. Um dos aspectos do serviço policial é o uso da força.

Segundo Bittner (2003), a força deve ser usada se a solução do conflito exigir,

caso contrário deve ser evitada. A repressão faz parte do contexto das

atividades policiais, contudo não é a regra em uma sociedade democrática.

“Quanto mais simples, quanto menos instruídas são as pessoas [....]


mais os direitos delas são violados, isso daí já parte do próprio comando
[....] o pessoal fala a maneira que você lida com alguém numa [...] área
crítica aí de favela porque não são todos é um fato, [...] , praticamente a
maioria das pessoas ali são pessoas de bem, muitos ali, alguns, uma
parte pequena, mas representativa, que ta envolvido com algum tipo de
crime diretamente, mas é, mas a pessoa se transforma, evidentemente
que se transforma, você já entra ali sob risco de tiro, é condição de
guerra civil, é, vamos dizer, assim, seu adversário, seu inimigo não é
identificado. Um jovem que, pô, estuda, que faz as coisas dele ele tem
um perfil tanto de, pô, étnico, faixa etária, maneira de se vestir, de se
expressar idêntica a de um bandido; em muitos casos não são todos,
mas você um e olha outro, você não tem diferença, você olha assim e
não tem diferença. Não é dizer como um jovem desse de classe média,
cara que trafica êxtase, cara que , estelionato pela internet, qualquer
coisa, o perfil dele é idêntico ao de um jovem que não se mete com
nada. Você olha assim, os dois são idênticos. Agora, você olha o
pessoal da favela, o cara que não se mete com nada é basicamente igual
ao que faz a mesma coisa, então, é uma coisa não declarada. Então,
você tem que chegar às vezes você tem que ser enérgico, né! [...] muitas
vezes porque, é, porque você não pode deixar ninguém debater, cê não
pode fazer nada. É aquela coisa que é colocada na mente da pessoa, a
questão de militarismo. Ce não quer que ninguém que você julgue que
esteja abaixo de você que critique nada do que você fala. Só que é uma
espécie de lavagem cerebral que é feita com quase todo
mundo.”(Soldado PM Da Cruz, em formação)

Aqui fica claro que a ação da polícia é discriminatória. Na favela, o

cidadão de bem é confundido com o criminoso. Então, os erros de pessoas e a

falha do treinamento parecem se justificar, encobrindo, na realidade, uma

percepção distorcida na qual contempla a negativa de cidadania aos moradores

de favelas. Por outro lado, nos bairros de classe média e alta, os delinqüentes se
85

confundem com os cidadãos de bem. Percebe-se nesse trecho, que a ação da

polícia é contraditória e não equânime. Sendo assim, o processo de formação é

de fundamental importância quando proporciona a discussão dessas dissonâncias

em sala de aula, ilustrando a necessidade da aplicação da lei ser de igual

proporção independentemente do local de moradia do infrator.

4.2.2. Categoria B: A visão distorcida em relação à finalidade dos direitos


humanos

Nessa categoria, diferentes entrevistados convergiram suas falas no

sentido de que a atuação dos direitos humanos evidencia-se somente contra as

ações policiais, em defesa dos indivíduos infratores da lei. Nos casos em que

cidadãos comuns e policiais militares tornam-se vítimas de criminosos, não se

observa a atuação dos organismos de direitos humanos.

O conteúdo da fala dos entrevistados causa preocupação, pois, inferindo-

se a respeito das causas dessa distorção de percepção, pode-se chegar a dois

caminhos: o primeiro no sentido de que os assuntos abordados no curso de

formação de soldados não tenha surtido efeitos, ou, quiçá, tenham abrangido as

diversas nuances do tema; e o segundo caminho, bem mais sensível, indicaria

um traço comum nos entrevistados no qual os infratores da lei não deveriam ser

assistidos pelos organismos de direitos humanos, e sim as vítimas dos delitos e

os policiais militares, conforme se pode perceber nas seguintes transcrições: “No


86

nosso caso a gente vê muito os direitos humanos só funcionarem por outro lado,

pro lado dos bandidos...”; “Política de direitos humanos só serve, pros

vagabundos...”.

“No nosso caso a gente vê muito os direitos humanos só funcionarem


por outro lado, pro lado dos bandidos. Porque dificilmente a gente vê
procurarem famílias de policiais. Em São Paulo teve aquela situação lá,
pelo que a gente soube pelas reportagens, ninguém fala de direitos
humanos procurar a família dos policiais. . Alguns meliantes que foram
mortos até em combate mesmo, os direitos humanos já foram em defesa
deles falando que a polícia usou de força desnecessária, que não
precisava ter feito o que fez e tal. Então, a gente vê muito isso, pelo
menos do nosso lado como policial militar a gente vê isso, que o
policial em relação aos direitos humanos não tem proteção nenhuma
[...]” (Soldado PM Soares, em formação)
“Direitos humanos, eu estudei lá no CFAP [...] Eu acho que os direitos
humanos são mais pro lado dos traficantes. Eu acho que os policiais
olham desta forma, porque quando acontece com algum policial, eles
não se importam, sabe. Eu acho que os direitos humanos, eles
funcionam mais pra aquelas outras pessoas [...] pra pessoa que tá
envolvida com alguma coisa, sabe. Os direitos humanos devem ser
sempre respeitados, as pessoas devem ser sempre respeitadas, lógico.
Mas quando acontece com a gente, a família fica muito [...] fica muito
indefesa diante da situação toda, sabe. Porque só o outro lado, eu acho,
é muito mais visto [...] Eu sempre procurei assim trabalhar corretamente
na rua, nunca fiz nada que [...] eu tenho certeza que, eu acredito muito
em Deus, diante dele, com relação ao meu serviço, eu não tenho que
responder muito não. Nada assim demais, eu tenho feito sempre certo,
acho que todo mundo tem que procurar fazer [...] O certo é a gente
sempre fazer aquelas coisas que estão escritas, né, tiver que prender
uma pessoa como o Major tava falando, você prender [...] não cometer
nenhum ato mais alterado. Se você vai prender uma pessoa, não tem
necessidade de uma pessoa presa ficar apanhando ou levar um tiro
porque disparou vários antes. A pessoa tem que ter consciência que os
direitos humanos também envolvem se, um a pessoa tá disparando
contra os policiais [...] tá certo, há uma troca de tiro. Se acabar a
munição do outro lado, do traficante, a pessoa tem que ter a cabeça no
lugar pra efetuar a prisão e não um assassinato. Sabe, tem que ter a
cabeça no certo, acho que isso é o certo.”(Soldado PM Aguiar, entre um
e três anos de serviço)

No trecho selecionado, a percepção do entrevistado denota que o policial

tem consciência de seu dever e compreende o papel dos direitos humanos.


87

Contudo, revela uma prática que justifica o trabalho desses organismos quando

questionam as ações policiais nas quais ocorrem sinais de tortura e vitimização

de criminosos.

4.2.3. Categoria C: A percepção do policiamento comunitário como uma forma


de agir e não uma filosofia de trabalho

Em alguns países da Europa e da América do Norte, quando é abordado o

tema policiamento comunitário, fala-se em uma filosofia de trabalho das

instituições policiais, não de forma segmentada, como se fosse um tipo ou uma

forma de policiamento. O conteúdo das declarações dos entrevistados, sejam

eles em formação ou atuantes em unidades operacionais, revelam que esta não é

a filosofia do curso de formação, pois, pelos relatos citados, o que se percebe é

uma segmentação desse conceito, ou seja, na Polícia Militar do Estado do Rio de

Janeiro, o policiamento comunitário é visto como um tipo de policiamento que

não é desenvolvido por toda corporação.

“O policiamento comunitário é uma das formas mais politizadas de se


exercer o papel da polícia, de se exercer a função da polícia.
Comunitário nada mais é do que você botar a polícia em zona sul, em
locais em que moram pessoas influentes dentro da sociedade tanto no
âmbito militar, no político, como na sociedade civil; prestar esse serviço
a elas. Muitas delas se acham até no direito de julgar que você trabalha
exclusivamente pra elas por ter vínculo estreito com o comando, com
coronéis, com pessoas, todo mundo conhece todo mundo, então, o cara
se acha no direito de te cobrar de tudo e de fazer tudo, tudo que você
aprende que deve ser igual para todos, não, realmente, não funciona.
Então, o policiamento comunitário é isso, ou isso, ou você ser inserido
dentro de uma favela. Você é colocado numa cabine que deveriam ter
dois; todas as cabines aqui da área do 12º batalhão só tem um policial
88

por serviço quando se deveriam ter dois. Se passar um cara com uma
moto, dois caras numa moto suspeitos você não pode abordar. Se o cara
realmente tiver errado você vai morrer porque, como é que você vai dar
conta de dois? Quem te cobre? Quem te apóia? Pô, ninguém. Então, o
policiamento não funciona dessa forma.” (Soldado PM Da Cruz, em
formação)

“Policiamento comunitário? É bom. Muito bom porque fica tipo uma


família naquele setor que eles atuam, e os moradores passam a conhecer
melhor os policiais, fica tipo uma família, assim, muito bom [...] o
policiamento comunitário é feito num local pequeno, né numa área
pequena, então, tem como ter uma, um convívio melhor ali [...]”
(Soldado PM Renato, em formação)

“O policiamento comunitário funciona, funciona como sempre


funcionou. Ele sempre existiu, agora mudou de nome, muda-se o
pagamento, mas sempre existiu e ele resolve. Resolve só que tem um,
porém: existem comunidades e comunidades. Existe a polícia
comunitária numa comunidade que você sabe que ela é inofensiva
ao policial militar e à família dele e o policial que vai pra uma
comunidade que tem pessoas marginais à lei e que expõem tanto o
policial quanto a família. Essa coisa de pegar o policial de dentro da
sua comunidade, essa coisa de “polícia é a sociedade e sociedade é a
polícia”, pegar o policial que mora naquele lugar pra policiar
aquele lugar, eu sou contra. Expõe muito o policial e a família dele,
não vale a pena. Ele não vai fazer o serviço dele. Ele vai ser
conivente com o erro justamente pra não ser alvo posteriormente.
Na Polícia Militar, eu sou contra isso: pegar o policial dali de dentro
que já conhece todo mundo pra fazer esse tipo de serviço.” (Soldado
PM Castilho, entre três e cinco anos de serviço, grifo nosso )

“Pra dar satisfação à imprensa isso aí [...] falar que tá fazendo tudo
bonitinho, mas não muda nada. E só fica na Zona Sul mesmo. Vê se
tem policiamento comunitário ali na Zona Norte, Complexo da
Maré, Complexo do Alemão, a Rocinha? Tem ali: São Conrado, no
Leblon, que eu trabalhei lá, Ipanema, nessa área. Nas áreas carentes
mesmo não tem. Tem nada de comunitário, isso é mais... é mais uma
satisfação à imprensa [...] tem nada de comunitário.” (Soldado PM
Costa, entre três e cinco anos de serviço, grifo nosso)

4.2.4. Categoria D: O hiato entre o planejamento e a execução

O eixo central identificado na categoria perpassa pelo desvio de

finalidade do curso. Um dos pontos identificados como crítico é a utilização dos


89

alunos em atividades adversas aos objetivos do treinamento, como: realização de

serviços de limpeza no CFAP, como em outras unidades; serviço de manutenção

de equipamentos; pinturas; apoio em jogos de futebol e policiamento de praia. O

que se percebe é que esse efetivo de alunos é utilizado para suprir alguma

deficiência de ordem gerencial da organização, como contratação de

funcionários para limpeza e manutenção de quartéis. Um outro ponto também

crítico em relação à capacitação dos soldados, relatado pelos entrevistados, é o

fato de não serem ministrados conhecimentos suficientes de direito penal,

constitucional, administrativo, manuseio e utilização de armamento, bem como

fundamento de abordagem que os habilitem ao exercício de suas funções.

“No dia que tinha serviço a gente não assistia a instrução. Só tirava
serviço [...] Eram seis pelotões, cada dia tinha um pelotão de serviço.
Eu tirava serviço na guarda, tirava serviço no muro, tomar conta do
quartel mesmo, sentinela. E tinha serviços normais, ficar lavando
panela, lavando chão, lavando tudo lá, e ainda assistia instrução [...]” (
Soldado PM Soares, em formação, grifo nosso)

“O curso não é bom porque você fica nisso, à disposição, a


prioridade, ao contrário do que deveria ser, não são as aulas [...]
muitas aulas foram perdidas porque, por questão de serviço extra
[...] A instrução é até as dezessete, você não assiste à instrução, mas
consta como se a instrução fosse assistida” (Soldado PM Da Cruz, em
formação, grifo nosso)

“Rotina diária? Muito frandu. Frandu é serviço, é, de rancho, é,


capinar, roçar, foi muito isso. Eu achei que teve poucas instruções
no lado mesmo de policial militar mesmo, eu achei que teve muito
pouco. Eu achei fraco até. Porque eles deveriam investir mais no que a
gente vai fazer no dia a dia na rua, dar mais tiros, abordagem, foi muito
pouco isso que a gente aprendeu [...] a gente vem pra rua quase que ali
meio cego. A gente vai aprendendo dia a dia na rua, a gente não chega
na rua preparado, preparado mesmo pra atuar. A primeira ocorrência a
gente bate de frente, a gente fica perdidinho, não sabe como proceder.
Aí, numa dessas, você se proceder errado pode acabar preso ou
fazendo uma besteira [...] eles perdem muito tempo com coisas que
não é necessária, tipo faxina, militarismo, coisas que a gente não
90

usa a dia na rua [...] tiro mesmo, um exemplo, tiro de fuzil não dei
nenhum lá. Se eu pegar um fuzil agora eu não vou saber como usar [...]
Aí, quer dizer, você se forma lá, chega na rua, vem no batalhão,aí
tem uma operação, te dão um fuzil na sua mão, aí você tem aquele,
tem quase que aprender a manusear aquilo dentro da viatura, pra
chegar no morro e já, e ter responsabilidade pelo seu tiro, coisa que
a gente não aprendeu lá. Então, eu acho, eu achei fraco esse curso.
Deveria investir mais em noções de direito [...] bastantes técnicas de
abordagem, como proceder em cada tipo de ocorrência [...] a gente
perdeu muito tempo fazendo faxina, roçando, capinando, tempo
desnecessário que poderia ser feito por até pessoas de fora [...] sem ser
da área militar [...] porque seis meses é muito pouco tempo pra aprender
tudo que tem que aprender, né, na polícia, aí, [...] ainda tira esse pouco
tempo pra fazer outras coisas [...]” (Soldado PM Renato, em formação,
grifo nosso)

“No CFAP. Eu me formei nas fileiras do CFAP. É, o meu curso, nós


tínhamos dois meses de adaptação básica, dois meses estagiando em um
batalhão na rua e dois meses de volta no CFAP, no total de seis meses.
Nos dois primeiros meses foi aquela rotina, as primeiras semanas
aquela rotina de adaptação mesmo, da vivência militar. Um monte de
colegas já tinham sido militares no Exército ou na Aeronáutica, eu não,
eu vim da civil, mas não tive problema nenhum pra me adaptar e [...]
Bom, a nossa rotina basicamente era essa. Fomos pra rua, ficamos
dois meses onde não aprendemos nada; a gente foi pra rua com
cinco tiros, noções mínimas de, de direito, uma coisa assim, usando
simplesmente o bom senso. Os outros três meses quando, os dois
meses finais, o terceiro módulo, os dois meses finais, a gente teve
ordem unida, é, tivemos até, é, comparar outros cursos porque a gente
conversa com os colegas da rua, até que a instrução de armamento
nossa foi uma das melhores que, pelo que eu vejo, a gente até aprendeu
bastante. Mas, eu volto na mesma tecla, nós não tivemos sensibilização
nenhuma. Simplesmente eles pegam o policial, pega o homem a ferro e
fogo, moldam ele; vira policial e fala “meu filho, agora vai pra rua, bota
um arma na sua cintura e seja o que Deus quiser!” Eu acho que isso é
deficiente.” (Soldado PM Ângelo, entre três e cinco anos de serviço,
grifo nosso)

“O curso [...] de instrução? Muita instrução de diversas matérias, é,


aulas teórica, aulas práticas, curso de tiro, o preparo necessário, só que a
minha opinião é que, pô, pode colocar os melhores instrutores, pô, de
qualquer forma nunca vai ser o curso ideal, adequado porque isso aí
eu não coloco a culpa nem na instituição, nem na polícia militar,
mas pelo, ao governo porque a gente tem instrução de tiro, mas não
tem munição pra dar a quantidade necessária; mas não culpo nem
a polícia, mas, mais o governo porque falta mais investimento no
curso. E eu fui do CFAP e foi um dos melhores cursos. Pô, tem
policiais que se formam em batalhão e dá uns dez tiros só no curso
inteiro. Eu dei bastante tiro, mas eu acho que ainda não é necessário.”
(Soldado PM Manoel, entre três e cinco anos de serviço, grifo nosso)
91

O que se observa a partir dos relatos é que os policiais são formados como

recrutas do Exército. A discussão central, percebida na fala dos entrevistados, é

o desvio de finalidade do curso. Pode-se inferir que o CFAP31VOL não forma

profissionais para interagir com a sociedade em seus vários seguimentos. A

percepção que se tem é de que a Polícia Militar prioriza a quantidade, em

detrimento da qualidade. Parece que os recrutas são peças de reposição para

preencher e ocultar os óbices organizacionais, como a contratação de

funcionários para a realização da manutenção das unidades operacionais. Nesse

sentido, há de se refletir a respeito de uma mudança cultural para recolocar a

figura do policial em um patamar adequado.

4.2.5. Categoria E: O ensino, os instrutores e o investimento em formação

Nesta categoria serão abordados dois aspectos importantes inerentes ao

desenvolvimento do processo de ensino na PMERJ. O primeiro aspecto diz

respeito à capacitação dos instrutores. O instrutor é um elo importante no

processo ensino- aprendizagem do curso de formação de soldados, pois ele é

responsável pela transmissão de informações e pela ilustração de fatos do

cotidiano que, somados à teoria, proporcionam ao aluno um momento de

reflexão a respeito de como se deve agir. O segundo aspecto está relacionado ao

nível de investimento que a PMERJ mantém em relação ao ensino policial e

como a instituição investe em infra-estrutura no Centro de Formação de Praças e


92

em Unidades Operacionais em que são realizados os cursos de formação para

soldados.

“Os instrutores são muito bons, faziam o que era possível dentro do que
tinham, né, porque muitas vezes não há munição, de repente o
armamento não ta em condições, então, as vezes a própria aula dele
é suspensa por esses motivos, né, de escala extra de serviço, mas as
aulas eram em geral muito boas, muito boas, só que entra também
outro aspecto do militarismo, né, porque as aulas [...] os
responsáveis pelas aulas são oficiais, mas quem realmente ministra
as aulas são os praças.” (Soldado PM Da Cruz, em formação, grifo
nosso)

“Ali praticamente, eu só tive um instrutor, dois aliás, que eram os dois


sargentos. Bons, eles eram bons [...] Eles foram bons instrutores [...] Só
dois. Os outros que vinham dar instrução que eram às vezes escalados
lá, não tinha muito não, mas esses dois especificamente sabiam lidar
com o aluno e sabiam passar as informações corretamente.” ( Soldado
PM Miranda, entre um e três anos de serviço)

“Nós tivemos [...] foram uns 10 tenentes que eram instrutores, além do
tenente que era monitor do curso, do pelotão. Então, cada um dava um
tipo de instrução: instrução de tiro, era o tenente tal. Nós fizemos
técnicas de abordagem, até tava conversando esses dias com um colega
[...] na época, no CFAP fizeram umas armas de madeira porque a gente
não podia usar arma real, usava arma de madeira mesmo fazendo as
abordagens , foi bem criativo [...]” (Soldado PM Durval, entre três e
cinco anos de serviço)

No tocante aos instrutores, percebe-se uma necessidade de preparação

para exercer sua tarefa com mais eficácia. Ressalta-se ainda que os mesmos

devem ser bem treinados e possuírem uma grande experiência na aplicação da

lei. Essa capacitação proporcionará a elaboração de exercícios práticos,

baseados em fatos reais. O que propiciará aos alunos a oportunidade de

inferirem e analisarem as ocorrências sem estarem sob a pressão do momento.

Certamente, é o que se espera de um bom instrutor.


93

Em relação ao segundo aspecto da categoria os entrevistados afirmaram


que:

“A infra-estrutura é precária. Não é adequada, com certeza. As salas de


aula têm ventiladores, tem tudo, pô, a maioria, a manutenção é feita por
nós...desde limpeza de banheiros, instalação de ventiladores, limpeza,
tudo é feita pelos próprios alunos. Existe um dia na grade curricular só
para isso. A estrutura nas salas é boa, mas em outras coisas não. O
estande de tiro não é coberto, então, em dia de chuva você não pode
praticar essa aula [...] ao redor do campo pra atividade física se
chovesse também não daria porque o piso é de argila, né, então, faz
lama, não tem como. Então, algumas coisas ainda tão precárias, mas
outras tão boas, tem que ser melhoradas ainda.” (Soldado PM Da Cruz,
em formação)

“não [...] faltava muita coisa lá a sala de aula era apertada: eram 120
alunos. Sala pequena, não tinha infra-estrutura de alojamento [...]”
(Soldado PM Silva, entre um e três anos de serviço)

“Acho que sim. Porque tem todo um espaço, por exemplo, pra educação
física tem uma quadra enorme, tem campo pra você fazer a parte de
educação física. Tem diversas salas de aula pra formação teórica, acho
que tem até em excesso. O excesso, nesse ponto, é até válido, né. É a
estrutura do CFAP, 100%. Pelo meu ponto de vista, achei 100%, tem
todo um fundamento pra fazer um curso.” (Soldado PM de Souza, entre
um e três anos de serviço)

“Sim, acho que sim [...] Porque tem alojamentos que comportam a
maioria do pessoal. Porque o pessoal que mora longe reside no
acampamento. E as instruções são muito boas.” ( Soldado PM
Francisco, entre um e três anos de serviço)

“Não, não. Não era estrutura adequada pro ensino não, mas deu pra [...]
dá pra você aprender alguma coisa lá, dá pra ministrar uma aula lá.”
(Soldado PM dos Santos, entre três e cinco anos de serviço)

A análise de conteúdo dessa categoria reforça a impressão de que a

Polícia Militar está mais preocupada em quantidade do que em qualidade. Os

trechos transcritos apresentam um ponto em comum que é a falta de

investimento em infra-estrutura para realização de cursos de formação de

soldados, tanto no CFAP31VOL quanto em unidades operacionais, perpassando


94

pela necessidade de melhor capacitar o instrutor para o ensino na instituição.

Essa percepção pode ser mais bem ilustrada levando-se em consideração o

resultado de uma pesquisa45 desenvolvida pelo Tribunal de Contas do Estado do

Rio de Janeiro, na qual ficou patenteado que a Polícia Militar do Estado do Rio

de Janeiro não realiza um planejamento financeiro e orçamentário adequado. As

prioridades são estabelecidas ao sabor dos acontecimentos. Os efeitos dessa

prática podem ser percebidos nos relatos da categoria os quais constroem a

imagem de que a formação dos soldados não é uma prioridade para PMERJ.

4.2.6. Categoria F: A qualificação do policial

No Brasil, atualmente, as polícias militares estão exigindo o ensino médio

como um pré-requisito para o ingresso de candidatos em suas fileiras. Contudo,

a pesquisa bibliográfica revelou que alguns países da América do Norte e da

Europa adotaram como pré-requisito a exigência de nível superior para o

ingresso em algumas corporações policiais. No Brasil, essa mudança ocorreu

para o ingresso na Polícia Federal. A intenção seria buscar profissionais que

possuíssem um melhor conhecimento , proporcionando, assim, uma

compreensão e uma habilidade maior para lidar com os diversos conflitos

45
TCE e FGV analisam ações na área de segurança pública. TCE-RJ notícia, Rio de Janeiro,
ano 5, n. 55, p. 6-14, dez. 2006. ISNN 1806-4078
95

sociais dentro de uma perspectiva de atuação como solucionadores de problemas

e não de supressores de óbices.

Dessa forma, foi perguntado aos entrevistados se seria importante para

execução do serviço policial a exigência de nível superior para o ingresso na

PMERJ. Nos trechos a seguir podemos perceber a impressão dos entrevistados a

respeito desta problemática:

“Não dá. Aqui não dá não...não dá não. Eles não investem nada em
educação, não investe nada. O cara pra tirar o terceiro grau hoje tem
que ser um artista pra concluir o terceiro grau. Faculdade no preço que
ta, como é que você vai conseguir ingressar numa faculdade, numa
faculdade federal, ou estadual, que seja, com essa qualidade de ensino
que a gente tem aí, greve direto, isso, aquilo. Então não dá pra fazer
essa cobrança aqui não.” (Soldado PM Sergio, em formação)

“Pô, eu acho que pra praça, pra nível de soldado eles tão exigindo muito
porque eu acho que isso dá um pouco de problema. Porque acho que
quanto mais a pessoa tiver instrução maior senso crítico ela tem,
conseqüentemente, mais ela vai se tornar insatisfeita com certos
desmandos. Então, pra questão de soldado, pro que eles querem, porque
eles não querem uma pessoa pra dialogar, eles querem uma pessoa, pô,
infelizmente o cidadão comum pra vista em alguns casos só pra agir,
fazer o que é dito sem sequer questionar. Então, pra soldado eu acho
que o certo seria o segundo grau como é, mas vai gerar realmente muita
insatisfação, né! ” (Soldado PM Da Cruz, em formação)

“[...] em relação nível superior ou Ensino Médio, eu acho que também


não influi. Teria que ter uma formação policial melhor, um centro de
formação policial militar, entendeu, onde tivesse aula de legislação,
aula de diversas matérias referentes ao cotidiano do policial militar. Isso
falta na Polícia [...]” (Soldado PM Silva, entre um e três anos de
serviço)

“O problema não é nem o nível, o problema é o curso. O 2º grau é, mas


o problema é durante o curso, você fazer o curso. Ter instrução, o cara
chegar, como te falei, ensinar esse tipo de ocorrência melhor pro
policial, até o Código Penal, o cara passar pro policial. O Código Penal
até em âmbito administrativo no batalhão porque se acontecer alguma
coisa, você fica respondendo e embasar o policial nisso aí: agir assim,
assim, assim [...] ocorrência, dar vários exemplos de ocorrência, pegar
96

TRO46, que é o que a gente preenche lá, preenchido. Ensinar o


BRAT47, massificar isso aí, pra quando o policial ir pra rua, ele
aprender, entendeu. Porque não adiante nada fazer o que a gente faz aí.
O cara pode até entrar com nível superior, vamos supor: ‘PM agora só
com nível superior’, mas se o sistema de formação for o mesmo, o cara
vai pra rua [...] Infelizmente, você aprende na prática. Isso é perigoso
nesse no serviço de polícia, aprender na prática é um perigo.”( Soldado
PM Miranda, entre um e três anos de serviço)

“Não. Porque a própria população não estaria preparada pro policial


preparado, não estaria. Não há possibilidade de chegar em determinadas
situações, não há necessidade de você chegar em determinadas
situações [...] Mas não seria necessário dentro desse aspecto do
atendimento rádio-patrulha. O 2º Grau está suficiente. Como lhe falei,
deveria ter um incentivo pra que houvesse continuidade, um curso onde
o [...] um curso que fosse ligado à segurança pública ou fosse aquela
faculdade que como vários de nós estão cursando.” (Soldado PM
Castilho, entre três e cinco anos de serviço)

Nessa categoria observa-se que, de uma forma geral, o nível de

escolaridade exigido atualmente não tem relação direta com algum tipo de

agregação de valor na atividade policial, nem mesmo com o programa de

treinamento. Os relatos indicam que os policiais hoje realizam as mesmas

atividades que anteriormente eram desempenhadas por profissionais com o

primeiro grau. De uma forma geral, os entrevistados acreditam que ter

conhecimento é importante. Contudo, pelos problemas estruturais enfrentados

pela Polícia Militar, não seria viável exigir o terceiro grau para o ingresso como

soldado policial militar. Antes, o papel do policial deveria ser repensado,

46
TRO significa Talão de Registro de Ocorrência. Esse é o documento no qual os policiais, ao
atenderem uma ocorrência, registram as informações referentes ao evento.
47
BRAT significa Boletim de Registro de Acidente de Trânsito. Diferencia-se do TRO pelo
fato de ser específico às ocorrências de acidente de trânsito.
97

condições de remuneração revistas e o homem mais valorizado para que tal

mudança surtisse o efeito desejado.

4.2.7. Categoria G: O day after ao CFSd: a percepção do policial militar em


relação a sua formação e os desafios diários de sua profissão

O conteúdo classificado nesta categoria sintetiza a percepção do policial

em relação ao curso de formação. A impressão central identificada nos relatos

aponta para uma sensação de despreparo do policial. A maioria não se sentiu

preparado para enfrentar a realidade diária do serviço policial no Rio de Janeiro.

Diversas foram as razões alegadas para formação dessa impressão: em primeiro

lugar, os entrevistados relataram que se sentiram despreparados para o uso do

armamento em virtude das poucas aulas de tiro e armamento que tiveram no

CFAP31VOL; alguns relataram que se sentem inseguros em abordar

determinadas pessoas pela falta de conhecimento para lidar com a situação; os

policiais com mais experiência profissional alegaram que aprenderam mesmo

nas ruas, no dia-a-dia, com seus superiores diretos; outros afirmaram que o

CFAP31VOL forma para o combate, e não para lidar com questões sociais. De

certa forma, essa categoria reflete a imagem que os policiais possuem do curso

de formação, a imagem de um curso que não os prepara para os desafios

cotidianos da profissão.

“Eu acredito que não porque, é só tirar em relação a certas condutas. Eu


vejo muito policial que se melindra quando pára um carro importado,
fica com medo de quem possa ser. Aqui em Niterói é assim, por
exemplo, pelo que eu vi porque eu moro no Rio. Pelo o que eu vi aqui
em Icaraí é difícil trabalhar, ou seja, é, alta sociedade, pessoas de poder,
98

no caso, tem muitos juízes, desembargadores, e eu vejo policial ficar


melindrado, o policial tem medo de abordar. Eu já ouvi dizer que
aqui..não querem que fiquem abordando os carros na rua porque, pra
não arrumar problema, entendeu? Porque todo mundo vem assim “sabe
quem eu sou”. Aquela velha frase. Só que comigo não funciona. Se
tiver errado vai ficar [...] porque eu não quero saber. Eu acho aí que ta a
democracia, o problema aí porque se a gente tivesse realmente
consciência do que, de como agir democraticamente, acho que não se
melindraria não. Levaria pra frente independentemente de quem for.”
(Soldado PM Ribeiro, em formação)

“Não, devido a faltar vários requisitos no curso, o policial após o curso


de formação sai com uma base fraca. E a partir do momento que você
se torna policial, seja ele, militar, civil, federal, você tem o direito de
cercear a liberdade de uma pessoa ou até a vida. Se não tiver uma base
pra usar essa profissão, você pode responder [...] Às vezes, até por falta
de estrutura de uma formação, você pode cometer um erro. Pode vir até
a responder por esse erro [...] Por exemplo, você não poderia sair do
curso de formação com dúvidas. Por exemplo, não saber manusear um
fuzil, pistola até aprendi lá durante o curso, mas fuzil [...] Tirar o
material bélico, pedir ajuda a um colega: ‘você poderia me passar uma
instrução desse fuzil? Como é que manuseia?’ Depois de formado, que
eu vim a dar tiro de fuzil[...] Instrução lá no CFAP, isso falha. O
policial acaba de se formar, sai pra uma operação policial com
armamento que você nunca manuseou, não sabe como funciona o
armamento, você pode efetuar um disparo errado, vim a atingir uma
pessoas inocente. E, no caso, o policial militar responderá por esse ato.”
(Soldado PM Silva, entre um e três anos de serviço, grifo nosso)

“Do jeito que tá não. Tiro? Por exemplo, eu tô há quatro anos na


Polícia Militar e nunca atirei com fuzil e já trabalhei com fuzil, aqui
pela PM. A nossa munição no curso, pra dar tiro de pistola no
curso, a gente comprou a munição. O pessoal se reuniu e comprou a
munição que o batalhão não tinha, senão a gente ia se formar e não
ia atirar com essa pistola aqui. O tiro, se a gente deu o que , no
curso eu posso contar quantos tiros eu dei. Dei 10 com essa pistola
aqui e 12 de 38, mais ou menos por aí. E, no último dia, demos com
outros armamentos, mas foi muito pouco também, 12 de
metralhadora, mas que nem é usada aí, nem tem lá mais pra usar.
Tinha que massificar tudo isso, desde tiro, instrução com armamento,
até armamento que você vai usar às vezes na viatura, entra o cara: ‘ah,
sabe mexer no fuzil?’ ?Sabe atirar, saber mexer já é quase [...] “Não sei
mexer”. Aí você tem que ensinar pro cara ali na hora como é que mexe
pro cara poder trabalhar com aquele armamento.” ( Soldado PM
Miranda, entre um e três anos de serviço, grifo nosso)

“Não, é muito deficiente. O policial sai do CFAP sem saber nada. O


policial sai do CFAP, uns com muito medo e outros muito afoito [...]
não tem aquela média. Uns já sai querendo ir pro serviço burocrático e
outros já saem: “Não, tem que trabalhar no 22º que é um batalhão de
99

ação [...]” Eu acho que tinha que ser dosado isso, as instruções do
CFAP voltada pra que o policial chegue no batalhão sabendo exercer
sua área” (Soldado PM Durval, entre três e cinco anos de serviço)

Nessa categoria, tem-se uma nítida impressão de que a forma como o

treinamento é conduzido não prepara os policiais para a execução apropriada do

serviço policial em uma sociedade democrática. O que se percebe é que os

policiais estão sendo formados sem possuírem uma base adequada de

conhecimentos que lhes proporcionarão subsídios para a resolução dos conflitos

do cotidiano do Rio de Janeiro.

4.2.8. Categoria H: O que melhorar no CFSd na visão dos soldados policiais


militares

Nessa última categoria, buscou-se foi conhecer que modificações

deveriam ser implementadas no curso de formação de soldados na ótica do

policial militar para que estivesse em consonância com os atributos das suas

funções no dia-a-dia.

Assim, a análise do conteúdo dos relatos dos entrevistados revelou que

deveria ocorrer um maior investimento em infra-estrutura, proporcionando um

ambiente mais adequado para transmissão de conhecimentos e realização de

exercícios práticos; reformular a grade curricular dando-se ênfase a disciplinas

como direito constitucional, penal, administrativo, tiro policial e armamento,

técnicas de abordagem, defesa pessoal, contemplando também, um aumento da


100

carga horária; empregar professores mais qualificados; extinguir o emprego

dos alunos em serviços gerais, manutenção, pintura, capinação de áreas do

CFAP e de outras unidades; priorizar o ensino policial em detrimento do

militarismo; e valorizar a instrução acima de tudo.

“Bom, infra-estrutura que [...] melhorasse a convivência lá, [...] que o


policial, o aluno, o recruta, no caso, não precisasse ter de tirar do bolso,
às vezes, pra fazer uma intera pra comprar um ventilador, pra resolver
alguma coisa, pra ter um conforto melhor, pra conseguir até assimilar
as aulas melhor [...] tinha vezes que tinha um bebedouro só funcionando
pra uma companhia inteira, quase 600 pessoas [...] o almoço também,
uma hora de almoço pra seiscentas pessoas almoçar. Teve época lá que
tinha mil pessoas pra almoçar. Então, numa hora, então, você até chegar
sua vez, às vezes, você só dava tempo de comer e voltar, não dá tempo
nem de escovar os dentes, você tinha que entrar na instrução, e, às
vezes, chegava atrasado. E eu acho que deveria atualizar as apostilas,
fazer aulas didáticas de tudo, focar mais a parte do direito
constitucional, processo penal, penal mesmo porque a realidade hoje é
outra e não ta sendo feito isso não, passa muito rápido, é pouca coisa e
o que a gente vive aí na rua a realidade é outra.” (Soldado PM Soares,
em formação)

“Olha, eu acho que tem que até aplicar bastante direito, como eu tinha
dito anteriormente, o direito constitucional, conhecer a constituição
federal, saber, ter direito penal, conhecer o código penal, é, ler, ter
bastante instrução do direito administrativo,[...], bastante técnica de
abordagem, é seja em favela seja no que for, manusear arma, eu acho
que diminui tudo. Se o cara sabendo atirar bem [...] não vai ficar
dando tiro a esmo acertando pessoas que não têm a ver, se ele
souber manusear a arma ele não vai dar tiro acidental pra matar o
amigo, se ele souber direito administrativo, penal, constitucional ele
não vai pensar duas vezes em tratar o cidadão do jeito errado. De
certa forma, ele vai adquirir conhecimento, vai adquirir cultura, vai se
tornar uma pessoa mais inteligente, mais instruída vai pensar duas vezes
em fazer uma coisa errada e assim vai se formando uma polícia
melhor.” (Soldado PM Ribeiro, em formação, grifo nosso)

“O curso do CFAP, o curso de formação? É [...] o que eu já falei, mais


técnica e teoria e talvez uma abordagem melhor, como eu vou explicar
[...] Um estudo melhor das matérias a serem ministradas e [...] pessoas
capacitadas pra ministrar. Porque eu acho que nenhum sargento ou [...]
é [...] nenhum policial militar que não seja formado, que não tenha
experiência como professor fora da Polícia, tem uma dinâmica de
101

ensino, entendeu [...] pra fazer com que a pessoa entenda mais fácil.”
(Soldado PM José, entre um e três anos de serviço)

“Não só o CFAP, mas como um todo, a Polícia Militar, estrutura. Que a


Polícia Militar é, como eu costumo dizer, nós viramos o boi de piranha
da sociedade, e a Polícia Militar tá largada. A verdade é essa. O poder
público abandonou a PM. O CFAP, assim como qualquer unidade da
Polícia Militar, precisa de estrutura, precisa [...] é [...] estrutura: a
polícia tem que ter internet banda larga, uma sala de informática [...] é
[...] livros de [...] Direito, de Processo Penal, Código de Processo Penal,
de Código Penal Militar. Acesso a processos, antigos que sejam [...] pra
gente poder estudar. Poder ter uma vivência de como as coisas
procedem, porque a gente não sabe, a gente acaba tendo que aprender
na rua e a rua é cruel.” (Soldado PM Ângelo, entre três e cinco anos de
serviço)
“Eu acho que seria instrutores mais qualificados [...] Por que alguns eu
acho que não estão. Os outros até que estão [...] Eu acho que o policial
tem que ser mais bem preparado, ter o nível superior, ter um
aprofundamento maior naquela matéria que ele tá dando aula. Porque
ele tá ali, mas ele tem outras funções além daquela. Então, eu acho que
tem que ser focado aí. O instrutor tem que ser formado só pra aquilo ali
mesmo e esquecer um pouco os afazeres policiais dentro do curso. O
cara se dedicar melhor e, claro, teria que ter uma seleção pra escolher os
bons instrutores e aqueles que realmente tivessem integrado. E alguns
que não passaram não estavam muito interessados em ficar ali porque,
sei lá [...] Eles eram obrigados a ir, mas eu acho que eles não gostavam
muito da [...], pois é, o instrutor de primeiros socorros tinha que um [...]
enfermeiro formado, do quadro de saúde, claro [...] Não é, era um
policial mesmo. Acho que ele tinha, acho que ele fez um curso de
primeiros socorros, eu acho, ele que era o instrutor.” (Soldado PM
Elísio, entre três e cinco anos de serviço)

Nessa categoria pode-se inferir que, na percepção dos entrevistados, o

curso de formação de soldados deveria associar a teoria à prática, sofrer

investimentos de ordem estrutural, capacitar professores e abordar assuntos

relacionados com a complexidade do serviço policial, reduzindo o grau de

militarismo..

Essa seção tratou da análise de conteúdo do material empírico obtido com

a realização de vinte e quatro entrevistas junto a soldados policiais militares

selecionados segundo metodologia explicitada no início.


102

O material foi agrupado em oito categorias, mas pode-se depreender que,

atualmente, o curso de formação de soldados da PMERJ não capacita

adequadamente o policial para atuar em sociedade democrática, com enfoque na

segurança do cidadão.

Dentre outros pontos apresentados, destaca-se, primeiramente, que

durante a realização do treinamento os recrutas são submetidos à realização de

tarefas fora do enfoque estabelecido como opção para corrigirem falhas

estruturais na corporação ,por exemplo, a contratação de mão-de-obra

especializada para a manutenção nas edificações, serviços de limpeza e de

cozinha.

Outro aspecto percebido diz respeito à capacitação de instrutores. Nesse

ponto observou-se que não há uma preocupação em selecionar um profissional

que detenha conhecimentos específicos a respeito da prática policial, como

também possua identificação com o ambiente de sala de aula, ou que a

instituição proporcione a capacitação para atuar no ensino corporativo.

Um terceiro aspecto observado está relacionado à falta de investimento

estrutural no CFAP31VOL e em unidades que possuam cursos de formação. Na

fala dos entrevistados ficou claro que o investimento no ensino não constitui

uma prioridade por parte dos dirigentes da corporação.


103

No tocante às disciplinas ministradas, os entrevistados revelam que os

ensinamentos não proporcionam aos policiais recém-formados segurança para

atuarem nas mais diversas situações enfrentadas no seu dia-a-dia.

Há nos umbrais da ala sul da Academia de Polícia D. João VI uma frase

que certamente fica gravada na mente de todos os cadetes que ali ingressam que

diz o seguinte: “Os profissionais não se improvisam, e o mando cabe ao mais

digno e competente”. Contudo, o que se observou nesse capítulo é que o

processo de formação possui inadequações para a formação de um profissional

de segurança pública com o foco de atuação em uma sociedade democrática.

Pois, o que se percebe é que os soldados são formados de forma que pode

comprometer o alcance dos objetivos organizacionais.


104

5.0 CONSIDERAÇÃO FINAL E SUGESTÕES

O trabalho de pesquisa realizado objetivou avaliar o sistema de ensino na

PMERJ. Contudo, em face da grandiosidade do tema, os pesquisadores

conduziram a pesquisa com foco no Curso de Formação de Soldados. Tal

escolha deve-se ao fato deste curso ser responsável pela capacitação dos

operadores de segurança pública que estão em contato diretamente com a

sociedade.

O trabalho de avaliação requer parâmetros, para que se possa estabelecer

um juízo de valor a respeito do que se está avaliando. Neste sentindo, os

pesquisadores definiram como parâmetros a Matriz Curricular Nacional, tendo

em vista que a PMERJ constava nos relatórios da Senasp como tendo adequado

seus cursos ao referido programa. A partir do estabelecimento de um referencial

que norteasse a análise, iniciou-se a pesquisa para identificar quais os efeitos

ocorridos na política de ensino da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

em função da proposição das bases curriculares para o ensino policial

apresentada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública no ano de 2000.

Em uma sociedade democrática, o trabalho policial deve ser direcionado

para a interação com a comunidade, respeitando direitos e garantias individuais.

O processo de formação necessita preparar o homem para lidar com situações

nas quais se agiria impulsivamente.


105

Neste sentido, realizou-se uma pesquisa documental que viabilizou um

estudo comparativo entre o processo de formação na PMERJ, a MCN e demais

polícias estaduais que integraram a amostra.

Dessas comparações pode-se depreender que em relação ao currículo

proposto pela Senasp, a PMERJ não realizou nenhuma mudança significativa no

período compreendido entre os anos de 2000 a 2005. Atualmente, apenas

51,72% das disciplinas da MCN possui algum tipo de correlação com as

ministradas no CFSd da PMERJ. Esse resultado somente se iguala ao programa

de Roraima e é superior ao do Rio Grande do Norte. É no Estado de Tocantins

que a MCN encontra seu maior índice de implementação, com 93,10% das

disciplinas propostas constantes no programa de treinamento do CFSd da

PMTO. Contudo, em relação à carga horária, as matérias correlatas representam

35,52% do total da carga horário do programa de treinamento. Esse é o menor

índice comparando-se com o restante da amostra. O maior índice é o do Estado

do Tocantins, com 59,94%.

A etapa que antecede ao processo de formação, e que deve ser levada em

consideração, é o de seleção do candidato. No Rio de Janeiro, esse processo

visa a identificar tão somente os candidatos que possuem conhecimentos de

matemática e língua portuguesa. Enquanto que em outros Estados, como por

exemplo Tocantins, as provas de conhecimento são abrangentes exigindo do

candidato o domínio de conhecimentos como: direito penal, constitucional,


106

direitos humanos que estão diretamente relacionados com a atividade policial. O

processo de recrutamento e seleção é de primordial importância, pois ele tem a

finalidade de selecionar os mais capacitados intelectualmente para o ingresso na

Polícia Militar.

No que diz respeito à valorização dos instrutores, constatou-se que na

PMERJ não possui nenhum tipo de incentivo financeiro para os policiais que

ministram instrução nos seus estabelecimentos de ensino. O que não ocorre nos

demais Estados, excetuando-se o Distrito Federal. As polícias militares dos

Estados que compuseram a amostra remuneram em horas/aulas os policiais que

exercem a função de instrutor. Essa ação traduz a valoração que é dispensada

aos instrutores na PMERJ.

Para a consolidação das informações constatadas nas pesquisas

bibliográfica e documental foi realizada uma pesquisa de campo, onde foram

entrevistados vinte e quatro policiais militares, conforme metodologia descrita

no corpo do trabalho. A análise de conteúdo revelou um cenário o qual

corrobora com as inferências feitas nas fases anteriores. O resultado foi

agrupado em oito categorias as quais denotam que o programa de treinamento

não capacita o profissional de segurança pública a interagir conforme se espera

que ocorra em uma sociedade democrática. Foi detectado que a atuação da

polícia não ocorre de forma equânime na sociedade. Em comunidades carentes,

há o desrespeito aos direitos e garantias individuais dos cidadãos. Conforme


107

relatado por um dos entrevistados, na favela o cidadão de bem é confundido com

os marginais pelo fato de compartilhar o mesmo signo. Nos bairros de classes

média e alta, o processo de identificação é o contrário, os criminosos são

confundidos com os cidadãos de bem e por isso tem seus direitos e garantias

assegurados. Esse é um paradoxo da segurança pública carioca.

Em contrapartida, os policiais revelaram que, em função da falta de um

referencial teórico adequado no programa de treinamento, muitos se sentiram

inseguros para atuarem de forma eficiente no serviço policial. Acredita-se que,

em virtude dessa deficiência na formação, há uma dificuldade de atuar em

localidades onde o poder aquisitivo é maior, o que não se verifica nas

comunidades carentes, de acordo com as percepções que emergem das

entrevistas. Um dos entrevistados chegou a relatar que quanto mais carente,

mais os direitos são violados.

Com relação aos direitos humanos, há quase uma unanimidade na

percepção dos entrevistados. Acreditam que os organismos de direitos humanos

somente atuam na defesa de marginais da lei. No entanto, a maioria não

compreende que essa atuação somente se dá em conflitos nos quais um das

partes é o Estado e outra é a sociedade civil. Ou seja, nos confrontos armados

onde os criminosos venham a falecer, e se vislumbre a hipótese de exaurimento

dos limites legais de atuação por parte da polícia, aí então os direitos humanos

entram em ação. Contudo, a distorção dessa visão conduz a uma inferência na


108

qual os policiais estariam consentindo em excessos quando a vítima vem a ser

um criminoso. Tais comportamentos são incompatíveis com a atuação em uma

sociedade democrática.

Em relação a investimento e capacitação de instrutores, o material

empírico revelou que não houve investimento em infra-estrutura nas unidades

que realizam a formação do policial militar, como, por exemplo, a falta de

munição para instrução de tiro. No tocante à capacitação dos instrutores, pode-se

depreender que não há uma seleção adequada, pois não foram poucos os relatos

em que o instrutor não correspondia à função.

Um ponto importante que emergiu nos depoimentos foi o desvio de

finalidade do curso no qual o recruta é utilizado na realização de tarefas

impertinentes ao processo de formação policial, como serviço de manutenção,

limpeza, jardinagem, cozinha, no CFAP31VOL e em outras unidades, em

detrimento da instrução.

A Matriz Curricular apresentada pela SENASP tem o objetivo de nivelar o

ensino policial em todo o país com uma grade de disciplinas que engloba os

conhecimentos necessários para a ação policial direcionada para uma sociedade

democrática. Todavia, a pesquisa nos mostra que o processo de formação

policial no Rio de Janeiro, apesar das dissonâncias com a MCN, não contempla

uma política de ensino que proporcione ao policial uma formação voltada para

atuação em uma sociedade democrática. Pelo contrário, os policiais são


109

formados sem ter os conhecimentos básicos consolidados para uma interação

adequada com a sociedade carioca.

Sendo assim, os pesquisadores apresentam algumas sugestões que visam a

melhorar o processo de formação de soldados na PMERJ:

1. Estabelecimento de um perfil profissiográfico para o policial

militar. Este é a base para todo processo de formação. Neste

perfil devem constar os atributos inerentes as tarefas realizadas

pelo policial, os conhecimentos necessários, os níveis de

responsabilidade e os aspectos a capacidade física da pessoa que

ira realizar o trabalho policial. O perfil orientará o processo

seletivo, e a constituição do curso de formação.

2. Mudança no processo seletivo, com a inclusão de disciplinas

inerentes a atividade policial, como: noções de direito penal,

administrativo, constitucional, legislação de trânsito, princípios

de direitos humanos. Está é uma iniciativa que outras Co-irmãs

já estão adotando. Esta medida visa a melhorar o processo

seletivo, pois nesta fase da formação é que capital humano

captado. Uma máxima da administração de recursos dos

humanos é selecionar o homem certo para o lugar certo. Se


110

melhoramos o processo seletivo, indiretamente melhoramos a

formação do policial.

3. Adequação da grade curricular do CFSd a MCN. Neste

sentido o grupo está propondo a transformação do CFSd em

Curso Técnico de Segurança Pública – CTSP. Esta modificação

não é somente na nomenclatura, mas também ideológica.

Corroborando com está sugestão citamos a Polícia Militar de

Minas Gerais, que implementou esse processo no CFSd. Esta

medida visa acima de tudo a profissionalização do policial

militar, com conseqüente valorização do homem. Nos

APÊNDICES “C” e “D” os pesquisadores apresentam a

formatação do CTSP, com grade curricular, carga-horária e

ementas das disciplinas. A implementação do CTSP deve

preceder de um realinhamento na conduta do CFSd, como: não

emprego do aluno em tarefas não pertinentes a profissão de

policial militar (faxina, pintura, capina, etc...); a seleção e

capacitação de um corpo de instrutores, professores, e

pedagogos permanentes no CFAP, bem como uma equipe

administrativa longânime na Unidade, com objetivo de não

perder o foco da mudança.


111

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116

APÊNDICES
117

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM OS SOLDADOS


PM

1) Há quanto tempo está na Polícia Militar?

2) Qual a sua experiência dentro da Polícia Militar?

3) Quais foram os motivos que o levaram a ingressar na Polícia Militar?

4) O que você compreende por democracia?

5) Qual o seu posicionamento em relação à política de Direitos humanos?

6) Em sua opinião, qual seria o papel principal da polícia em uma sociedade


democrática? Por quê?

7) O que seria uma ação policial focada em valores democráticos?

8) Qual a sua percepção a respeito do policiamento comunitário?

9) Descreva a rotina diária do curso de formação de soldado policial militar.

10) Quanto aos instrutores e/ou professores como você os avalia? E por
quê?

11) Em sua opinião, os instrutores estão capacitados para lidar com o


ensino?

12) Descreva como as aulas são ministradas (debate, estudo de caso,


expositiva).

13) A infra-estrutura do centro de formação de praças é adequada para


o ensino? Por quê?

14) Os alunos do curso de formação de soldado são empregados em


atividades diversas das previstas no planejamento de ensino? Em caso
positivo, quais seriam? Qual sua posição em relação a esta questão?

15) O nível de estudo exigido para o ingresso na PM (Praça) é


suficiente para a formação de um bom profissional?
118

16) Em alguns Estados americanos e em países da Europa exige-se


nível superior para o ingresso na carreira policial. Em sua opinião, isso
seria viável no Brasil?

17) Em sua opinião, quais seriam as maiores necessidades dos órgãos


de ensino?

18) Após a formação do policial militar, o sistema de ensino dispõe de


algum instrumento de avaliação para aferir se os ensinamentos
ministrados foram bem assimilados pelos profissionais?

19) No seu entendimento, o atual curso de formação de soldado policial


militar, capacita o profissional de segurança pública para lidar com os
diversos problemas sociais enfrentados diariamente pela sociedade
carioca, interagindo com base em princípios democráticos?

20) No seu entendimento, quais seriam as mudanças que o curso de


formação de soldados deveria sofrer? Por quê?
119

APÊNDICE B – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO ENVIADO ÀS


POLÍCIAS MILITARES

1) Qual é a grade curricular do programa de treinamento para formação de


soldados policial militar?

2) Qual é a carga horária de tal programa de treinamento?

3) O programa de treinamento para formação de soldados, está de acordo


com a matriz curricular da Senasp? Em caso negativo, por quê?

4) Qual a metodologia de ensino utilizada nesse treinamento?

5) De que forma o ensino nessa Policia Militar é regido?

6) Como são selecionados os instrutores?

7) Há algum tipo de capacitação para os instrutores?

8) Os instrutores recebem algum tipo de incentivo para lecionarem nos


cursos da PM?

9) Como é o processo de formação do soldado policial militar nessa


corporação?

10) Os recrutas são empregados em atividades diversas ao ensino


durante o curso de formação? Em caso positivo, quais seriam?

11) Como é o processo de seleção para o curso de soldado nessa


corporação?

12) Após o término do curso de formação, há algum tipo de avaliação


que informe se o processo de ensino e aprendizagem surtiu o efeito
esperado? Em caso positivo, descreva-o.
120

APÊNDICE C– GRADE CURRICULAR DO CURSO TÉCNICO DE


SEGURANÇA PÚBLICA

1. Duração do Curso:
53 semanas - 2120 horas/aula.

2. Objetivos gerais do Curso:


a. Formar o Soldado Policial Militar;
b. Desenvolver as aptidões necessárias para o exercício da função; e
c. Motivar o Aluno em formação, demonstrando a importância de nossa
Corporação e a responsabilidade do Soldado PM para com a sociedade
fluminense.

3. Rol de disciplinas e carga horária:

GRADE CURRICULAR

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CTSP


ÁREAS DE DISCIPLINAS CARGA
ESTUDO HORÁRIA
História e organização da PMERJ∗ 20
Fundamentos políticos da atividade do profissional de 20
segurança do cidadão
Sociologia do crime e da violência 20
MISSÃO Sistema de segurança pública no Brasil 20
POLICIAL Fundamentos de polícia comunitária 20
Abordagem sócio-psicológica da violência 20 210 h/a
Qualidade em serviço 20
Ética e cidadania 20
Imagem institucional da polícia 20
Ordem unida* 30
Criminalística aplicada 20
TÉCNICA Arma de fogo 60
POLICIAL Tiro policial 90
Técnica de abordagem* 90 410 h/a
Defesa pessoal 90
Medicina legal aplicada 30


As ementas destas disciplinas são as utilizadas na PMERJ atualmente.
121

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CTSP


ÁREAS DE DISCIPLINAS CARGA
ESTUDO HORÁRIA
Pronto socorrismo 30
Introdução ao estudo do Direito 20
Direito Civil 20
CULTURA Direito Constitucional 60
JURÍDICA Direito Penal 60
Direito Processual Penal 30
Direito Ambiental 30
Direitos Humanos 30 470 h/a
Direito Administrativo 60
Direito Penal Militar* 40
Legislação especial 40
Legislação aplicada a PMERJ* 40
Legislação de Trânsito* 40
SAÚDE DO Saúde física 120 150 h/a
POLICIAL Saúde psicológica 30
EFICÁCIA Processo de tomada de decisão aplicado 20
PESSOAL Relações interpessoais 20 70 h/a
Gerenciamento de crises 30
LINGUAGEM E Português instrumental 30
INFORMAÇÃO Telecomunicações 30 90 h/a
Técnica da informação 30
Policiamento Ostensivo Geral* 60
POLÍCIA Policiamento de Trânsito* 30
OSTENSIVA Policiamento Ambiental* 30 180 h/a
Policiamento Montado* 30
Policiamento em áreas turísticas* 30
Prática Policial Cidadã – Viva Rio* 20
ESTÁGIO Estágio Curricular em Unidades Operacionais* 480 540 h/a
CURRICULAR Palestras 40
TOTAL 2120 2120
h/a
122

APÊNDICE D- EMENTAS DAS DISCIPLINAS DO CURSO


TÉCNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA

Fundamentos Políticos da Atividade do profissional de segurança do


cidadão

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

Trata-se de uma disciplina nova, de caráter introdutório, que até


então não constava dos cursos de formação de profissionais de segurança
do cidadão. Sua relevância reside no fato de permitir aos profissionais da
área, a partir de uma discussão teórica de alguns fundamentos políticos,
um entendimento mais amplo de seu papel na sociedade. A compreensão
de como, historicamente, a violência tornou-se um problema público, e a
intervenção do estado, através de seu aparato policial, necessária, tornam isto
possível. Entre as preocupações comuns a todos os seres humanos (para não
dizer a principal), está o desejo de segurança na vida e de integridade física
(proteção, em sentido amplo). Esta preocupação é uma das principais razões que
levam os seres humanos a se associarem. Desta associação, para o êxito da
proteção, torna-se necessária a institucionalização de uma organização
formal que monopolize e empregue os meios necessários ou, mais
adequados, à execução dessas funções específicas: a força. Neste sentido, o
Estado, enquanto instituição compulsória, responsável pela manutenção da
ordem, é, e deve ser, legítimo detentor do monopólio do uso da força física.
A coerção (força) deve ser aplicada contra os que infringem a ordem e a
lei. Entretanto, o
emprego da força deve ater-se aos limites da constituição de um aparato
democrático que, sem abrir mão de seu papel repressivo de garantidor da ordem
pública, constitua-se em um instrumento de facilitação e garantia da cidadania
nos seus aspectos civil, político e social.
Para isto, faz-se necessário profissionais preparados, exercendo
funções de caráter permanente, que gozem da devida autoridade, que por sua
vez deve resultar do consentimento dos associados (princípios de legitimação).
123

Objetivos

- Introduzir alguns conceitos básicos que configuram alguns dos grandes


problemas da Ciência Política, permitindo aos alunos sua devida aplicação
na análise de situações específicas e/ou questões históricas. Entre estas
questões estão: as funções do Estado, as fontes e formas de organização da
autoridade e a extensão da cidadania;
- abordar o caráter inclusivo ou discriminatório da cidadania. Sobre quais são os
limites do poder atribuído ao Estado. Qual é a fonte de sua autoridade e
legitimidade. E como deve estar organizada esta autoridade.

Tópicos a serem abordados

I. Estado como instituição social


a) problemas de fundamento e da natureza do Estado
b) Estado enquanto instituição política compulsória

II. O papel do Estado enquanto provedor da ordem


a) a idéia de cidadania
b) os limites da atuação do Estado

III. O contexto da provisão da ordem no regime democrático


a) pressupostos e conseqüências para a atuação das organizações policiais

Estratégia de ensino

A estratégia de ensino deverá procurar recorrer, dado o caráter teórico da


disciplina, da utilização mais intensa de exemplos empíricos, além dos
instrumentos convencionais de ensino didático/pedagógico.

Avaliação da aprendizagem

Seminários, avaliações orais e escritas.

Bibliografia sugerida

Unidade 1
124

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 2. ed. São Paulo: Perspectiva,


1979.
ARENDT, Hannah. A condição humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1993.
ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 3. ed. São Paulo:
Martins Fontes, UNB, 1990.
BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. 3. ed. Brasília: UNB,
1980.
BOBBIO, Norberto. Sociedade e Estado na filosofia política moderna. São
Paulo: Brasiliense, 1986.
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: por uma teoria geral da
Política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
BOBBIO, Norberto; BOVERO, Michelangelo. Sociedade e Estado na filosofia
política moderna. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas: de Maquiavel a
nossos dias. 3. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1980.
HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado
eclesiástico e civil. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os Pensadores).
HOBBES, Thomas. Do cidadão. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
LIPSON, Leslie. Os grandes problemas da Ciência Política. Rio de Janeiro:
Zahar, 1976.
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. 2. ed. São Paulo: Abril
Cultural, 1978. (Os Pensadores).
LOCKE, John. Carta acerca da tolerância. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural,
1978. (Os Pensadores).
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. 2. ed. São Paulo: Abril
Cultural, 1978.
POGGI, Gianfranco. A evolução do estado moderno: uma introdução
sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
QUIRINO, Célia G.; SOUZA, Maria Tereza Sadek R. (eds.). O pensamento
político clássico: Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu, Rousseau. São
Paulo: Tao, 1980.
RIBEIRO, Renato Janine. Ao leitor sem medo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
125

ROUSSEAU, Jean Jacques. Do contrato social. 2. ed. São Paulo: Abril


Cultural, 1978. (Os
Pensadores).
ROUSSEAU, Jean Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. São Paulo: Ática, UNB, 1989.
WEBER, Max. A política como vocação. In: WEBER, Max. Ensaios de
Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
WEBER, Max. Economia e sociedade: Fundamentos de Sociologia
compreensiva. 3. ed. Brasília: UNB, 1994.
WEFFORT, Francisco C. (ed.). Os clássicos da política: Maquiavel, Hobbes,
Locke, Montesquieu, Rousseau, "O Federalista". 3. ed. São Paulo: Ática, 1991.
Unidade 2
ADORNO, Sérgio. Cidadania e administração da justiça criminal. Ciências
Sociais Hoje, 1994.
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. 5.
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
CARVALHO, Luiz Fernando Ribeiro de; VIANNA, Luiz Werneck.
Democracia e acesso à justiça. Seminários Friedrich Naumann (IUPERJ), n. 5,
1997.
CAUBET, Christian G. As várias cidadanias da constituinte de 1988. Ciências
Sociais Hoje, 1989.
DALLARI, Dalmo de Abreu. O que são direitos da pessoa. São Paulo: Abril
Cultural, Brasiliense, 1984.
FERNANDES, Heloísa Rodrigues. Política e segurança. São Paulo: Alfa-
Ômega, 1974.
HASSEMER, Winfried. Segurança pública no Estado de direito. Revista
Brasileira de Ciências Criminais, vol. 2, n. 5, 1994.
HELD, David. Modelos de democracia. Belo Horizonte: Paidéia, 1987.
KARPEN, Ulrich. Democracia e estado de direito. São Paulo: Konrad-
Adenauer Stiftung, 1993.
MANZINI-COVRE, Maria de Lourdes. O que é cidadania. 3. ed. São Paulo:
Brasiliense, 1991. (Coleção Primeiros Passos).
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar,
1967.
PRZEWORSKI, Adam. A reforma do Estado: responsabilidade política e
intervenção econômica. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 32, 1996.
126

PRZEWORSKI, Adam. O Estado e o cidadão. (mimeo). Segurança pública


como tarefa do Estado e da sociedade. São Paulo: Konrad-Adenauer Stiftung,
1998. (Série Debates, 18).
SPECK, Bruno Wilhelm. Fraude e corrupção como desafios para as democracias
contemporâneas. In: A democracia como projeto para o século XXI. São Paulo:
Konrad-Adenauer Stiftung, 1998. (Série Debates, 17)
Unidade 3
BRETAS, Marcos Luiz. A guerra das ruas: povo e polícia na cidade do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Ministério da Justiça, Arquivo Nacional, 1997.
CALDEIRA, César. Operação Rio e cidadania: as tensões entre o combate à
criminalidade e a ordem jurídica. Ciências Sociais Hoje, 1996.
CALDEIRA, César. Segurança pública e cidadania: as instituições e suas
funções no Brasil pós-constituinte. Archè Interdisciplinar, vol. 3, n. 9, 1994.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Direitos humanos ou 'Privilégio dos
bandidos'? desventuras da democratização brasileira. Novos Estudos CEBRAP,
n. 31, 1991. p. 161-174.
CARDIA, Nancy. O medo da polícia e as graves violações dos Direitos
Humanos. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de. Direitos legais e direitos efetivos.
Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 29, 1995.
CARVALHO, José Murilo de (ed.). Lei, justiça e cidadania: direitos,
vitimização e cultura política na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro: CPDOC-FGV, ISER, 1997.
CERQUEIRA, Carlos Magno Nazareth. Políticas de segurança pública para um
estado de direito democrático chamado Brasil. Discursos Sediciosos, vol. 1, n.
2, 1996.
KANT DE LIMA, Roberto. A cultura jurídica e as práticas policiais. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, vol. 4, n. 10, 1989.
KANT DE LIMA, Roberto. Polícia e exclusão na cultura judiciária. Tempo
Social: Revista de
Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
OLIVEIRA, Francisco de. Da dádiva aos direitos: a dialética da cidadania.
Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 25, 1994.
OLIVEIRA, Luís Roberto Cardoso de. Entre o justo e o solidário: os dilemas
dos direitos da cidadania no Brasil e nos EUA. Revista Brasileira de Ciências
Sociais, n. 31, 1986.
127

PAIXÃO, Antônio Luiz. Crime, controle social e consolidação da democracia:


as metáforas da cidadania. In: REIS, Fábio W.; O'DONNELL, G. A democracia
no Brasil: dilemas e perspectivas. São Paulo: Vértice, 1988.
PAIXÃO, Antônio Luiz. O problema da polícia: violência e participação
política no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Iuperj, 1995. (Série Estudos).
PAIXÃO, Antônio Luiz. Segurança privada, Direitos Humanos e democracia:
notas preliminares sobre novos dilemas políticos. Novos Estudos CEBRAP, n.
31, 1991. p. 131-141.
PAIXÃO, Antônio Luiz; BEATO FILHO, Cláudio Chaves. Crimes, vítimas e
policiais. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Cidadania e res pública: a emergência dos
direitos republicanos. Brasília: Escola Nacional de Administração Pública,
1997. (Textos ENAP).
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Violência do Estado e classes populares. Dados:
Revista de Ciências Sociais, n. 22, 1979.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Violência, crime e sistemas policiais em países de
novas democracias. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1,
1997.
REIS, Fábio Wanderley. Cidadania, Estado e mercado: democracia social e
democracia política no processo de transformação capitalista. (mimeo).
REIS, Fábio Wanderley. Cidadania, mercado e sociedade civil. Ciências Sociais
Hoje, «O Brasil no rastro da crise», 1994.
REIS, Fábio Wanderley. Consolidação democrática e construção do Estado:
Notas introdutórias e uma tese. In: REIS, Fábio W.; O'DONNELL, G. A
democracia no Brasil: dilemas e perspectivas. São Paulo: Vértice, 1988.
RIBEIRO, Carlos Antônio Costa. Cor e criminalidade: estudo e análise da
justiça no Rio de Janeiro (1900-1930). Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1995.
SALES, Teresa. Caminhos da cidadania: comentários adicionais. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, n. 25, 1994.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. As razões da desordem. Rio de Janeiro:
Rocco, 1993.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Cidadania e justiça: a política social na
ordem brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1987.
ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta. São Paulo: Brasiliense, 1984.
ZALUAR, Alba. Condomínio do Diabo. Rio de Janeiro: Revan, UFRJ, 1994.
128

Sociologia do crime e da violência

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina

A Sociologia do Crime e da Violência constituiu-se, historicamente,


por oposição à
Criminologia Positivista, que buscava as causas do comportamento
desviante em fatores relacionados à herança biológica do indivíduo. Neste
sentido, para a Sociologia, o comportamento desviante ou criminoso seria
resultado de determinantes sociais ou socialmente construídos, como
macroestrutura sócio-econômica ou cultural da sociedade, privação de status
social ou econômico, ação de grupos de referência, deficiências ou interferências
na socialização primária ou secundária do indivíduo e assim por diante.
Atualmente, a Sociologia do Crime e da Violência, através de suas
várias tendências teóricas, contribui decisivamente para a análise do fenômeno
criminoso na sociedade moderna e se coloca como fundamental para a
produção de políticas públicas na área, seja do ponto de vista preventivo,
através da atuação nos fatores da gênese criminosa, na atuação no meio-
ambiente social e urbano das grandes cidades, como do ponto de vista
repressivo, através dos estudos voltados à atuação operacional das organizações
policiais.

II - Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a atender

Sociologia do Crime e da Violência é atualmente uma disciplina aberta,


com vigoroso debate teórico, centrado basicamente em quatro vertentes
principais. A primeira vertente, das Teorias do Aprendizado Social, preconiza
que a atividade criminosa ou desviante é fruto de um processo
socialmente construído de aprendizagem, isto é, a atividade criminosa é
constituída de uma «carreira profissional», na qual o indivíduo aprende
com outras pessoas as técnicas e conhecimentos necessários ao exercício da
atividade.
Uma segunda vertente, das Teorias de Controle Social, argumenta que o
desvio é resultado da atuação ineficiente das instâncias fundamentais de
controle social, como as de socialização primária ou secundária.
Uma terceira vertente, da Teoria dos Rótulos, afirma, por outro
lado, que as próprias instâncias de Controle Social da sociedade rotulam ou
estigmatizam determinados indivíduos que compartilham de determinadas
características, independentemente de suas ações ou comportamento.
129

Por fim, a Teoria da Escolha Racional ou das Atividades Rotineiras


compreende que melhor do que se perguntar pelas causas da criminalidade
ou violência, é atacar a forma como ela se estrutura na sociedade moderna,
lançando mão de artifícios de vigilância ou das idéias da Ecologia do Crime.
Neste sentido, poderíamos colocar que a problemática da Sociologia
do Crime e da Violência perpassa, desde a inquirição sobre as causas da
Criminalidade e da Violência, até a implementação de políticas públicas
macro ou micro-focalizadas no sentido de combatê-la.

III - Importância do seu estudo para o profissional da área

Devido à sua abrangência e a sua importância, a Sociologia do


Crime e da Violência é fundamental para o profissional da área de segurança
do cidadão, dado que propicia a visualização do fenômeno da criminalidade e da
violência a partir de suas raízes sociais e instrumentaliza a ação das
organizações do Sistema de Justiça Criminal para o desenvolvimento de
Políticas Públicas para a área.

Objetivos

- Propiciar ao profissional de segurança do cidadão o conhecimento sobre


os fatores socioculturais da violência e da criminalidade;
- introduzir o aluno no debate sobre as causas da criminalidade e da violência;
- instrumentalizar o profissional para a participação no desenvolvimento de
políticas públicas na área.

Tópicos a serem abordados

I. Criminalidade e violência como um fenômeno social

a) debate entre a Biologia e a Sociologia (Criminologia positivista X


Criminologia
moderna)
b) os conceitos de comportamento desviante e comportamento criminoso e
as
diferenças entre eles.
c) debate teórico da Sociologia do crime e da violência:
- crime como um fenômeno social «normal»
- criminalidade como disfunção entre meios e fins
- teorias da subcultura da criminalidade
- teorias de aprendizagem social
- teorias de controle social
- teoria dos rótulos
130

- teorias de escolha racional

II. Criminalidade na sociedade brasileira contemporânea

a) discussão sobre os estudos e pesquisas que analisam o fenômeno e as


características da criminalidade na sociedade brasileira, com ênfase nos
seguintes aspectos:
- criminalidade urbana violenta nas principais capitais do Brasil
- a questão das drogas e seus reflexos para políticas públicas de prevenção e
repressão
- violência intrafamiliar
- violência contra a mulher
- a questão da criança e do adolescente e o Estatuto da Criança e do
Adolescente
- análise de dados estatísticos das organizações policiais e do sistema de
informações sobre mortalidade do ministério da saúde

III. A Sociologia do crime e da violência e a formulação de políticas públicas

- Discussão sobre os instrumentos disponíveis para a formulação de políticas


públicas na área. Debate entre políticas públicas preventivas e repressivas

Estratégias de ensino

Uso intensivo de exemplos empíricos e análises de caso de problemas da


sociedade brasileira reinterpretados à luz do debate teórico apresentado. Uso de
instrumentos de informática dedicados à construção de uma análise
georeferenciada das informações e estatísticas na área. Uso de filmes e vídeos.

Avaliação da aprendizagem

O aluno deve ser encorajado a utilizar os conhecimentos adquiridos


em referência ao potencial analítico que a disciplina propicia e aos instrumentos
de formulação de políticas públicas de combate à criminalidade e à
violência. Seminários, diagnósticos de problemas específicos, análise crítica
de filmes e vídeos.

Bibliografia sugerida

Unidade 1
131

ADORNO, Sérgio. A criminalidade urbana violenta no Brasil: um recorte


temático. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais:
BIB, n. 35, 1993.
ADORNO, Sérgio. A violência na sociedade brasileira: um painel inconcluso
em uma democracia não consolidada. Sociedade e Estado, vol. 10, n. 2, 1995.
AKERS, Ronald L. Criminological theories. 2. ed. Los Angeles: Roxbury, 1997.
ALLPORT, G. W. Personalidade. São Paulo: Edusp, 1974.
BECKER, Howard S. Outsiders. 13. ed. New York: The Free Press, 1976.
BISSOLI FILHO, Francisco. Estigmas da criminalização. Florianópolis: Obra
Jurídica, 1998.
DIÓGENES, Glória. Cartografias da cultura e da violência. São Paulo: Anna
Blume, 1998.
DURKHEIM, Emile. A divisão do trabalho social. 2. ed. Lisboa: Presença,
1984.
DURKHEIM, Emile. As regras do método sociológico. 11. ed. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1984.
DURKHEIM, Emile. O suicídio. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo:
Harbra, 1979.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 21. ed.
Petrópolis: Vozes, 1999. 280 p.
GOFFMAN, Erving. Estigma. Rio de Janeiro: LTC, 1987.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva,
1987.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva,
1992. (Debates, 91).
MERTON, Robert K. Sociologia: teoria e estrutura. São Paulo: Mestre Jou,
1970.
PAIXÃO, Antônio Luiz. A Sociologia do crime e do desvio: uma revisão da
literatura. Belo
Horizonte, 1983. (mimeo).
POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1975.
SANTOS, José Vicente Tavares dos (ed.). Violência em tempo de globalização.
São Paulo: Hucitec, 1999.
VELHO, Gilberto; ALVITO, Marcos (eds.). Cidadania e violência. Rio de
Janeiro: UFRJ, FGV, 1996.
132

WILSON, James Q. Thinking about crime. New York: Vintage Books, 1985.
ZALUAR, Alba. Violência e crime. In: MICELI, Sérgio. Antropologia. São
Paulo: Sumaré, ANPOCS, 1999. (O que ler na Ciência Social Brasileira, 1)

Unidade 2
BARREIRA, César. Crimes por encomenda. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
1998.
BEATO FILHO, Cláudio Chaves. Determinantes da criminalidade em Minas
Gerais. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 37, 1998.
COELHO, Edmundo Campos. Criminalidade urbana violenta. Dados: Revista
de Ciências Sociais, vol. 31, n. 2, 1988.
CORRÊA, Mariza. Morte em família: representações jurídicas de papéis
sexuais. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
DIÓGENES, Glória. Cartografias da cultura e da violência. São Paulo: Anna
Blume, 1998.
FAUSTO, Boris. Crime e cotidiano. São Paulo: Brasiliense, 1984.
GUIMARÃES, Eloisa. Escola, galeras e narcotráfico. Rio de Janeiro: UFRJ,
1998.
MELLO JORGE, M. H. P.; GAWRYSZEWSKI, V. P.; LATORRE, M. R. D.
Análise dos dados de
mortalidade. Revista de Saúde Pública, vol. 31, 1997.
MELLO JORGE, M. H. P.; VERMELHO, L. L. Mortalidade de jovens:
análise do período de 1930 a 1991 (a transição epidemiológica para a violência).
Revista de Saúde Pública, vol. 30, n. 4, 1996.
MINAYO, Maria Cecília de S. A violência social sob a perspectiva da Saúde
Pública. Cadernos de Saúde Pública, vol. 10, n. 1, «Suplemento», 1994.
MUNIZ, Jacqueline; LARVIE, Sean P.; MUSUMECI, Leonarda et. al.
Resistências e dificuldades de um programa de policiamento comunitário.
Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
SANTOS, José Vicente Tavares dos (ed.). Violência em tempo de globalização.
São Paulo: Hucitec, 1999.
SAPORI, Luís Flávio; BATITUCCI, Eduardo Cerqueira. Análise descritiva da
incidência de homicídios na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Revista
do Legislativo (MG), n. 19, 1997.
SOARES, Bárbara Musumeci. Mulheres invisíveis: violência conjugal e as
novas políticas de segurança. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
133

SOARES, Luiz Eduardo (ed.). Violência e Política no Rio de Janeiro. Rio de


Janeiro: Relume Dumará, 1996.
SOARES, Luiz Eduardo. Uma radiografia da violência no Rio de Janeiro. In:
BINGEMER, Maria Clara Luchetti; BARTHOLO, Roberto dos Santos.
Violência, crime e castigo. São Paulo: Loyola, 1996.
SOUZA, Edinilsa Ramos de. Homicídios no Brasil: o grande vilão da Saúde
Pública. Cadernos de Saúde Pública, vol. 10, n. 1, «Suplemento», 1994.
SOUZA, Edinilsa Ramos de; MINAYO, Maria Cecília de Souza. O impacto da
violência social na Saúde Pública do Brasil: a década de 80. In: MINAYO,
Maria Cecília de Souza. Os muitos brasis: saúde e população na década de 80.
São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1995.
ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta. São Paulo: Brasiliense, 1985.
ZALUAR, Alba. Condomínio do Diabo. Rio de Janeiro: Revan, UFRJ, 1994.
ZALUAR, Alba. Drogas e cidadania. São Paulo: Brasiliense, 1994.
ZALUAR, Alba. Nem líderes, nem heróis: a verdade da história oral. In:
Seminário Polícia Militar, Estado e Sociedade. Belo Horizonte: Fundação João
Pinheiro, 1992.

Unidade 3
ADORNO, Sérgio. Consolidação democrática e políticas de segurança pública
no Brasil: rupturas e continuidades. In: ZAVERUCHA, Jorge. Democracia e
instituições políticas brasileiras no final do século XX. Recife: Bagaço, 1998.
BEATO FILHO, Cláudio Chaves. Políticas públicas de segurança: eqüidade,
eficiência e
accountability.
COELHO, Edmundo Campos. Criminalidade urbana violenta. Dados: Revista
de Ciências Sociais, vol. 31, n. 2, 1988.
PAIXÃO, Antônio Luiz. Problemas sociais, políticas públicas. In: ZALUAR,
Alba. Drogas e cidadania. São Paulo: Brasiliense, 1994.
RICO, José Maria; SALAS, Luís. Delito, insegurança do cidadão e polícia. Rio
de Janeiro: Biblioteca da Polícia Militar, 1992.
SOARES, Bárbara Musumeci. Mulheres invisíveis: violência conjugal e as
novas políticas de segurança. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
134

Sistema de segurança pública no Brasil

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina e sua relação com o contexto atual

A disciplina ora apresentada constitui uma inovação em termos da


estrutura programática dos cursos de formação de policiais vigentes na
sociedade brasileira. Pode-se identificar certamente nos diversos cursos de
formação a existência da temática da estrutura do sistema de segurança
pública nacional, privilegiando-se entretanto uma abordagem meramente
jurídica. Tem-se procurado apenas informar aos policiais como está estruturado
nosso sistema de justiça criminal, explicitando-se as atribuições das diversas
organizações envolvidas, sem contudo acrescentar uma análise crítica desse
mesmo sistema.
Sob este ponto de vista, a disciplina aqui delineada vem de encontro ao
momento de intenso debate nacional sobre o sistema de segurança. Existem,
inclusive, no Congresso Nacional propostas de reformulação deste sistema
visando a garantia de maior eficiência na manutenção da ordem pública.
Considerando esse fato, torna-se fundamental que os policiais brasileiros
nos diversos níveis hierárquicos de suas organizações estejam informados das
diversas posições prevalecentes no debate nacional e saibam se posicionar
criticamente em relação ao mesmo bem fundamentados em termos teóricos e
empíricos.

II - Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a atender

O sistema de segurança pública brasileiro tem sido analisado


preferencialmente pela perspectiva jurídica. Obviamente que não se pode
nem se deve descartar esta abordagem no desenvolvimento da disciplina. É
importante, entretanto, acrescentar a perspectiva das ciências sociais sobre
o tema, aí incluindo-se os estudos sociológicos, antropológicos e
históricos. Nos últimos vinte anos foram realizados estudos diversos por
cientistas sociais brasileiros que acumularam um conhecimento relevante
sobre a dinâmica de nosso aparato de segurança pública e que deve constar da
formação dos policiais.
Do ponto de vista teórico, pode-se destacar abordagens que têm
enfatizado a influência de dimensões culturais da sociedade brasileira na
conformação da justiça criminal, aí incluindo-se a relação entre as
organizações policiais e o respeito aos direitos básicos da cidadania além
135

da relação entre as organizações policiais e o judiciário. Deve-se mencionar


também que uma outra vertente de estudos e análises tem privilegiado a
compreensão do sistema de segurança pública em seus aspectos
organizacionais. Nesta perspectiva teórica, a ênfase é na explicitação dos
fatores estruturais que afetam o comportamento dos membros no interior de
cada uma das organizações bem como dos fatores que afetam o grau de
articulação ou mesmo de desarticulação entre as organizações do sistema.
Algumas problemáticas têm sido explicitadas nestes estudos dos cientistas
sociais brasileiros e que merecem uma reflexão por parte dos profissionais
da área de segurança do cidadão. Uma delas refere-se ao distanciamento
indesejável existente entre as organizações policiais e o judiciário. Outro
aspecto a ser discutido é a prevalência de uma predisposição muito mais para a
competição do que para a colaboração por parte das organizações policiais
brasileiras, o que tem afetado o grau de efetividade das políticas de combate ao
crime em nossa sociedade.

III - Importância do seu estudo para o profissional da área

O estudo do sistema de segurança pública na sociedade brasileira é de


importância vital para a formação do profissional da área. A disciplina
constitui uma oportunidade ímpar para que o policial possa refletir de
maneira crítica sobre a dinâmica de nosso aparato organizacional
responsável pelo controle da criminalidade. O profissional de segurança do
cidadão não pode assumir suas atribuições formais sem que tenha o devido
conhecimento dos fatores sociológicos que estão afetando a atuação das
organizações policiais, judiciais e prisionais na realidade brasileira. Através
desse conhecimento ele será capaz de entender melhor não apenas sua inserção
no sistema como também terá melhores condições de compreender o
comportamento dos profissionais que atuam nas demais organizações de
segurança pública.

IV - Abordagens correlatas às especificidades exigidas

O conteúdo programático que está sendo proposto para essa


disciplina pode e deve ser ministrado para todos os cursos de formação
das diversas organizações policiais brasileiras. As diferenças entre a polícia
ostensiva e a polícia judiciária ou mesmo entre estas e a polícia federal não
implicam em especificidades na definição dos tópicos temáticos da
disciplina. Deve ser considerado apenas pelas respectivas academias de polícia
o perfil do grau de instrução da carreira policial para a qual a disciplina será
ministrada. Nesse sentido, sugere-se que a escolha da bibliografia básica da
disciplina seja diferenciada considerando se o público alvo tem como grau de
instrução o nível médio ou o nível superior.
136

Objetivos

- Apresentar a estrutura e as atribuições das organizações que compõem o


sistema de segurança pública na sociedade brasileira;
- analisar os pontos de articulação e de desarticulação existentes na dinâmica do
sistema de segurança pública;
- analisar a diversidade de atribuições entre os executivos federal, estadual e
municipal no que se refere à segurança pública;
- estudar o funcionamento do sistema policial brasileiro, procurando
destacar a diversidade das realidades estaduais bem como procurando realizar
comparações com sistemas policiais internacionais;
- estudar o funcionamento do judiciário brasileiro, procurando analisar sua
relação com as organizações policiais;
- estudar o funcionamento do sistema prisional brasileiro, ressaltando os
aspectos atuais mais problemáticos do sistema.

Tópicos a serem abordados

I. A segurança pública como sistema interorganizacional

a) capítulo da segurança pública na Constituição Federal brasileira


b) as diferentes competências das organizações policiais brasileiras
c) as atribuições das Guardas Municipais
d) as competências legais do Ministério Público e do Judiciário
e) tratamento ao preso e a Lei de Execução Penal no Brasil

II. O sistema policial na sociedade brasileira

a) as diferenças organizacionais e históricas existentes entre as polícias


brasileiras
b) os principais pontos de atrito existentes entre as organizações policiais
na sociedade brasileira
c) os modelos policiais existentes em outros contextos internacionais
d) as propostas e experiências de ação integrada entre as organizações
policiais aplicadas no Brasil.

III. A relação das organizações policiais com o Judiciário e o Ministério Público

a) a atuação do Ministério Público enquanto instância de controle externo


da atividade policial
137

b) cultura judicial e marginalização das organizações policiais na


sociedade brasileira
c) os juizados especiais criminais e a aproximação da justiça em relação
à população

IV. Os desafios do sistema prisional na sociedade brasileira

a) diagnóstico da realidade do sistema prisional brasileiro


b) a questão da superlotação carcerária e suas implicações sobre o
trabalho policial
c) as perspectivas de reformas no sistema prisional brasileiro

Estratégias de ensino

A disciplina sob consideração apresenta caráter eminentemente


analítico, de modo que as aulas expositivas devem se constituir na principal
técnica de ensino. Mas ressalte-se que tais aulas expositivas devem ser
dialogadas, procurando estimular o aluno para o debate e para a reflexão
crítica dos conteúdos ministrados.
Sugere-se ainda que as exposições do professor sejam enriquecidas com
seminários em sala de aula, possibilitando assim uma reflexão mais coletiva
sobre determinados textos da bibliografia básica. É importante também
contrabalançar as aulas expositivas com a projeção de filmes ou mesmo
vídeos atinentes ao tema.
Sugere-se também que sejam convidados profissionais de notória
respeitabilidade no sistema de segurança pública para fazerem palestras sobre
suas respectivas organizações para os alunos do curso.

Avaliação da aprendizagem

A avaliação do conteúdo ministrado na disciplina deve considerar


recursos diversos. Em primeiro plano, é importante a utilização do instrumento
da prova escrita de modo a se verificar o grau de aprendizagem do aluno bem
como sua capacidade de articulação lógica das idéias. A elaboração de
trabalhos individuais ou em grupos através dos quais exige-se do aluno uma
pesquisa mais profunda de certo tema e a capacidade de construir uma
análise sistemática é outro instrumento importante de avaliação.
Soma-se a isso, a avaliação de seminários realizados com os alunos em
sala de aula. Aqui é importante avaliar o envolvimento do aluno com a
disciplina, a atualização da leitura da bibliografia sugerida além de sua
capacidade de expressar verbalmente suas idéias.
138

Sugere-se também que a aprendizagem seja avaliada através de exercícios


em sala de aula, realizados em pequenos grupos, exigindo-se uma reflexão
mais sistemática de questões apresentadas em textos ou mesmo vídeos.

Bibliografia sugerida

Unidade 1

ADORNO, Sérgio. O sistema de administração da justiça criminal. São


Paulo: NEV/USP, 1991. (Relatório de pesquisa, mimeo).
ADORNO, Sérgio. Cidadania e administração da justiça criminal. Ciências
Sociais Hoje, 1994.
CALDEIRA, César. Operação Rio e cidadania: as tensões entre o combate à
criminalidade e a ordem judiciária. In: REIS, E.; ALMEIDA, M. H.; FRY, P.
Política e cultura: visões do passado e perspectivas contemporâneas. São
Paulo: Hucitec, Anpocs, 1995.
COELHO, Edmundo Campos. Constituição e segurança pública. Indicador, n.
28, 1989.
SILVA, Jorge da. Controle da criminalidade e segurança pública na nova
ordem constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 1990.
ZAVERUCHA, Jorge. A constituição brasileira de 1988 e seu legado
autoritário formalizando a democracia mas retirando sua essência. In:
ZAVERUCHA, Jorge. Democracia e instituições políticas brasileiras no final
do século XX. Recife: Bagaço, 1998.

Unidade 2

BEATO FILHO, Cláudio Chaves. Ação e estratégia das organizações


policiais. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento
de Sociologia e Antropologia, 1998. (mimeo).
BRETAS, Marcos Luiz. A guerra das ruas: povo e polícia na cidade do Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Ministério da Justiça, Arquivo Nacional, 1997.
FELTES, Thomas. Combate à criminalidade na prática: o exemplo da
Alemanha. In: Segurança pública como tarefa do Estado e da sociedade. São
Paulo: Konrad-Adenauer Stiftung, 1998. (Série Debates, 18)
LÉVY, René. A crise do sistema policial francês hoje: da inserção local aos
riscos europeus. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
139

PAIXÃO, Antônio Luiz. Polícia e segurança pública. Alferes: Revista da


Polícia Militar de Minas Gerais, vol. 9, n. 30, 1991.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Violência, crime e sistemas policiais em países de
novas democracias. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1,
1997.
SALAS, Luís P. Justiça penal na América Latina: reformas e desafios. In:
Segurança Pública como tarefa do Estado e da sociedade. São Paulo: Konrad-
Adenauer Stiftung, 1998. (Série Debates, 18)
SETTE CÂMARA, Paulo. Defesa social e segurança pública: contribuição
para o plano nacional de segurança pública. Belém: Secretaria Especial de
Estado de Defesa Social, 2000. (www.segup.pa.gov.br/defsoc_segpub.htm)
SILVA, Jorge da. Militarização da segurança pública e reforma da polícia: um
depoimento. In: Ensaios Jurídicos - O Direito em revista. Rio de Janeiro:
Instituto Brasileiro de Atualização Jurídica (IBAJ), 1996.
SKOLNICK, Jerome. A experiência dos Estados Unidos em matéria de justiça
penal. In: Segurança Pública como tarefa do Estado e da Sociedade. São
Paulo: Konrad-Adenauer Stiftung, 1998. (Série Debates, 18)
TAVARES, José Vicente. A arma e a flor: formação da organização policial,
consenso e violência. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1,
1997.

Unidade 3

ADORNO, Sérgio. Discriminação racial e justiça criminal em São Paulo. Novos


Estudos, n. 43, 1995.
ARANTES, Rogério Bastos. Direito e política: o Ministério Público e a defesa
dos direitos coletivos. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 39, 1999.
CANCELLI, Elizabeth. A organização do sistema e normas jurídicas: os
primeiros tempos da República. In: SANTOS, José Vicente T. Violência em
tempo de globalização. São Paulo: Hucitec, 1999.
FARIA, José Eduardo (ed.). Direito e justiça: a função social do Judiciário. São
Paulo: Ática, 1989.
FRY, Peter; CARRARA, Sérgio. As vicissitudes do liberalismo no Direito
Penal brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 1, n. 2, 1986.
GRYNSZPAN, Mario; PANDOLFI, Dulce; CARVALHO, José Murilo de et. al.
Acesso e recurso à justiça no Brasil: algumas questões. In: PANDOLFI, Dulce;
140

CARVALHO, José Murilo de; CARNEIRO, Leandro Piquet et. al. Cidadania,
justiça e violência. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988.
IZUMINO, Wânia Pasinato. Justiça e violência contra a mulher. São Paulo:
Anna Blume, FAPESP, 1998.
KANT DE LIMA, Roberto. A cultura jurídica e as práticas policiais. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, vol. 4, n. 10, 1989.
KANT DE LIMA, Roberto. Tradição inquisitorial no Brasil, da colônia à
República. 1992. (Religião e Sociedade).
KANT DE LIMA, Roberto. A polícia da cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas
e paradoxos. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
KANT DE LIMA, Roberto. Polícia e exclusão na cultura judiciária. Tempo
Social: Revista de
Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
SADEK, Maria Tereza. O papel atual e futuro do Ministério Público. In:
Segurança Pública como tarefa do Estado e da Sociedade. São Paulo: Konrad-
Adenauer Stiftung, 1998. (Série Debates, 18)
SADEK, Maria Tereza; ARANTES, Rogério Bastos. A crise do Judiciário e a
visão dos juizes. Revista USP, n. 21, «Dossiê Judiciário», 1995.
SAPORI, Luís Flávio. A administração da justiça criminal numa área
metropolitana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 29, 1995.
SILVA, Jorge da. Representação e ação dos operadores do sistema penal do Rio
de Janeiro. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1, 1997.
VARGAS, Joana. Familiares ou desconhecidos: a relação entre os protagonistas
do estupro no fluxo do sistema de justiça criminal. Revista Brasileira de
Ciências Sociais, vol. 14, n. 40, 1999.

Unidade 4

ADORNO, Sérgio. Sistema penitenciário no Brasil. Revista USP, n. 9, «Dossiê


Violência», 1991.
ADORNO, Sérgio; BORDINI, E. B. Reincidência e reincidentes
penitenciários em São Paulo: 1974-1985. Revista Brasileira de Ciências Sociais,
n. 9, 1989.
141

ADORNO, Sérgio; FISCHER, R. M. Políticas penitenciárias: um fracasso?


Lua Nova, vol. 87, n. 3, 1987.
BATISTA, Nilo. Alternativas à prisão no Brasil. Revista da Escola do Serviço
Penitenciário (Porto Alegre), vol. 1, n. 4, 1990.
CAMARGO, Maria Soares. Terapia penal e sociedade. Campinas: Papirus,
1984.
CAMARGO, Maria Soares. A prisão na sociedade industrial. Revista da Escola
do Serviço
Penitenciário (Porto Alegre), vol. 1, n. 1, 1989.
COELHO, Edmundo Campos. A oficina do diabo. Rio de Janeiro: IUPERJ,
Espaço e Tempo, 1987.
COELHO, Edmundo Campos. Da falange vermelha a escadinha: o poder nas
prisões. Presença, n. 11, 1988.
DIAS, Francisco. A república fechada: as prisões no Brasil. São Paulo: Ícone,
1990.
FANDINO, J. M.; SCHABBACH, L. M.; TIRELLI, C. et. al. O sistema
prisional do Rio Grande do Sul: análise do censo penitenciário de 1994. In:
SANTOS, José Vicente T. Violência em tempo de globalização. São Paulo:
Hucitec, 1999.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 21. ed.
Petrópolis: Vozes, 1999. 280 p.
GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva,
1992. (Debates, 91).
LENGRUBER, Julita. Cemitério dos vivos. Rio de Janeiro: Achiamé, 1983.
LENGRUBER, Julita. Reincidência e reincidentes penitenciários no sistema
penal do Estado do Rio de Janeiro. Revista da Escola do Serviço Penitenciário
(Porto Alegre), vol. 1, n. 2, 1989.
LENGRUBER, Julita. Alternativas à pena de prisão. In: Anais da Conferência
promovida pela Secretaria de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: Secretaria de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, 1996.
MARQUES, João Benedito de Azevedo; MACHADO, Marcelo. História de um
massacre: Casa de Detenção de São Paulo. São Paulo, Brasília: Cortez, Ordem
dos Advogados do Brasil, 1993.
PAIXÃO, Antônio Luiz. Recuperar ou punir. São Paulo: Cortez, 1987.
THOMPSON, Augusto. A questão penitenciária. Rio de Janeiro: Forense, 1993.
142

Fundamentos de Polícia Comunitária

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina e debate teórico atual

A idéia básica do que se veio a conhecer como Polícia Comunitária é a


idéia de produção conjunta ou co-produção da segurança pública. A
consolidação da força policial moderna, enquanto instituição burocratizada, na
Inglaterra em finais do séc. XIX, e os seus desenvolvimentos posteriores,
apontaram para as dificuldades enfrentadas pelo Estado, em regimes
democráticos, em compatibilizar a justiça substantiva, produzida
consensualmente na vida cotidiana dos indivíduos em sociedade e a justiça
formal, através da aplicação da lei. A idéia da Polícia Comunitária
apontava para uma possibilidade de resolução desta ambigüidade clássica do
fazer policial, dado que o pressuposto era da produção conjunta (Estado e
Sociedade) da ordem pública.
Atualmente, existem diversas estratégias consolidadas de se fazer ou
pensar Polícia Comunitária, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e
Inglaterra. Invariavelmente, todas apontam para a necessidade de uma
profunda mudança organizacional a ser executada nas
organizações policiais, no sentido de abraçar a Polícia Comunitária tanto
como uma filosofia, como uma estratégia de se fazer polícia.
Enquanto filosofia, a Polícia Comunitária demanda uma mudança de
foco no trabalho policial, voltado, agora, para a inclusão substantiva da
comunidade nas questões afeitas à manutenção da ordem pública. As
demandas, a participação e o conhecimento da comunidade adquirem papel
fundamental na consolidação da estratégia policial.
Enquanto estratégia, a Polícia Comunitária exige uma mudança
radical na maneira tradicional de se fazer polícia, realocando o uso dos meios e
dos recursos humanos disponíveis para a atividade policial.

II - Importância do seu estudo para o profissional da área

A Polícia Comunitária, apesar de não ter ainda obtido consenso na


bibliografia, vem sendo intensivamente utilizada, aqui como em outros
países, como estratégia policial ideal para as dificuldades que hoje se
apresentam aos atores do sistema e à comunidade. Neste sentido, é de
fundamental importância para os profissionais da área de segurança do cidadão.
143

Objetivos

- Propiciar ao profissional da área de segurança do cidadão o


conhecimento sobre as questões teóricas e empíricas relacionadas à estratégia
de Polícia Comunitária;
- instrumentalizar o policial para entender as vantagens, os problemas e a
metodologia de Polícia Comunitária.

Tópicos a serem abordados

I. A filosofia da Polícia Comunitária

a) introdução aos movimentos sociais


b) segurança pública e o papel da comunidade
c) polícia comunitária como estratégia inclusiva de produção da segurança
pública

II. Polícia Comunitária como uma estratégia de policiamento

a) pressupostos organizacionais e operacionais da polícia comunitária


b) processos de implementação, manutenção e avaliação de um programa
de polícia comunitária
c) vantagens e desvantagens estratégicas e operacionais da Polícia Comunitária

III. Experiências de Polícia Comunitária no Brasil

- Análise e discussão das pesquisas que discutem os programas de Polícia


Comunitária no Brasil.

Estratégias de ensino

Uso intensivo de exemplos empíricos e análises de caso de


problemas de implantação da Polícia Comunitária na sociedade brasileira. Uso
de filmes, vídeos e visitas a localidades onde o programa é operacionalizado.

Avaliação da aprendizagem

O aluno deve ser encorajado a utilizar os conhecimentos adquiridos


em referência ao potencial de combate à criminalidade e à violência que
os programas de Polícia Comunitária apresentam. Seminários, diagnósticos de
problemas específicos, análise crítica de filmes e vídeos.
144

Bibliografia sugerida

A bibliografia nesta área é extremamente limitada. Neste sentido o


uso intensivo dos manuais, estudos e diagnósticos produzidos pelas
próprias organizações policiais é fundamental. Além deste material, sugere-
se:

BEATO FILHO, Cláudio Chaves. Ação e estratégia das organizações policiais.


In: Seminário Polícia e Sociedade Democrática. Rio de Janeiro, 1999.
CARVALHO, José Murilo de (ed.). Lei, justiça e cidadania: direitos,
vitimização e cultura política na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro: CPDOC-FGV, ISER, 1997.
CERQUEIRA, Carlos Magno Nazareth (ed.). Do patrulhamento ao
policiamento comunitário. Rio de Janeiro: Fundação Ford, Freitas Bastos, 1998.
MUNIZ, Jacqueline; MUSUMECI, Leonarda. Resistências e dificuldades de um
programa de policiamento comunitário. Tempo Social: Revista de Sociologia da
USP, vol. 9, n. 1, 1997. p. 197-213.
RICO, José Maria; SALAS, Luís. Delito, insegurança do cidadão e polícia. Rio
de Janeiro: Biblioteca da Polícia Militar, 1992.
Segurança pública como tarefa do Estado e da sociedade. São Paulo: Konrad-
Adenauer Stiftung, 1998. (Série Debates, 18).
SOUZA, Elenice de. Polícia comunitária em Belo Horizonte: avaliação e
perspectivas de um programa de segurança pública. Universidade Federal de
Minas Gerais, Departamento de Sociologia e Antropologia, 1999. Dissertação,
Mestrado.
TROJANOWICZ, Robert; BUCQUEROUX, Bonnie. Policiamento
comunitário: como começar. 2. ed. São Paulo: Polícia Militar do Estado de São
Paulo, 1999. 337 p.
145

Qualidade em serviços

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina no contexto atual

O movimento da qualidade surge com ênfase a partir da década de 80 no


Brasil como forma de adequação das práticas de gestão às necessidades de um
mercado ávido por produtos e serviços de qualidade e a preços mais baixos,
o que envolve transformações no processo produtivo e de gerenciamento
nas organizações. Por outro lado, o cidadão passa a reivindicar de forma
mais incisiva seus direitos, notadamente após a promulgação da Constituição de
1988.
Os governos em seus diversos níveis vêm estruturando ações de
modo a transformar a qualidade em instrumento de modernização da
Administração Pública brasileira a partir da década de 90, ressaltando sua
dimensão formal - que se refere à competência para produzir e aplicar
métodos, técnicas e ferramentas - e a sua dimensão política - que se
refere à competência para projetar e realizar organizações públicas que
atendam às necessidades dos cidadãos. Dessa forma, a gestão pela Qualidade
instrumentalizará o alcance da dimensão política em sua expressão mais
ampla: a qualidade de vida. Os diversos cursos promovidos sobre o tema
nas diversas áreas de atuação, inclusive da segurança pública, demonstram a
sua dimensão.
Assim, os atuais desafios da gestão pública exigem formas flexíveis
de ação onde a qualidade é um dos preceitos básicos. As instituições públicas
precisam melhorar seu desempenho, em especial no que se refere à redução
de custos e à melhoria da qualidade do atendimento ao cidadão. É
imprescindível uma visão estratégica da gestão de segurança do cidadão,
buscando o desenvolvimento da capacidade de reflexão e crítica do profissional,
com vistas a torná-los agentes de mudanças no âmbito de suas organizações.
A Qualidade em serviços é uma disciplina recente e fundamental no
atual cenário da sociedade, pela necessidade de melhoria na prestação dos
serviços de segurança ao cidadão quanto da melhoria dos processos para se
atingir tais resultados.

II - Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a responder

O debate teórico da qualidade envolve duas vertentes distintas. A


vertente tradicional, baseada nos princípios originais da qualidade voltada
146

para a melhoria do processo produtivo, e conseqüente aumento de


produtividade, como forma de aperfeiçoamento do modelo taylorista-
fordista. Essa corrente destaca que a ênfase na qualidade exige o
envolvimento de todos os profissionais, independentemente de nível, cargo ou
função, com a melhoria do serviço público, e o compromisso de cooperação
entre superiores e subordinados com a busca de solução dos problemas,
com o aperfeiçoamento contínuo e com a satisfação dos clientes internos
(profissionais de segurança) e dos clientes externos (cidadãos). Preconizada
nos meios industriais, foi sendo incorporada a outros setores, como o de
serviços com as adaptações requeridas aos distintos processos.
A Qualidade tem no processo o seu centro prático de ação e compreende a
definição clara dos clientes (internos ou externos) e dos resultados
esperados; a geração dos indicadores de desempenho; a preocupação
constante com o fazer certo o que é certo da primeira vez, envolvendo todos os
servidores com o compromisso de satisfazer o cliente. Trabalhar com processos,
por sua vez, implica identificar conjuntos de tarefas que independentemente
das funções, gerem uma prestação de serviços que agreguem valor ao cidadão.
Caracteriza-se o processo por uma relativa autonomia na decisão, pelo estímulo
à criatividade e pelo estilo participativo de sua gestão.
A vertente crítica aponta a Qualidade como mais um «modismo»
importado do Japão, baseado na maximização da exploração do trabalhador
através de modernas técnicas de convencimento e novas formas de regulação
de conflito através do discurso da participação, não passando de uma técnica de
exacerbação das práticas tayloristas-fordistas nas organizações. Isso poderia
ser comprovado pela baixa adesão voluntária aos processos participativos que
não exigem uma coerção dos não participantes, trabalho fora do horário
regulamentado, ínfima premiação aos trabalhadores frente às economias do
processo, desgaste psíquico do empregado pelo alto grau de competitividade
entre as equipes de trabalho, metas a serem alcançados e busca do
aperfeiçoamento contínuo.
Não obstante às diversas críticas, o movimento da qualidade vem se
expandindo em todo o mundo, com suas premissas incorporadas no processo
produtivo e nas exigências da sociedade.

III - Importância do seu estudo pelo profissional de segurança do cidadão

A importância do estudo pode ser baseada nos preceitos ditados


pelo Plano Nacional de Qualidade e Produtividade na Administração Pública,
através dos princípios que norteiam o estudo da qualidade e visam à
satisfação do cliente, ao envolvimento de todos os servidores, ao
desenvolvimento da gestão participativa, ao foco nos processos, à
valorização do profissional, à adesão da alta administração, à melhoria
contínua, à nenhuma tolerância ao erro.
147

A disciplina propicia aos profissionais de segurança do cidadão, e


consequentemente o papel de seus respectivos órgãos e entidades públicas, a
necessidade de conhecer e ouvir os seus clientes internos e externos - que são
os demais órgãos e entidades públicas, os servidores, e, principalmente, os
cidadãos - que representam, na verdade, os legítimos destinatários da ação
pública, estabelecendo mecanismos que viabilizem a parceria com eles e a
superação das suas expectativas.
Ao entender na disciplina que deve assumir o compromisso com a
melhoria contínua de suas atividades, o profissional de segurança do cidadão
envolve-se com a qualidade, assim como a alta administração, o corpo
gerencial e a base operacional da sua organização, sendo ele elemento
multiplicador do processo nos parâmetros da gestão participativa.
A gestão pela Qualidade é participativa, ou seja, pressupõe a convocação
dos servidores a participar da melhoria de seus processos de trabalho;
estabelece a cooperação entre superiores e subordinados; dissemina
informações organizacionais; compartilha desafios; coloca a decisão o mais
próximo possível da ação.
O profissional de segurança adquire em seu estudo conhecimentos para
identificar e analisar os processos da organização; estabelecer metas de melhoria
e aperfeiçoamento desses processos; avaliar os processos pelos resultados frente
aos clientes; normalizar os estágios de desenvolvimento atingidos pelos
processos.
O profissional se conscientiza da necessidade de valorização do
servidor público (cliente interno) como garantia ao cumprimento da missão
da Administração Pública de atender com qualidade ao cidadão. A
valorização será função da conscientização, pelo profissional, do sentido e do
valor de sua missão; da profissionalização do serviço público; da avaliação do
desempenho por resultados, a partir de objetivos bem definidos; do
reconhecimento do mérito.
A disciplina mostra que a alta administração tem o dever
indelegável de estabelecer e compartilhar com toda a organização objetivos
de longo prazo que permitam coerência e efetividade de seus projetos e
de suas ações. O planejamento é o instrumento por excelência do sistema
de gestão pela Qualidade e fator de coerência do processo decisório.
Dessa forma, o profissional de segurança percebe que a melhoria é um
processo contínuo, inesgotável e está alicerçada no estímulo à criatividade e no
estabelecimento permanente de novos desafios, aliada ao compromisso com o
fazer certo como um traço da cultura de uma organização pública de qualidade.

Objetivos
148

Sensibilizar os profissionais e suas organizações para a importância


da prestação de serviços de segurança do cidadão com qualidade, por
meio da institucionalização dos seus princípios, com ênfase na participação
das pessoas apoiando o processo de mudança de uma cultura burocrática para
uma cultura gerencial, fortalecendo a delegação, o atendimento ao cidadão, a
racionalidade no modo de fazer, a definição clara de objetivos, a motivação dos
profissionais e o controle de resultados.

Tópicos a serem abordados

I. Princípios da qualidade

- conceitos
- princípios
- aplicação

II. Gestão participativa

- conceitos
- mobilização
- limitações

III. Gerência de processos

- conceitos
- identificação e controle

IV. Resistência e mudança

Estratégia de ensino

A metodologia de ensino das matérias de formação do profissional,


além dos tradicionais recursos da exposição didática, estudos de caso, dos
exercícios práticos em sala de aula, dos estudos dirigidos e independentes
e seminários, deverá incluir mecanismos que garantam a articulação do
curso com a realidade concreta da sociedade e os avanços tecnológicos,
incluindo alternativas como multimídia, visitas técnicas, teleconferência,
Internet e projetos desenvolvidos com parceiros geograficamente dispersos,
via Internet. Os participantes também poderão simular em grupo a construção
de um plano para a melhoria de gestão tendo por base os critérios de
qualidade.
149

Avaliação de aprendizagem

A avaliação da aprendizagem deve, como um elemento essencial do


ensino de qualidade, observar os seguintes critérios:
Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; que o
processo avaliativo seja orientado para a realimentação do esforço do aluno na
medida em que os resultados das atividades de avaliação sejam discutidos a fim
de servirem para orientar o seu esforço de aprendizagem, indicando erros e
limitações, sugerindo rumos e advertindo sobre riscos e não apenas comunicado
aos alunos.
Ao final do curso, o participante será capaz de identificar e aplicar os
princípios básicos da qualidade em seu ambiente de trabalho.

Bibliografia sugerida

ABREU, Romeu Carlos Lopes de. CCQ, círculos de controle da qualidade.


São Paulo: Do Autor, 1987.
AIDAR, M. M. Qualidade humana: as pessoas em primeiro lugar
desenvolvendo uma cultura na empresa. São Paulo: Maltese, 1995.
ARNALD, K. L. O guia gerencial para a ISO 9000. Rio de Janeiro: Campus,
1994.
BAND, W. A. Competências críticas: dez novas idéias para revolucionar a
empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
BARÇANTE, L. C. Qualidade total: uma visão brasileira. Rio de Janeiro:
Campus, 1998.
BARROS, B. T.; PRATES, M. A. O estilo brasileiro de administrar. São Paulo:
Atlas, 1996.
BARROS, Claudius d'A. C. Qualidade e participação. São Paulo: Nobel, 1991.
BROCKA, B. Gerenciamento da qualidade. São Paulo: Makron, 1994.
CAKLAND, J. S. Gerenciamento da qualidade total. São Paulo: Nobel, 1994.
CAMP, R. C. Benchmarking: o caminho da qualidade total. São Paulo:
Pioneira, 1993.
150

CAMPOS, V. F. TQC gerenciamento da rotina do trabalho dia-a-dia. São


Paulo: Bloch, 1994.
CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total. Belo Horizonte: Fundação
Christiano Ottoni, 1992.
CARVALHO, H. R. de. Iso 9000: passaporte para a qualidade. Rio de Janeiro:
Campus, 1998.
CERQUEIRA NETO, E. P. de. Gestão da qualidade: princípios e métodos. São
Paulo: Pioneira, 1991.
CHANG, Y. S. Qualidade na prática um manual da liderança para gerências
orientadas para resultados. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
CROSBY, P. Qualidade e investimento a arte de garantir a qualidade. São
Paulo: Atlas, 1994.
DAVIDOW, W. Serviço total ao cliente: a arma decisiva. Rio de Janeiro:
Makron, 1992.
GIL, A. de L. Qualidade total nas organizações: indicadores de qualidade,
gestão econômica. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas, 1992.
GOMES, D. D. Fator K conscientização e comportamento: criando
qualidade no ambiente da organização. São Paulo: Pioneira, 1994.
HUNT, V. D. Gerenciamento para a qualidade integrando qualidade na
estratégia de negócios. Rio de Janeiro: Livros Técnicos Científicos, 1994.
ISHIKAWA, K. À maneira japonesa. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
JURAN, J. M.; GRYNA, F. M. Controle da qualidade: ciclo dos produtos - do
marketing a assistência técnica. São Paulo: Makron, 1992.
LAS CASAS, A. L. Qualidade total em serviços. São Paulo: Atlas, 1996.
LOBOS, J. Qualidade: através das pessoas. São Paulo: Fundação Getúlio
Vargas, 1991.
MAIN, Jeremy. Guerras pela qualidade: os sucessos e fracassos da revolução
da qualidade. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
MARTIN, J. A. Grande transição. São Paulo: Futura, 1997.
MARX, R. Trabalho em grupos e autonomia como instrumentos da
competição: experiência internacional, casos brasileiros e metodologia de
implantação. São Paulo: Atlas, 1998.
MATOS, F. G. de. Desburocratização. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas,
1979.
MELLO, G. N. de. Cidadania e competitividade. São Paulo: Cortez, 1998.
MOREIRA, D. A. Administração da produção. São Paulo: Pioneira, 1993.
151

OGLIASTRI, E. Gerência japonesa e círculos de participação: experiências na


América Latina. São Paulo: Maltese, 1992.
OHMAE, K. A estrategista em ação: a arte japonesa de negociar. São Paulo:
Pioneira, 1985.
OLIVEIRA, Marco A. (ed.). Mitos e realidades da qualidade no Brasil. São
Paulo: Nobel, 1994.
OSADA, Takashi. Housekeeping, 5S's: cinco pontos-chaves para o ambiente da
qualidade total. São Paulo: IMAM, Atlas, 1986.
PETERS, Tom; AUSTIM, Nancy. Excelência acima de tudo: a busca da
excelência através da liderança. São Paulo: Record, 1991.
PRAZERES, P. M. Dicionário de termos da qualidade. São Paulo: Atlas, 1996.
ROBERTS, Harry V. A qualidade e pessoal: uma base para a gerência da
qualidade total. São Paulo: Pioneira, 1994.
SHIOZAWA, R. S. C. Qualidade no atendimento e tecnologia da informação.
São Paulo: Atlas, 1996.
152

Abordagem sócio-psicológica da violência

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

A peculiaridade do trabalho policial, que se caracteriza ou pela sua


presença ostensiva, ou pelo seu trabalho investigativo, torna-o referência
para os cidadãos no atendimento das mais diversas solicitações, incluindo aí
crimes que envolvam o comportamento violento.
Tradicionalmente, a violência tem sido analisada sob a ótica da
deformação da personalidade individual ou sob a ótica da jurisprudência. A
teoria de traços da personalidade, bem como a teoria lombrosiana, propostas no
início do século XX, embora já tenham demonstrado sua pouca
fidedignidade, continuam sendo os referenciais da maioria dos que abordam o
assunto.
O ponto de vista que se defende nesta proposta é que a violência
merece uma análise multidisciplinar, envolvendo o ponto de vista da
antropologia, da sociologia e da psicologia. Isto significa que a cultura é uma
construção social e as sociedades adotam os valores próprios de sua cultura,
transmitindo-os aos indivíduos e, deste modo, definindo os comportamentos das
pessoas.
Nessa abordagem, a violência ganha sentido numa cultura, transmite-se
socialmente e manifesta-se no comportamento dos indivíduos e dos grupos.
Através da linguagem e do gesto, a violência se manifesta num grupo social e
contamina os indivíduos que o compõem. Numa perspectiva macrosocial, a
violência ganha um sentido mais realista e, sem deixar de lado as
manifestações individuais, acena para novas formas de se encarar e evitar o
crime.

Objetivos

- Definir o objeto e o campo das ciências sociais aplicadas ao estudo da


violência;
- analisar o fenômeno da violência numa perspectiva socio-psico-antropológica;
- analisar o processo de construção social da personalidade individual;
- distinguir comportamento normal e patológico;
- identificar os principais quadros psiquiátricos associados ao comportamento
violento;
- avaliar o papel das leis e normas sociais face ao crime e à violência.
153

Tópicos a serem abordados

I. Ciências sociais aplicadas ao estudo da violência: a visão da Antropologia, da


Psicologia e da Sociologia
II. Personalidade: conceito e elementos constitutivos (constituição,
temperamento e caráter)
III. Estrutura e dinâmica da personalidade: papel da socialização
IV. Comportamento normal versus comportamento desviante (patológico)
V. Doença mental e violência: características dos principais quadros
psiquiátricos
VI. A vida em sociedade: o papel das leis e regulamentos

Estratégias de ensino

Aulas expositivas, debates com especialistas, estudos de casos e exibição


e análise de filmes.

Avaliação da aprendizagem

Provas objetivas, análise de casos simulados e provas situacionais.

Bibliografia sugerida

BARON, A. Robert; BYRNE, Donn. Psicologia social. 8. ed. Madrid: Prentice


Hall Iberia, 1998.
BOCK, Ana Maria. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São
Paulo: Saraiva, 1995.
DOURADO, Luis Ângelo. Ensaio de Psicologia criminal.
DOYLE, Iracy. Nosologia psiquiátrica. Rio de Janeiro.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo:
Harbra, 1979.
HALL, C. S.; LINDZEY, G. Teorias da personalidade. São Paulo: EPU, 1973.
KAPLAN, Harold; SADOCK, Benjamim. Compêndio de Psiquiatria dinâmica.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
KRECH, David; CRUTCHFIELD, Richard S.; BALLACHEY, Egerton L. O
indivíduo na sociedade: um manual de psicologia social. São Paulo: Pioneira,
1969.
154

MARANHÃO, Odon Ramos. Psicologia do crime.


MCDAVID, John W.; HARARI, Herbert. Psicologia e comportamento social.
Rio de Janeiro:
Interciência, 1980.
MORAIS, Regis. O que é violência urbana. São Paulo: Brasiliense, 1991.
(Primeiros Passos, 42).
ODALIA, Nilo. O que é violência. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
(Primeiros Passos, 85).
OLIVEN, Rubem Jorge. Violência e cultura no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1982.
PARKE, R. D.; SAWIN, D. B. Agressão: causas e controles. São Paulo:
Brasiliense, 1977.
PEREIRA, José. Violência: uma análise do homo brutalis. São Paulo: Alfa-
Ômega, 1975.
RODRIGUES, Aroldo. Psicologia social. Petrópolis: Vozes, 1972.
STORR, Anthony. A agressão humana. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
155

Ética e cidadania

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina

As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em


diferentes épocas e sociedades como resposta aos problemas básicos
apresentados entre os homens e, em particular, pelo seu comportamento moral
efetivo.
Em toda moral efetiva elaboram-se certos princípios, valores e normas
que têm por objetivo a regulação moral da vida cotidiana. É na dinâmica da vida
social, portanto, que se transformam as doutrinas éticas fundamentais.
A atividade de controle ou regulação social, portanto, está
fundamentalmente relacionada com os valores éticos fundamentais de cada
sociedade, em cada momento histórico.

II - Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a atender

O campo da Ética, em seu sentido filosófico, é, fundamentalmente, um


campo aberto. Se as idéias de Sócrates, Platão e Aristóteles se relacionam
com a existência de uma comunidade democrática limitada e local (a
Polis), já na Idade Média, a Igreja controla e monopoliza a vida intelectual,
a moral concreta e efetiva e, portanto, a ética que se impregna de um
conteúdo religioso.
A Ética moderna, por outro lado, caracteriza-se por uma tendência
claramente antropocêntrica, onde o homem adquire um valor específico, não
somente enquanto ser espiritual, mas enquanto um ser dotado de razão e de
vontade.
A Ética contemporânea, por sua vez, recoloca a doutrina em termos do
concreto, da condição de vida do homem no mundo e dos seus limites e
possibilidades.
Com as radicais transformações dos séculos XIX e XX, a doutrina ética é
invadida por uma multiplicidade de disciplinas, como a Política, a Antropologia
e a Economia, e é adequada a uma multiplicidade de modos de fazer
profissionais, como a Ética Médica, Policial, etc.

III - Importância do seu estudo para o profissional da área


156

O estudo da Ética é de fundamental importância para as atividades


do profissional de segurança do cidadão, em virtude de sua atividade ser
exercida por sobre uma dualidade ou ambigüidade fundamental: a
manutenção da ordem socialmente negociada ou construída e a
implementação normativa da Lei, freqüentemente atividades opostas ou
incongruentes.
Neste sentido, o profissional de segurança do cidadão deve agir sobre o
pressuposto de uma conduta ética sólida, tanto profissional, como voltada à sua
condição de servidor público.

Objetivos

- Capacitar o aluno a desenvolver uma conduta ética e legal que aprimore


seu relacionamento no trabalho e na sociedade, compatibilizando seu
comportamento, profissional com os objetivos da instituição;
- desenvolver valores éticos e morais, principalmente na defesa dos direitos do
cidadão;
- perceber a «visibilidade moral» da polícia: importância do exemplo;
- criar condições para que o aluno perceba a visão pedagógica da sua
atuação ao antagonizar-se aos procedimentos do crime;
- reconhecer na cidadania, dimensão primeira da sua razão de existir para a
proteção da sociedade.

Tópicos a serem abordados

I. Histórico

a) doutrinas éticas fundamentais (ética grega, cristã e moderna)


b) Ética contemporânea (Antropologia Filosófica, Marxismo, Pragmatismo
e
Psicanálise)
c) a transição para a modernidade e os problemas da sociedade contemporânea

II. Conceitos básicos

a) conceitos: Deontologia, Diceologia, Ética, Moral, cidadania e profissão


b) a relação entre a Ética, a Deontologia, a Diceologia, a cidadania, a Moral e o
Direito
c) valor e dever: relação entre valores e deveres

III. A profissão policial fundamentada na Ética


157

a) a situação ética das polícias em relação às exigências legais e às expectativas


dos cidadãos
b) fundamentos axiológicos da Deontologia policial
c) a Ética policial: Ética corporativa versus Ética cidadã
d) cidadania, dimensão primeira: o policial: cidadão qualificado

IV. A conduta ética e legal na atividade policial

a) a função policial e suas responsabilidades


b) a necessidade de um código de ética profissional
c) arcabouço jurídico para o desempenho da atividade policial
d) o uso da força e arma de fogo, de forma ética e legal
e) código de conduta para funcionários encarregados de fazer cumprir a lei
- (ONU)

Estratégias de ensino e de avaliação de aprendizagem

Discussão de textos teóricos e exemplos empíricos do cotidiano da vida


policial no sentido de construir a internalização da consciência e de
princípios éticos e morais no profissional de segurança do cidadão.
Dramatização e dinâmicas, análise de filmes e de experiências reais.

Bibliografia sugerida

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.


Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993.
ARENDT, Hannah. A condição humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1993. ÁVILA,Fernando Bastos de. Pequena enciclopédia de
moral e civismo. Rio de Janeiro: Fename, 1978.
BRETAS, Marcos Luiz; PONCIONI, Paula. A cultura policial e o policial civil
carioca. In: PANDOLFI, Dulce; CARVALHO, José Murilo de; CARNEIRO,
Leandro Piquet et. al. Cidadania, justiça e violência. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1999.
BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos humanos: coisa de polícia.Passo
Fundo: CAPEC, 1998.
BROWN, Marvin T. Ética nos negócios. São Paulo: Makron, 1993.
KANT DE LIMA, Roberto. A polícia da cidade do Rio de Janeiro: seus dilemas
e paradoxos. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o
pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
158

MINGARDI, Guaracy. Tiras, gansos e trutas: cotidiano e reforma da Polícia


Civil. São Paulo: Escritta Editorial, 1992.
NOGARE, Pedro Dalle. Humanismos e anti-Humanismos. Petrópolis: Vozes,
1990.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 1989/61: princípios
orientadores para a aplicação efetiva do código de conduta para os
funcionários responsáveis pela aplicação da lei. New York:
ONU, 1961. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 34/69:
código de conduta para os funcionários responsáveis pela aplicação da lei.
New York: ONU, 1969.
PAIXÃO, Antônio Luiz. A organização policial numa área metropolitana.
Dados: Revista de Ciências Sociais, vol. 25, n. 1, 1982.
ROVER, Cees de. Direitos humanos e direito internacional humanitário para
forças policiais e de segurança: manual para instrutores. Genebra: Comitê
Internacional da Cruz Vermelha, 1998.
RUSSEL, Bertrand. Obras filosóficas. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1967.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Kantianas brasileiras: a dual-ética da
razão política nacional. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. As razões da desordem. Rio de Janeiro:
Rocco, 1992.
SOUZA, Herbert de; RODRIGUES, Carla. Ética e cidadania. São Paulo:
Moderna, 1998.
TAVARES, José Vicente. A arma e a flor: formação da organização policial,
consenso e violência. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, vol. 9, n. 1,
1997.
VALLA, Odirley. Deontologia policial militar: ética profissional. São José dos
Pinhais: APMG, PMPR, Coopergraf, 1998.
VAZ, Henrique C. Lima. Antropologia filosófica. São Paulo: Loyola, 1995.
159

Criminalística aplicada

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina

A ação investigatória se faz por abordagem técnico-científica às


evidências subjetivas e objetivas do crime. Voltada para este último
campo, a Criminalística vem incrementando seu desenvolvimento pela
crescente incorporação de conhecimentos e tecnologias sobre a repercussão
físico-química-biológica do fato investigado. O impressionante avanço das
ciências materiais no correr do século XX alargou as possibilidades de êxito
das pesquisas de laboratório, ampliando a capacidade de formulação de
hipóteses e construção de teorias explicativas para fenômenos da realidade
objetiva. Neste sentido, os benefícios para os sistemas de investigação da
prática criminosa são muitos, em quantidade e qualidade.
Historicamente, desde a profissionalização do trabalho investigatório
como forma organizada de iniciar o enfrentamento ao delito consumado e
submeter os responsáveis ao devido processo legal, a Criminalística se definiu
como atividade indispensável à tarefa de qualificar as informações sobre a
trama subjetiva de cada evento, mediante comprovação das respectivas
evidências materiais. Assim, definida a sua condição essencial de disciplina
interposta na tarefa investigatória, a Criminalística deve se oferecer ao
intercâmbio metódico e sincronizado com a técnica de apuração da trama
subjetiva, consolidando-se o processo de demonstração científica da autoria e
materialidade do crime.
Os avanços mais notáveis estão nas áreas da genética molecular,
informática, balística e autenticidade de documentos.

II - Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a atender

A Criminalística é uma ciência autônoma e, no caso, deve ser


entendida como aquela aplicada à ação policial, explorando-se a sua
importância específica dentro do processo de investigação e sua
importância geral em todas as fases da ação de polícia, desde a primeira
intervenção, de caráter ostensivo. É patente a necessidade de normas
técnicas de preservação de locais de crime e de outros corpos que emergem no
curso histórico dos serviços, como uma das condições de eficiência e eficácia do
trabalho apuratório em geral.
160

A reflexão e a pesquisa devem garantir melhores padrões de inserção da


Criminalística na agenda dos serviços policiais, dando mais consistência à
imbricação das provas subjetivas e objetivas, num único processo científico
de caráter multidisciplinar.

III - Importância de seu estudo para o profissional da área

Toda a abordagem que se faz ao cenário ou às circunstâncias de um delito


deve se cercar de cuidados com a preservação dos indícios materiais e
imateriais, isto é, corpos de delitos e informações. A Criminalística se volta
para os primeiros e, neste sentido, todos os profissionais que tomam contato
com a realidade do crime precisam conhecer o respectivo referencial técnico,
de modo a contribuir com a máxima preservação e levantamento das coisas
materiais que, a qualquer tempo, possam servir de elemento probante dentro do
procedimento investigatório como um todo.

IV - Abordagens correlatas às especificidades exigidas, dadas as atribuições


que exercerá

Nos limites das definições constitucionais, as funções de polícia


judiciária e apuração das infrações penais são cometidas à Polícia Civil, o
que lhe confere a aproximação completa dos conteúdos da área. Todas as
polícias, contudo, têm nas noções básicas de Criminalística uma das exigências
de sua formação profissional, cabendo especificar o grau de cada enfoque
segundo a posição hierárquica e operativa do servidor-alvo.

Objetivos

- Dotar os alunos de conhecimentos gerais e específicos de Criminalística,


sensibilizando-os para a importância do isolamento e preservação de locais de
crime ou corpos de delito posteriormente levantados, a fim de que a
investigação pericial possa reconstituir a dinâmica física do evento criminal
ou confirmar, na dinâmica do procedimento investigatório, teses ali
propostas;
- identificar os princípios básicos das perícias em geral, técnicas, métodos
e procedimentos aplicáveis às perícias externas e internas (laboratório),
relacionando-os com as ciências em geral, com as inovações tecnológicas e
identificando a importância de tudo em todas as fases da ação policial.
161

Tópicos a serem abordados

I. Fundamentos da Criminalística
a) o crime e a prova técnica
b) caracterização da Criminalística:
- conceituação e finalidade
- antecedentes históricos e evolução
c) comportamento criminoso e abordagem científica ampla
d) inovações tecnológicas nos métodos, técnicas e procedimentos
e) áreas de atuação: distinções e especificidade.

II. A importância do local de crime


a) levantamento do local
- identificação
- isolamento e preservação
- evidências físicas, indícios e vestígios
- elementos do local
b) a autoridade policial no local de crime
c) o perito criminal e a atuação no local de crime.

III. Tipificação das perícias criminais


a) caracterização das perícias criminais (abrangendo perícias externas e perícias
internas e de laboratório)
b) conceito
c) objeto
d) requisitos
e) elementos básicos
f) informações

IV. Perícias externas

a) perícias de crimes contra a vida


b) perícias de crimes contra o patrimônio
c) perícias de trânsito
d) perícias de crimes contra o meio ambiente

V. Perícias internas e de laboratórios

a) Balística forense
b) identificação civil, criminal e retrato falado
c) Toxicologia
162

Estratégias de ensino

Aulas expositivas, teóricas e práticas, com emprego de técnicas e recursos


audiovisuais e de computação. Visitas a centros de prática Criminalística, estudo
de casos e exercícios simulados.

Técnicas de avaliação de aprendizagem

Exercícios teóricos e práticos. Análise de casos empíricos e simulados.

Bibliografia sugerida

ASSOCIAÇÃO DE CRIMINALÍSTICA DO RIO GRANDE DO SUL. Revista


O Laudo.
BAILEY, R. F. Histologia. São Paulo: Edgar Blucher, 1985.
BRAILE, P. M. Manual de tratamento de águas residuárias industriais. São
Paulo: CENJB, 1979.
BRANCO, S. M. Elementos de ciência do ambiente. 2. ed. São Paulo: CENJB,
1979.
BRASIL. Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito
Brasileiro.
BRASIL. Lei 9.602, de 21.01.1998. Dispõe sobre legislação de trânsito e dá
outras providências.
BRASIL. Lei 9.605, de 12.02.1998. Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e
da outras providencias.
CARVALHO, Carlos Gomes de. Legislação ambiental brasileira:
contribuição para um Código Nacional do Ambiente. São Paulo: LED, 1999. 2
v.
COELHO, Walter. Teoria geral do crime. Porto Alegre: Sete Mares, 1991.
CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL - COPAM.
Deliberação Normativa n. 010/89, de 10.01.1987.
DEL PICCHIA FILHO, José; DEL PICCHIA, Celso Mauro Ribeiro. Tratado de
documentoscopia. São Paulo: LEUD, 1976.
MACHADO, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. 7. ed. São Paulo: Malheiros,
1998.
163

MENDES, Lamartine. Documentoscopia. Porto Alegre: Sagra-Luzzato,


1999. (Tratado de perícias criminalísticas, 7).
PASSO, L. R. Crimes contra o ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1998.
RABELLO, Eraldo. Curso de Criminalística. Porto Alegre: Sagra Luzzato,
1996.
ROITMAN, Issac; TRAVASSOS, Luiz R.; AZEVEDO, João Lúcio. Tratado de
Microbiologia. São Paulo: Manole, 1991. 2 v.
SANTOS, Juarez Cirino. Teoria do crime. São Paulo: Acadêmica, 1993.
164

Arma de fogo

Carga Horária: 60 h/a

Contextualização

Com o advento da descoberta da pólvora inicia-se uma nova etapa na


fabricação e uso dos instrumentos de ataque e de defesa. O homem tem
desenvolvido modelos e tipos de armas de fogo com sofisticado poder
ofensivo. Estes artefatos têm recrudescido os vários conflitos que se
estabelecem entre as pessoas, servindo de instrumento de dominação entre elas.
O Estado - que tem como uma de suas funções exclusivas a proteção e o
socorro da sociedade - utiliza-se de suas estruturas burocráticas, destacando-
se as forças policiais com o objetivo de equilibrar as relações sociais. Estas
forças, para fazerem face às demandas no campo da segurança pública, quase
sempre utilizam-se de armas de fogo e, portanto, necessitam ser preparadas para
manuseá-las dentro dos princípios legais.
As armas de fogo devem ser usadas somente como último recurso, depois
que outros meios forem tentados e falharem, ou quando, em razão de
circunstâncias, o recurso aos referidos meios não deixa entrever qualquer
possibilidade de êxito, garantindo assim justificativa legal para seu
emprego. A polícia, ao recorrer ao uso da arma de fogo, deverá ter como
objetivo colocar o(s) suspeito(s) em tal situação, que qualquer tentativa de
resistência se faça inútil, e assim, efetuar a prisão sem que haja necessidade do
emprego do armamento.
Portanto, faz-se necessário que o policial tenha conhecimentos técnicos
sobre a arma que o Estado coloca a sua disposição para defender a
sociedade, bem como as técnicas de utilização, justificativas legais e
equilíbrio psicológico que garantam o uso adequado da mesma.

Objetivos

- Capacitar os discentes a recorrer ao uso da arma de fogo, como um


instrumento de trabalho, dentro dos princípios da legalidade, segurança -
própria e de terceiros - e da proporcionalidade;
- desenvolver habilidades para montar, desmontar, manejar e utilizar o
armamento convencional disponibilizado pela força policial.

Tópicos a serem abordados


165

I. Introdução
a) histórico e evolução das armas de fogo
b) especificidade do uso da arma de fogo na função policial e sua
responsabilidade

II. Armamento leve

a) conceito e classificação
b) processo de disparo / sistema de funcionamento
c) munições
d) balística

III. Armamento convencional

a) apresentação do armamento
b) características
c) munição utilizada
d) funcionamento
e) mecanismos de segurança
f) manejo
g) inspeção preliminar
h) emprego operacional
i) condução da arma
j) princípios de manutenção e guarda do armamento

IV. Iniciação à prática de tiro

a) fundamentos do tiro
b) conduta e segurança na prática do tiro
c) princípios de manutenção e guarda do armamento

V. Tiro policial

- prática de tiro com os armamentos específicos da PMERJ

VI. Abordagens usando arma de fogo

a) abordagem de pessoas em atitudes suspeitas


b) abordagem de veículos
c) abordagem em edificações
d) diligências em campo aberto
e) abordagem de grandes grupos
166

Estratégias de ensino

Aulas expositivas, aulas práticas de montagem e desmontagem, aulas


práticas de tiro, estudo de casos, demonstrações e simulações.

Avaliação da aprendizagem

Avaliação prática de montagem, desmontagem. Avaliação prática das


técnicas de execução de tiro com as armas estudadas.

Bibliografia sugerida

A bibliografia deve pautar-se nos manuais específicos de cada


organização policial, devido às especificidades de armamento e do seu uso.
Neste sentido, a bibliografia sugerida compreende apenas o arcabouço legal do
uso e porte de armas.

CAPEZ, Fernando. Comentários à Lei 9437/97. São Paulo: Saraiva, 1997.


GOMES, Luís O.; OLIVEIRA, William T. Lei das armas. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1997.
JESUS, Damásio Evangelista de. Comentários à Lei 9437/97. São Paulo:
Saraiva, 1997.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Princípios básicos sobre a
utilização da força e de armas de fogo pelos funcionários responsáveis pela
aplicação da lei.
167

Defesa pessoal

Carga Horária: 90 h/a

Contextualização

Cabe ao Estado o uso exclusivo da força física contra aqueles que não se
dispõem a cumprir as regras impostas. A força utilizada deve ser suficiente para
conduzir as pessoas ao cumprimento das normas, não sendo permitido o excesso
que também caracteriza o descumprimento da lei pelo representante do Estado.
A disciplina Defesa Pessoal, como a denominação bem explicita, tem por
objetivo garantir a defesa do policial e/ou de terceiros que estejam sendo vítimas
de ofensas físicas. Os integrantes das organizações policiais, que têm como
função promover a segurança pública, necessitam de treinamento constantes
para proporcionar essa segurança e proteção aos membros da sociedade.
Não coaduna com as agências de segurança pública a lógica do ataque.
As técnicas e táticas de defesa pessoal, quando possível, devem ser
empregadas após o uso de outros meios e instrumentos mais brandos de forma
haver proporcionalidade entre a situação real e os meios disponíveis para
fazer com que a lei seja cumprida. Toda a ação policial deve ser permeada pelo
princípio da legalidade e moralidade.

Objetivos

- Desenvolver técnicas não letais de defesa, controle e imobilização, segundo o


princípio da proporcionalidade;
- desenvolver técnicas de defesa, sem utilização de arma de fogo;
- assimilar técnicas de condução de presos;
- capacitar o discente a assegurar a integridade física de pessoas que estejam
custodiadas.

Tópicos a serem abordados

A disciplina ao ser ministrada terá como centralidade a idéia de


defesa, seja do próprio policial ou de terceiros e mesmo do ofensor, não
cabendo, portanto, a idéia de ataque, que não coaduna com função policial.
Durante o seu desenvolvimento serão abordadas técnicas de defesa contra
ataques diversos. O princípio da repetição deve ser empregado com
relevância, tendo em vista a necessidade de se criar automatismo no policial
para o uso das técnicas apropriadas, quando a situação exigir.
168

I. Introdução

a) posturas defensivas
b) quedas e rolamentos
c) esquivas

II. Tipos de agressões mais usuais e defesas correspondentes

a) agarramento ao corpo: pela frente e pelas costas, sendo sobre e sob os braços
b) agarramento à roupa
c) gravatas e enforcamentos : frontal, lateral e pelas costas
d) estrangulamentos: pela frente e pelas costas
e) bofetada
f) cutelada
g) socos e pontapés: frontal, ascendente, descendente e lateral
h) cotoveladas: ascendente e lateral
i) joelhadas: frontal e lateral
j) facada frontal e lateral: descendente, ascendente e lateral
k) defesa contra arma de fogo no momento do saque
l) defesa contra arma de fogo apontada pela frente ou pelas costas
m) paulada frontal descendente e estocada
n) paulada lateral

III. Defesas de ataques seqüenciais

a) agarramento seguido de socos ou cuteladas


b) agarramento seguido de joelhadas
c) gravata seguida de socos

IV. Processos de controles e técnicas de condução de presos

a) Processos de controle: braço preso estendido ao solo, braço às costas e


mãos presas às costas
b) Técnicas de condução de presos: com as mãos livres e com o auxílio do
bastão policial.

V. Uso do bastão policial para defesa

- este tópico é destinado à Polícia Ostensiva


169

Estratégias de ensino

Uso intensivo de exemplos empíricos e simulações. Aulas


expositivas, aulas práticas, seminários, estudos de caso, demonstrações.

Avaliação da aprendizagem

As avaliações deverão ser eminentemente práticas com objetivo de


verificar a performance do aluno, principalmente no que se refere ao
automatismo.

Bibliografia sugerida

CORREA FILHO, Albano Augusto Pinto. Manual de ataque e defesa. Belo


Horizonte: Academia de Polícia Militar, 1986.
DUNCAN, Oswaldo. Judô katas. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
LASSERRE, Robert. Atemis e jiu-jitsu. São Paulo: Mestre Jou.
ROBERT, Luis. O judô. 4. ed. Portugal: Editorial Noticiais, 1968.
SHIODA, Gozo. Dinamic aikido. 15. ed. Tóquio: Kodansha Internacional, 1991.
TOHEI, Koichi. Aikido y autodefesa. 3. ed. Buenos Aires: Editorial Glem, 1977.
UESSHIBA, Kisshomaru. Sikido, la pratica. Madri: Editorial Eyras, 1990.
170

Medicina Legal aplicada

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

I- Histórico da disciplina

A Medicina Legal constitui marco de referência científica dentro do


processo de investigação policial. Na medida em que os crimes mais
perturbadores da sensibilidade histórica e social são os que atentam contra a
pessoa, afetando diretamente o corpo humano - homicídio em especial - tem-se
a partir daí a afirmação e o desenvolvimento da disciplina, que sintetizou
uma gama de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a dar suporte às
instituições operadoras do Direito, sobretudo as do Sistema de Justiça Criminal.
No Brasil, concorreram esforços de estudiosos de ambas as áreas,
Direito e Medicina, sobretudo pelo trabalho de Oscar Freire de Carvalho e
Flamínio Fávero.

II- Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a atender

A unidade metodológica do procedimento investigatório pede reflexões


sobre o papel que ali desempenham as disciplinas da área tradicionalmente
denominada técnico-científica, onde se acha a Medicina Legal (junto da
Criminalística). Emerge daí o problema da sincronização entre as provas
materiais e imateriais, ou seja, do trabalho de investigação dos aspectos
subjetivos da trama criminosa e a sua respectiva repercussão material. Neste
sentido, é preciso um esforço especial para amadurecer-se a técnica da
Medicina Legal aplicada à ação policial, à semelhança do que deve
ocorrer em relação à Criminalística, de modo a que se garanta um paradigma
otimizado do esforço interdisciplinar que se impõe ao serviço de investigação do
delito.

III- Importância de seu estudo para o profissional da área

O procedimento investigatório é um dos elos de uma corrente que, em


geral, se inicia com a atuação da Polícia Ostensiva. Contudo, tem-se como
fundamental o conhecimento genérico da medicina-legal pelos profissionais
de polícia, desde que devidamente dosado pelas necessidades técnico-
operativas de cada setor da Polícia Ostensiva e da equipe interdisciplinar
da Polícia de Investigação.
171

IV - Abordagens correlatas às especificidades exigidas.

O conhecimento da Medicina Legal é fundante para todos os


profissionais da polícia brasileira, dentro de uma perspectiva sistêmica de
atuação dos ramos ostensivo e investigatório. As evidências materiais do delito,
quando deixadas no corpo humano vivo ou morto, são elementos essenciais
para a composição integral da prova constituída nos feitos investigatórios.
No desdobramento temporal da ação criminosa, tanto policiais do ramo
ostensivo quanto os do ramo investigatório . estes, por excelência . podem
ser chamados a atuar na percepção ou na conservação dos indícios que se
submeterão, oportunamente, à inspeção médico-legal.
As diferenças contextuais, portanto, medidas a partir da
especificidade das atribuições de cada organização policial, devem se
evidenciar segundo o grau de especialização exigido do servidor-alvo,
quando o aprofundamento dos conteúdos será dimensionado pelo papel
operativo de cada ator dentro do ciclo completo da ação policial.

Objetivos

- Propiciar ao profissional de segurança do cidadão uma visão de


posicionamento da ciência médico legal no curso do ciclo completo da
ação policial, habilitando-o a proceder corretamente na complexa gama de
ocorrências em que se impõe o encaminhamento da prova, segundo
conveniências de tempo, espaço e tipo de evidência com que se depara;
- proporcionar uma formação especializada aos profissionais da área-fim e
aos das áreas de gerenciamento, sobretudo no campo da polícia de
investigação.

Tópicos a serem abordados

I. Fundamentos de Medicina Legal

a) conceituações básicas e objetivos


b) tipos de perícia
c) documentos médico-legais
d) atuação integrada nos procedimentos investigatórios: solicitação de
perícias,
fluxograma de laudos e informações correlatas

II. Sistematização dos conhecimentos de Medicina Legal


172

a) Antropologia Forense

b) Traumatologia Forense: energias de ordem mecânica, energias de ordem


física, energias de ordem química, energias de ordem físico-química, demais
energias
c) Sexologia Forense: perícia de conjunção carnal, estupro, atentado
violento ao pudor, posse sexual mediante fraude, distúrbios da sexualidade,
aborto legal e criminoso, infanticídio
d) Toxicologia Forense: embriaguez alcoólica, estudo das drogas que
causam dependências
e) Psicopatologia Forense: modificadores da imputabilidade penal e
capacidade civil;
f) Tanatologia Forense: conceito de morte, comoriência e primoriência,
interesse jurídico da morte, diagnóstico da realidade da morte - fenômenos
transformativos, estimativa do tempo de morte, necrópsia médico-legal,
exumação.

Estratégias de ensino

Aulas expositivas e práticas, com emprego de técnicas e recursos


audiovisuais e de computação. Visitas a centros de medicina legal, estudo de
casos e exercícios simulados.

Avaliação de aprendizagem

Privilegiar a compreensão do fenômeno criminoso a partir de sua vertente


de constituição da prova material. Análise de estudos de caso, exercícios
simulados.

Bibliografia sugerida

ALCÂNTARA, H. R. Perícia médica judicial. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,


1982.
ALMEIDA JÚNIOR; COSTA JÚNIOR, J. B. Lições de medicina legal. 19. ed.
São Paulo: Nacional, 1987.
CARVALHO, H. V. Compêndio de medicina legal. São Paulo: Saraiva, 1978.
CROCE, D.; CROCE JÚNIOR, D. Manual de medicina legal. São Paulo:
Saraiva, 1994.
173

FRANÇA, G. V. Medicina legal. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1985.


MARANHÃO, R. Curso básico de medicina legal. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1989.
XAVIER FILHO, Ernesto. Manual de perícias médico-legais. Porto Alegre:
Síntese, 1980.
174

Pronto-Socorrismo

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

Nos grandes centros urbanos freqüentemente têm ocorrido vários tipos


acidentes. Estes, em sua maioria, envolvem veículos que se sofisticam a cada
nova série. Por outro, lado traumas em decorrência da utilização de armas,
principalmente as de fogo, também são inúmeros. No Brasil as lesões e mortes
por causas traumáticas superam as decorrentes de guerras, dados que preocupam
bastante, considerando ainda que as vítimas em sua maioria são jovens.
As forças policiais, principalmente no Brasil, quando da ocorrência de
sinistros e acidentes são as primeiras que são solicitadas e que chegam ao local.
Também devem ser considerados os inúmeros chamados para socorro clínico,
notadamente daquelas pessoas que não dispõem de meios para fazer face às
necessidades prementes.
Diante deste quadro, vários grupos de profissionais têm sido preparados
com o objetivo de minimizar as conseqüências dos traumas. Neste contexto,
situam-se os policiais que são chamados aos locais dos eventos e
normalmente os primeiros a comparecerem. Portanto, devem estar
preparados com a finalidade de socorrer aquelas pessoas envolvidas em
situações de riscos como acidentes e outros. Esta preparação é de
fundamental importância, pois a intervenção de profissionais não habilitados
poderá ocasionar um agravamento do estado do paciente, chegando mesmo ao
resultado morte.

Objetivos

- Capacitar o policial a prestar pronto atendimento de vítimas de


politraumatismo ou de emergência clínica;
- habilitar o policial a aplicar técnicas do suporte básico de vida até a chegada
de Unidade Especializada ou de profissional da área médica ou remoção da
vítima para unidade hospitalar.

Tópicos a serem abordados

Durante o desenvolvimento da disciplina serão debatidos os


conhecimentos básicos sobre o atendimento pré-hospitalar nas diversas situações
possíveis, procurando relacionar os traumas das vítimas com possíveis causas
dos acidentes. A atuação nestes casos deverá ser enfocada como um processo,
portanto a atuação do profissional iniciará com o conhecimento do caso,
175

passando pelos procedimentos de socorro no local e terminando com o


traslado para a unidade hospitalar. A disciplina deverá ser desenvolvida de
forma eminentemente prática.

I. Introdução

a) histórico do atendimento pré-hospitalar


b) definição de primeiros socorros
c) obrigações e comportamento do socorrista.

II. Noções de Anatomia, Fisiologia e Enfermagem

a) sistemas do corpo humano


b) sinais vitais

III. Análise do paciente

a) prioridade no atendimento às vítimas: em caso de acidente de massa e


em se tratando de estado físico da vítima
b) tipos de análises: subjetiva, objetiva primária e objetiva secundária

IV. Suporte básico de vida

a) ensinamento das técnicas do suporte básico de vida: lactentes, crianças e


adultos
b) caso de obstrução respiratória: com vítima consciente e inconsciente
c) caso de parada respiratória
d) caso de parada cárdio-respiratória.

V. Traumatismos

a) ferimentos
b) fraturas
c) hemorragias: interna e externa
d) choque hipovolêmico
e) traumatismos específicos

VI. Emergências Clínicas

a) angina e infarto agudo do miocárdio


b) desmaio e coma
c) diabetes
d) distúrbios respiratórios
176

e) edema agudo de pulmão


f) acidente vascular cerebral
g) crises convulsivas

VII. Outros casos

a) choque
b) afogamento
c) queimadura
d) parto de emergência
e) acidentes envolvendo animais peçonhentos

Estratégias de ensino

A disciplina deverá ser desenvolvida de forma eminentemente


prática, podendo haver também seminários, estudos de casos e aulas
expositivas, bem como palestras com especialistas e visitas a unidades
especializadas em socorro de urgência.

Avaliação da aprendizagem

A avaliação da aprendizagem será realizada através de provas


práticas, podendo também serem realizados trabalhos e provas teóricas, no
entanto a ênfase deve ser para o cunho prático da disciplina.

Bibliografia sugerida

CARCHEDI, Luiz Roberto. O sistema integrado de atendimento às emergências


médicas do Estado de São Paulo: base legal. São Paulo: Academia de Polícia
Militar, 1995.
CARCHEDI, Luiz Roberto. Serviço de resgate de acidentados no Corpo de
Bombeiros: proposta de operacionalização. São Paulo: Academia de Polícia
Militar, 1998.
CHAIRMAN, Charles A. Rockwood et. al. Socorros médicos de emergência. 2.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997.
MARTINS, Felipe José Aidar. A primeira resposta: manual de socorro básico
de emergência. 3. ed. Belo Horizonte: Cruz Vermelha Brasileira, 1998.
STANWAY, Andrew. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Marques
Saraiva.
177

Introdução ao estudo do Direito

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

A disciplina, na verdade, serve de base para outra, o Direito Civil,


onde ambas têm importância fundamental.
Em primeiro lugar, seria impossível o estudo de qualquer matéria
jurídica, se o aluno não estivesse familiarizado até mesmo com um
vocabulário técnico elementar, para não falar de conceitos e definições de
base. É, portanto, imprescindível a «Introdução ao Estudo do Direito».
É importante ressaltar que todo profissional de segurança pública, em seu
dia-a-dia, necessita conhecer as bases dos institutos do Direito Civil. Todos as
conhecemos, de uma maneira geral, mas não particularizada nem sistematizada.

Objetivos

- Introduzir o aluno no estudo das instituições jurídicas, oferecendo-lhe o


instrumental necessário para lidar com a legislação, doutrina e jurisprudência, de
forma analítica e sistemática;
- tornar o aluno capaz de identificar e solucionar problemas práticos,
ligados a sua atividade cotidiana.

Tópicos e a serem abordados

I. Conceito de Direito

- definição etimológica
- definição semântica

II. Acepções do Direito


III. Instrumentos de controle social
IV. Direito e Justiça
V. Direito e Religião
VI. Direito e Moral
VII. Direito e Etiqueta
VIII. Direito Subjetivo e Direito Objetivo
IX. Direito Natural e Direito Positivo
X. Divisões do Direito Positivo
178

Estratégias de ensino

Aulas expositivas, com o auxílio de estudos dirigidos para a análise e


solução de problemas práticos, voltados para a área de atuação do aluno.

Avaliação da aprendizagem

Provas. Estudos dirigidos. Seminários. Pesquisas extra-classe.

Bibliografia sugerida

DOWER, Nelson Godoy Bassil. Instituições do Direito Público e Privado. São


Paulo: Nelpa, 1998.
MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Privado. Rio de Janeiro: Bookseller.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Forense: Rio de
Janeiro, 1995.
179

Direito Civil

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

A disciplina, na verdade, é uma seqüência da disciplina Introdução


ao Estudo do Direito, onde, conforme já dito, a importância de ambas é
fundamental.
Não seria possível o estudo de qualquer matéria jurídica, se o aluno
não estivesse familiarizado até mesmo com um vocabulário técnico
elementar, para não falar de conceitos e definições de base, razão pela
qual, esta disciplina é precedida pela «Introdução ao Estudo do Direito».
O Direito Civil, propriamente dito, é o conjunto de regras que ordena o
dia-a-dia. Todos as conhecemos, de uma maneira geral, mas não
particularizada nem sistematizada. São relações de contrato, de família, de
posse, de propriedade e outras, o objeto de estudo do Direito Civil. A todo
instante, o profissional de segurança necessita de conhecimentos mais
aprofundados e seguros, para lidar com ocorrências com que depara em sua
vida profissional. Daí a relevância do estudo do Direito Civil.

Objetivos

- Introduzir o aluno no estudo das instituições jurídicas, oferecendo-lhe o


instrumental necessário para lidar com a legislação, doutrina e jurisprudência, de
forma analítica e sistemática;
- tornar o aluno capaz de identificar e solucionar problemas práticos, ligados a
sua atividade cotidiana.

Tópicos a serem abordados

I. Pessoas
a) início e fim da personalidade natural e jurídica
b) capacidade de exercício: absolutamente incapazes, relativamente
incapazes, capazes

II. Direito das obrigações

a) definição e fontes das obrigações


b) contratos
c) definição e formação dos contratos
d) vícios do produto e do serviço no Código Civil e do Consumidor
180

III. Atos ilícitos

a) definição
b) elementos
c) efeitos na esfera cível, penal e administrativa

IV. Direito das coisas

a) propriedade
- definição
- elementos
- restrições
- defesa
b) posse
- definição
- defesa
c) servidões
- definição
- espécies
- exercício

V. Direito de Família

a) casamento
- definição
- efeitos
- extinção
b) união estável
- definição
- constituição
- efeitos
c) filiação e poder parental
d) alimentos

VI. Direito das sucessões

a) sucessão legítima
- ordem de vocação hereditária
b) sucessão testamentária
- espécies de testamento

Estratégias de ensino
181

Aulas expositivas, com o auxílio de estudos dirigidos para a análise e


solução de problemas práticos, voltados para a área de atuação do aluno.

Avaliação da aprendizagem

Provas. Estudos dirigidos. Seminários. Pesquisas extra-classe.

Bibliografia sugerida

BEVILAQUA, Clóvis. Comentários ao Código Civil. Rio de Janeiro: Francisco


Alves.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. São Paulo: Saraiva.
FIUZA, César. Direito Civil: curso completo. Belo Horizonte: Del Rey.
GOMES, Orlando. Curso. Rio de Janeiro: Forense.
LIMA, João Franzen de. Curso de Direito Civil brasileiro. Rio de Janeiro:
Forense.
NEGRÃO, Teotônio. Código Civil e legislação civil em vigor. 18. Ed. São
Paulo: Saraiva, 1999.
SERPA LOPES, Miguel Maria de. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos.
182

Direito Constitucional

Carga Horária: 60 h/a

Contextualização

A realidade nacional tornou o Direito Constitucional uma ciência jurídica


positiva, palpável, visível, sendo uma necessidade o pleno conhecimento de seu
conteúdo por aqueles que venham a integrar os quadros profissionais de
segurança do cidadão, especialmente para aplicá-lo em sua vida
profissional.
Poderíamos dizer que o Direito Constitucional seria hoje o mais
discutido dos ramos do Direito, especialmente pelas constantes propostas de
emendas aplicáveis à nossa Carta Magna, que acabam resultando em mudanças
na vida em sociedade.

Objetivos

- Possibilitar a aquisição de conhecimentos sobre o Direito Constitucional


com o objetivo primordial de aplicá-los em sua vida profissional e também para
seu próprio conhecimento e defesa de seus interesses;
- abordar em visão genérica, os diversos institutos do Direito Constitucional,
levando em conta as suas origens, conceitos, evolução histórica, as suas
aplicabilidades, análise de casos concretos, situações simuladas, etc.

Tópicos a serem abordados

I. Conceitos básicos de Direito Constitucional

a) conceito de Direito Constitucional


b) natureza jurídica do Direito Constitucional
c) objeto do Direito Constitucional
d) conteúdo científico do Direito Constitucional

II. Da Constituição

a) conceito
b) classificação das constituições
c) objeto e conteúdo das constituições
d) elementos das constituições
e) supremacia das constituições
f) a rigidez constitucional
183

g) a supremacia material e supremacia formal


h) supremacia da Constituição Federal

III. Aplicação dos princípios constitucionais nas constituições estaduais e leis


orgânicas
municipais

a) controle de constitucionalidade
b) conceito de inconstitucionalidade
c) inconstitucionalidade por ação
d) inconstitucionalidade por omissão
e) sistemas de controle de constitucionalidade
f) critérios e modos de exercício do controle
g) efeitos da declaração de inconstitucionalidade
h) sistema brasileiro do controle de constitucionalidade

IV. Preâmbulo das constituições

a) conceito de preâmbulo
b) função constitucional do preâmbulo
c) características gerais dos preâmbulos

V. Dos princípios fundamentais

a) princípios e normas fundamentais


b) princípios constitucionais positivos
c) conceito dos princípios fundamentais
d) função dos princípios constitucionais fundamentais
e) diferença entre princípios fundamentais e princípios gerais do direito
f) unidade vi - dos direitos e garantias fundamentais
g) formação e evolução histórica
h) teoria dos direitos fundamentais do homem
i) características dos direitos fundamentais
j) classificação dos direitos fundamentais

VI. Dos direitos e deveres individuais e coletivos

a) fundamentos constitucionais
b) conceito de direito individual
c) destinatários dos direitos e garantias individuais
d) classificação dos deveres individuais e coletivos
e) direito à vida
f) direito de igualdade
184

g) direito de liberdade
h) direito de propriedade

VII. Direitos sociais

a) fundamentos constitucionais
b) ordem social e direitos sociais
c) classificação dos direitos sociais
d) direitos sociais do trabalho

VIII. Da cidadania

a) conceito e abrangência
b) direitos políticos, nacionalidade e cidadania
c) modos de aquisição e exercício dos direitos políticos
d) direitos políticos positivos
- sufrágio
- capacidade eleitoral
- voto
- elegibilidades e inelegibilidades
- mandatos eletivos
- sistemas eleitorais
e) partidos políticos

IX. Organização do Estado

a) Estado Federal
b) Distrito Federal
c) municípios
d) territórios
e) repartição de competências
f) autonomia das unidades
g) intervenção

X. Poderes do Estado

a) Poder Legislativo: organização; Congresso Nacional; Câmara dos Deputados


e Senado Federal; funcionamento; atribuições; processo legislativo;
procedimentos legislativos; remuneração de seus agentes.
b) Poder Executivo: noção e formas; chefia de estado e chefia de governo;
eleição e mandato presidencial; substituição presidencial; remuneração; perda
185

de mandato; competências; responsabilidades; Conselho da República e


Conselho da Defesa.
c) Poder Judiciário: jurisdição; competências; órgãos; composição; agentes
e funções; Supremo Tribunal Federal; Superior Tribunal de Justiça; Justiça
Federal; Justiça do Trabalho; Justiça Militar; juizados especiais e de paz; justiça
estadual.

XI. Das funções essenciais da justiça

a) o funcionamento da justiça
b) o advogado na administração da justiça
c) o Ministério Público
d) a Advocacia Geral da União
e) advocacia e Defensoria Pública

XII. Da defesa do Estado e das instituições democráticas

a) do estado de defesa e do estado de sítio


b) das forças armadas
c) da segurança pública

XIII. Da ordem econômica e financeira

a) princípios gerais da atividade econômica


b) da política urbana
c) da política agrícola e fundiária e da reforma agrária
d) do sistema financeiro nacional

XIV. Da ordem social

a) disposições gerais
b) da seguridade social
c) da saúde
d) da previdência e assistência social
e) da educação, cultura e desporto
f) da ciência e tecnologia
g) da comunicação social
h) do meio ambiente
i) da família, da criança, do adolescente e do idoso
j) dos índios

XV. Das disposições constitucionais gerais e transitórias.


186

Estratégias de ensino

Sempre que possível, promover seminários, palestras, exibição de


filmes e similares, tornando o conteúdo da aula mais dinâmico e atrativo.

Avaliação de aprendizagem

O aluno deve ser incentivado a utilizar o conhecimento adquirido em


exemplos úteis à sua vida profissional. Provas, análise de filmes e casos
concretos.

Bibliografia sugerida

BASTOS, Celso Seixas Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 16. ed. São
Paulo: Saraiva, 1995.
CARVALHO, Kildare. Direito Constitucional didático. 5. ed. Belo Horizonte:
Del Rey, 1997.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 22.
ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
PINTO FERREIRA, Luiz. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 16. ed. São
Paulo: Malheiros, 1999.
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 11. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1994.
187

Direito Penal

Carga Horária: 60 h/a

Contextualização

O Direito Penal, objetivamente considerado, é um ramo do Direito


Público Interno representado pelo conjunto de normas jurídicas através das
quais o Estado proíbe determinadas ações ou omissões, sob a ameaça da
imposição de sanções penais (penas ou medidas de segurança), visando assim
enunciar quais são os comportamentos mais danosos para a vida social e,
conseqüentemente, prevenir a ocorrência desses comportamentos, preservando o
bem comum.
Também compõem esse ramo do Direito as normas que estabelecem os
princípios gerais e as condições ou pressupostos de aplicação das sanções
penais, sanções essas que consistem sempre em uma diminuição ou perda de
bens jurídicos imposta àquele que infringiu as proibições contidas nas normas
incriminadoras.
É o Direito Penal, portanto, o ramo do Direito em torno do qual toda a
atividade policial, seja preventiva ou repressiva, é exercida, posto que é ele
que determina, de forma abstrata, qual é o objeto da prevenção e da repressão
policial.
Já o Direito Penal aplicado é o que se relaciona com a análise jurídico-
penal de situações e hipóteses concretas apresentadas ao intérprete.

Objetivos

- Identificar e aplicar, em estudos de caso, conhecimentos de Direito Penal,


preparando o policial em formação para estar apto a discernir, diante das
situações concretas com as quais irá deparar-se em sua vida profissional, se
há ou não alguma norma penal aplicável ao caso que se apresente e, sendo a
hipótese, efetivamente, de incidência de norma penal, saber identificar, com
precisão, qual é, ou quais são, as normas aplicáveis ao caso.

Tópicos a serem abordados

I. Parte geral

a) conceito e fundamento do Direito Penal


b) relações do Direito Penal com outras ciências
c) princípios constitucionais penais
d) norma penal. fontes do Direito Penal
188

e) interpretação da lei penal; analogia


f) a lei penal no tempo
g) a lei penal no espaço e em relação às pessoas; disposições finais
relativas à aplicação da lei penal
h) teoria do crime: introdução
i) a ação, a omissão e a relação de causalidade
j) tipo e tipicidade; o dolo; a culpa; o preterdolo; erro de tipo
k) ilicitude e as causas de sua exclusão
l) culpabilidade e as causas de sua exclusão. erro de proibição
m) tentativa e crime consumado; desistência voluntária, arrependimento
eficaz e arrependimento posterior
n) concurso de pessoas
o) as penas; teorias; espécies de pena. regimes de cumprimento da pena
privativa de liberdade
p) circunstâncias agravantes
q) circunstâncias atenuantes
r) concurso de crimes
s) aplicação da pena
t) suspensão condicional da pena
u) livramento condicional
v) efeitos da condenação
w) reabilitação
x) medidas de segurança
y) ação penal. espécies de ação
z) extinção da punibilidade. causas extintivas

II - Parte especial

a) teoria geral da parte especial do Código Penal


b) crimes contra a pessoa
c) crimes contra o patrimônio
d) crimes contra a propriedade imaterial
e) crimes contra a organização do trabalho
f) crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos
g) crimes contra os costumes
h) crimes contra a família
i) crimes contra a incolumidade pública
j) crimes contra a paz pública
k) crimes contra a fé pública
l) crimes contra a Administração Pública

Estratégias de ensino
189

O respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana e aos


princípios basilares de um Estado de Direito deverão ser os valores norteadores
de todo o processo de ensino-aprendizagem.
As estratégias de ensino deverão privilegiar métodos, técnicas e o
uso de tecnologias que levem em conta, tanto quanto possível, as
experiências individuais dos policiais em formação, a fim de motivá-los,
facilitando assim o processo de construção do conhecimento.
Além disso, o processo de ensino-aprendizagem deverá ser centrado na
análise jurídica de situações reais que se apresentem ou possam apresentar-se no
dia-a-dia do policial, com vistas à realização de atividade mental tendente à
efetiva construção do conhecimento.

Avaliação de aprendizagem

O processo de avaliação da aprendizagem deverá valer-se de instrumentos


que sejam aptos a contribuir para que o policial em formação possa
direcionar ou redirecionar o seu processo de construção do conhecimento e
que o docente envolvido possa verificar a eficácia das estratégias de ensino
empregadas, sendo aconselhável a utilização de múltiplos instrumentos de
avaliação da aprendizagem, a serem empregados em momentos distintos,
como estudos de caso, análise de filmes, seminários, etc.

Bibliografia sugerida

BATISTA, Weber Martins. O furto e o roubo no Direito e no Processo Penal:


doutrina e jurisprudência. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
BITTENCOURT, Cézar Roberto. Erro jurídico-penal. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1996.
BITTENCOURT, Cézar Roberto. Manual de Direito Penal: parte geral. 4. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
BITTENCOURT, Cézar Roberto. Teoria geral do delito. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1997.
CERNICCHIARO, Luiz Vicente; COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Direito
Penal na constituição. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.
COSTA JÚNIOR, Heitor. Teoria dos delitos culposos. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 1998.
DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 3. ed. Rio de Janeiro: Renovar,
1991.
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: parte geral. 8. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1985.
190

FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: parte especial. 8. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1986.
FRANCO, Alberto Silva; STOCO, Rui (eds.). Código penal e sua interpretação
jurisprudencial e leis penais e sua interpretação jurisprudencial. 6. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. 2 v. 6170 p.
GOMES, Luiz Flávio. Erro de tipo e erro de proibição. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1994.
GOMES, Luiz Flávio. Penas e medidas alternativas à prisão. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999.
HUNGRIA, Nelson et al. Comentários ao código penal. Rio de Janeiro:
Forense, 1958. 9 v.
LEAL, João José. Direito Penal geral. São Paulo: Atlas, 1998.
LOPES, Jair Leonardo. Curso de Direito Penal: parte geral. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1996.
LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Princípio da legalidade penal. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1994.
LUISI, Luiz. O tipo penal, a teoria finalista e a nova legislação penal. Porto
Alegre: S. A. Fabris, 1987.
LUISI, Luiz. Os princípios constitucionais penais. Porto Alegre: S. A. Fabris,
1991.
LUNA, Everardo da Cunha. Capítulos de Direito Penal: parte geral. São
Paulo: Saraiva, 1985.
MESTIERI, João. Teoria elementar do Direito Criminal: parte geral. Rio de
Janeiro: J. Mestieri, 1990.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal: parte geral. 9. ed. São
Paulo: Atlas, 1995.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal: parte especial. 10. ed.
São Paulo: Atlas, 1996. 2 v.
PIMENTEL, Manoel Pedro. O crime e a pena na atualidade. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1983.
PIRES, Ariosvaldo de Campos. Compêndio de Direito Penal: parte especial.
v. 3. Rio de Janeiro: Forense, 1992.
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1999.
PRADO, Luiz Regis; BITTENCOURT, Cézar Roberto. Elementos de Direito
Penal: parte geral. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.
191

PRADO, Luiz Regis; BITTENCOURT, Cézar Roberto. Código penal anotado


e legislação complementar. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
REALE JÚNIOR, Miguel et. al. Penas e medidas de segurança no novo
código. Rio de Janeiro: Forense, 1985.
RIBEIRO, Bruno de Morais. Medidas de segurança. Porto Alegre: S. A. Fabris,
1998.
TAVARES, Juarez. Teorias do delito: variações e tendências. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1980.
TAVARES, Juarez. Direito Penal da negligência. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1985.
TOLEDO, Francisco de Assis. Ilicitude penal e causas de sua exclusão. Rio de
Janeiro: Forense, 1984.
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 1994.
VARGAS, José Cirilo de. Introdução ao estudo dos crimes em espécie. Belo
Horizonte: Del Rey, 1993.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELLI, José Henrique. Da tentativa:
doutrina e jurisprudência. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995.
192

Direito Processual Penal

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

O Direito Processual Penal pode ser definido, segundo Frederico


Marques, como «o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação
jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia
Judiciária e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos
auxiliares» (Marques, 1997. v. 1, p. 32).
Já o Direito Processual Penal Aplicado é o que se relaciona com a
análise jurídica, feita dentro do âmbito do Direito Processual Penal, de
situações e hipóteses concretas apresentadas ao intérprete, visando determinar
quais as normas e procedimentos aplicáveis diante de casos específicos.
O conhecimento dos princípios e normas de Direito Processual
Penal é, pois, de suma importância para a formação do profissional da
área de segurança do cidadão, uma vez que a aplicação de tais normas faz
parte de suas atividades cotidianas.

Objetivos

- Identificar e aplicar, em estudos de caso, conhecimentos de Direito Processual


Penal, preparando o policial em formação para estar apto a discernir com
precisão, diante das situações concretas com as quais irá deparar-se em sua vida
profissional, quais são as normas e os procedimentos aplicáveis ao caso que se
apresente.

Tópicos a serem abordados

I. introdução ao estudo do Direito Processual Penal


II. relações do Direito Processual Penal com os demais ramos do Direito e com
outras ciências
III. princípios do Direito Processual Penal
IV. fontes do Direito Processual Penal
V. a lei processual penal no tempo
VI. a lei processual penal no espaço
VII. a lei processual penal em relação às pessoas
VIII. interpretação da lei processual penal
IX. inquérito policial
X. prisão provisória; espécies; prisão administrativa; prisão civil
XI. liberdade provisória, com ou sem fiança
193

XII. ação penal; classificação; condições da ação


XIII. jurisdição e competência
XIV. questões e procedimentos incidentes
XV. provas
XVI. sujeitos processuais
XVII. atos processuais; citações e intimações; sentença; coisa julgada
XVIII. instrução criminal
XIX. relação processual penal; pressupostos processuais; processo e
procedimento
XX. formas procedimentais; procedimento comum e procedimentos
especiais para os crimes apenados com reclusão; procedimento comum e
procedimentos especiais para os crimes apenados com detenção; o
procedimento relativo às infrações penais de menor potencial ofensivo (Lei
9.099 /95); os procedimentos relativos às hipóteses de foro privilegiado
XXI. a suspensão condicional do processo penal
XXII. nulidades
XXIII. recursos e ações de impugnação
XXIV. relações jurisdicionais com autoridade estrangeira
XXV. organização penitenciária
XXVI. execução das sanções penais
XXVII. incidentes da execução

Estratégias de ensino

O respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana e aos


princípios basilares de um Estado de Direito deverão ser os valores
norteadores de todo o processo de ensino-aprendizagem.
As estratégias de ensino deverão privilegiar métodos, técnicas e o uso de
tecnologias que levem em conta, tanto quanto possível, as experiências
individuais dos policiais em formação, a fim de motivá-los, facilitando assim o
processo de construção do conhecimento.
Além disso, o processo de ensino-aprendizagem deverá ser centrado na
análise jurídica de situações reais que se apresentem ou possam apresentar-se no
dia-a-dia do policial, com vistas à realização de atividade mental tendente à
efetiva construção do conhecimento.

Avaliação de aprendizagem

O processo de avaliação da aprendizagem deverá valer-se de instrumentos


que sejam aptos a contribuir para que o policial em formação possa
direcionar ou redirecionar o seu processo de construção do conhecimento e
o docente envolvido possa verificar a eficácia das estratégias de ensino
194

empregadas, sendo aconselhável a utilização de múltiplos instrumentos de


avaliação da aprendizagem, a serem empregados em momentos distintos.

Bibliografia sugerida

ACOSTA, Walter P. O processo penal. 22. ed. Rio de Janeiro: Edição do Autor,
1995.
ALBERGARIA, Jason. Manual de direito penitenciário. Rio de Janeiro: Aide,
1993.
ALBERGARIA, Jason. Das penas e da execução penal. Belo Horizonte: Del
Rey, 1995.
AZKOUL, Marco Antônio. A polícia e sua função constitucional. São Paulo:
Oliveira Mendes, 1998.
BATISTA, Weber Martins. Liberdade provisória. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1985.
BATISTA, Weber Martins; FUX, Luiz. Juizados especiais cíveis e criminais e
suspensão condicional do Processo Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1996.
BENETI, Sidnei Agostinho. Execução penal. São Paulo: Saraiva, 1996.
BITTENCOURT, Cézar Roberto. Juizados especiais criminais e alternativas à
pena de prisão. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1995.
ESPÍNOLA FILHO, Eduardo. Código de processo penal brasileiro anotado.
5. ed. Rio de Janeiro: Borsoi, 1954. 9 v.
GOMES, Luiz Flávio. Suspensão condicional do processo penal. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1995.
GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
1995.
GRINOVER, Ada Pellegrini. A polícia à luz do direito. São Paulo: Vertice,
1991.
GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães;
FERNANDES, Antônio Scarance. As nulidades no processo penal. 6. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. 316 p.
GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães;
FERNANDES, Antônio Scarance. Recursos no processo penal. 2. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. 446 p. (2ª tiragem: 1998).
GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antônio Magalhães;
FERNANDES, Antônio Scarance et. al. Juizados especiais criminais:
195

comentários à Lei n. 9.099/95. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.
416 p.
JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal. 4. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1992.
LEAL, Antônio Luiz da Câmara. Comentários ao código de processo penal
brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1942. 4 v.
MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. Campinas:
Bookseller, 1997. 4 v.
MIOTTO, Armida Bergamini. Curso de direito penitenciário. São Paulo:
Saraiva, 1975. 2 v.
MIOTTO, Armida Bergamini. Temas penitenciários. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1992.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução penal. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1992.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Juizados especiais criminais: comentários,
jurisprudência, legislação. São Paulo: Atlas, 1996.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de processo penal interpretado. 7. ed. São
Paulo: Atlas, 2000.
NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Comentários à lei de execução penal. 2. ed. São
Paulo: Saraiva, 1994.
NORONHA, Edgard Magalhães. Curso de direito processual penal. São Paulo:
Saraiva, 1989.
PITOMBO, Sérgio Marcos de Moraes. Inquérito policial: novas tendências.
Belém: Cejup, 1987.
PITOMBO, Sérgio Marcos de Moraes et. al. Juizados especiais criminais:
interpretação e crítica. São Paulo: Malheiros, 1997.
SOUZA, José Barcelos de. A defesa na polícia e em juízo. São Paulo: Saraiva,
1986.
TORNAGHI, Hélio. Instituições de processo penal. 2. ed. São Paulo, 1977. 4 v.
TORNAGHI, Hélio. A relação processual penal. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
1987.
TORNAGHI, Hélio. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1987. 2
v.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 1986. 4v.
196

TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Prática de processo penal. 13. ed.


Bauru: Jalovi, 1989.
TUCCI, Rogério Lauria. Persecução penal, prisão e liberdade. São Paulo:
Saraiva, 1980.
VARGAS, José Cirilo de. Processo penal e direitos fundamentais. Belo
Horizonte: Del Rey, 1992.
197

Direito Ambiental

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

A humanidade caminha a passos largos para a plena conscientização


da necessidade em preservar o Meio Ambiente. A realidade brasileira não se
distancia deste princípio, o que nos leva à necessidade de melhor conhecer o
conteúdo do Direito Ambiental em sua constante evolução e de modo especial as
novas políticas internacionais.
Certamente, é possível afirmar que o Direito Ambiental é referência em
qualquer seguimento da sociedade, tendo se transformado em um dos temas
mais debatidos e discutidos pela humanidade.
Por estes e outros motivos, é visível a necessidade daqueles que
venham a integrar os quadros profissionais de segurança do cidadão, a
formação básica no ramo do Direito Ambiental, ainda novo porém já
solidificado, que passa a ser condição ao bom desempenho de suas atividades,
especialmente para aplicá-lo em sua vida profissional.

Objetivos

- Habilitar o aluno ao pleno conhecimento e domínio das questões referentes ao


Direito Ambiental, colaborando para o constante aperfeiçoamento em sua vida
profissional. O método a ser adotado implica na abordagem genérica dos
diversos institutos do Direito ambiental, tomando por base suas origens,
conceitos, evolução histórica, aplicabilidade de seus institutos.

Tópicos a serem abordados

I. Conceitos básicos de Direito Ambiental


a) conceito de Direito Ambiental
b) Estado e o meio ambiente
c) meio ambiente: direito e dever da sociedade
d) a Constituição Federal e o Direito Ambiental

II. Da legislação do Direito Ambiental


a) a doutrina reinante do Direito Ambiental
b) medidas de proteção ao meio ambiente
c) a questão da responsabilidade por danos ao meio ambiente
d) os Interesses difusos
e) a questão internacional do Direito Ambiental
198

III. Atividades relacionadas ao meio ambiente


a) caça
b) pesca
c) educação
d) garimpo
e) irrigação
f) manipulação de material genético
g) mineração
h) atividades nucleares

IV. Os bens ambientais à luz da Constituição Federal brasileira


a) água
b) cavidades naturais subterrâneas
c) energia
d) espaços territoriais protegidos e seus componentes
e) fauna
f) florestas
g) ilhas

V. O sistema nacional de meio ambiente


a) ação administrativa
b) a colegialidade dos órgãos ambientais
c) Conselho Nacional do Meio Ambiente . CONAMA
d) a questão do zoneamento ambiental
e) a questão da poluição em suas diversas modalidades

Estratégias de ensino

Em face da especificidade do assunto, a estratégia de ensino deverá


se basear em aulas expositivas, juntamente à promoção de seminários, palestras
e estudo de caso, com o objetivo de tornar o conteúdo da aula mais dinâmico,
atrativo e didático.

Avaliação da aprendizagem

Uso intensivo de exemplos empíricos de aplicação da disciplina na


vida cotidiana do profissional. Análise de filmes, estudos de caso, seminários.

Bibliografia sugerida
199

ANTUNES, Paulo de Bessa. Curso de Direito Ambiental. Rio de Janeiro:


Renovar, 1990.
CAETANO, Marcelo. Princípios fundamentais de direito administrativo. São
Paulo: Forense, 1977.
CAMPOS, Rita Motta et. al. O Direito e o ambiente. Lisboa: Secretaria de
Estado do Ordenamento Físico e Ambiente, 1989.
CARVALHO, Carlos Gomes de. Legislação ambiental brasileira:
contribuição para um Código Nacional do Ambiente. São Paulo: LED, 1999. 2
v.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. São
Paulo: Saraiva, 1989.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental brasileiro. 3. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1991.
200

Direitos Humanos

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina

Os Direitos Humanos cumprem uma trajetória de autodeterminação


que se afirmou decisivamente na metade do século XX, com a emblemática
Declaração Universal dos Direitos do Homem, documento que encerra toda a
luta da civilização pela liberdade e a justiça.
Esta pujante vocação dos povos se acha historicamente registrada
em documentos como: Carta Magna da Inglaterra (1215); Declaração de
Direitos do Bom Povo da Virgínia, EUA (1776); Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão (1789), aprovada pela Assembléia Constituinte Francesa;
Declaração Norte Americana que se seguiu a Constituição aprovada na
Filadélfia (1897), 1918 - Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e
Explorado . Rússia (1918).
Não obstante a impressionante evolução das legislações nacionais e
internacionais, do incremento de mecanismos jurídicos e institucionais em
defesa e promoção dos Direitos Humanos, o século XX se encerra com um
notável déficit de conquistas reais, nos campos dos direitos civis, políticos,
sociais, econômicos e culturais.
Diante disto, o problema se põe como prioritário na agenda das
democracias contemporâneas, constituindo verdadeira ameaça à normalidade
institucional, diante da violência crescente debitada até ao próprio Estado,
cuja crise está a exigir uma reconceptualização de modelos.
No Brasil, a disciplina se afirma pelo enfoque jurídico-constitucional
desde o Império, cuja
Constituição de 1824 já trazia dispositivos próprios.
O período republicano também registra a opção formal pelos
Direitos Humanos, mas a fragilidade das instituições democráticas vem
comprometendo a sua afirmação histórica concreta.
Agora, com a difusão do tema pela sociedade civil e o aumento da
capacidade de organização e mobilização popular, os Direitos Humanos vêm
recuperando a sua importância como tema central de uma luta supra-ideológica:
a opção da civilização contra a barbárie.

II- Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a responder


201

A questão dos Direitos Humanos aplicada à ação policial está cercada de


mitos e equívocos que atravessam o imaginário social e, particularmente, a
cultura tradicional dos órgãos mantenedores da segurança pública. Apesar
dos avanços, tem prevalecido uma visão de antagonismo entre os dois. O
policial eficiente e profissionalizado em padrões de excelência precisa estar
eticamente comprometido com os Direitos Humanos, como referência
primordial de sua ação técnica, dando, assim, uma resposta aos anseios de
justiça e legalidade do sistema democrático, sem prejuízo da eficiência e força
na prevenção e repressão do crime.

III- Importância de seu estudo para o profissional da área

Direitos humanos e atividade policial ainda soam como pólos


antagônicos no imaginário público. Tal situação se deve a uma série de fatores
históricos e culturais que a cada dia vêm sendo superados pela consciência
cívica da população brasileira, pelos esforços dos governantes sérios e pela
dedicação de dirigentes públicos comprometidos com a ética e a democracia.
O correto posicionamento do profissional de segurança do cidadão
dentro dos valores universais dos Direitos Humanos é a garantia de uma polícia
cada vez mais acreditada pelo cidadão e cada vez mais prestigiada pelo poder
político da sociedade. Nesta perspectiva os órgãos policiais se credenciam a
cercar-se de eficientes instrumentos institucionais e materiais para que o
combate ao crime seja rigoroso e pacificador.

Objetivos

Proporcionar ao aluno uma visão política da construção e afirmação dos


Direitos Humanos na marcha civilizatória e destacar a consolidação deste
movimento histórico na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948. Destacar, igualmente, a influência deste documento balizador nas
constituições contemporâneas e enfocar particularmente o processo brasileiro,
com ênfase no papel do Estado e seus órgãos de manutenção da segurança
pública e justiça, de modo a capacitá-los a :
- identificar princípios e normas nacionais e internacionais que
regem os Direitos Humanos;
- compreender a evolução histórica dos Direitos Humanos, mundialmente
e no Brasil;
- aplicar os princípios constitucionais e as normas dos Direitos
Humanos que regem a atividade policial.

Tópicos a serem abordados


202

I. Introdução
a) objetivos do curso
b) conceitos de fundo

II. Contextualização
a) «teatro social» e seus atores
b) cidadania
c) capacidade política
d) norma jurídica
e) papéis dos atores sociais
f) a política e o seu papel
g) os direitos individuais, coletivos, sociais e políticos

III. Polícia e Direitos Humanos


a) situação de antagonismo
b) a questão dos paradigmas
c) polícia e organizações governamentais e não governamentais de defesa
dos
Direitos Humanos
d) importância ética e jurídica das organizações de defesa dos Direitos
Humanos e das organizações policiais
e) situação de protagonismo
f) fundação e aprimoramento de nova doutrina
g) o crime como um problema de gestão pública
h) o papel dos servidores da polícia
i) direitos dos policiais

IV. As normas de tutela dos Direitos Humanos


a) Declaração Universal dos Direitos Humanos
b) normas internacionais
c) Constituição brasileira
d) leis específicas e normas correlatas

Estratégias de ensino

Aulas expositivas de caráter teórico, discussão em grupo, seminários


com pessoas e entidades governamentais e não governamentais de
promoção e defesa dos Direitos Humanos e operadores do direito.
A análise e discussão de textos doutrinários e legais proporcionará
condições aos alunos para uma reflexão consciente e voltada para propostas
concretas de ação policial, investigando técnicas de uso da força com a
observação rigorosa da legalidade. Deve-se priorizar a integração e
203

participação, em regime de debates, de personalidades notoriamente ligadas


à promoção dos
Direitos Humanos. Mesas redondas, painéis, seminários que são
fundamentais como estratégia.

Avaliação de aprendizagem

A avaliação será feita através de debates em grupo e redação de textos e


avaliações diretas, no que se refere a questões técnicas de direito.

Bibliografia sugerida

ALMEIDA, Fernando Barcellos de. Teoria geral dos direitos humanos. Porto
Alegre: S. A. Fabris, 1996.
ARAGÃO, Selma Regina. Direitos humanos: do Mundo Antigo ao Brasil de
todos. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1990.
BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Polícia e direitos humanos: do antagonismo
ao protagonismo. Porto Alegre: Seção Brasileira da Anistia Internacional, 1994.
BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos humanos: coisa de polícia. Passo
Fundo: CAPEC, 1998.
BICUDO, Hélio Pereira. Direitos humanos e sua proteção. São Paulo: FTD,
1997.
BIENOTTO, Newton. O silêncio do tirano. Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos
Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
BORY, Françoise. Gênese e desenvolvimento do direito internacional
humanitário. Genebra: Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 1995.
BUORO, Andréa Bueno. A cabeça fraca: familiares de presos frente aos dilemas
da percepção dos Direitos Humanos. Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos
Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. A proteção internacional dos
direitos humanos. São Paulo: Saraiva, 1991.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. A incorporação das normas
internacionais de proteção dos direitos humanos no direito brasileiro. 2. ed. San
José, Brasília: Instituto Interamericano de Direitos Humanos, 1996.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de direito internacional
dos direitos humanos. Porto Alegre: S. A. Fabris, 1997.
204

CARVALHO, Júlio Marino de. Os direitos humanos no tempo e no espaço.


Brasília: Brasília Jurídica, 1998.
CHAKUR, Cilene Ribeiro de Sá Leite; DELVAL, Juan; DEL BARRIO, Cristina
et. al. A construção da noção de direitos humanos em crianças e adolescentes.
Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), n. 104, «Direitos humanos,
cidadania e educação», 1998. p. 76-100.
COELHO, Teixeira. Palavra, democracia e poesia: um paradoxo. Revista USP,
n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
COMPARATO, Fábio Konder. O princípio da igualdade e a escola. Cadernos
de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), n. 104, «Direitos humanos, cidadania e
educação», 1998. p. 47-75.
COSTA, Francisco. Editorial. Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos Humanos
no limiar do Século XXI», 1998.
COSTA, Jurandir Freire. Não mais, não ainda: a palavra na democracia e na
psicanálise. Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século
XXI», 1998.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
HERKENHOFF, João Baptista. Direitos humanos: a construção universal de
uma utopia. Aparecida: Santuário, 1997.
HORTA, José Silveiro Baia. Direito à educação e obrigatoriedade escolar.
Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), n. 104, «Direitos humanos,
cidadania e educação», 1998. p. 5-34.
LEITE, Marcelo. Ilusões reencontradas: a palavra da imprensa e suas aparentes
facilidades. Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século
XXI», 1998.
LERNER, Júlio (ed.). Cidadania: verso e reverso. Belo Horizonte: Imprensa
Oficial, 1998.
MARCÍLIO, Maria Luíza. História social da criança abandonada. São Paulo:
Hucitec, 1998.
MARCÍLIO, Maria Luíza. A lenta construção dos direitos da criança brasileira:
século XX. Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século
XXI», 1998.
MARCÍLIO, Maria Luíza; PUSSOLI, Lafaiete (eds.). Cultura dos direitos
humanos. São Paulo: LTr, 1998. 232 p.
MATOS, Olegária. Sociedade: tolerância, confiança, amizade. Revista USP, n.
37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
205

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Carolina Maria de Jesus: emblema do silêncio.
Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
MELLO, Celso D. Albuquerque. Direitos humanos e conflitos armados. Rio de
Janeiro: Renovar, 1997.
PALMA FILHO, João Cardoso. Cidadania e educação. Cadernos de Pesquisa
(Fundação Carlos Chagas), n. 104, «Direitos humanos, cidadania e educação»,
1998. p. 101-121.
PIMENTEL, Sílvia; SCHRITZMEYER, Ana Lúcia Pastore; PANDJIARJIAN,
Valéria. Estupro: crime ou cortesia? abordagem sociojurídica de gênero.
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PIMENTEL, Sílvia; SCHRITZMEYER, Ana Lúcia Pastore; PANDJIARJIAN,
Valéria. Estupro: direitos humanos, gênero e justiça. Revista USP, n. 37,
«Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. São Paulo sem medo: um diagnóstico da violência
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3. ed. São Paulo: Max Limonad, 1997.
PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos humanos. São Paulo: Max Limonad,
1998.
RIBEIRO, Renato Janine. A palavra democrática ou da utopia da necessidade:
utopia poética. Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do
Século XXI», 1998.
RIBEIRO, Renato Janine. O biscoito fino dos Direitos Humanos. Revista USP,
n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
ROVER, Cees de. Direitos humanos e direito internacional humanitário para
forças policiais e de segurança: manual para instrutores. Genebra: Comitê
Internacional da Cruz Vermelha, 1998.
SCHILLING, Flávia. Governantes e governados, público e privado: alguns
significados da luta contra a corrupção, o segredo e a mentira na política.
Revista USP, n. 37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
SILVA, José Vicente da; GALL, Norman. Incentivos perversos e segurança
pública: a polícia. São Paulo: Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial,
1999. (Braudel Papers, 22). (http://www.braudel.org.br/paper22.htm).
SINGER, Helena. Direitos Humanos e volúpia punitiva. Revista USP, n. 37,
«Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
SOARES, Maria Victoria de Mesquita Benevides. Cidadania e direitos
humanos. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), n. 104, «Direitos
humanos, cidadania e educação», 1998. p. 39-46.
206

SWINARSKI, Christophe. Introdução ao direito internacional humanitário.


Brasília: Comitê
Internacional da Cruz Vermelha, Instituto Interamericano de Direitos Humanos,
1997.
TELLES, Vera da Silva. Direitos sociais: afinal, do que se trata? Revista USP, n.
37, «Dossiê Direitos Humanos no limiar do Século XXI», 1998.
207

Direito Administrativo

Carga Horária: 60 h/a

Contextualização

A estrutura administrativa do Estado leva à necessidade de se


conhecer o conteúdo do Direito Administrativo que, em face da sua dinâmica
atual, tornou-se um ramo do Direito Positivo.
Não seria exagero de nossa parte se afirmássemos que o Direito
Administrativo é um dos mais discutidos ramos do Direito e o dizemos em
face das permanentes propostas de mudanças aplicáveis à nossa Carta
Magna, que acabam resultando em modificações na estrutura administrativa
do Estado.
Destarte, aqueles que venham a integrar os quadros profissionais de
segurança do cidadão, passam a ter como condicionante ao bom desempenho de
suas atividades, o pleno conhecimento de seu conteúdo, especialmente para
aplicá-lo em sua vida profissional, como para defesa de seus próprios
interesses.

Objetivos

- Habilitar o aluno ao pleno conhecimento e domínio sobre as questões


referentes ao Direito Administrativo, incluindo às relativas aos aspectos
correcionais da atividade específica do profissional de segurança do
cidadão, objetivando primordialmente aplicá-los em sua vida profissional e
também, como servidor do Estado para seu próprio conhecimento e defesa
de seus interesses.
- abordar em visão genérica, os diversos institutos do Direito Administrativo,
tomando por base suas origens, conceitos, evolução histórica, aplicabilidades de
seus institutos, análise de casos concretos, situações simuladas, etc.

Tópicos a serem abordados

I. Conceitos básicos de Direito Administrativo

a) conceito do Direito Administrativo


b) natureza jurídica e objeto do Direito Administrativo
c) conteúdo científico do Direito Administrativo

II. Da Administração Pública


208

a) conceito de Estado
b) elementos e objetivos do Estado
c) Poderes do Estado
d) organização do Estado

III. Estrutura administrativa do Estado


a) Administração Pública
b) governo e administração
c) entidades políticas e administrativas
d) órgãos e agentes públicos
e) investidura dos agentes públicos

IV. Atividade administrativa


a) conceito de Administração Pública
b) natureza jurídica da Administração Pública
c) finalidade da Administração Pública
d) princípios da Administração Pública
- legalidade
- moralidade
- impessoalidade
- publicidade
- eficiência

V. Dos poderes e deveres do administrador


a) poder e dever de agir
b) dever de eficiência
c) dever de probidade
d) dever de prestar contas
e) uso e abuso de poder
f) excesso de poder
g) desvio de finalidade
h) omissão da administração

VI. Dos poderes administrativos


a) poder vinculado
b) poder discricionário
c) poder hierárquico
d) poder disciplinar
e) poder regulamentar
f) poder de polícia

Estratégias de ensino
209

O aluno deve ser incentivado a aplicar os conhecimentos adquiridos em


conexão direta com as necessidades apontadas pela sua vida profissional.
Uso intensivo de exemplos empíricos e estudos de caso.

Avaliação e aprendizagem

Análise de situações concretas e estudos de caso.

Bibliografia sugerida

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Elementos de Direito


Administrativo. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo.
11. ed. São Paulo:
Malheiros, 1999. 720 p. (revista, atualizada e ampliada de acordo com as
Emendas Constitucionais 19 e 20 de 1998).
CRETELLA JÚNIOR, José. Curso de Direito Administrativo. 14. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1995.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo:
Atlas, 2000.
FARIA, Edimur Ferreira. Curso de Direito Administrativo positivo. 2. ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 1999.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 25. ed. São Paulo:
Malheiros, 2000.
MOTTA, Carlos Pinto Coelho. Eficácia nas licitações e contratos. 5. ed. Belo
Horizonte: Del Rey, 1996.
210

Legislação Especial

Carga Horária: 40 h/a

Contextualização

O profissional de segurança do cidadão, no atual contexto social, tem que


ter conhecimentos razoáveis da legislação penal brasileira, para que possa
atuar dentro dos limites exatos e perfeitamente adequado aos ensinamentos
da doutrina criminal e às orientações da política criminológica.
O Direito Penal codificado está baseado em legislação sexagenária
(Decreto-Lei n. 2.848, de 07 de dezembro de 1940), passível, de há muito, de
urgentes e necessárias reformas para sintonia com o nível de desenvolvimento
sociocultural e tecnológico do mundo contemporâneo.
Em face desse desajuste, o legislador, nessas seis últimas décadas, veio
editando leis penais especiais, complementares ao Código Penal, tendo
constituído um tão grande número delas que, hoje, quase atingem a
dimensão de um outro CP. Desse contexto situacional fica elementar
deduzir-se que o ensino do Direito Penal não pode definitivamente
prescindir o estudo da
Legislação Especial, sob pena de se haver um trabalho imperfeito e falho.

Objetivos

Introduzir o policial no conhecimento mínimo e indispensável da


legislação criminal que deve se constituir num dos parâmetros para o seu
comportamento no exercício profissional.
Estão inseridas em leis especiais as normas que estabelecem crimes
contra o consumidor, contra a criança e o adolescente, sobre tóxicos e
entorpecentes, sobre abuso de autoridade, sobre a tortura, sobre execução penal,
as contravenções penais, as proibições sobre uso e porte de armas de fogo,
disposições sobre crimes hediondos, os crimes de trânsito, etc.

Tópicos a serem abordados

A disciplina deverá ser abordada de forma seletiva e diferenciada, de


conformidade com a necessidade de cada Organização Policial e, dentro dela,
com profundidade correspondente ao nível de escolaridade de cada carreira
ou graduação, obedecendo-se critérios de eficiência na qualificação técnico-
profissional.
211

Estratégias de ensino

O processo de ensino-aprendizagem deverá efetivar-se através de


aulas teórico-práticas, associando-se técnicas da didática expositiva ao estágio
profissional em Organizações e Entidades diversas da Sociedade Organizada
e da Instituição Policial. Também se deverão promover seminários,
palestras, conferências e visitas a Entidades que, de qualquer forma se
relacionem com o assunto em foco.

Avaliação da aprendizagem

A avaliação deve privilegiar o uso de exemplos empíricos e estudos de


caso voltados à vida profissional do policial.

Bibliografia sugerida

ANDRADA, Doorgal Gustavo B. Crimes penais do novo Código de Trânsito.


Belo Horizonte: Del Rey, 1988.
BRASIL. Decreto-Lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941. Lei das contravenções
penais.
BRASIL. Lei n. 4.898, de 9 de dezembro de 1965. Regula o direito de
representação e o processo de responsabilidade administrativa civil e penal,
nos casos de abuso de autoridade.
BRASIL. Lei n. 6.368, 21 de outubro de 1976. Dispõe sobre medidas de
prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias
entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras
providências.
BRASIL. Lei 7.210, 11 de julho de 1984. Institui a Lei de Execução Penal.
BRASIL. Lei n. 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Define os crimes resultantes de
preconceitos de raça ou de cor.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da
criança e do adolescente, e dá outras providências.
BRASIL. Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes
hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e
determina outras providências.
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção
do consumidor e dá outras providências.
BRASIL. Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito
Brasileiro.
212

BRASIL. Lei n. 9.437, de 20 de fevereiro de 1997. Institui o Sistema Nacional


de Armas - SINARM, estabelece condições para o registro e para o porte de
arma de fogo, define crimes e dá outras providências.
BRASIL. Lei n. 9.455, 7 de abril de 1997. Define os crimes de tortura e dá
outras providências.
COGAN, Arthur. Prisão especial. São Paulo: Saraiva, 1996.
JESUS, Damásio Evangelista de. Lei de contravenções penais anotada. São
Paulo: Saraiva, 1998.
JESUS, Damásio Evangelista de. Lei antitóxicos anotada. São Paulo: Saraiva,
1999.
MARREY NETO, José Adriano. Transplante de órgãos: disposições penais.
São Paulo: Saraiva, 1995. (Notas às disposições penais contidas na Lei 8489, de
18.11.1992).
MONTEIRO, Antônio L. Crimes hediondos. São Paulo: Saraiva, 1999.
NOGUEIRA, Paulo L. Comentários à lei de execução penal. São Paulo:
Saraiva, 1996.
PRADO, Geraldo L. Mascarenhas. Comentários à lei contra o crime
organizado. Belo Horizonte: Del Rey.
213

Saúde física

Carga Horária: 120 h/a

Contextualização

A saúde física sempre foi uma preocupação do homem. Foram os gregos


que, durante muitos séculos, mais cultivaram os exercícios físicos com vista ao
desenvolvimento do corpo e garantia da saúde. Os exercícios físicos, que
perderam sua importância na Idade Média, foram revalorizados a partir do
Renascimento, passando a serem considerados como disciplina terapêutica,
útil para a educação do corpo e da mente.
O desenvolvimento da Biologia e de outras ciências, ocorrido no final do
século XIX, trouxe um grande impulso a uma nova abordagem da saúde.
Na atualidade, o tema tem ganho relevo, especialmente pelo fato de que o
enfoque das ciências da saúde tem se deslocado do tratamento da doença para o
aspecto preventivo, isto é, para a construção de condições capazes de evitar que
ela venha a se instalar.
Para enfrentar as dificuldades cotidianas do exercício profissional, é
indispensável que o profissional da área de segurança do cidadão seja
sadio, isto é, que apresente vigor físico, resistência, agilidade, equilíbrio
emocional, força, destreza. Além disso, o exercício da Saúde Física
possibilita desenvolver espírito de disciplina e de equipe, conhecer o organismo
humano e entender suas disfunções, potencializar o funcionamento dos
órgãos e melhorar a performance física propriamente dita. Esta disciplina
pretende tornar o profissional habilitado a zelar pela manutenção de sua
saúde, possibilitando-o a oferecer um produto de qualidade.

Objetivos

- Familiarizar o profissional com os conceitos de saúde e doença;


- avaliar a importância do bem estar físico e psicológico para o exercício
profissional;
- estimular o cuidado preventivo com a saúde;
- cultivar hábitos de vida sadia e sociabilidade;
- incentivar a prática desportiva como recurso para a garantia de boas condições
vitais;
- capacitar fisicamente o policial para desenvolver sua atividade profissional;
- desenvolver o espírito de equipe e disciplina individual;
- conhecer os efeitos da Educação Física no seu organismo.
214

Tópicos a serem abordados

I. Parte teórica
a) conceito de saúde e doença
b) relação entre qualidade de vida e desempenho no trabalho
c) prevenção da saúde
d) hábitos de manutenção da saúde

II. Treinamento físico


a) avaliação diagnóstica
b) condicionamento físico geral
c) alongamento
d) exercícios de flexibilidade
e) corrida contínua
f) fartlek
g) circuit training
h) interval training
i) exercícios isométricos, isocinéticos e isotônicos
j) exercícios de ação / reação
k) exercícios de coordenação motora

Estratégias de ensino

Aulas expositivas, seminários e outras técnicas de estudo. Uso intensivo de


jogos coletivos relacionados aos exercícios e técnicas contempladas.

Avaliação de aprendizagem

Avaliação teórica e prática do conteúdo ministrado em observância, quando for


o caso, aos critérios mínimos adotados por cada organização policial.

Bibliografia sugerida

BARBANTI, Valdir José. Aptidão física um convite a saúde. São Paulo:


Manole, 1990. 140 p.
BARBANTI, Valdir José; GUISELINE, M. A. Exercícios aeróbicos e
verdades. São Paulo: CLR Balieiro, 1985. 60 p.
BENSOUSSAN, Eddy. Saúde ocupacional. Rio de Janeiro: Cultura Médica,
1988. 237 p.
FOX, Boner; MACARDLE, William D. Bases fisiológicas da Educação Física
e dos desportos. 4. ed. Rio de Janeiro.
215

LEITE, Paulo Fernando. Aptidão física, esporte e saúde. São Paulo: Robe,
1990.
MACARDLE, William D. Fisiologia do exercício: energia nutrição e
desempenho humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.
MARINS, João C. B.; GIANNCHI, Ronaldo S. Avaliação e prescrição de
atividade física. Rio de Janeiro: Shape, 1996.
MENDES, René; DIAS, Elizabeth Costa. Da medicina do trabalho à saúde do
trabalhador. Revista de Saúde Pública, vol. 25, n. 5, 1991. p. 341-349.
ROCHA, Lys Esther; RIGOTTO, Raquel Maria; BUSCHINELLI, José Tarcísio
Penteado. Isto é trabalho de gente? vida, doença e trabalho no Brasil.
Petrópolis: Vozes, 1994.
WEINECK, Jurgen. Manual de treinamento esportivo. 2. ed. São Paulo:
Manole, 1989.
WEINECK, Jurgen. Biologia do esporte. São Paulo: Manole, 1991.
216

Saúde psicológica

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

A preocupação com a área de saúde psicológica e trabalho não é nova. Na


verdade, já em 1917, Freud mostrava sua preocupação com pacientes
desempregados e concluiu que eles apresentavam sérios problemas, que
foram classificados como: personalidades paranóides, personalidades
inadequadas e instabilidade emocional.
Na França, a questão da Saúde psicológica tem início na Psiquiatria,
após a II Guerra Mundial, com Le Guillant. A questão levantada por ele dizia
respeito ao nível de profundidade da relação entre os problemas
psicopatológicos e as questões sociais, à maneira pela qual o social
determina o distúrbio e à interferência do trabalho nesta questão. Le Guillant
tentava articular as condições sociais com os aspectos clínicos, sendo que
as condições sociais englobavam a experiência concreta, a realidade e o
cotidiano.
Dejours, um expoente da Psicopatologia do Trabalho, considera a
«organização do trabalho» como o elemento fundamental na análise dos
impactos deste sobre o funcionamento psíquico do indivíduo. Nesta
perspectiva, as condições de trabalho (física, químicas e biológicas)
atingem principalmente o corpo do trabalhador, enquanto a sua organização
(relações de trabalho, políticas) afeta diretamente a economia psíquica do
indivíduo.
A maior característica do trabalho é a oportunidade que ele oferece
à livre atividade do aparelho psíquico do trabalhador, permitindo-lhe ou não a
diminuição da sua tensão psíquica. Para muitos autores, a característica de um
trabalho desqualificante e parcializado gera uma tensão e um sofrimento que
podem assumir diferentes configurações, tais como depressão, fadiga,
distúrbios psicossomáticos, etc.
Outra abordagem sobre a dinâmica do trabalho e seu impacto sobre
a saúde dos trabalhadores é a do Estresse Ocupacional. O estresse é
caracterizado como «um desgaste ocasionado pela inadaptação prolongada do
homem às exigências psíquicas do seu meio».
Este desgaste é verificado na saúde física e mental do indivíduo, em uma
fadiga de maior ou menor extensão e com impacto direto em seu desempenho
profissional.
Como as pessoas passam a maior parte do tempo trabalhando, este é, sem
dúvida, a maior fonte de estresse do cotidiano. Entretanto, algumas ocupações
217

têm um nível de estresse maior que as outras. Dentre as profissões com um


alto nível de estresse destacamos a de policial. «Este profissional atua
num ambiente muito complexo, onde é exigida uma performance
profissional especializada, numa cultura generalista e perversa. Cultura essa que
contempla a força, a ausência de emoção, o .faz-tudo. ».
O profissional da Área de segurança do cidadão se vê envolvido
em situações altamente estressantes, que abalam pouco a pouco a sua saúde,
tornando-o muito agressivo, apático, cínico ou doente, além de
concomitantemente, se ver cobrado pela sociedade a quem ele serve, já que esta
exige-lhe uma postura adequada e uma ação rápida e eficaz toda vez que é
chamado a atuar.

Objetivos

- Conceituar saúde psicológica, realçando sua relação com a saúde física e a


integração de seus aspectos mentais e emocionais;
- analisar a relação entre saúde psicológica e trabalho;
- identificar fatores determinantes de perturbação da saúde psicológica;
- utilizar técnicas de prevenção do estresse e de outras doenças
relacionadas ao desempenho da atividade profissional;
- desenvolver a capacidade de vivenciar e expressar as emoções de forma
equilibrada;
- estimular o desenvolvimento do potencial intelectual.

Tópicos a serem abordados

I. Conceito e componentes da saúde psicológica


II. Saúde psicológica e trabalho
III. Fatores determinantes de perturbação da saúde psicológica
IV. Prevenção da saúde e condições de trabalho
V. Emoções como mediadoras no ambiente de trabalho
VI. Potencial intelectual; conceito e possibilidades

Estratégias de ensino

Aulas expositivas teóricas, seminários e outras técnicas de estudo e


discussão em grupo.
Estudos de caso, vivências e simulações. Exibição e comentário de filmes.

Avaliação da aprendizagem
218

Provas objetivas e dissertativas, análise e encaminhamento de solução


para situações reais e fictícias.

Bibliografia sugerida

ALBRECHT, Karl. O gerente e o estress. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.


ALMEIDA FILHO, Naomar. Epideologia social das desordens mentais: revisão
da literatura latino-americana. In: TUNDIS, Silvério A.; COSTA, Nilson.
Cidadania e loucura: políticas de saúde mental no Brasil. Petropólis: Vozes,
1990.
BAUK, Douglas Alberto. Stress. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, vol.
13, n. 50, 1985. p. 28-36.
CODO, Wanderley. Cidadania, trabalho e saúde mental: notas para um
debate. São Paulo: ABRAPSO, 1992. (Confereência).
CODO, Wanderley; SAMPAIO, J. J. C. (eds.). Sofrimento psíquico nas
organizações. Petropólis: Vozes, 1995.
COUTO, Hudson de Araújo. Stress e qualidade de vida do executivo. Rio de
Janeiro: COP, 1987.
DEJOURS, Christophe. Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de
Saúde Ocupacional, vol. 54, n. 14, 1986. p. 7-11.
DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI, Elizabeth; JAYET, Christian.
Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
MORAES, Lúcio Flávio R. et. al. O trabalho e a saúde humana: uma reflexão
sobre as abordagens do stress ocupacional e da psicopatologia do trabalho.
Cadernos de Psicologia.
SAMPAIO, Jáder dos Reis (ed.). Qualidade de vida, saúde mental e Psicologia
Social: estudos contemporâneos II. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
219

Processo de tomada de decisão aplicado

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

A tomada de decisão constitui um processo complexo, tipicamente


reflexivo, cuja construção implica em tomar-se consciência de que existe
um problema, que precisa ser analisado sob diferentes ângulos e que as
alternativas para resolvê-los devem ser avaliadas; só depois de percorridas
as diversas etapas deste processo pode-se tomar uma decisão adequada. Tomar
decisão não é, portanto, optar por um caminho ou uma solução sem se
levar em consideração todos os caminhos ou possibilidades disponíveis.
O profissional da área de segurança do cidadão é levado, no seu cotidiano,
a tomar decisões a todo momento e o faz, geralmente, sob grande pressão.
A inclusão desta disciplina pretende habilitá-lo a desenvolver um
comportamento analítico, definindo o objetivo a ser alcançado,
identificando o obstáculo que se apresenta, analisando as estratégias que
tornam provável a superação do obstáculo e, tendo a melhor solução, tomar a
decisão.

Objetivos

- Desenvolver a habilidade de identificar, analisar e solucionar problemas;


- desenvolver a capacidade de planejar, discutir e resolver situações de
forma participativa;
- analisar o processo decisório em suas diversas etapas, de modo a
encontrar soluções adequadas a cada situação;
- assumir comportamento assertivo ao comunicar decisões tomadas;
- apresentar metodologias de resolução de problemas.

Tópicos a serem abordados

I. Conceito e componentes de situações-problema;


II. Diagnóstico de situações problemáticas
III. Etapas da solução de problemas
IV. Identificação de alternativas
V. Avaliação de alternativas
VI. Discussão, planejamento e encaminhamento participativo de soluções
VII. Tomada de decisão; análise de etapas e forma de comunicação
VIII. Avaliação de resultados
IX. Ferramentas de auxílio à tomada de decisão
220

Estratégias de ensino

Aulas expositivas. Estudo de casos reais e fictícios. Dramatização e


simulação de casos exemplares. Exibição e comentário de filmes. Seminários.

Avaliação da aprendizagem

Provas situacionais, seminários, estudos de caso e análise de filmes.

Bibliografia sugerida

BAND, W. A. Competências críticas: dez novas idéias para revolucionar a


empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
BARROS, B. T.; PRATES, M. A. O estilo brasileiro de administrar. São
Paulo: Atlas, 1996.
BARRY, W. S. Fundamentos da gerência. Rio de Janeiro: Zahar, 1966.
BATEMAN, T. S.; SNELL, Scott A. Administração: construindo vantagem
competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.
BETHLEM, A. Estratégia empresarial: conceitos, processo e administração
estratégica. São Paulo: Atlas, 1998.
BEUREN, I. M. Gerenciamento da informação: um recurso estratégico no
processo de gestão empresarial. São Paulo: Atlas, 1998.
BLOCK, P. Gerentes poderosos. São Paulo: Makron, 1991.
BOTELHO, E. Do gerente ao líder: a evolução do profissional. São Paulo:
Atlas, 1998.
COVEY, S. T. Liderança baseada em princípios. Rio de Janeiro: Campus,
1997.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político
brasileiro. 8. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1989. 2 v.
KARLOF, B. Conceitos básicos de administração. São Paulo: Nobel, 1994.
KATZ, D.; KAHN, R. Psicologia social das organizações. São Paulo: Atlas,
1978.
KOONTZ, H.; O'DONNELL, C. Fundamentos da administração. São Paulo:
Pioneira, 1989.
KRAUSE, W. M. Chefia: conceitos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1997.
LINDBLOM, C. E. O processo de decisão política. Brasília: UNB, 1980.
221

MARCH, J. G.; SIMON, H. A. Teoria das organizações. São Paulo: Fundação


Getúlio Vargas, 1972.
MAUCHER, H. Liderança em ação. São Paulo: Makron, 1995.
MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Além da hierarquia: como implantar
estratégias participativas para administrar a empresa enxuta. São Paulo: Atlas,
1995.
MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes: estrutura em cinco
configurações. São Paulo: Atlas, 1998.
MOTTA, Fernando Carlos Prestes. Organização e poder: empresa, estado e
escola. São Paulo: Atlas, 1990.
NORMANN, R. Administração de serviços: estratégia e liderança na empresa
de serviços. São Paulo: Atlas, 1997.
PEREIRA, M. J. L. de B. Faces da decisão: as mudanças de paradigmas e o
poder de decisão. São Paulo: Makron, 1998.
PINCHOT, G.; PINCHOT, E. O poder das pessoas: como usar a inteligência
de todos dentro da empresa para conquista do mercado. Rio de Janeiro:
Campus, 1996.
RAMOS, A. G. Administração no contexto brasileiro: esboço de uma teoria
geral da Administração. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1983.
SIMON, H. Comportamento administrativo. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio
Vargas, 1971.
STONER, J. A. F. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1995.
TEIXEIRA, N. G. (ed.). A ética no mundo da empresa. São Paulo: Pioneira,
1991.
ZIEMER, R. Mitos organizacionais: o poder invisível na vida das empresas.
São Paulo: Atlas, 1997.
222

Relações interpessoais

Carga Horária: 20 h/a

Contextualização

I- Histórico da disciplina

O homem como ser biopsicosocial tem no relacionamento com as


pessoas a base da construção da sociedade. O desenvolvimento de habilidades
e competências pessoais tem sido cada vez mais requerido nos tempos atuais,
em que a necessidade de comunicação e entendimento na relação entre as
pessoas se revela de grave importância. A interação entre o homem e seu
ambiente social aumenta a partir da variada gama de informações
disponíveis, incorporadas a novas tecnologias e processos dentro da
organização e na sociedade.

II- Debate teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a responder

As habilidades comportamentais, entre elas as relações interpessoais,


têm sido analisadas dentro do processo administrativo sob o ponto de vista
cognitivo de compreensão dos comportamentos em contextos diversos e
também pela capacidade de efetivamente realizar tais atividades. A visão
limitada do papel das pessoas em um sistema de autoridade legitimados pela
tradição evoluiu para sistemas onde as novas formas de organização do
trabalho exigiam uma maior preparação da força de trabalho. Assim nos
pressupostos tayloristas da Escola Clássica, as pessoas eram tidas como
racionais e econômicas, não passando de extensões das máquinas em que
trabalhavam, agindo a favor de seus próprios interesses a partir da recompensa
econômica. A partir da Escola das Relações Humanas, a descoberta da
existência de uma organização informal dentro da organização formal da
empresa e a importância do grupo de trabalho, reforça que a gestão das pessoas
não podia tratá-las como se fossem meras extensões da estrutura e do
maquinário da organização. A Escola Comportamental avança nessa
perspectiva pois mostravam que os trabalhadores, além das recompensas
materiais e reconhecimento, queriam obter satisfação pessoal do trabalho,
desenvolvendo suas habilidades e a si mesmos na consecução de um
trabalho significativo e compensador.
Atualmente, com o avanço tecnológico e inovação empresarial, trabalhos
mais interessantes e desafiadores têm sido criados, e há uma busca
incessantes pela efetividade dos processos organizacionais. As pessoas têm de
desenvolver habilidades de inter-relação com os outros com o advento do
223

trabalho em equipe, métodos participativos de gestão, onde o


comprometimento das pessoas levam a empresa a proporcionar maiores
condições para melhor qualidade de vida no trabalho. Assim do rígido
controle e apêndice da máquina, o homem passa a participar mais no
novo desenho organizacional e com isso sua importância se sobressai e,
consequentemente, novas formas de regulação de suas ações, sendo as relações
interpessoais uma habilidade fundamental.
Da mesma forma, as organizações nada mais são, em última análise,
do que pessoas trabalhando juntas, para atingir determinados objetivos
preestabelecidos. Não se trata da simples soma dos trabalhos de cada um dos
elementos que atuam na organização; é bem mais que isso. Não é possível,
também, que haja um permanente acordo entre as diferentes pessoas que
trabalham numa organização sobre a melhor maneira de se encaminhar um
problema e garantir que ele tenha a solução mais adequada. É indispensável
que as pessoas estejam conscientes da necessidade de trabalharem
cooperativamente, formando um verdadeiro time, para que os objetivos
propostos cheguem a ser alcançados.
Equipe significa indivíduos trabalhando juntos, unidos por objetivos
comuns, numa atmosfera de confiança e entusiasmo. O sucesso do trabalho de
uma equipe não se restringe a relações interpessoais satisfatórias, mas implica
em entrosamento dos elementos que estão buscando atingir determinados
objetivos, utilizando, para isto, suas habilidades pessoais e desenvolvendo um
esforço solidário.

III- Importância do seu estudo pelo profissional de segurança do cidadão

O profissional de segurança do cidadão tem em suas atividades


diversas tarefas que pressupõem a interação com o cidadão, seus próprios
companheiros de trabalho e as outras organizações envolvidas no sistema. O
estudo das relações interpessoais prepara o profissional para disputar novas
responsabilidades e contribui para o desempenho de sua equipe e unidade
de trabalho. Aliando o desenvolvimento pessoal e a crença no trabalho em
times, o gerente de si mesmo pode com mais facilidade contribuir para
desenvolver sua equipe. Isso também é de fundamental importância para o
atendimento ao público e apoio administrativo, que precisam refletir sobre
seu papel e sua contribuição à melhoria da segurança ao cidadão.

Objetivos

- Exercitar a competência interpessoal;


- analisar o processo de comunicação, em sua perspectiva psicossociológica;
- identificar obstáculos ao processo de comunicação e utilizar estratégias
destinadas a facilitá-lo;
224

- conceituar equipe, estabelecendo a diferença entre grupos e equipes;


- desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe, analisando os
comportamentos relacionados a este exercício;
- permitir ao profissional desenvolver habilidade de selecionar estratégias
adequadas de ação, visando a melhoria das relações interpessoais e
institucionais, instrumentalizando-
o para as referidas ações;
- desenvolver habilidades para o atendimento ao cidadão enfocando, na
sua atuação, a segurança, proteção e orientação.

Tópicos a serem abordados

I. Motivação
a) teorias da motivação
b) motivação e recompensa

II. Percepção, Atitude e Diferenças Individuais


a) percepção social e interpessoal
b) percepção e diferenças individuais
c) fatores externos na percepção
d) atitudes e a formação de atitude

III. Comunicação
a) comunicação interpessoal
b) comunicação organizacional
c) atendimento ao cidadão

IV. Grupos e equipes; características diferenciais


a) trabalho em equipes e comportamentos relacionados: competição,
colaboração,
participação
b) formação de times de trabalho

V. Liderança
a) teorias de liderança
b) lideranças e gerência

VI. Dinâmica do processo de comunicação numa perspectiva psicossociológica

Estratégias de ensino
225

Aulas expositivas, estudo de textos e seminários. Dramatização e


simulação de situações aplicadas ao trabalho do profissional de segurança do
cidadão. Exibição e comentário de filmes.

Avaliação da aprendizagem

Exercícios situacionais e dissertativos, análise de casos, análise de filmes.

Bibliografia sugerida

AGUIAR, M. A. F. de. Psicologia aplicada a administração: introdução a


psicologia organizacional. São Paulo: Atlas, 1981.
ALENCAR, E. M. L. S. de. Psicologia: introdução aos princípios básicos do
comportamento. Petrópolis: Vozes, 1998.
ALENCAR, E. M. L. S. de; VIRGOLIN, A. M. R. (eds.). Criatividade:
expressão e desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1998.
AMADO, Guilles; GUITTET, André. A dinâmica da comunicação nos grupos.
2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
ANGERMEIER, W. F. Psicologia para o dia-a-dia. Petrópolis: Vozes, 1998.
ARGYRIS, Chris. A integração indivíduo-organização. São Paulo: Atlas, 1975.
BACCARO, A. Vencendo o estresse. Petrópolis: Vozes, 1998.
BENNIS, W. Líderes e liderança: entrevistas com lideranças empresariais e
políticas dos Estados Unidos, do Japão e da Europa. Rio de Janeiro: Campus,
1998.
BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas:
psicologia comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 1990.
BERGAMINI, C. W. Motivação nas organizações. São Paulo: Atlas, 1998.
BERGAMINI, C. W.; CODA, R. Psicodinâmica da vida organizacional. São
Paulo: Atlas, 1998.
BERNHOEFT, R. Trabalhar e desfrutar: equilíbrio entre vida pessoal e
profissional. Rio de Janeiro: Nobel, 1991.
BOWDITCH, James L.; BUONO, Anthony F. Elementos do comportamento
organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992.
CAMPOS, R. H. de F. Psicologia social comunitária. Petrópolis: Vozes, 1998.
CHANLAT, J. F. (ed.). O indivíduo na organização: dimensões esquecidas.
São Paulo: Atlas, 1993.
226

CYPERT, S. A. Como se fortalecer com o poder da auto-estima. Rio de


Janeiro: Campus, 1998.
DEJOURS, Christophe; ABDOUCHELI, Elizabeth; JAYET, Christian.
Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
FLEURY, M. T. L. Cultura e poder nas organizações. São Paulo: Atlas, 1990.
FLEURY, M. T. L.; FISCHER, R. M. Processo e relações de trabalho no
Brasil. São Paulo: Atlas, 1996.
HANDY, C. B. Como compreender as organizações. Rio de Janeiro: Zahar,
1982.
HARDINGHAM, A. Como tomar decisões acertadas. São Paulo: Nobel, 1992.
HERSEY, P.; BLANCHARD, K. H. Psicologia para administradores de
empresas: a utilização de recursos humanos. São Paulo: EPU, 1974.
KRECH, David; CRUTCHFIELD, D. Indivíduo na sociedade. São Paulo: EPU,
Edusp, 1975.
MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1982.
MOSCOVICI, Fela. Equipes dão certo. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.
MOTTA, Fernando Carlos Prestes. Organização e poder: empresa, estado e
escola. São Paulo: Atlas, 1990.
MUCCHIELLI, Roger. Dinâmica de grupo. Rio de Janeiro, 1979.
SENGE, Peter M. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1998.
WISINSKI, J. Como resolver conflitos no trabalho. Rio de Janeiro: Campus,
1998.
227

Gerenciamento de crises

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização:

Defrontando-se, a todo momento, com situações de crise, o


profissional da Área de segurança do cidadão é levado a ter uma postura ativa,
reflexiva e ponderada para avaliar o quadro diante do qual se encontra e
adotar o comportamento que leve a superar as dificuldades. As disciplinas
que antecederam esta proposta prepararam este profissional para visualizar a
situação problemática, analisá-la, avaliar as alternativas para solução e
escolher entre elas. Ao gerenciar crises, entretanto, este processo tem de ser
vivenciado em curto espaço de tempo.
O objetivo desta disciplina consiste em capacitar o policial para identificar
as situações de crise ou diagnosticar a possibilidade de sua emergência, analisar
num relance as alternativas para encaminhá-las a uma solução, administrar de
maneira equilibrada os conflitos que surgem nessas situações de crise e
apresentar comportamentos assertivos.

Objetivos

- Desenvolver a capacidade de enfrentar situações conflitivas como fenômeno


natural no relacionamento humano, administrando-as, considerando as
diferenças pessoais;
- instrumentalizar o profissional para enfrentar e superar desafios de forma
assertiva;
- propiciar ao policial conhecimento de alternativas táticas para o
gerenciamento de crises;
- conhecer os tipos de ocorrências de alta complexidade mais comuns aos
exercícios das atividades policiais, bem como as formas de atuação;
- capacitar o policial para decidir em momentos de crise, sem descuidar-se
do aspecto legal.

Tópicos a serem abordados

I. Conceito e modalidades de conflitos


a) conceito de crise
b) conceito e caracterização das ocorrências de alta complexidade

II. Enfrentamento de situações conflitivas


228

III. Diferentes formas de administração de conflitos e seus efeitos


a) negociação
b) persuasão
c) repressão
d) evasão
e) confrontação

IV. Resolução de problemas

V. Fatores que interferem na tomada de decisões

VI. Política governamental básica


a) garantias individuais
b) política de concessão
c) esfera de competência

VII. Gerenciamento de ocorrências de alta complexidade


a) organização da ambiência operacional
b) gerenciamento de ocorrências com reféns
c) gerenciamento de ocorrências de rebelião em presídios
d) gerenciamento de acidentes em massa
e) gerenciamento, ação e operação para perseguição e interceptação de
agentes
criminosos em zona urbana e rural
f) gerenciamento de operações de reintegração de posse

VIII. Alternativas táticas


a) negociação
b) emprego da força
c) comunicação social

Estratégias de ensino

Uso intensivo de simulações de negociação, problemas e dramatização de


situações de crise. Estudos de caso reais, análise de filmes e vídeos.

Avaliação de aprendizagem

Exercícios situacionais, análise de casos concretos, problematização,


planejamento e proposição de soluções operacionais. Exercícios teóricos.
229

Bibliografia sugerida

ARGYRIS, Chris. A integração indivíduo-organização. São Paulo: Atlas, 1975.


BARON, A. Robert; BYRNE, Donn. Psicologia social. 8. ed. Madrid: Prentice
Hall Iberia, 1998.
BOWDITCH, James L.; BUONO, Anthony F. Elementos do comportamento
organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992.
FREEDMAN, Jonathan L.; CARLSMITH, J. M.; SEARS, David O. Psicologia
Social. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1970.
Gerenciamento de crises. Brasília: Ministério da Justiça, 1996.
Manual de gerenciamento de crises. Brasília: Ministério da Justiça,
Departamento de Polícia Federal, 1995.
MATOS, Francisco Gomes de. Administração do conflito: desenvolvimento
gerencial permanente à distância. Rio de Janeiro: Cedeg, 1983.
MONTEIRO, Roberto das Chagas. Gerenciamento de crises da Polícia Federal.
Brasília, 1991.
MORALES, J. Francisco; OLZA, Miguel. Psicologia social y trabajo social.
Espanha: McGraw Hill, 1996.
MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1982.
MOSCOVICI, Fela. Renascença organizacional. Rio de Janeiro: José Olympio,
1993.
MOTA, Paulo Roberto. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser
dirigente. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1993.
ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. Rio de Janeiro: LTC,
1999.
WATANABE, Paulo et. al. Gerenciamento de crises. Brasília: Departamento
de Polícia Federal, 1991.
230

Português instrumental

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

A linguagem é responsável por toda interação comunicativa. Por meio


dela o ser humano é capaz de se informar e ser informado, de se
transformar e ser transformado. Para que o falante desenvolva sua
competência comunicativa é necessário que ele entenda o texto (qualquer
ato de interação verbal) tanto no aspecto lingüístico estrutural quanto no aspecto
contextual.
A disciplina propõe-se a oferecer ao aluno condições básicas para que ele
se torne usuário eficiente da língua portuguesa, desenvolvendo suas habilidades
de leitor/ ouvinte/ falante/ produtor de textos orais-escritos, a interpretar o meio
sociocultural e atuar sobre ele.
A disciplina instrumentalizará o aluno para a prática da leitura e da
produção de textos através de exercícios da língua padrão.

Objetivos

- Fornecer ao profissional um aparato técnico que promova o


desenvolvimento harmonioso de suas habilidades orais e escritas;
- instrumentalizar o profissional para que sua comunicação, em língua escrita
formal, seja produtiva e eficaz, com repercussão positiva na execução de
suas tarefas;
- levar o aluno a pensar e escrever com coerência e clareza;
- fornecer subsídios para que ele utilize a língua escrita formal com
desenvoltura e correção;
- garantir ao aluno instrumentos lingüísticos de ascensão na sua carreira
profissional.

Tópicos a serem abordados

I. Concepções de linguagem
a) variações lingüísticas
b) relação oralidade / escrita
c) clareza e correção

II. Concepções de gramática


a) ortografia
231

b) concordância verbal
c) concordância nominal
d) pontuação
e) emprego de classes de palavras
f) regência
g) sintaxe, etc.
III. Concepção de leitura
a) conhecimentos prévios do leitor
b) objetivos e expectativa do leitor
c) análise de textos
d) parcialidade versus imparcialidade
IV. Produção de textos (redação aplicada à atividade policial)
a) aspectos pragmático na produção de textos
b) aspectos conceituais na produção de textos
c) aspectos formais na produção de textos
d) técnicas de elaboração dos mais variados tipos de textos

Estratégias de ensino

Aulas expositivas. Leitura e estudo individual dos textos, visando a


contextualização e a adoção de um posicionamento crítico. Exercícios de
apoio lingüístico-estrutural. Dinâmicas de grupos. Trabalho individuais e em
grupos. Filmes.

Avaliação da aprendizagem

A avaliação ocorrerá durante todo o desenrolar do curso mediante a


elaboração de trabalhos individuais ou em grupos. Serão considerados no
processo de avaliação todas as formas de participação do aluno no curso.

Bibliografia sugerida

BARROS, Jaytne. Encontros de redação. São Paulo: Moderna, 1984.


BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo: Nacional,
1972.
BRAIT, Elizabeth et. al. Aulas de redação. São Paulo: Atual, 1980.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa.
17. ed. São Paulo: Nacional, 1997.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica: para uso dos
estudantes universitários. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978.
232

FERRARI, Alfonso Trujillo. Metodologia da pesquisa científica. São Paulo:


MeGraw-Hill do Brasil, 1982.
GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 8. ed. Rio de
Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1980.
KRAUSE, Gustavo Bernardo. Laboratório de redação. Brasília: MEC, Fename,
1978. (3ª tiragem: 1982).
LIMA, Rosângela Borges. A propaganda e a mulher. Revista de Estudos da
Língua Portuguesa, vol. 3, 1985. p. 25-33.
LUFT, Celso Pedro et. al. Novo manual de português: redação, gramática,
literatura, ortografia oficial, textos e testes. 16. ed. São Paulo: Globo, 1991.
MAFRA, Johnny José. Ler e tomar notas: primeiros passos da pesquisa
bibliográfica. Caderno do Departamento de Física e Química, vol. 1, n. 1,
1992. p. 5-16.
MORENO, Cláudio; GUEDES, Paulo Coimbra. Curso básico de redação:
destinado ao 2º grau e vestibular. 2. ed. São Paulo: Ática, 1984.
OLIVIER, Vladimir. Redação e expressão em língua portuguesa. São Paulo:
Editora do Brasil, 1975.
ROCHA, Antônio de Abreu. Redação oficial: para estudantes e funcionários. 2.
ed. Belo Horizonte: Vigília, 1973.
SALOMON, Délcio Vieira. Como fazer uma monografia: elementos de
metodologia do trabalho científico. 4. ed. Belo Horizonte: Interlivros, 1974.
SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura
e redação. São Paulo: Ática, 1990.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São
Paulo: Cortez, 2000.
SOARES, Magda Becker. Técnica de redação: as articulações lingüísticas
como técnica de
pensamento. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o
ensino de 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez, 1996.
VAL, Maria da Graça et. al. Redação técnica. Belo Horizonte: Universidade
Federal de Minas Gerais, 1985.
233

Telecomunicações

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

O homem sempre sentiu necessidade de estabelecer formas e meios de


comunicação. Estas formas e meios estão em constante evolução e hoje já são
realidade as modernas redes mundiais de informações, as comunicações por
intermédio de satélites, a telefonia celular e outros.
Todos os segmentos da sociedade têm se modernizado e procurado
utilizar das modernas tecnologias, principalmente no que se refere às
comunicações, até mesmo as organizações criminosas. Assim, é de
fundamental importância que as organizações policiais sejam supridas de
equipamentos e instrumentos modernos de comunicação e que seus
profissionais estejam capacitados a utilizá-los.
Os meios de comunicação constituem uma das formas fundamentais no
auxílio ao policial no desempenho de suas atividades de segurança pública,
de forma a dar-lhe supremacia nas suas ações, para que ele possa atuar de
forma inteligente e dentro dos parâmetros legais.

Objetivos

- Identificar a importância das telecomunicações, em apoio às atividades


operacionais e administrativas da força policial;
- conhecer e operar corretamente os equipamentos de telecomunicações em uso
na força policial;
- conhecer as normas que disciplinam o uso das telecomunicações no âmbito
externo e interno da força policial.

Tópicos a serem abordados

A disciplina explicitará os conceitos básicos e as técnicas para


utilização dos meios de comunicação em uso na organização policial. Durante
o desenvolvimento da disciplina deverá ser abordado com bastante ênfase a
importância das comunicações em apoio às atividades policiais, principalmente
aquelas de cunho eminentemente operacional. Através de práticas, serão
estudados os diversos meios de comunicações em uso, procurando habilitar o
policial para o seu manuseio.
Dado que cada organização policial possui seu equipamento específico e
sua rede própria, com diferentes equipamentos ou níveis de apropriação
234

tecnológica, a ementa abaixo segue como sugestão a ser adaptada naquilo que
for necessário.

I. Introdução
a) conceito de telecomunicações
b) conceito de radiocomunicação
c) posto diretor da rede
d) operador de rádio
II. Configuração das redes
a) rede de radiocomunicações
b) redes telefônicas
c) rede fax

III. Exploração da rede rádio


a) expressões convencionais de serviço
b) legibilidade e intensidade dos sinais
c) alfabeto fonético
d) código Q
e) código internacional
f) chamadas
g) deveres do rádio operador;
h) operação com transceptores
IV. Exploração da rede telefônica e da rede fax
a) utilização do telefone e código de interligação
b) utilização e operação do fax.

Estratégias de ensino

Seminários, aulas expositivas, aulas práticas utilizando os


equipamentos de comunicação, palestras e visitas.

Avaliação da aprendizagem

A avaliação da aprendizagem deve ser dirigida à avaliação do uso


correto e eficiente do equipamento específico da organização policial.

Bibliografia sugerida
235

AGUILAR, Dário Ferreira de. Comunicações PM. Belo Horizonte: Polícia


Militar de Minas Gerais,
Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças, 1999. (mimeo).
ALENCAR, Marcelo Sampaio. Telefonia digital. São Paulo: Érica, 1998.
BARRADAS, Olvídio. Você e as telecomunicações. Rio de Janeiro:
Interciência, 1998.
236

Técnica de informação

Carga Horária: 30 h/a

Contextualização

I - Histórico da disciplina e sua relação com o contexto atual

Esta disciplina constitui parte integrante da formação dos


profissionais que lidam com a administração de organizações, incluindo-se
obviamente as organizações policiais. Nesse sentido está inserida em
praticamente todos os currículos dos cursos de Administração e há cada vez
mais um reconhecimento da atualidade dos conhecimentos oferecidos pela
disciplina no sentido da melhor instrumentalização dos profissionais que
diariamente devem tomar decisões em contextos organizacionais. A
compreensão e o uso adequado da informação é certamente uma habilidade que
tem sido cada vez mais valorizada no processo de formação dos membros
organizacionais, independente da posição hierárquica que ocupam.

II- Debate Teórico atual e problemáticas que visam a levantar ou a atender

Há uma discussão teórica muito profícua entre os especialistas da


informação organizacional. Questões tais como o papel estratégico da
informação nos processos decisórios, o uso e o processamento da informação
nos processos sociais e em especial nas sociedades democráticas, a gestão
estratégica da informação, os impactos das novas tecnologias de informação nas
sociedades contemporâneas, são algumas das questões temáticas que têm
merecido a reflexão dos referidos especialistas.
Com certeza tais debates teóricos podem e devem ser suscitados e
apresentados no escopo da disciplina a ser incorporada nos cursos de
formação dos profissionais de segurança do cidadão.
Deve-se acrescentar, contudo, que dada a especificidade das organizações
às quais será aplicada, é importante incorporar problemáticas atinentes à
atividade policial. Nesse sentido, a disciplina ora apresentada busca inserir o
debate em torno do uso estratégico da informação no trabalho da polícia
investigativa e da polícia ostensiva. A tradição dos órgãos de segurança no
Brasil, por seu turno, associa o tema das informações à questão da defesa do
Estado Nacional contra ameaças externas e internas.
A disciplina aqui proposta pretende romper esta perspectiva,
considerando-a inadequada para a atividade policial voltada para a segurança
do cidadão. Assim é importante que a disciplina contemple a importância
da informação estratégica como requisito básico para as intervenções
237

públicas na área de segurança, procurando vinculá-la ao processo decisório


típico da atividade policial.

III- Importância do seu estudo para o profissional da área

A importância desta disciplina na formação do profissional de segurança


do cidadão reside no fato de que ela propicia maior profissionalização e
racionalidade ao desempenho da atividade policial.
A disciplina pode oferecer ao profissional da área o desenvolvimento de
habilidades técnicas referentes à análise das informações produzidas pelas
organizações policiais, em especial os dados estatísticos, e seu uso na definição
de estratégias de ação no sentido da prevenção e da repressão ao fenômeno
criminoso. Em outros termos, esta disciplina desempenha papel chave no
sentido da consolidação de uma atuação científica por parte das organizações
policiais.

IV- Abordagens correlatas às especificidades exigidas

As temáticas a serem trabalhadas na disciplina, em especial a


discussão em torno da informação e do conhecimento e a importância
estratégica da informação na tomada de decisões, são importantes para os
membros de todas as organizações policiais e para todas as hierarquias. A
questão do uso estratégico da informação na atividade policial é uma temática
que por sua vez deve ser contextualizada de acordo com o caráter ostensivo e
investigativo da organização policial.

Objetivos

- Proporcionar ao profissional da área de segurança do cidadão uma reflexão


consistente sobre o papel estratégico da informação no processo decisório
cotidiano de sua atividade profissional;
- proporcionar ao profissional da área de segurança do cidadão a assimilação de
técnicas de obtenção de dados e de apresentação de dados;
- permitir ao profissional da área de segurança do cidadão uma
compreensão da importância do uso intensivo da informação no planejamento
de atuação policial tanto ostensiva quanto investigativa;
- introduzir o profissional da área de segurança do cidadão no manuseio
de técnicas elementares de análise estatística e de análise georeferenciada do
fenômeno criminoso.

Tópicos a serem abordados


238

I. Informação e processo decisório nas organizações


a) dados, informação e conhecimento
b) técnicas de obtenção de dados
c) formas de apresentação de dados
II. Informações, dados e o sistema de segurança pública
a) informações oficiais do sistema de segurança pública: diagnóstico e
perspectivas
b) INFOSEG como base de informações para a atividade policial
c) a importância da construção de um sistema de indicadores sociais de
segurança
d) a produção de dados não-oficiais de criminalidade : as pesquisas de
vitimização
III. Uso estratégico da informação na atividade policial
a) as técnicas de análise georeferenciada da criminalidade
b) estatística aplicada ao estudo do fenômeno criminoso

Estratégias de ensino

O conteúdo da disciplina deve ser ministrado combinando-se aulas


expositivas com exercícios práticos das técnicas de análise georeferenciada e de
estatística aplicada. É importante o uso intensivo dos dados estatísticos
produzidos pela organização policial à qual pertencem os alunos.

Avaliação da aprendizagem

A disciplina tem um caráter tanto teórico quanto prático. Nesse


sentido é importante a combinação de técnicas diversas de avaliação de
aprendizagem, quais sejam, provas escritas, trabalhos individuais e em grupo,
seminários, exercícios práticos.

Bibliografia sugerida

Unidade 1

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.


DAVENPORT, Thomas H. Ecologia da informação. São Paulo: Futura, 1998.
GATES, Bill. A empresa na velocidade do pensamento. São Paulo: Companhia
das Letras, 1999.
LEONARD-BARTON, Dorothy. Nascentes do saber. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1998.
239

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.


LIPNACK, Jessica. Rede de informações. São Paulo: Makron, 1994.
MCGEE, James. Gerenciamento estratégico da informação. Rio de Janeiro:
Campus, 1994.
NADLER, David A. Arquitetura organizacional. Rio de Janeiro: Campus,
1994.
NONAKA, Ikujiro. Criação do conhecimento na empresa. Rio de Janeiro:
Campus, 1997.
SENGE, Peter M. A quinta disciplina. São Paulo: Best Seller, 1990.
STAIR, Ralph M. Princípios de sistemas de informação. Rio de Janeiro: LTC,
1998.
STEWART, Thomas A. Capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
WALTON, Richard E. Tecnologia de informação. São Paulo: Atlas, 1993.
WANG, Charle B. Techno Vision II. São Paulo: Makron, 1998.
WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de informação. São Paulo: Cultura
Editores Associados, 1991.

Unidade 2

CARNEIRO, Leandro Piquet. Para medir a violência. In: PANDOLFI, Dulce;


CARVALHO, José Murilo de; CARNEIRO, Leandro Piquet et. al. Cidadania,
justiça e violência. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1999.
Indicadores sociais de criminalidade. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro,
1987.
MELLO JORGE, M. H. P.; GAWRYSZEWSKI, V. P.; LATORRE, M. R. D.
Análise dos dados de mortalidade. Revista de Saúde Pública, vol. 31, 1997.
MELLO JORGE, M. H. P.; VERMELHO, L. L. Mortalidade de jovens:
análise do período de 1930 a 1991 (a transição epidemiológica para a violência).
Revista de Saúde Pública, vol. 30, n. 4, 1996.
MINAYO, Maria Cecília de S. A violência social sob a perspectiva da Saúde
Pública. Cadernos de Saúde Pública, vol. 10, n. 1, «Suplemento», 1994.
PACHECO, Lúcia Maria M.; CRUZ, Olga Lopes; CATÃO, Yolanda.
Construção de indicadores de criminalidade. Rio de Janeiro: IBGE. (mimeo).
Participação politico-social, 1988: Brasil e grandes regiões. v. 1. Rio de
Janeiro: IBGE,
240

Departamento de Estatisticas e Indicadores Sociais, 1990. 3 v. (Justiça e


vitimização).
Pesquisa de vitimização: dificuldades e alternativas. Rio de Janeiro: IBGE,
1985. (mimeo).
SOUZA, Edinilsa Ramos de. Homicídios no Brasil: o grande vilão da Saúde
Pública. Cadernos de Saúde Pública, vol. 10, n. 1, «Suplemento», 1994.
SOUZA, Edinilsa Ramos de; MINAYO, Maria Cecília de Souza. O impacto da
violência social na Saúde Pública do Brasil: a década de 80. In: MINAYO,
Maria Cecília de Souza. Os muitos brasis: saúde e população na década de 80.
São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1995.

Unidade 3

BEATO FILHO, Cláudio Chaves et. al. A evolução da criminalidade violenta


em Minas Gerais: 1986-1997. In: Congresso da ANPOCS, 22. Caxambu:
ANPOCS, 1998.
FONSECA, J. S.; MARTINS, G.; TOLEDO, G. L. Estatística aplicada. São
Paulo: Atlas, 1992.
GRIZA, Aída et. al. Determinantes municipais e regionais da criminalidade no
Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Justiça e da Segurança do Rio
Grande do Sul, Núcleo de Pesquisa sobre Violência, 1999. (mimeo).
GRIZA, Aída et. al. Os espaços sociais da criminalidade no Rio Grande do
Sul: um estudo
microrregional, 1992-1998. Porto Alegre: Secretaria da Justiça e da Segurança
do Rio Grande do Sul, Núcleo de Pesquisa sobre Violência, 1999. (mimeo).
Mapa de risco da violência: cidade de São Paulo. São Paulo: Centro de
Estudos de Cultura Contemporânea, 1996.
MARTINS, G.; DONAIRE, D. Princípios de Estatística. São Paulo: Atlas,
1990.
TRIOLA, Mário F. Introdução à Estatística. Rio de Janeiro: LTC, 1998.
241

ANEXOS
242

ANEXO A – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMAL

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE ALAGOAS

CURSO: CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇAS CFP/2006


DURAÇÃO: 06 (seis) meses
HORAS/AULA: 1050 horas aula

ÁREA DISCIPLINA H/A


Conhecimento Chefia e Liderança 30
s ADM PM e Legislação 60
Específicos Policiamento Ambiental 20
Policiamento Rádio Motorizado 40
Policiamento Montado 30
Policiamento de Trânsito 20
Policiamento Ostensivo de Choque 20
Armamento Munição e Tiro 60
Atividades de inteligência PM 30
BP-60 20
Ordem Unida 30
Conhecimento Comunicação Social 30
s Direito Administrativo 50
Jurídicos, Psicologia Social 30
Humanos e Estatística Básica 30
Sociais Direitos Humanos Ética e Cidadania 30
Introdução ao Estudo do Direito 30
Direito Constitucional 60
Direito Civil 30
Direito Penal 60
Direito Processual Penal 30
Direito Penal Militar 45
Direto Processual Penal Militar 45
História da PMAL 30
Conhecimento Sensibilização e Interação Grupal 20
s Gerais TFM 60
Português Intrumental 30
Pronto Socorrismo 20
CARGA HORÁRIA CURRICULAR 645
Visitas, Palestras, Estágios e Treinamentos 60
À disposição da Administração Escolar 30
CARGA HORÁRIA TOTAL 1050
243

ANEXO B – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMES

POLÍCIA MILITAR DO ESPIRITO SANTO

ESTRUTURA CURRICULAR DO CURSO DE FORMAÇÃO DE


SOLDADOS – 2006

N DISCIPLINA C/
º H
Área de conhecimento I
Sistemas, Instituições e Gestão Integrada em Segurança Pública
01 Sistema de Segurança Pública 20
02 Legislação Policial Militar I 30
03 Legislação Policial Militar II 30
SUBTOTAL 80
Área de conhecimento II
Violências, Crime e Controle Social
04 Criminologia 20
05 Psicologia Geral 40
06 Sociologia da Violência 40
SUBTOTAL 10
0
Área de conhecimento III
Cultura e Conhecimento Jurídico
07 Introdução ao Estudo do Direito 20
08 Direito Constitucional 30
09 Direito da Infância e Juventude 20
10 Direito Penal 60
11 Direito Processual Penal 30
12 Direitos Humanos e Cidadania 40
13 Direito Administrativo 30
SUBTOTAL 23
0
Área de conhecimento IV
Modalidades de Gestão de Conflitos e Eventos Críticos
244

N DISCIPLINA C/
º H
14 Gerenciamento de Crises 20
SUBTOTAL 20
Área de conhecimento V
Valorização Profissional e Saúde do Trabalhador
15 Orientação Psicopedagógica 30
16 Educação Física 50
17 Socorros de Urgência 40
18 Palestras e Seminários 20
SUBTOTAL 14
0
Área de conhecimento VI
Comunicação, Informação e Tecnologias em Segurança Pública
19 Técnica de Redação de Documentos 20
20 Telecomunicações na PMES 20
21 Inteligência Policial 30
22 Comunicação e Imagem Institucional 30
SUBTOTAL 10
0
Área de conhecimento VII
Cotidiano e Prática Policial Reflexiva
23 Teoria de Polícia 2
0
24 Ética Profissional 2
0
25 Ordem Unida 4
0
26 Conduta Profissional -
SUB TOTAL 8
0
Área de conhecimento VIII
Funções, Técnicas e Procedimentos em Segurança Pública
27 Ações de Defesa Civil e Bombeiros 20
28 Defesa Pessoal 60
29 Armamento e Equipamento 30
30 Tiro Policial 60
31 Preservação e Isolamento de local de crime 20
32 Modelo Interativo de Polícia 30
33 Policiamento Ostensivo Geral 80
34 Operações de Policiamento Ostensivo 40
35 Policiamento Ambiental 20
36 Policiamento de Trânsito 20
245

N DISCIPLINA C/
º H
37 Estágio Profissional Supervisionado 12
0
SUBTOTAL 50
0
Área de conhecimento IX
Atividades Cívico-Militares
38 A Disposição do CFA 3
0
SUBTOTAL 3
0
TOTAL 1.2
80
246

ANEXO C – GRADE CURRICULAR DO CTSP DA PMMG

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA PÚBLICA – CTSP


Áreas de Estudo Disciplinas Carga Horária
História da PMMG 14
Ética e Cidadania 14
Direitos Humanos 40 178
Missão Policial Sistemas Policiais 14 hs/aula
Ordem Unida 36
Legislação Institucional 60
Armamento e Munições 44
Defesa Pessoal 70
Tiro Policial 76
Técnica Policial 76
Criminalística 20 380
Técnicas de Gerenciamento de Crises 10 hs/aula
Defesa Pública Pronto Socorrismo 30
Atividade de Inteligência 14
Drogas e Violência 20
Análise Criminal 20
Policiamento Ostensivo Geral 60
Polícia Comunitária 30 164
Polícia Policiamento de Trânsito 30 hs/aula
Ostensiva Policiamento Ambiental 30
Policiamento de Guardas 14
Desenvolvimento Interpessoal 14
Sociologia do Crime e da 130
Eficácia Pessoal Violência 20 hs/aula
Educação Física 74
Chefia e Liderança 20
Língua Portuguesa 60
Comunicação Organizacional 14 144
Linguagem e Comunicações Operacionais 20 hs/aula
Informação Informática Aplicada 30
Redação de Documentos 20
Direito Penal 74
Direito Constitucional 30
Cultura Direito Administrativo 30 228
Jurídica Direito Civil 30 hs/aula
Direito Processual Penal 20
Legislação Jurídica Especial 44
SUB-TOTAL 1 1.224 hs
/aula
247

Laboratórios de Introdução à Cultura


Segurança Institucional 08 28 hs/aula
Pública Jornada Policial 20
1252
SUB-TOTAL 2 hs/aula
Estágio Empenho Operacional 120 200
Curricular Prática em Policiamento hs/aula
Ostensivo 80
SUB-TOTAL 3 200 hs /
aula
TOTAL 1.452
hs/aula
248

ANEXO D – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMPR

POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ

C
CUUR
RRRÍÍC
CUUL
LOOD
DOOC CUURRSSO
OD DE E FFO
ORRMMAAÇ
ÇÃÃOODDE
E SSO
OLLD
DAAD
DOOSS
PPOOLLIIC
CIIA
AIISS M
MIIL
LIIT
TAAR
REESS

MISSÃO POLICIAL
1 SISTEMA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO 20
2 BRASIL 40
3 FUNDAMENTOS DE POLÍCIA 20
4 COMUNITÁRIA 20
ABORDAGEM SÓCIO-PSICOLÓGICA DA
VIOLÊNCIA
5 DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR 30
6 TÉCNICA APLICADA 60
7 ARMAMENTO 50
8 TIRO POLICIAL 20
9 DEFESA PESSOAL 40
MEDICINA LEGAL E CRIMINALÍSTICA
APLICADA
10 PRONTO SOCORRISMO 30
11 30
12 CULTURA JURÍDICA APLICADA 60
13 NOÇÕES DE DIREITO CIVIL E 20
14 ADMINISTRATIVO 20
FUNDAME 15 DIREITO CONSTITUCIONAL 40
NTAL DIREITO PENAL E PENAL MILITAR
DIREITO PROCESSUAL PENAL E
16 PROCESSUAL PENAL MILITAR 12
17 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA 0
LEGISLAÇÃO ESPECIAL 20

18 SAÚDE DO POLICIAL
19 EDUCAÇÃO FÍSICA MILITAR 30
SAÚDE PSICOLÓGICA 20

20 EFICÁCIA PESSOAL
21 PROCEDIMENTOS EM OCORRÊNCIAS 20
22 ADMINISTRAÇÃO DE CRISES 30
249

23 20
24 LINGUAGEM E INFORMAÇÃO 20
LÍNGUA PORTUGUESA INSTRUMENTAL 20
INFORMÁTICA
REDAÇÃO DE DOCUMENTOS OFICIAIS
TELECOMUNICAÇÕES
TÉCNICAS DE INFORMAÇÃO E
INTELIGÊNCIA PM
TOTAL - FUNDAMENTAL 80
0
25 ORDEM UNIDA 50
INSTRUME 26 HISTÓRIA DA PMPR 20
NTAL 27 LEGISLAÇÃO POLICIAL MILITAR 60
28 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS 20
29 DEFESA CIVIL 20
TOTAL – INSTRUMENTAL 17
0
30 POLICIAMENTO OSTENSIVO GERAL 40
31 POLICIAMENTO DE GUARDA E ESCOLTAS 20
OPERACIO 32 POLICIAMENTO AMBIENTAL 20
NAL 33 POLICIAMENTO DE TRÂNSITO URBANO 20
34 POLICIAMENTO DE TRÂNSITO 20
35 RODOVIÁRIO 30
36 POLICIAMENTO EM EVENTOS ESPECIAIS 40
37 TÉCNICAS DE ABORDAGEM 30
38 TÁTICAS PARA CONFRONTOS ARMADOS 30
OPERAÇÕES POLICIAIS ESPECIAIS
TOTAL - OPERACIONAL 25
0
CARGA HORÁRIA CURRICULAR 1.2
2
0
COMPLEMENTAR 80
CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO 1.3
0
0
250

ANEXO E – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMPB

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA

COMPONENTES CURRICULARES DO CURSO DE FORMAÇÃO DE


SOLDADOS/2005

TÉCNICO EM POLÍCIA PREVENTIVA

Nº DISCIPLINA CH
Sistemas Instituições e Gestão Integrada da Segurança
Pública
1. Estado, Polícia e Sociedade 30
2. História da PM 30
3. Organização Institucional 30
4. Sistema de Justiça Criminal Brasileiro 30
Violência Crime e Controle Social 0
5. Delinqüência e Fatores Criminógenos 30
6. Drogas e Criminalidade 30
7. Violência, Cultura e Criminalidade 30
Cultura e Conhecimentos Jurídicos 0
8. Cidadania e Direitos Humanos 30
9. Direito Penal e Processual Penal 60
10. Direito Judiciário Militar 30
Modalidade de Gestão e Eventos Críticos 0
11. Administração de Conflitos Interpessoais 30
12. Administração de Eventos Críticos de Massa 30
13. Técnicas de Uso da Força 45
Valorização Profissional e Saúde do Trabalhor 0
14. Atividade Física e Desportiva 90
15. Higiene e Saúde do Profissional de Segurança Pública 30
16. Exercícios de Ordem 30
17. Psicologia Aplicada à Atividade Policial 30
Comunicação, Informação e Tecnologias em Segurança 0
Pública
18. Informática Aplicada à Segurança Pública 30
19. Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol) 30
20. Noções de Inteligência Policial 30
21. Português Instrumental 30
22. Gestão em Relações Públicas e Humanas 30
23. Telecomunicação Operacional 30
Cotidiano e Prática Policial 0
24. Prática Policial Reflexiva: Condutas Técnicas e Éticas 30
25. Doutrina de Polícia Ostensiva 75
26. Prática de Polícia Ostensiva 75
Funções, Técnicas e Procedimentos em Segurança Pública 0
27. Noções de Criminalística 30
28. Noções de Prática Bombeirística 30
29. Operações de Segurança 30
30. Socorros de Urgência 30
31. Técnicas e Táticas de Intervenção em Situações de Risco 30
Iminente
32. Técnicas de Tiro de Defensivo: uma abordagem do Método 45
251

Giraldi
S O M A 1.170
E S T Á G I O 130
S U P E R V I O N A D O
TOTAL 1.300
252

ANEXO F – GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMSP

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO


253
254
255

ANEXO G - GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMRR

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE RORAIMA

GRADE CURRICULAR DO CFSd PM – 2005

MÓDULOS Nº DISCIPLINAS CURRICULARES C/H


MISSÃO POLICIAL
1 COMUNICAÇÃO SOCIAL 15
2 SOCIOLOGIA DO CRIME E DA 30
VIOLÊNCIA
3 FUNDAMENTOS DE POLÍCIA 25
COMUNITÁRIA
4 SISTEMA DE SEGURANÇA 20
PÚBLICA NO BRASIL
TÉCNICA POLICIAL
5 ARMAMENTO, EQUIPAMENTO E 80
TIRO POLICIAL
6 CRIMINALÍSTICA APLICADA 15
BASE COMUM 7 DEFESA PESSOAL 40
(FUNDAMENTAL) 8 PRONTO SOCORRISMO 20
CULTURA JURÍDICA APLICADA
9 CONHECIMENTOS BÁSICOS DE 80
DIREITO
10 DIREITO DA CRIANÇA E DO 20
ADOLESCENTE
11 DIREITOS HUMANOS 30
SAÚDE DO POLICIAL
12 EDUCAÇÃO FÍSICA MILITAR 60
EFICÁCIA PESSOAL
13 RELAÇÕES HUMANAS NO 20
TRABALHO POLICIAL
14 PROCESSO DE TOMADA DE 20
DECISÃO APLICADO
15 GERENCIAMENTO DE CRISES 25
LINGUAGEM E INFORMAÇÕES
16 LÍNGUA PORTUGUESA 40
17 TELECOMUNICAÇÕES 30
18 ATIVIDADES DE INTELIGÊNCIA 15
19 TÉCNICA DE REDAÇÃO DE 20
DOCUMENTOS
TOTAL FUNDAMENTAL 605
20 LEGISLAÇÃO BÁSICA 40
21 ATIVIDADES DE BOMBEIRO 20
INSTRUMENTAL 22 ORDEM UNIDA 45
23 HISTÓRIA DA POLÍCIA MILITAR 15
TOTAL INSTRUMENTAL 120
256

24 POLICIAMENTO OSTENSIVO 80
GERAL
25 POLICIAMENTO OSTENSIVO DE 50
TRÂNSITO URBANO
OPERACIONAL 26 POLICIAMENTO OSTENSIVO DE 25
GUARDA
27 POLICIAMENTO AMBIENTAL 15
28 SEGURANÇA INTEGRADA 30
29 INSTRUÇÃO MILITAR BÁSICA 30
TOTAL OPERACIONAL 230
30 A DISPOSIÇÃO DA SEÇÃO ENSINO 25
COMPLEMENTAÇÃO DO 31 PALESTRAS 15
ENSINO 32 VISITAS 10
33 TREINAMENTO FORMATURA/ 10
AJUSTES
TOTAL COMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO 60
CARGA HORÁRIA CURRICULAR 1015
ESTÁGIO OPERACIONAL SUPERVISIONADO 75
CARGA HORÁRIA TOTAL DO CURSO 1090
257

ANEXO H - GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMDF

POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

Nº DISCIPLINAS CURRICULARES C/H


1 ADMINISTRAÇÃO POLICIAL 10
2 HISTÓRIA, VALORES E TRADIÇÕES DA PMDF 10
3 SOCIOLOGIA DO CRIME 10
4 CRIMINALÍSTICA 20
5 CRIMINOLOGIA 20
6 COROGRAFIA DO DF 20
7 DEONTOLOGIA POLICIAL MILITAR 15
8 SOCORROS DE URGÊNCIA E PARAMÉDICOS 25
9 EXPLORAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES 10
10 INFORMÁTICA 15
11 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO 15
12 DIREITO CONSTITUCIONAL 15
13 DIREITO PENAL I 80
14 DIREITO PENAL MILITAR 20
15 DIREITO PROCESSUAL PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR 20
16 DIREITOS HUMANOS 15
17 DIREITO EM ASSUNTOS DE ATENDIMENTO 15
18 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTO PMDF 40
19 ARMAMENTO MUNICAÇÃO E TIRO 25
20 TIRO DEFENSIVO 55
21 DEFESA PESSOAL 60
22 TREINAMENTO FISICO MILITAR 80
23 REPRESSÃO A DROGAS E ENTORPECENTES 25
24 INTELIGÊNCIA POLICIAL MILITAR 15
25 ORDEM UNIDA 20
26 POLICIAMENTO OSTENSIVO GERAL 60
27 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO 15
28 POLICIAMENTO OSTENSIVO DE GUARDA 15
29 POLICIAMENTO OSTENSIVO DE CHOQUE 15
30 POLICIAMENTO OSTENSIVO DE RADIO PATRULHAMENTO 30
31 POLICIAMENTO OSTENSIVO FLORESTAL E MANACIAIS 15
32 POLICIAMENTO OSTENSIVO MONTADO 15
33 PREVENÇÃO E COMBATE DE INCÊNDIO 15
34 ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 12
35 PSICOLOGIA 20
36 REDAÇÃO TÉCNICA 20
37 RELAÇÕES PÚBLICAS E HUMANAS 20
38 VISITAS E PALESTRAS 35
CARGA HORÁRIA TOTAL CURRICULAR 942
258

ANEXO I - GRADE CURRICULAR DO CFSD DA PMERJ

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


DIRETORIA DE ENSINO E INSTRUÇÃO

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DE PRAÇAS 31 DE


VOLUNTÁRIOS

CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS I/2006

GRADE CURRICULAR
1. Duração do Curso:
32 semanas - horas/aula

2. Objetivos gerais do Curso:


d. Formar o Soldado Policial Militar;
e. Desenvolver as aptidões necessárias para o exercício da função; e
f. Motivar o Aluno em formação, demonstrando a importância de nossa Corporação e a
responsabilidade do Soldado PM para com a sociedade fluminense.

3. Rol de disciplinas e carga horária:

FORMAÇÃO POLICIAL MÓDULO I


CARGA
DISCIPLINAS HORÁRIA
AULA INAUGURAL 04h/a
I ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 10 h/a
II PSICOLOGIA E STRESS POLICIAL 08 h/a
III BIOSEGURANÇA E ABORDAGEM EM 20 h/a
URGÊNCIAS (PRIMEIROS SOCORROS)
IV PORTUGUÊS INSTRUMENTAL 19 h/a
V EDUCAÇÃO FÍSICA 60 h/a
VI NOÇÕES DE INFORMÁTICA 08 h/a
VII POLICIAMENTO OSTENSIVO 14 h/a
VIII FUNDAMENTOS DE CONHECIMENTOS 24 h/a
JURÍDICOS
IX LEGISLAÇÃO APLICADA A PMERJ 18 h/a
X HISTÓRIA E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL 10 h/a
259

XI ARMAMENTO 19 h/a
XII ORDEM UNIDA 20 h/a
XIII TIRO POLICIAL 20 h/a
XIV NOÇÕES DE TELECOMUNICAÇÕES 16 h/a
XV DEFESA PESSOAL E O USO COMEDIDO DA 20 h/a
FORÇA
XVI LEGISLAÇÃO DE TRÃNSITO 12 h/a
XVII FUNDAMENTOS DA ABORDAGEM 14 h/a
XVIIII IMAGEM INSTITUCIONAL DA POLÍCIA 10 h/a
XIX MODELOS DE POLÍCIA COMUNITÁRIA E 10 h/a
POLICIAMENTO PREVENTIVO
XX CRIMINALÍSTICA APLICADA 08 h/a
XXI LEGISLAÇÕES ESPECIAIS 10 h/a
XXII SOCIOLOGIA JURÍDICA 08 h/a
TOTAL 378 h/a

FORMAÇÃO POLICIAL MÓDULO II

CARGA
DISCIPLINAS HORÁRIA
I 20 h/a
PRÁTICA POLICIAL CIDADÃ - VIVA-RIO
II 40 h/a
INSTRUÇÃO TÁTICA INDIVIDUAL
III ARMAMENTO 30 h/a

IV EDUCAÇÃO FÍSICA 32 h/a

V DEFESA PESSOAL E O USO COMEDIDO DA 20 h/a


FORÇA
VI TIRO POLICIAL 48 h/a
VII OFICINAS DE PRÁTICAS OPERACIONAIS 10 h/a
TOTAL 200 h/a

288 h/a
ESTÁGIO PRÁTICO
OPERACIONAL
POG
POO
POG
POE
* Mediante autorização da Diretoria de Ensino e
POC Instrução
260

FORMAÇÃO POLICIAL MÓDULO III

20 h/a
PALESTRAS
146 h/a
SERVIÇOS INTERNOS
60 h/a
FERIADOS
32 h/a
TREINAMENTO PARA FORMATURA
16 h/a
SOLENIDADES
20 h/a
PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
294 h/a
TOTAL

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